Procura-se Um Namorado escrita por Woodsday


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Bom, esse é o começo de tudo, a parte que muda literalmente o mundo dos nossos personagens. Espero que apreciem e perdoem qualquer errinho de português ♥



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Eu mal havia posto meus pés no quarto luxuoso do hotel quando meu celular começara a vibrar, obrigando-me a largar meu copo recém-servido de uísque para resgatar o maldito aparelho. Havia deixado no modo avião devido à minha recente viagem e perdera exatas cinco chamadas de meu pai que estava tentando veementemente controlar cada um de meus passos, principalmente depois de que boatos sobre meu comportamento inconsequente haviam se espalhado pela empresa.

– O que quer pai? – Dispensei apresentações e fui direito ao assunto, sem cabeça para prolongar a conversa.

– Onde você estava? Olha, não posso conversar muito, mas preciso que você compareça a festa dos Barcelos essa noite. Já lhe enviei um e-mail com o endereço e tudo o que precisa saber. Vai ser importante para a sua imagem, além de que os acionistas vão ter a oportunidade de te ver após a viagem. – Revirei os olhos, já odiando o fato de que teria de passar a noite na companhia da alta sociedade de São Paulo, que se resumia a mulheres extremamente embotocadas e homens cujos egos eram tão inflados quanto suas contas bancárias.

– Tudo bem, nos falamos na festa. – Despedi-me com pressa e encerrei a chamada, jogando o celular sobre a cama forrada e observando a forma como quicava no colchão macio. Desejei que naquele momento pudesse fazer o mesmo.

Já se passava das 22 horas quando estacionei meu carro em frente à mansão pomposa e iluminada dos Barcelos, amaldiçoando o momento em que resolvera tomar alguns copos de uísque no hotel. Minha cabeça palpitava desconfortavelmente na medida em que me aproximava mais e mais do salão, onde uma música nada clássica era tocada pela banda enfadonha que se apresentava no palco improvisado. Avistei meus pais em uma das mesas lotadas e me aproximei com lentidão, preparando-me psicologicamente para enfrentar a corja de acionistas antipáticos.

– Olha só quem nos deu o prazer de sua presença! Gustavo Medeiros, que honra poder revê-lo! – Cumprimentou-me Álvaro, um dos acionistas majoritários da empresa e velho amigo da família. Apertei-lhe a mão em um gesto educado e tratei logo de forçar um sorriso, consciente dos olhares avaliativos dos outros companheiros de mesa. Cumprimentei a todos rapidamente e com um discreto suspiro de alívio, sentei ao lado de minha belíssima mãe, abraçando-a com extremo carinho. Julia Medeiros era certamente uma das poucas coisas de que sentira falta quando viajara para cursar Administração em uma das melhores faculdades da qual o dinheiro era capaz de pagar.

– Gustavo querido, como foi à viagem? – Ouvi a voz anasalada de Isabel, uma das advogadas da empresa e desvencilhei-me a contragosto do abraço de minha mãe, apertando levemente seus ombros como um sinal de que conversaríamos assim que fosse possível. Deixei minha mente divagar enquanto automaticamente detalhava meus últimos anos nos Estados Unidos e o quanto aprendera em Harvard, detalhe do qual meu pai fazia questão de destacar durante toda a conversa.

– Você tem um belo rapaz aqui, Marcelo! – Um dos homens sentados à mesa gesticulou em direção ao meu pai que levantou seu copo de uísque em forma de cumprimento, mas sem responder a quem reconheci como Roberto Barcelos. Franzi os lábios deixando transparecer minha evidente irritação e imitando o gesto de meu pai, ergui o copo em outro cumprimento silencioso.

– Gustavo vale ouro, não é querido? – Minha mãe sorriu pousando uma de suas mãos sobre a minha e eu apertei seus dedos entre os meus.

– Se a senhora diz. – Respondi com um leve sorriso, ouvindo o riso humorado das outras senhoras que estavam sentadas à mesa. Todas elas, muito bem vestidas e muito bem maquiadas, comportando-se como damas da alta sociedade deviam se comportar. Sorrindo falsamente para todos os convidados, evitando falar sobre a política ou ignorando a conversa de seus maridos sobre os negócios. Conversa essa que certamente eu também gostaria de evitar, já que minha cabeça se encontrava cheia demais para apenas um dia.

– Se os senhores e senhoras me dão licença... – Eu sorri educadamente para todos e me afastei da mesa sem ao menos esperar por uma resposta, seguindo em direção ao bar montado no outro lado do imenso salão. Pousei meu copo vazio sobre o balcão e gesticulei ao barman, que voltou a enchê-lo. Levei-o aos lábios enquanto observava os convidados, reconhecendo alguns amigos de infância que agora se tornavam casais. Provavelmente sob grande influência de suas famílias. O quão ridículo isso podia ser?

