O relógio da Delegacia corria de maneira normal, mas para Regina parecia que as horas simplesmente não queriam passar. Já estava se aproximando da meia noite, logo seria ano novo, e ela o começaria atrás das grades. Tudo por causa de uma simples brincadeira.

A morena estava com a cabeça apoiada nas grades da cela e parecia entediada, apenas uma luz iluminava tudo, e aquela penumbra tornava o local angustiante. O silêncio que se instalava não só na Delegacia, mas na cidade toda, também carregava aquele mesmo sentimento para ela. Todos deveriam estar no píer de Storybrooke prontos para a passagem de fim de ano, menos ela. Menos elas.

–Eu realmente vou ter que ficar presa por causa de uma simples brincadeira ? –Regina perguntou ainda com a cabeça abaixada e apoiada nas grades, sua voz estava carregada de tédio.

–Pensasse nisso antes de querer fazer brincadeiras perigosas. –Emma respondeu sem olhar para a cela, e quando olhou, Regina apenas ergueu a cabeça e deu um revirar de olhos.

–Henry, eu não sei se é uma boa ideia, pode ser perigoso. –Regina falou advertindo o filho enquanto ele e as outras crianças pediam insistentemente por uma diversão.

–Mãe, você tem controle da sua magia, vai ser legal. –Henry pediu mais uma vez fazendo bico, e a morena não conseguiu negar mais aquilo ao filho.

–Só um pouquinho, ta bom ? –ela falou e as crianças gritaram em comemoração.

A morena então ergueu suas duas mãos para o céu, e quase que imperceptível, devido a luz do dia, apareceram no céu fogos de artifício coloridos explodindo e fazendo as crianças gritarem animadas. A alegria durou até uma das fagulhas cair na mata de Storybrooke começando a incendiar uma das árvores. Os gritos das crianças, de diversão se tornaram de pavor e Regina tratou logo de apagar o pequeno incêndio também com magia, porém várias pessoas já haviam visto e Emma não hesitou em prendê-la.

–Olha, as crianças pediram tanto, inclusive o nosso filho. Como eu poderia negar ? –a morena ergueu as duas mãos e franziu o cenho. –Agora que ta tudo bem por aqui, que eu não tenho usado magia, eu quis fazer as crianças felizes e vim parar na cadeia.

–Você fez as crianças felizes por alguns segundos, e logo depois quase matou elas. –a loira largou a revista que lia, em cima da mesa e se sentou olhando para a cela.

–Ah, pelo amor de Deus, Emma. Acertou uma árvore só e eu logo apaguei. Jamais deixaria algo de ruim acontecer as crianças, ou a qualquer outra pessoa daqui. Você sabe que eu mudei.

–Regina, para de reclamar. –no rosto da loira havia um sorriso divertido, e era isso que mais irritava a morena. –Eu falei que você vai ter que ficar presa só por algumas horas, logo te solto. Eu só estou fazendo o meu trabalho, e se eu falhar, corro o risco da Prefeita me demitir.

Regina ia protestar dizendo que iria demiti-la se não a soltasse, mas logo seu pensamento foi encoberto por aquela voz lhe lembrando que ela não era mais assim. Um revirar de olhos bastou no momento.

–Você sabe que se eu quisesse, poderia explodir essa Delegacia toda e escapar, não sabe ?

–Então por quê permanece aí atrás das grades, reclamando de tudo, ao invés de ir de encontro a sua liberdade ?

–Porquê eu adoro te irritar. –Regina lhe lançou um sorriso cínico, mas logo seu semblante se tornou triste. –Passar o ano novo atrás das grades, ou fora delas, pra mim vai dar no mesmo. Sempre só, sem ninguém nem sequer pra me abraçar e me desejar um feliz ano novo.

–Você sabe que isso não é verdade. Que agora ta todo mundo de bem com você, que estamos vivendo como uma família. E mesmo que não fosse assim, você tem o Henry.

–Entre eu e você e sua enorme família, eu acho que ele vai preferir passar a virada com você. –Regina engoliu em seco e tornou a baixar a cabeça.

–Bom, todos nós vamos passar no píer, então acho que estaremos todos juntos. Inclusive você. –Emma se levantou, tirou a jaqueta vermelha e a jogou em cima da cadeira, logo em seguida caminhou até a cela, apoiando a mão na grade.

