Unbreakable escrita por Lost star


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Hey, cupcakes, desculpem a demora :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/579059/chapter/8

POV RENESMEE

Annabelle ainda está dormindo quando chego em casa, e eu a observo por um tempo, acariciando seus cabelos com cuidado. Tenho plena ciência de que Grant, o mordomo idoso, está me observando de um modo reprovativo do outro lado da sala, pergunto-me se minha filha não recebia esse tipo de carinho quando era criança.

–Como ela está?- Forço-me a perguntar.

–Como a senhora espera que ela esteja?- Suas palavras são educadas, mas sou incapaz de ignorar o veneno presente nelas.- Seu irmão foi torturado até a morte e seu padrasto não suporta nem ouvir sua voz, acredito que isso defina bem como ela deve estar se sentindo.

Encolho-me na cama, cogitando a hipótese de apertar minha filha contra mim até que toda sua dor vá embora. Não é justo que ela tenha que sofrer tanto sendo tão jovem. Sei que por trás de todos os sorrisos e simpatia, está uma tristeza profunda. A perda de Alec é algo que não pode ser reparado, ele sempre será o pedaço que falta em seu coração. Bem, ele e Jane. Sei que ela está tentando seguir em frente e não pensar em nenhum deles, fiz isso quando perdi meus pais e ainda assim a dor está lá, dia após dia.

–Eu não sei o que fazer.- Sussurro.- Alec não me deu a chance de conhecê-la, ele precisava que eu fosse seu plano B, e agora eu não conheço minha própria filha e não sei nem como confortá-la.

Grant suspira e se aproxima de mim, segurando minhas mãos para que eu pare de mexer nos cabelos de Anne.

–Deus sabe o quanto o Sr. Volturi amava sua filha, Sra. Black.- Seus olhos castanhos estão cheios de tristeza e sei que ele sente falta de Alec também.- Annabelle sempre foi sua maior alegria e orgulho, e sua segurança sempre foi sua maior preocupação. Ele tinha tantos planos para ela, mas apesar de seus esforços, sua filha sempre foi sensível.- Um sorriso triste atravessa seus lábios.- Quando o Sr. Volturi morreu, achei que jamais a veria sorrir novamente. Eu fiquei a noite toda com ela, incapaz de fazê-la parar de chorar. Eu precisava dela pronta para cantar no funeral de seu pai, mas ela não iria parar por nada. E então Daniel chegou, em menos de meia hora, ele tinha arrancado um pequeno sorriso dela. Sempre foram muito próximos, os dois, mesmo sem nenhuma ligação de sangue.

Dirijo-lhe um sorriso e peço que me conte mais sobre ela. Ele faz, falando sobre suas muitas seções terapêuticas de compras com Jane, das negociações em que ajudava seu pai, das brincadeiras e brigas constantes com Daniel e das festas de Paolo que ela detestava. Ele conta sobre Diana, sua égua, e como ela aprendeu a montá-la, das muitas viagens que faziam e de como era comum encontrar Annabelle em lugares inesperados, em cima do piano, sentada em uma das janelas, correndo pelos vinhedos enquanto brincava com as crianças ou cavalgava. Por horas, sou imersa no mundo dela, descobrindo tantas coisas. Queria conversar com seu mordomo por mais tempo, mas ele precisa ir. Pede que eu ligue caso ela tenha outra “crise” e então desaparece em seu carro importado.

Dando um última olhada para me assegurar de que ainda dorme, fecho as portas de seu quarto, desejando que algum dia eu possa conhecer a menina alegre e fascinante que Grant descreveu.

(...)

POV ANNABELLE

Na segunda-feira, arrasto-me para o colégio com o resto de meus irmãos e suas expressões preocupadas. Estava disposta a não deixar a tristeza me dominar, por isso me arrumei como se nada tivesse acontecido, cobrindo as olheiras e penteando o cabelo, tentando parecer a antiga eu. O exterior estava perfeito, ninguém poderia dizer que o mundo desabou sob meus pés apenas por olhar-me, e isso teria que bastar. Meu humor era outra história.

Pedi a minha mãe que ninguém fora da família ficasse sabendo da morte de meu irmão, então, quando Ethan ligou para meu irmão querendo saber porque eu tinha agido como uma vadia no sábado - Anthony assegurou-me que ele não usou essas palavras-, EJ inventou a desculpa de que minha mesada foi cortada ou algo do tipo. Genial. Claro, compare a morte de meu irmão com um corte de mesada, tenho certeza que a dor seria mesma. Idiota.

