-B,você não parece feliz,tem meio mundo se matando por isso.
Abri e fechei a boca algumas vezes. É claro que eu não estava feliz. O que ia ser das minhas filhas? De Amon, ele era o meu porto seguro neste inferno.
-Megan e Scarlet, elas..._ Franzi o rosto, não queria me separar das minhas filhas, das minhas jóias.
-B, elas têm um passe vitalício para Terra, tem o meu sangue correndo em seus corpos. São metades minha, lembra?
-Então vamos todos juntos para Terra, eu, você e as meninas._ Sorri abrindo o pergaminho que havia ficado esquecido em cima da mesa.
As letras vermelhas e de caligrafia fina se desenrolavam pelo papel, a linguagem formal que pelas poucas vezes mostrava que tínhamos escolha no inferno faziam um floreio chato de palavras, linhas e parágrafos e no final de tudo o símbolo complexo que era o meu passe para Terra.
Se por acaso nós encontrássemos a lança já sabíamos o que iríamos pedir. Falamos disso uma vez, por pura hipótese. Um pequeno sonho compartilhado em segredo entre Amon e mim.
Queríamos a humanidade para Scarlet e Megan, queríamos que elas fossem mandadas a Terra como mortais, que tivesse opção de escolha entre o céu e o inferno.
Tinham-se a chance não iríamos desperdiçá-las. Não podíamos.
Olhei para o pergaminho mais uma vez e logo após para Amon. Vi um sorriso brincar em seus lábios, com se nós fossemos duas crianças e ele soubesse a resposta de um complicado exercício de cálculo.
-Então o que eu faço, senhor Eu-Sei-Das-Coisas._ Disse apoiando os braços na mesa.
Ele pegou a minha mão e a colocou em baixo da sua, prostrando ambas em cima do desenho que estava no pergaminho. Amon pressionou a minha mão contra o desenho, senti com se varias agulhas entrasse ao mesmo tempo na palma de minha mão, mordi o lábio para controlar qualquer som de dor que pudesse sair.
Depois de alguns minutos ele tirou a minha mão de cima do papel e a virou para mim o desenho que estava na folha tinha sido gravado na minha pele deixando o pergaminho limpo em seu espaço original.
-É uma maneira tosca de mão tirarem seu passe de você._ Amon disse enquanto olhava a minha mão.
Isso nada mais era que um pedido de desculpa a maneira do Amon. Deixei isso para lá, eu estava mais interessada em como sair dali o mais rápido possível.
Amon tinha um jeito estranho de me decodificar, ele falava que era pelo Laço de Sangue que tínhamos.
- Quando as meninas acordarem nós partiremos._ Amon selou os lábios nos meus e se levantou indo em direção aos quartos.
Eu tinha a impressão que estava faltando alguma coisa nesta história. Um ponto importante. E tinha certeza , apostava qualquer coisa que Amon sabia o que era.
- Tutor.._chamei querendo a sua atenção. Voltando aos velhos tempos ,que ele era meu tutor e eu uma aluna rebelde.
- Sim ,Bella._ Ele entrou na brincadeira. Podia jurar que tinha escutado um riso por detrás do tom serio dele.
- O que você não esta me contando?_ Questionei levantando a onde estava sentada.
- Como?_ O tom falso de surpresa não me enganava.
- Como eu saio daqui, Amon?
- Com as pernas, querida._ Santa ironia a dele.
Ergui as sobrancelhas, tentando ver onde eu estava errando. A pergunta não era “Como eu saio daqui?” Mas sim “Como se sai do inferno?”.
- Como se sai do inferno?_ Mordi o lábio inferior, a curiosidade corroia o meu ser eu sabia que estava no caminho certo.
- Aonde esta seu corpo mortal, Bella?
Uma pergunta respondida com outra. A resposta estava na minha frente a minha porta para o mundo mortal era onde meu corpo estava.
Forks. Para ser mais exato o cemitério de Forks.
Aonde tudo começou e onde iria terminar.