–Se você me soltar. –a morena lhe olhou indignada e Emma riu, a fazendo rir também.

–Eu também gosto de te irritar. –a loira piscou pra ela rindo, mas Regina pode sentir que bem no fundo, ela não estava bem.

–O quê aconteceu ? –Emma lhe olhou confusa. –Eu te conheço muito bem, Swan. Você não me engana, mesmo sorrindo assim, da pra perceber que está triste.

–Não é nada. –ela puxou uma cadeira e se sentou nela. Regina permaneceu a olhando, esperando uma explicação. –Não é nada.

–É claro que tem algo acontecendo. Anda, vamos lá. Terapia na prisão parece ótimo. –Regina tirou uma risada da loira. –Eu já me abri com você, sua vez agora. E eu preciso rir da desgraça alheia se vou continuar presa no ano novo. –as duas riram juntas. –Vai.

–É que esse é o primeiro ano novo que eu vou passar em família. Desde que eu cheguei aqui, tem sempre algo acontecendo, e esse vai ser o primeiro momento tranquilo pra todos nós. Então eu tô meio insegura, na verdade, eu não sei se eu estou preparada. –Emma desabafou sem olhar a morena nos olhos e Regina sorriu de lado.

–Acho que você não é a única que ta se sentindo assim hoje. Eu ... eu te entendo. –as duas enfim se olharam e sorriram uma para a outra.

–Quando eu era pequena, eu morria de medo dos fogos de artifício, mas aí quando eu cresci, eu percebi que na verdade eu não sentia medo dos fogos, mas sim da solidão, de não ter alguém pra me proteger. Medo de nunca encontrar uma família ... –Emma se permitiu derramar as lágrimas que estavam presas a tanto tempo. – ... e agora eu encontrei uma e pela primeira vez eu vou ver os fogos junto deles, e eu não sei como vai ser, eu tenho medo de dar tudo errado. Por um lado eu me sinto feliz por tê-los comigo e por outro eu ainda sinto medo, de não ser como eu esperava que fosse. –ao terminar, voltou seu olhar para Regina deixando que a morena lhe visse chorando, e nela encontrou um olhar brilhante, cheio de lágrimas lhe encarando, como se sentisse o mesmo que ela estava sentindo. –Desculpa.

–Não se desculpe. –a morena respirou fundo. –Sou eu que preciso pedir perdão, eu não deveria ter feito fogos aparecerem se você tinha medo deles. –Emma acabou rindo enquanto enxugava as lágrimas de seu rosto. –Foi por isso que me prendeu ? –Regina brincou.

–Não, claro que não. Você não fez nada, Regina, só levou diversão para as crianças. Eu te trouxe aqui porquê realmente adoro te irritar, e porquê eu acho que no fundo eu sei que você é a única que realmente me entende aqui.

–Me trouxe aqui pra fazer terapia ? –tornaram a rir. –Podia ter me falado que queria conversar, eu teria vindo sem queimar árvore nenhuma.

–Assim foi bem mais divertido, você não acha ? –o sorriso divertido no rosto da loira, fez Regina bufar, mas também sorrir da mesma maneira.

–Só não vou te xingar, porquê gosto da sua companhia. –seu olhar se encontrou com o de Emma e as duas sorriram como se pudessem ler o olhar uma da outra. No fundo podiam.

–Bem, eu fico aqui todo dia, quer continuar presa ?

–Idiota. –Regina falou ouvindo Emma rir. –Mas você tava certa, nós somos as únicas nessa cidade que entendemos uma a outra. Ouvindo você contar sua história, eu me lembrei de mim, e são os mesmos sentimentos. Eu cresci com uma família, que não era uma família de verdade. Meu pai sim, mas minha mãe não, então esse também vai ser o primeiro ano novo que eu vou passar de bem com todo mundo e eu não sei como vai ser. Acho que é por isso que eu prefiro ficar presa, pra não ter que descobrir. Ao mesmo tempo que me sinto feliz, por estarem me incluindo na família e por ter o Henry, eu também estou aflita porquê eu tenho medo de dar tudo errado pra mim também.

Emma se levantou e se apoiou na grade ficando em frente de Regina. Ela podia perceber que a morena queria chorar, mas estava resistindo. Sua mão se arrastou para cima da mão da morena e a apertou e só nesse momento Regina se permitiu chorar também.

–Vai dar tudo certo, pra nós duas. –Emma olhou fixamente em seus olhos e as duas sorriram.

