A Nova Uzumaki escrita por Fujisaki D Nina


Capítulo 26
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

E CHEGAMOS AO FIM!!!
É isso, pessoal, esse é o último capítulo de A Nova Uzumaki. Agradeço de coração a todos que recomendaram, comentaram, ou apenas favoritaram ou acompanharam sem nunca dar as caras.
Quando comecei esse projeto era para ser apenas uma one, uma historinha que me veio a cabeça durante as férias, mas acabou se tornando o meu maior sucesso de Naruto até agora. E eu só posso agradecer a vocês por isso, meus leitores maravilhosos!



Então, é isso. Boa leitura ^-^



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O inverno chegou. E com ele a neve, que caía cobrindo cada pedacinho das ruas e telhados de Konoha. Muitos pensariam que aquela não era uma estação muito querida pela vila, já que eram um lugar mais tropical, mas esse não era o caso de Naruto.

Ah, pelo contrário, o Uzumaki adorava aquela época do ano. Porque foi nela, há vários anos atrás, que ele finalmente notou quem era o amor de sua vida. E esse era a mesma mulher que, no momento, cantarolava feliz enquanto enfeitava a árvore para o natal.

– Naruto-kun, pode pegar aquela caixa para mim? - Hinata pediu, indicando a caixa em cima da mesa de cabeceira.

– Ah, claro! - O loiro respondeu, se apressando em ajeitar o enfeite em cima da janela. Quem mandou ficar admirando a esposa ao invés de trabalhar?

Mas Naruto não podia evitar. Mesmo com os cabelos ficando esbranquiçados e a pele enrugando, Hinata continuava a mais linda aos seus olhos. E ele não poderia dizer nada dela se fosse diferente, afinal já estava em seus cinquenta e quatro anos também.

– Aqui está. - Pegou a caixa e entregou-a para Hinata.

A ex-Hyuuga agradeceu. Abriu a caixa e continuou a enfeitar a árvore, laço por laço, bolinha por bolinha. Até que bateu a mão em algo felpudo no fundo. Puxou o que quer que fosse, e quando seus olhos se encontraram com os três ursinho, realmente pequenos, teve de sorrir.

– Naruto-kun. - Chamou o marido, que estava distraído ajeitando o outro lado da árvore. Ele espichou o pescoço para o lado, para poder vê-la. - Olhe.

O sorriso de Naruto se abriu assim que ele reconheceu os enfeites. Um deles, tinha o desenho de um raio nas costas; o outro, era amarelo e marrom, como um girassol; e o último, era listrado nas sete cores do arco-íris.

– Boruto, Himawari e Niji. - Naruto murmurou.

– Eles eram tão pequenos quando compramos. - Hinata divagou. Lágrimas formaram em seus olhos, e o loiro se desesperou ao vê-la chorar.

– E-ei, Hinata, calma! - Implorou. - Não é pra tanto. Eu também sinto falta deles, mas nós não podemos fazer nada.

– Não é isso, Naruto-kun. - A mulher tentava se controlar, secando as lágrimas. - É que eu ainda não acredito que, após tantos anos, finalmente teremos a família toda reunida para o natal.

– Oi? - Naruto realmente não entendeu. Faziam anos que seus filhos haviam saído de casa e desde então, nunca mais tiveram um natal em família. Será que sua Hina estava ficando maluca?

– Ah, sim. Boruto, Himawari e Niji ligaram enquanto você dormia, disseram que vão trazer as crianças e passarão o natal conosco. - Hinata explicou, sorrindo apenas por pensar em ver os netos. - Eles logo devem chegar.

– Bom, já que eles vem, melhor arrumarmos bem esse lugar. - Ele declarou, voltando ao trabalho, e agora realmente empenhando-se em realizá-lo. A notícia o deixara com ânimo elevado.

–*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

As horas correram naquele vai e vem de caixas e enfeites. E quando finalmente Naruto e Hinata acabaram de arrumar a casa, já era a hora do almoço. Eles mal sentaram-se no sofá para descansar, a campainha tocou.

