Inferno
Minhas filhas cada dia que se passa se tornavam mais lindas Scarlet e Megan tão iguais e diferentes ao mesmo tempo.
Megan era um doce, meiga, atenciosa tinha paciência para tudo e todos ao seu redor às vezes não percebia a maldade a sua volta. Sempre achava um meio de resolver as coisas por meio de raciocínio lógico sem gritos ou sangue a ser derramado.
Amon acha que ela puxou a humanidade de nós dois, a dele com certeza, mas no meu caso acho que somente resquícios da minha parte humana, do meu amor à vida.
Eu brincava quando ela era menor, falava que ela era um anjo no inferno, muito boa para um local tão medonho. Os cabelos loiros claros e a pele alva com traços finos davam um ar quase infantil os olhos vermelhos te encaravam de forma meiga e curiosa.
Scarlet era seu perfeito oposto, rebelde,impiedosa,violenta ,dona de um humor negro e uma ironia impressionante e acima de tudo letal.
Ela não passava de uma criança devia, ter em anos terrestre uns 12 anos quando o Conselho dos Sete a colocou para controlar os guardiões do portão do inferno. Seres totalmente burros com extrema força e muita sede de sangue mortal.
Viviam fugindo para se alimentar de corpos frescos em cemitérios ou quando a fome era grande atacavam qualquer mortal à frente, dilacerando o corpo. Crimes que a policia local classificaria como hediondo quando por ventura alguma parte não era comida, ficando perdida pelo caminho e alguém muito azarado encontrava. Deixando a passagem para o primeiro círculo aberto dando como modo fuga para demônios e acesso para anjos.
Foi o dia que mais senti medo aqui.
Foi somente um minuto de descuido da minha parte no meio do campo de batalha, porém o suficiente para quase perder as minhas jóias. O pânico tomou conta de mim quando eu vi um dos anjos arremessar Megan contra o paredão de pedra.
Eu sentia o medo da minha filha correr pelas minhas veias e por mais que eu quisesse que Megan o matasse, eu sabia que ela não iria machucá-lo isso ia contra a natureza dela.
Tudo que aconteceu a seguir foi rápido, vi o anjo descer a espada contra Megan, Scarlet a golpear com a mão logo em seguida agachar um pouco o corpo e a mão que estava livre descer no pescoço do anjo fazendo o sangue jorrar em seu rosto e no de Megan.
Enquanto Scarlet ria do seu feito e observava o sangue tão diferente do dela escorrer e algumas gotas caírem ao chão, Megan fechava os olhos e virava o rosto para o lado oposto tentando, acho eu não gravar a cena de minutos atrás em sua cabeça.
Amon e eu sempre treinamos as meninas dês do dia que elas aprenderam a andar, isso por motivos óbvios. Queríamos que elas soubessem se virar sozinhas, pois nem sempre poderiam contar comigo ou com Amon para salvá-las. Nunca passou na minha cabeça que todos esses treinos nos tempos livres fariam tanto efeito, principalmente em Scarlet.
Quando cheguei perto podia ver a preocupação de Scarlet para com a irmã que mais tarde se tornaria implicância gratuita. E Megan tentando provar por “A” mais “B” que ela estava bem que aquilo não tinha sido nada somente um susto.
Na tarde do mesmo dia veio a noticia que Scarlet estava sendo convidada, lê-se ordenada a ser guardiã das Bestas demoníacas do Portal. E Megan seria posta para recolher almas perdidas, ela seria campo neutro nesta guerra nem anjo ou demônios poderiam feri-la, o que em particular era do meu agrado.
Essas almas são pessoas que morreram anos atrás e não foram nem para o céu ou inferno e que estavam perdidos na Terra sendo escravizadas por mortais ou que depois que suas famílias partiram para o além a deixando sozinha perderam a sanidade causando dor a tudo a sua volta tornando o véu que separa a morte da vida mais fina aos olhos mortais.
A casa virou totalmente um inferno, Megan estava chocada pela irmã e, ela não suportava aquelas coisas e feliz por ajudar alguém que realmente precisava, Amon e eu perplexos pelos três fatos tão incomuns no mesmo dia já Scarlet estava dando vivas, pulando pela casa com o papel pardo de caligrafia fina e vermelha, repetindo sem parar a frase “Mãe, pai deixa vai, deixa”.
Os olhos vermelhos de minha menina brilhavam de tanta empolgação e alegria, parecia que ela tinha ganhado o mundo. E para azar meu e de Amon nesta situação não tinha como negar o pedido, o que fizemos foi concordar com tamanha idiotice vinda do Conselho.