O momento só foi interrompido pelos gritos vindo do pessoal da cidade, e as duas involuntariamente olharam para o relógio e viram que faltavam poucos minutos para a meia noite chegar.

–Ta chegando a hora. Vai lá Emma, corre pra passar o ano novo com a sua família. –Regina falou enxugando as lágrimas de seu rosto e sorrindo para a loira.

Emma apenas assentiu e se afastou, e enquanto ela ia até a porta, Regina sentiu seu coração se apertar por perceber que ela estava partindo e sem saber porquê sentia isso, voltou a chorar. Seu choro cessou, quando ela viu Emma chegar na porta, pegar as chaves que ainda estavam nela e a olhar também chorando. A loira então voltou rapidamente para a cela, a abriu e puxou a porta.

–O quê você ta fazendo, Emma ? –a loira podia a estar soltando, mas Regina sentia tanta coisa que não hesitou em perguntar.

–Eu estou fazendo o quê você me pediu. –Emma a olhou fixamente antes de completar. –Estou indo passar o ano novo com a minha família.

Por fim entrou na cela e segurou Regina pela cintura, a morena sentiu seu corpo todo tremer com o toque e após se olharem fixamente por alguns segundos, Emma acabou com a distância que havia entre seus rostos, beijando a morena, um beijo longo e cheio de sentimentos. Regina deixou seus braços envolverem o pescoço da loira, que a segurou pela cintura e a puxou para mais perto de si colando mais ainda seus corpos.

O beijo só parou quando o ar se fez necessário para ambas, porém não se separaram. Se olharam fixamente deixando aquele sentimento que emanava do peito de cada uma, as envolver, e o sorriso no rosto das duas confirmava isso. Emma delicadamente lhe depositou um beijo na testa, antes de sair da cela a deixando completamente aberta.

–Pronto, você ta livre agora. –ela sorriu antes de sair correndo da Delegacia.

Regina permaneceu parada dentro da cela, assimilando tudo que havia acabado de acontecer. Inconscientemente levou os dedos ao seus lábios e fechou os olhos se deixando sentir tudo que a tanto tempo estava guardado dentro de si. Saiu da cela e seus olhos pararam na cadeira onde estava a jaqueta vermelha de Emma. Ela foi até lá, pegou a jaqueta e sorriu antes de sair correndo da Delegacia.

Conforme se aproximava do píer, podia escutar os gritos do pessoal já na contagem regressiva para o ano novo.

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Seu coração batia acelerado e ela corria como se sua vida dependesse daquilo. E dependia.

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Segurava firme em sua mão, a jaqueta vermelha e vez ou outra a abraçava, se deixando sorrir como nunca havia sorrido antes.

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Quando enfim chegou no píer, viu todos de costas olhando para o céu esperando a hora em que os fogos começariam e junto deles o ano novo.

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Seu olhar percorreu todo o local, procurando os cachos loiros que seu coração tanto queria ver. E quando os encontrou, era como se os fogos já tivessem começado dentro de si.

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–Emma. –gritou tentando soar mais alto que a gritaria que faziam durante a contagem. –Emma ... Emma. –por fim seus gritos foram ouvidos e a loira se virou encontrando a morena ao longe.

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No mesmo instante a queima de fogos começou alta no céu e as duas abriram os maiores sorrisos que já haviam dado em suas vidas. Lentamente Emma caminhou até onde Regina estava, deixando todos os outros para trás comemorando animados. Ela parou em frente a morena, e se olharam fixamente sentindo como se os fogos, explodissem dentro de cada uma.

–Você esqueceu a sua jaqueta ... –Regina ergueu a peça de roupa. – ... e como você não vive sem ela, eu imaginei que fosse querer usá-la nesse momento.

–Você pensou certo, é a minha jaqueta da sorte. Na verdade, se ela não era, se tornou agora, porquê me trouxe você. –não tiveram tempo nem de sorrir mais uma vez, pois seus lábios já foram de encontro um ao outro em um beijo que não podiam mais guardar. Nunca mais. Se separaram e a loira falou olhando em seus olhos: –Feliz Ano Novo !

–Feliz Ano Novo ! –Regina sorriu e mordeu o lábio inferior, antes de dizer o quê não podia mais segurar: –Feliz sentimento novo também. –os corações batiam em sincronia e a loira a olhou entendendo o quê aquilo significava. Um sorriso maior se formou nos lábios de ambas, antes da morena enfim dizer: –Eu ... eu te amo, Emma ! Não posso mais esconder isso. Eu te amo !