– Eu atendo. - O Uzumaki declarou, antes que a esposa pudesse se levantar. Sabia que ela estava cansada, mais do que ele, e não gostava de forçá-la ao limite. Hinata não andava muito bem.

Quando abriu a porta, os olhos de Naruto imediatamente se voltaram para baixo; mais especificamente, para um garoto de aparentes doze anos. Dizer que esse era parecido consigo ou com Boruto era muito pouco! Tinha os cabelos loiros bem rebeldes e bagunçados; os olhos azul-escuros tinham um brilho travesso; e para completar, um risquinho em cada bochecha, enfeitando a pele meio morena.

– Oi, Naota. - Naruto cumprimentou. Olhou ao redor, estranhando a falta de alguém, e perguntou: - Cadê o seu pai?

– Oi, vô. - Naota respondeu simplesmente, entrando na casa. - Deve estar vindo aí.

– Naota! - Hinata exclamou ao ver o neto. O loiro correu até ela e a abraçou.

– Ei, vó, olha só! - Ele mostrou a bandana de Konoha com orgulho. - Eu passei!

– Que ótimo, meu querido. - Sorriu Hinata. Naruto apareceu na sala, mas ela estranhou quando apenas ele surgiu. - Ué, o Bolt não veio?

– NAOTA!!! - O grito agitou a casa inteira.

Por sorte, Naruto tinha deixado a porta aberta, o que poupou Boruto de ter que arrombá-la. O homem entrou na sala, bufando de raiva ao encarar o filho. Naota até poderia ter ficado assustado, se não fosse pela bolsa rosa de fraldas e pela bebezinha que ele segurava, um em cada ombro.

– Eu falei para você me esperar, seu moleque!! - Bolt brigou.

A sala ficou em silêncio por uns poucos instantes, até que Naota meramente deu de ombros e seguiu para a cozinha. Deixando o pai bufando sozinho e de boca aberta.

– É bom, né? - Naruto questionou, sem esconder seu sorriso debochado. Boruto estava provando do próprio remédio, e ele estava adorando assistir.

– Bem, depois vocês se acertarão, afinal é natal. - Hinata lembrou. E logo se levantou, sorrindo e abrindo os braços. - Agora, me deixe ver a minha netinha.

Com o mesmo cuidado que usaria para algo precioso e frágil, Boruto passou a bebezinha que segurava para os braços da mulher. Os cabelinhos, loiros e lisos, estavam amarrados em duas marias-chiquinhas; os olhos, azul-claros como os de Bolt, olhavam para tudo com curiosidade; e assim como o irmão, tinha um risquinho enfeitando cada bochecha. Assim que viu a avó, a pequena abriu um sorriso banguela.

– Olá, Hinami. - Cumprimentou Hinata. Não se aguentou e deu um beijo de esquimó na neta. - Como vai a lindinha da vovó?

A resposta da bebê de três meses foram vários balbucios sem nexo, mas que já conseguiram derreter o coração de todos ali.

– Eu vou colocar essas coisas lá no quarto. - Boruto avisou antes de subir as escadas com a bolsa de fraudas e uma mala.

– Tá bem. - Assentiu Naruto. Ele se virou para a esposa e seu sorriso se tornou enorme ao fitar Hinami. - Cadê a fofa do vovô?

– Olha que a Hinashi vai ficar com ciúmes. - Hinata brincou, passando a neta para o marido. O loiro revirou os olhos.

– Que nada.

A campainha mais uma vez tocou; porém, Hinata foi mais rápida dessa vez e levantou antes do marido.

– Pode deixar que eu antendo. - Falou ela. Abriu a porta e se deparou com quem menos esperava: - Himawari?

– Oi, mãe! - A morena cumprimentou. Colocou a mala no chão e entrou na casa, dando um abraço na mulher. - Tudo bem?

– Ah... tudo, mas... a Vila da Areia não é a dois dias daqui?