Por esse e outros motivos óbvios, não era surpresa para ninguém que eu não estivesse a fim de conversa. Bem, talvez para Sam, que passou boa parte do dia tagarelando. Era difícil ficar perto dela e de sua personalidade que parecia tanto com a de Daniel. Eu queria chorar de minuto em minuto, foi por isso que no final do último período, quando ela se retirou para ir ao banheiro, eu fugi para a biblioteca. Sentada entre duas prateleiras enormes, escondida entre os livros, eu quase podia fingir que estava em casa e que Grant logo me chamaria para o jantar. Eu estava tão cansada de Forks.

(...)

Nas próximas três semanas, meu silêncio cresceu. Eu não sentia vontade de me comunicar com ninguém, nem mesmo meus professores, com quem eu era obrigada a falar diariamente, recebiam mais do que umas poucas palavras. Sem Paolo para encaminhar meus e-mails, minhas playlists se tornaram minhas melhores amigas durante o almoço e as horas vagas em casa. Claro que ouvir músicas tristes e rock clássico o dia todo não mudava minha situação, mas parecia uma boa trilha sonora.

–Eu não espero que algum de vocês saiba, mas a situação econômica mundial está bastante tensa, no momento- Ela está empurrando um daqueles carrinhos de projeção para perto da parede, onde a tela do computador aparece, do tamanho de uma tela de cinema.- Bem, eu estava pensando em uma forma de explicar tudo isso de forma que não fosse entediante, então encontrei um programa de TV que fez uma reportagem sobre isso. Como o audio é em outro idioma, os demais professores concordaram em utilizarmos seus períodos.

–Bem, isso é interessante- Sam murmurou para mim.

Honestamente não sei como ela ainda se importava em tentar. Acredito que ela seja a única com quem converso regularmente, e isso quer dizer no máximo cinco frases por dia. Acho que ela não se importa, já que geralmente monopoliza a conversa, concentrando-se em minhas expressões para obter as respostas que procura. Dou de ombros.

–Pelo menos não vamos ter que ouvir um monólogo- Digo.

O que faz com que meus irmãos espiem por cima do ombro, curiosos. Ainda acho estranho ter aulas com meus irmãos mais velhos, mas a coisa toda se torna bizarra quando a turma de francês de Sarah entra em nossa sala. Mudamos nossas mesas e nos ajeitamos nas cadeiras, tentando ficar confortáveis. Meus irmãos e Ethan se aproximam de mim e Sam, sentando perto o suficiente para que possamos conversar sem chamar atenção, mas não o bastante para que pareça que estamos no mesmo grupo.

Desde sempre, famílias do mundo todo fazem e desfazem suas fortunas, tornando-se famosas por seus fracassos ou sucesso. No entanto, nenhuma família, real ou não, se compara ao império que foi construído pelo italiano Alec Volturi.

Eu congelo. Não. Não. Não. Oh, por favor, não. Não deixe que esse seja um programa sobre minha família. No entanto, mesmo enquanto rezo para que esteja errada, sei que estou certa. É óbvio que fariam um programa sobre nós.

Alec Volturi iniciou seu império após a morte de seu pai, Aro Volturi, quando recebeu parte da herança da família. Investindo de forma inteligente, comprando ações, empresas em diversos países e fazendo aplicações na bolsa de valores, provou seu valor quando, cinco anos mais tarde, tornou-se o homem mais rico do mundo com apenas vinte e três anos.

Imagens de meu pai mais novo passam pela tela e eu controlo minha imagem de chorar.

–Você consegue imaginar isso?- Alguém sussurra na sala.- Ser o cara mais rico do mundo com apenas vinte e três? Eu queria a vida desse cara.

O programa agora fala de nossas posses, demorando um pouco demais para o meu gosto ao exibir nossas casas, aviões e barcos privativos, como se quisessem mostrar ao mundo o quão ricos nós somos.

No entanto, a vida do empresário nem sempre foi perfeita. Aos dezenove anos, sequestrado por um grupo de bandidos, ficou em cativeiro por quase um mês inteiro. Forçado a relacionar-se com uma mulher de origem desconhecida, teve, nove meses mais tarde, sua primeira e única herdeira, Belle Volturi.

Sarah lançou-me um olhar quando reconheu uma das fotos que foi exibida. Seth me observava de cenho franzido.

–Ah, olha que bonitinha- Sam sussurrou e sorri, incapaz de me conter.