– Dia difícil? – A voz baixa ao meu lado chamou minha atenção e eu dediquei a ela um olhar desinteressado. A garota era jovem, cabelos castanhos, talvez 1,60 de altura, magra. Não me interessava.

– Semana difícil. – Respondi com leve sorriso, observando que a garota estava em seu terceiro copo e se preparava para pedir mais um ao garçom. Arqueei a sobrancelha diante da constatação de que ela estava bebendo uísque puro como se fosse água. Ao que parece, afinal, eu não era a única ovelha negra na festa de hoje. – E você, mês difícil?

Ela riu quase desdenhosa enquanto vira-se sobre o banquinho e me encarava.

– Minha mãe quer que eu case. – Ela riu mais uma vez. – Ou ao menos que eu namore. – Revirou os olhos.

– Diz que eu não tenho vida social. Que isso é uma ofensa para os Barcelos. Sabia que minha irmã Pietra já está noiva? De um riquinho mimado, acredita nisso? Ele só quer saber de comer Escargot! – Ela fez uma careta de nojo quase engraçada. – Eu odeio lesma, Deus! Nem encosto nelas, imagina ter de comê-las! – Fez um gesto de mãos, sinalizando puro descaso.

– É! Eu também odeio lesmas. – Respondi ao seu comentário com um sorriso.

– Isso quer dizer que você é normal. – Ela suspirou, levando o copo aos lábios. – A propósito, sou Olivia Barcelos. – Ela franziu os lábios e apontou para a mesa que eu acabara de deixar. – Eu deveria estar ali, mas não suporto ouvir toda aquela conversa chata dos meus pais e dos outros casais sobre o quanto os filhos deles são perfeitos, maravilhosos e blábláblá. O filho do Sr. Medeiros é um bom exemplo disso, já que só porque o cara estudou em Harvard todo mundo age como se provasse alguma coisa! Ridículo!

Eu ri audivelmente dessa vez e Olivia franziu as sobrancelhas em confusão.

– O que? Eu estou parecendo invejosa? – Ela encarou o copo de uísque seriamente. – Não que eu seja. Claro que não! E daí se meus pais só sabem discutir sobre o quão encalhada eu sou? – Ela suspirou pensativa. – Eu tenho prova segunda feira.

– Você estuda? – Perguntei com genuína curiosidade, ignorando a mudança abrupta e desconexa de assunto.

Olivia ergueu os olhos castanhos e me peguei encarando-os. Os cílios eram grandes e charmosos, assim como suas maças altas e lábios cheios, que serviam apenas para reafirmar sua natural elegância. Ela sorriu animadamente, como se minha curiosidade tivesse sido subitamente a melhor coisa que lhe acontecera.

– Gastronomia. Eu vou montar meu próprio restaurante, sabe? Mas meus pais acham que é idiotice. Por eles eu sigo uma carreira melhor. – Ela deu de ombros enquanto colocava o copo vazio de uísque sobre o balcão.

– Bom, seja como for, eu acho que vou embora. Já bebi demais e bem, volto pro Rio amanhã bem cedo. – Ela se levantou meio cambaleante e eu estiquei o braço para apoiá-la. Olivia encarou minhas mãos e as afastou lentamente, provavelmente devido à bebida. – Você é um estranho muito bonito. Se eu não estivesse tão bêbada, te agarraria aqui mesmo para que meus pais vissem que eu não sou tão encalhada.

– Ah, é mesmo? – Pousei o copo sobre o balcão e cruzei os braços, encarando-a divertidamente.

– É mesmo! – Ela riu. – Eu já sei que você não é um mau elemento, pois certamente não estaria aqui. Ou estaria?

– Não sou um mau elemento. – Afirmei, pela primeira vez no dia me divertindo um pouco.

– Ótimo! Sendo assim, você podia ser meu namorado, que tal? O que você quiser em troca eu dou. Exceto meu corpinho, porque cruzes, não! – Ela balançou a cabeça seriamente como se a ideia a repugnasse. – E então estranho bonitão, o que acha? Quer ser meu namorado de mentira?

– Gustavo.

– Oi? – Ela piscou.

– Meu nome. É Gustavo Medeiros. É um prazer Olivia.

Olivia piscou parecendo confusa e então olhou para trás, para a mesa de nossos pais e então de volta para mim. Sua boca se abriu em um perfeito “o” teatral e Olivia a fechou rapidamente. Voltou a abrir e novamente fechou. Eu esperei pacientemente até que ela bufou insatisfeita.

– Não acredito que o senhor perfeitinho é tão bonito! Que porcaria!


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Notas finais do capítulo

*Embotocadas = pessoas cheias de maquiagem ou Botox, imaginem o que quiserem kkkkkkkkk #seguraesseforninho.

Olá de novo pessoa bonita! Então aqui estamos nós, curiosas para saber a opinião de vocês após esse prólogo bombástico (diga-se de passagem). E então, estão ansiosos para o próximo capítulo? Um beijo da mystic ♥



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