– E é, nós ficamos na estrada um tempão, mas a mamãe só te ligou quando estávamos quase chegando. - Declarou um garotinho. Ele devia ter uns oito anos, de cabelos azulados e curtos, e olhos também azuis. A única característica que o evidenciava como filho de Tenshi eram os traços do rosto.

– Aoi! - Hinata sorriu para o neto. - Faz tempo que não o vejo, como está crescido.

– Tudo bem, vovó? - E ele apenas devolveu o gesto. Não era muito de abraçar.

– Tudo ótimo. Seu avô está lá na sala, por que não vai falar com ele?

Aoi gostou da ideia, e já ia adentrar a sala quando se lembrou que sua mãe estava carregando as duas malas sozinha. Ele olhou para ela, que somente lhe sorriu.

– Pode ir, filho. As malas nem estão pesadas. - Para provar o que dizia, Himawari ergueu as maletas sem o mínimo esforço.

O garoto assentiu, e com um sorriso animado foi correndo para a sala. Assim que viu seu avô no sofá, tratou de chamar-lhe a atenção.

– Vovô!!

Tanto Naruto quando Hinami olharam para o garoto. A bebezinha só fitou-o com inocente curiosidade, mas o loiro tratou de abrir um grande sorriso.

– Aoi! Quanto tempo, garoto! - Naruto bateu no lugar ao seu lado no sofá, e foi ali mesmo que o garoto se sentou. - E então, como é que está em Suna? Seu pai anda muito ocupado?

– Muito é apelido! - Aoi exclamou, fazendo uma carranca. - Desde que ele assumiu como Kazekage, não para mais em casa! Nem me ajudar nos treinos pode mais. Ás vezes acho que ele gosta mais da vila do que de mim!

Naruto não conseguiu conter o riso, ainda que baixo para seus padrões. Se não soubesse do comportamento dócil de Aoi, tinha certeza que ele iria aprontar várias tentando chamar a atenção do pai.

E a história se repetia...

– Não fale assim, Aoi. Seu pai te ama.

O garoto levantou uma sobrancelha, como se não tivesse tanta certeza, mas decidiu deixar quieto. No fundo (beeem no fundo), ele sabia que seu avô estava certo.

– E o resto da família, quando chega? - Perguntou, tentando mudar de assunto. - O tio Bolt eu sei que já está aqui por causa da Hinami, mas e a tia Niji?

– Eu não sei. Mas elas já devem estar á caminho.

– Que coisa! Eu, que nem moro em Konoha, cheguei primeiro. - Aoi pendeu a cabeça para trás, recostando-a no sofá. Fazer o que? Teria de esperar um pouco mais para ver sua priminha favorita.

Ou talvez não...

A campainha tocou no segundo seguinte. Naruto sabia que Hinata deveria ter ido para a cozinha fazer o almoço, então entregou Hinami para o garoto e foi ele mesmo atender. E qual foi a sua alegria ao ver ali na porta justamente que faltava?

– Demoraram heim?

– Desculpe, pai. – Niji pediu deando um doce sorriso, enquanto entrava na casa. Sua aparência estava ótima para alguém com vinte e sete anos.

– Vovô!! – Comemorou uma garotinha.

Seus cabelos eram belíssimos, longos e lisos, de um vermelho ardente. Seus olhos negros pareciam duas ônix, de tão brilhantes que eram. Seu rosto pálido era enfeitado por risquinhos, um em cada bochecha. Mas o que mais chamava a atenção era o sorriso, tão gentil e ainda sim brincalhão. A primeira neta de Naruto era realmente linda.

– E como vai a minha Hinashi? – O Uzumaki perguntou, se abaixando para ficar mais ou menos na altura da menina, de quatro anos.

– ‘To bem. Olha só quem eu trouxe-ttebano! – Ela mostrou dois bichinhos de pelúcia que segurava. Um, era um gatinho todo preto; e o outro, era uma raposa de pelo alaranjado.

– Olha, que lindos.

– Ae, chegou quem faltava!! – Boruto gritou enquanto descia as escadas, juntamente de Himawari.