Aos vinte e três anos, mesmo ano em que recebeu seu título de homem mais rico do planeta, casou-se com o magnata Paolo di Cavalcanti Marschall, consolidando, assim, seu império. Paolo também possuía um filho, Daniel Marschall. Entretanto, enquanto Belle era treinada desde criança para assumir a fortuna do pai, Daniel acabou tornando-se um encrenqueiro, o que o levou a entrar no exército anos mais tarde.

Com a morte de Alec e sua irmã gêmea, Jane, em junho deste ano, Belle Volturi tornou-se a única dona da fortuna de sua família. Com apenas dezessete anos, está sob custódia de um tutor, em um local indeterminado onde prepara-se para assumir o comando dos negócios do pai.

Eles então passam a falar sobre mim, como, eu, com apenas doze anos, convenci meu pai a fazer doações para orfanatos e empregar pessoas pobres; Como com catorze, fui capaz de convencer o presidente a apresentar um programa para jovens diplomatas, que mais tarde me enviou em diversas missões diplomáticas cumpridas com sucesso. Eles mostram minhas viagens para a Africa, para a Ásia e Américas. Apareço ajudando crianças, brincando com elas e oferecendo programas de ensino para que elas e seus pais tenham uma vida melhor. Em algumas fotos, aperto mãos de políticos conhecidos, presidentes, primeiros- ministros e diplomatas. Apareço ao lado de meu pai em campanhas da empresa e ao lado de Danny, quando nossa villa tornou-se um grande abrigo para crianças órfãs e desempregados. É estranho me ver sob o ponto de vista de outra pessoa, o repórter me descreve como alguém fantástico e bondoso, um anjo, mas não me sinto assim.

Belle é fantástica– Meu pai aparece falando, e eu preciso piscar diversas vezes para que as lágrimas não caiam. Acredito que essa tenha sido sua entrevista para o 60 minutes, pouco antes de sua morte. Eu nunca consegui assistir.- Ela teve essa ideia maluca quando tinha doze anos, um colega dela tinha dito que ela era uma patricinha mimada que só se importava consigo mesma, então ela decidiu passar meio ano na África, em uma daquelas comunidades em que eles mal tem água.

As lágrimas escorrem, e eu sorrio, porque vendo-o assim, tão perto, quase parece que ele ainda está vivo. Que ele vai voltar para casa.

Quando ela me disse que estava indo para a África, pensei que ela ia ficar em um hotel com Paolo. Imagine minha surpresa quando, dois meses mais tarde, um funcionário me liga dizendo que ela foi picada por uma cobra e poderia morrer.- Ele sorri, balançando sua cabeça como se ainda não pudesse acreditar que sua menininha fez isso.- Eu fiquei louco com ela, devo ter gritado por umas três horas sem parar, e nunca mais a deixei fazer nada parecido de novo.- Ele faz uma pausa, seus olhos estão na câmera, mas é quase como se ele estivesse olhando para mim.– Mas eu entendo agora. Minha filha quer que todos tenham o que nós temos, então ela se dedica às pessoas e tenta tornar o mundo um lugar melhor. E eu tenho tanto orgulho dela. Não há um dia em que eu não me sinta honrado e agradecido por ser pai de um ser tão maravilhoso e inspirador e eu sei que ela vai fazer um ótimo trabalho com a empresa quando eu não estiver mais aqui. Mas eu espero que ela demore muito a assumir a empresa.- Ele ri e eu o acompanho, porque sinto tanta falta dele. Quero entrar na tela e abraçá-lo uma última vez, mas não posso.

Limpo as lágrimas discretamente e fico na sala, para assistir o resto do vídeo. Não presto muita atenção enquanto eles explicam que, apesar de todos meus trabalhos, ainda posso colocar a economia mundial em queda caso consiga falir a empresa. Para ilustrar minha falta de experiência, exibem videos de Danny e eu brincando na praia, imagens minhas com os braços carregados de sacolas enquanto rio com tia Jane, no carro conversível de meu irmão enquanto jogo meus braços para o ar e canto. Mas não me sinto envergonhada de nenhuma dessas coisas, minha tia e meu irmão me faziam aproveitar a vida e não pensar apenas em trabalho, e jamais poderia me arrepender dos momentos que passei com eles. Vendo Daniel tão feliz, sorrindo para mim em todas as fotos como se eu fosse uma das coisas mais importantes de sua vida, sinto-me mais leve. Apesar da forma horrível como foi morto, meu irmão viveu uma vida feliz, foi à festas, teve tudo que queria quando queria e aproveitou todos os benefícios que o dinheiro poderia trazer. E eu sei que, acima de tudo, ele não iria querer que eu me isolasse do mundo e deixasse de ser feliz porque ele não está mais aqui.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Unbreakable" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.