Mas idiotice maior estava por vir, alguns anos após os acontecimentos com Scarlet e Megan o Conselho entrou em uma busca arriscada, começaram a procura a lança do destino ou justiça. E por incrível que pareça todos que já viram a crucificação de Cristo a conhecem. É o metal da lança que fez um corte na altura das costelas de Cristo.
Essa busca para mim era completa perda de tempo, pois a guerra estava acontecendo no terceiro circulo do inferno não precisava ir a Terra para ter derramamento de sangue, depois eu descobri seu real valor.
Esses dois palmos de metal velho passaram de nada para tudo. Ele era a chave da entrada V.I.P para o céu, as legiões o deputariam no tapa, melhor que matar um anjo por semana era matar uma milícia de uma vez só. Demônios no céu isso sim era piada de mau gosto.
Tirando a entrada V.I.P o Conselho ainda dava direito a desejos a quem o achasse. Podemos dizer que o inferno ficou pior ainda. Scarlet estava quase matando o primeiro demônio que passa-se a sua frente.
Todos tentavam sair em busca da lança pelo Portão do primeiro circulo fazendo que os bestas matassem por pura diversão, almas condenadas para eles eram brinquedos de morder.
Cada demônio tenta sair daqui a sua maneira isso é lógico, aqui é o inferno dor e ranger de dentes com pequenas horas de calmaria entres milênios. Com a recompensa a vista e mais a entrada V.I.P as tentativas de fuga pioraram bastante.
E aqui em casa as brigas entre Scarlet e Megan começaram no mesmo passo.
-Megan eu juro que eu tentei, mas não tem jeito. Simplesmente não dá._ Scarlet deitou no chão olhando para o teto. Pelo seu tom de voz ela estava com pouca paciência hoje.
-Scarlet isso é loucura!_ O grito de minha boneca fez eu tirar os olhos de um mapa antigo, Scarlet bufar e apoiar o corpo nos cotovelos olhando para o pai.
-Pai me faz esse favor. Explica para Megan que regras são regras, ninguém sai sem permissão. E que eu não posso simplesmente arrancar o focinho daqueles monstros, porque minha irmã não quer que ninguém se machuque.
-Megan sua irmã esta certa, eu sei quer você não gosta disso, mas são bestas demoníacas, pequena. São monstros, criados para destruir.
-Mãe._ Megan olhou para mim pedido ajuda, alguma forma para mostrar que seu lado tinha no mínimo alguma razão.
Sai da mesa em que estava e foi me sentar ao lado de Megan, passei a mão pelos seus cabelos, Megan a minha menina, minha pequena parte humana.
-Por mais que isso a magoe filha, seu pai e Scarlet estão certos. Desculpe._ Dei um beijo em sua testa.- Agora chega disso, está bem?
- Esta bem mãe mas_ Eu já sabia o que vinha a seguir. Todos que conheciam Megan saberiam completar as suas frases e eu como mãe tirava de letra isso.
-Você não concorda. Eu já sei disso_ Recebi um sorriso tímido de Megan comprovando que eu estava certa.
Já era tarde, por mais que aqui nunca anoiteça o cansaço tomava conta em certas horas. As meninas já estavam na cama, tomei um banho bem frio e fui atrás de Amon que se encontrava na sala. Os olhos vermelhos encaravam o nada e as sobrancelhas fazendo um pequeno arco. Conhecia aquela expressão de longe, ele estava resolvendo se alguma coisa dentro de si. Algo que com toda certeza mudaria com a nossa família.
-O que foi?_ Sentei ao seu lado apoiando meu rosto em uma das mãos.
Amon colocou a mão na parte interna do casaco, tirando de lá um pequeno pergaminho selado. As letras “C.S” em alto relevo se destacavam. E eu soube naquele estante que coisa boa não iria sair dali.
-O que querem agora?_ Perguntei tirando o pergaminho de sua mão e o colocando em cima da mesa, por mais que eu não quisesse admitir eu tinha receio de abri aquele pequeno pedaço de papel e ler o que continha nele.
-Nada de mais, você tem um passe para ir para Terra é isso que está escrito ai._ Amon disse isso enquanto fazia o contorno dos meus lábios com o dedo. Não podia ver meu rosto no espelho, mas em com certeza estava em choque, em profundo choque.
Eu, depois de tanto tempo votar para a Terra,para o mundo mortal. Por que logo eu? Logo agora que eu consegui algo que mantivesse a minha sanidade neste inferno, literalmente o inferno.