– Poxa, Niji, o que aconteceu? Você sempre foi a mais certinha com horários e coisas assim.

– Oi, nee-chan, nii-chan. – Niji apenas cumprimentou.

– A mamãe estava terminando de resolver algumas coisas para o clã Hyuuga. – Explicou Hinashi. Ao vê-la, Himawari desceu o resto das escadas que nem um trem-bala.

– Wáhh!! Minha sobrinha fofa chegou! Que saudade eu estava de apertar essas suas bochechinhas! – Falava enquanto abraçava a ruivinha, chacoalhando-a de um lado para o outro. E Hinashi apenas ria da situação.

Niji sorriu ao ver aquilo. Sua filha era muito querida naquela família, e na outra também. Afinal, o símbolo do clã Uchiha no agasalho dado pelo avô da garota, não deixava mentir quem era.

Hinata surgiu pela porta da cozinha; e depois de dar oi para a filha e para a neta, Niji e Himawari foram ajuda-la com o almoço, enquanto Naruto e Boruto ficavam com as crianças na sala.

–*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Já fazia uns minutos que Naruto, estirado no sofá, oscilava entre o sono e a realidade. O barulho do vídeo-game de Aoi não o incomodava, nem os gritos de ânimo do garoto quando conseguia vencer Boruto. As risadas de Hinashi e Hinami brincando juntas no tapete, muito menos! Naota estava quieto na poltrona, mexendo no celular e alheio a tudo.

“É... acho que não tem problema dormir um pouco.” – Ele deduziu. Fechou seus olhos e deixou o sono levá-lo.

Mas foi apenas por alguns minutos, até que sentiu alguém cutucar seu rosto.

– Vovô? – Uma voz chamou-o, baixinho. Mais uma vez, foi cutucado na bochecha. – O senhor tá dormindo?

Ele teve vontade de rir. Abriu um dos olhos somente para se deparar com Hinashi, ajoelhada ao seu lado e olhando-o com curiosidade.

– O que foi, minha princesa? – Perguntou Naruto, ainda com a voz sonolenta.

– Eu... – A ruiva hesitou um pouco. Mas respirando fundo para reunir coragem, conseguiu declarar: - Eu preciso falar com você-ttebano.

O loiro sentou ereto no sofá e deu um bocejo. Olhando em volta, ele viu que Boruto e Aoi continuavam jogando; Naota tinha adormecido todo torto na poltrona; e Hinami também pegara no sono sobre uma almofada no tapete.

– Sobre o que? – Ele quis saber.

– É meio... Particular.

Naruto encarou a neta, estranhando aquilo. Ela nunca fora de segredos, sempre falava tudo na cara e com quem estivesse por perto.

“- Uma neta sua mesmo.” – Lembrava-se de Sakura sempre dizer isso. Claro, só quando Sasuke não estava perto.

– Está bem. Por que não vamos lá na varanda?

Hinashi assentiu, e ela e o avô foram para o terraço coberto de neve. A menina sentou em cima de uma mesa para piqueniques enquanto Naruto ficou de pé à sua frente, esperando que falasse.

– Como é que... Como eu faço para mudar meu nome? – Hinashi perguntou, a voz acelerada, olhando fundo nos olhos do loiro.

Ok, agora sim Naruto estava confuso! Como assim mudar de nome? O nome dela era tão especial... Niji o escolheu com todo o coração, fazendo uma mistura bonita e divertida com os nomes de Hinata e Kushina. Por que ela iria querer trocá-lo?

– Mas, Hinashi, seu nome é tão bonito! – Ele ia apenas falar, mas acabou saindo como uma exclamação.

– Heim? – A menina pareceu ficar confusa, mas logo sua expressão suavizou e ela riu. – Não, vovô, eu só quero mudar meu sobrenome–ttebano. É que, você sabe que eu tenho o sobrenome do papai, não sabe?