–Você não é boa em esconder as coisas. –Emma encostou sua testa na de Regina, que riu do que ela havia acabado de dizer. –Eu também te amo, Regina ! Eu quero começar esse ano do seu lado, porquê dizem que o quê fazemos no ano novo, é o que iremos fazer o ano todo. E o quê eu mais quero, não só no ano todo, mas a minha vida toda, é estar do seu lado. Eu te amo ! –ela completou antes de se beijarem de novo, um beijo completamente apaixonado.

Henry que comemorava junto dos outros, procurou a mãe para poder lhe dar um abraço, mas como não a encontrou, começou a olhar ao seu redor e se deparou com uma cena que o fez sorrir. Emma e Regina se beijando, suas duas mães juntas como ele havia pedido quando o relógio marcou meia noite. Sem hesitar correu até elas, abraçando as duas ao mesmo tempo, que se separaram assustadas.

–Meu pedido se realizou mais rápido do que eu imaginei. Você estão juntas. –ele sorriu ainda abraçado a elas que lhe beijaram e o abraçaram, uma de cada vez lhe desejando feliz ano novo.

–Você tinha razão mãe ... –ele olhou para Emma que piscou para ele. – ... ela veio. –de Emma, seu olhar foi para Regina que olhou a loira surpresa.

–Eu sabia que você iria vir, eu senti isso. Mesmo que eu tivesse te largado presa lá, por isso pedi para que o Henry ficasse aqui, eu jamais o deixaria passar o ano novo longe de você. –Regina sorriu para ela, antes desta completar. –E eu sabia que você não ia me deixar sem a minha jaqueta. –os dois riram enquanto ela pegava a jaqueta e a colocava.

–Henry, você não foi o único que desejou que nós duas ficássemos juntas. –Regina começou puxando os dois para perto de si e os abraçando. –Eu também desejei, antes mesmo do fim de ano chegar, que nós pudéssemos ser uma família.

Emma lhe beijou o rosto, mas o beijo logo foi interrompido por Henry puxando a morena para poder lhe beijar também, fazendo com quê os três dessem risada.

–Mãe, mãe, vou abraçar os meus amigos, tudo bem ? –Henry pediu já se encaminhando para o lado em que os amigos estavam e assim que elas assentiram, ele correu na direção deles.

–Foi do jeito que você imaginou ? –Regina se aproximou da loira que segurou em sua cintura.

–Não, foi mil vezes melhor. –respondeu fazendo as duas darem risada, antes de se beijarem mais uma vez.

Ao longe, Mary e David ainda cumprimentavam a todos e também se abraçavam e se beijavam sem parar. Mary então parou sentindo falta de alguém, mais precisamente da sua filha. Foi quando seu olhar se deparou com a cena, de Emma e Regina trocando beijos e sorrisos sinceros. A mulher então puxou David o fazendo olhar para a cena e por fim, trocaram sorrisos felizes, por elas, antes de se beijarem também.

O momento das duas só foi interrompido, por gritos de decepção quando a queima de fogos acabou. Eles queriam mais, queriam continuar comemorando. As duas trocaram um olhar e uma entendeu o quê a outra quis dizer. Deram as mãos e caminharam no meio de todos, atraindo o olhar para elas, pararam a frente deles e ergueram as mãos para o céu fazendo uma nova chuva de fogos começar, e com ela os gritos de felicidade de todos.

–Será que a madame Mills, aceita ser a minha namorada ? –Emma voltou seu olhar para a morena e sorriu. Tudo que Regina conseguiu fazer, foi sorrir também antes de dizer:

–Miss Swan, não há nada que eu queira mais do que ser a sua namorada. É claro que eu aceito. –e puxou a loira para junto de si lhe beijando mais uma vez de maneira apaixonada.

Emma também baixou as mãos e assim os fogos cessaram mais uma vez, porém já não importava mais naquele momento, pois o quê brilhava era o amor que existia entre todos eles e por toda Storybrooke. Continuaram comemorando, e logo Mary e David, junto de Henry correram até as duas e eles se uniram, formando enfim uma família, aquela que sempre foram. E foi assim que o ano deles começou, com a certeza de que daquele momento em diante, tudo seria Novo !