Claro que Naruto sabia. Ele tinha o maior prazer de saber e lembrar sempre esse fato a Sasuke, já que era praticamente a única característica Uchiha que Hinashi possuía.

– Mas então você está querendo mudar seu sobrenome para Hyuuga? – Questionou, ficando mais confusa a cada minuto.

A ruiva entortou a cara.

– Claro que não-ttebano! Com todo respeito à mamãe e à vovó, eu não quero ter nada a ver com aquele clã!

– Mas então... – Naruto não conseguia entender. Hinashi queria o sobrenome de quem?

– Eu quero ser uma Uzumaki. – Ela declarou, agora sim chocando o loiro de vez. – Quero ser Uzumaki Hinashi-dattebano!!

– Epa, epa! – Naruto fez questão de acalmar os ânimos da menina. Embora estivesse com muita vontade de abraçar sua neta, ele tinha que ser racional. Se encorajasse Hinashi a fazer aquilo, não só Sasuke como o clã Hyuuga inteiro viria atrás do seu pescoço. E ele já estava velho demais para ficar lutando sem necessidade. – Peraí, princesa, você tem certeza disso?

O sorriso de Hinashi murchou ao ver que o avô não a apoiava. Ela pensou que, de todos, ele seria o que mais a incentivaria.

– Eu quero usar seu sobrenome, vovô. O que isso tem de errado?

– É só isso mesmo? – Perguntou Naruto, pouco convencido. – Por que você quer o meu sobrenome?

– Erm... porque... Uchiha Hinashi fica meio estranho. – Foi o que Hinashi respondeu. Porém, nem ela própria acreditou naquela desculpa.

– Você sabe que pode me contar o que quiser, não sabe? – O Uzumaki falou ternamente, vendo a neta assentir. – E então?

– Eu não me encaixo muito bem no clã Hyuuga. – Hinashi começou, com a voz um pouco baixa. – E eu amo o vovô Sasuke e o papai, mas... Olha pra mim, eu não tenho nenhuma característica Uchiha.

Mais uma vez, Naruto arqueou a sobrancelha. Também não era bem assim! Tudo bem que Hinashi tinha os cabelos dos Uzumaki, era alegre e falante e tinha até a mesma mania de fala que ele (coisa que quase fez Sasuke ter um enfarte da primeira vez que ouviu), mas mesmo assim ela tinha umas características Uchiha. Os olhos; o sobrenome; o ego que podia ser facilmente inflado ou ferido; além da postura de alguém que era da alta sociedade, só faltando o nariz empinado mesmo.

– Tem certeza disso? Certeza absoluta? – Questionou o Uzumaki.

– Bem... – Hinashi desviou os olhos. – Eu também quero ser uma grande ninja. E quem sabe isso fique mais fácil se eu tiver o seu sobrenome? Afinal, você foi o herói da guerra.

Naruto teve de se controlar muito, muito para não acabar gargalhando. Então era por isso que a ruivinha queria ser uma Uzumaki?

– Hinashi. – Ele chamou, e esperou a menina virar-se para continuar: - Você não precisa do meu sobrenome para ser uma grande ninja. Na verdade, isso que você está querendo é até um pouco errado, porque aí você ficaria famosa pelos meus feitos e não pelos seus. É isso que quer?

– Não! – Hinashi respondeu na hora. Realmente não era isso que ela queria.

– Sem falar que... – Naruto olhou em volta, verificando se eles estavam sozinhos realmente. E mesmo vendo que sim, abaixou um pouco o tom de voz. – Jamais diga isso pro seu avô ou pro seu pai, mas... o clã Uchiha não é bem querido no mundo ninja.

– Eu sei. O vovô Sasuke me contou várias histórias do clã, dizendo que era pra eu não cometer os mesmos erros do passado.

– Isso é bom. Mas pense, você não poderia fazer algo mais? – Naruto sugeriu, num tom tão misterioso que aguçou a curiosidade da neta. – Hinashi, você é metade Uchiha e metade Uzumaki. É praticamente uma mescla das reencarnações de Indra e Ashura! Que você vai fazer um enorme bem para o mundo e ser uma grande ninja, isso eu não tenho a menor dúvida; mas que tal, junto com isso, trazer honra para a história do clã Uchiha?

O queixo de Hinashi quase caiu no chão. Seu avô estava certo! Ela podia, e a partir de hoje lutaria para fazer a diferença na história de seu clã!

– Sim!! – Ela exclamou, tão alto e repentinamente que Naruto até se assustou. – Eu vou fazer isso, vou limpar o clã Uchiha de uma vez por todas! – Seu olhar acabou indo para outra direção e Hinashi teve uma ideia. Seu sorriso se tornou determinado e ela ergueu um dedo na direção do monte da vila. – E para fazer isso, vou me tornar Hokage-ttebano!!

Naruto apenas sorriu, sonhador e orgulhoso para sua neta. Ela realmente seria um milagre para o mundo, o Velho Sapo Sábio do monte Myoboku nunca tinha errado afinal. Uma pena que ele não estaria aqui para ver.

– Mas nunca se esqueça, Hinashi: - Ele começou, atraindo a atenção da neta novamente. - Ninguém faz nada sozinho. Tenha amigos, companheiros, ajude-os e aceite a ajuda deles.

– Certo. – Hinashi bateu em continência. – Você também pode me ajudar, vovô?

O sorriso do Uzumaki sumiu.

– Eu... vou ajudar no quanto puder. Mas meu tempo já está se acabando, Hinashi.

– Quer dizer que... você vai... – Os lábios da garota começaram a tremer, e por pouco não saíram lágrimas de seus olhos.

– Não, não! Quero dizer, ainda não. Eu ainda tenho uns bons anos pela frente. – Naruto explicou, e Hinashi deu um suspiro, aliviada. – Mas mesmo quando eu me for, ainda vou cuidar de você. Ou melhor, vou deixar alguém para cuidar de você por mim.

– Quem? – A ruivinha questionou. Os olhos brilhando de curiosidade.

Naruto, ao invés de responder de imediato, pegou a raposinha de pelúcia que a menina segurava. E olhando para o bonequinho, declarou:

– O Kurama.

– Kura... Quer dizer a Kyuubi?! – Hinashi se espantou.

– Não o chame assim. – Naruto ensinou, ouvindo a raposa rosnar em sua mente. – Ele tem nome, então chame-o de Kurama, está bem? – A menina assentiu.

– Mas como ele vai cuidar de mim?

– Bom. – O Uzumaki coçou a nuca, procurando um jeito fácil de explicar. – Quando eu me for, o espírito do Kurama vai se desprender do meu corpo, e ele será selado de novo em você.

– Então eu vou ser... uma Jinchuuriki? – Questionou Hinashi, e Naruto por um momento ficou com medo de que ela não gostasse dessa ideia. Mas a ruiva logo abriu um grande sorriso. – Que legal-ttebano!

– Quem bom que você e o Kurama vão curtir.

“Você e o Kurama uma vírgula, garoto!” – Ouviu a reclamação da raposa, pouco antes de se ver frente a frente com ela. O Bijuu não parecia de bom humor. – “Até parece que eu quero ficar preso dentro de outra ruiva escandalosa.”

“Tá, tá, me engana que eu gosto. Acha que eu não sei que você adora a Hinashi?” – Naruto provocou, fazendo a raposa bufar. – “Você, no fundo, tem um coração de manteiga, Kurama.”

“E você vai virar manteiga se não sair logo daqui!” – Kurama rugiu. “Volta lá pra sua neta e diz pra ela me agradecer muuuito, pois vai ser a última vez que eu vou ser selado de novo, entendido?!”

“Hai, hai.” – Naruto concordou, nem um pouco alterado com o comportamento do Bijuu. – “De qualquer jeito, eu te agradeço pela ajuda. Estava com medo de não conseguir tomar conta dela.” – E saiu dali. Dando oportunidade para Kurama soltar um mínimo sorriso.

– Vovô? Vovô! – A primeira coisa que ouviu foi a voz de Hinashi. Ela já tinha descido da mesa, e puxava a manga de seu casaco. – A vovó está chamando. O almoço tá pronto.

– Ah, é? – Falou ele, antes de pegar a neta e colocá-la de cavalinho em suas costas, fazendo-a rir. – Então vamos lá comer.

*-*-*-*-*-*-*-*-*

Tanto o almoço como o resto do dia, passou correndo naquela casa. Já era fim de tarde quando todos estavam reunidos na sala de estar, quentinha e aconchegante. Acho que eles teriam passado o resto do dia ali se as crianças não tivessem ficado agitadas. Também, comeram as três fornadas de biscoitos doces que Hinata havia feito; é pra qualquer um ter uma overdose de açúcar.

Resolveram então dar uma volta, um passeio pela vila, para as crianças acalmarem e os adultos relaxarem.

– Ei, vovô! – Aoi chamou em um momento, parando de correr junto aos primos. – A gente pode ir até a academia?

– Ah, é mesmo, o Aoi nunca visitou a academia daqui. – Himawari lembrou. – Podemos ir, pai.

– Eu também quero ir! – Hinashi exclamou. E Naota também gostou da ideia.

– Está bem, acho que não tem ninguém lá á essa hora. – Concordou Naruto.

Os três comemoraram e voltaram a correr, em zigue-zagues, até a academia ninja. Não demoraram muito para chegar, já que não estavam tão longe; e assim que adentraram os limites do lugar, Naruto contemplou seus netos se jogarem na neve.

Porém, algo atraiu seu olhar. O Uzumaki logo reconheceu o balancinho de madeira (hoje já gasto pelo tempo) em que ele costumava ficar, observando enquanto todos os outros alunos da academia iam embora com seus pais. Seu coração se apertou apenas por lembrar de tudo que viu e ouviu naquele balanço, no qual sempre tinha que balançar sozinho. Sempre sozinho. Sem ninguém.

– Um balanço!! – A voz contente de Hinashi o tirou de transe. A ruivinha correu até o brinquedo e sentou no acento de madeira, começando a fazer força para balançar. – Vem me empurrar, Naota! – Ela chamou e loiro logo estava atrás dela, para ajudá-la.

– Eu também quero ir depois! – Falou Aoi.

Naruto ficou aturdido enquanto via o lugar, tão triste e frio em um momento, ser invadido por uma onde de calor e alegria. Parecia até outro balanço.

– Oe, tomem cuidado com a Hinashi você dois. – Ouviu Boruto mandar. O loiro estava um pouco distante das crianças, junto com as irmãs.

– O que é isso, nii-chan? As mulheres Uzumaki nunca foram fracas. – Ralhou Himawari.

– Ué, mas a Hinashi não era uma Uchiha?

– Ela é parte Uzumaki também. – Rosnou a morena ao ver o sorriso de deboche do irmão.

– Mas vocês nunca vão mudar? – Niji suspirou.

Naruto, sem sequer perceber, sorriu. Ele não estava mais sozinho, nunca mais ficaria, e sua família só aumentaria de agora em diante. Mas... como foi havia ganhado tantas pessoas maravilhosas em sua vida mesmo?

– Naruto-kun? – Ele ouviu a voz doce e carinhosa, que reconheceria mesmo se ficasse surdo. Se virou e deparou-se com Hinata, olhando-o preocupado. Ele logo entendeu o porquê, pois sentiu uma lágrima rolar em seu rosto. Estava chorando de alegria. – Está tudo bem?

Seu sorriso apenas se alargou. Tudo, simplesmente tudo que tinha de bom em sua vida, era graças a Hinata. A pessoa que o salvou com o seu amor.

– Melhor impossível. – Praticamente sussurrou, mas sabia que ela tinha ouvido. E antes que a Uzumaki pudesse perguntar mais alguma coisa, ele a puxou para seus braços, em um abraço cheio de amor. – Obrigado por tudo, Hinata.


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