Namorado "Inventado" escrita por Luh Marino


Capítulo 6
Capítulo cinco


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo só teve dois comentários ): Aconteceu alguma coisa, vocês não gostaram tanto do capítulo, foi isso? Se foi, me digam pra que eu tente melhorar!



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Como eu fui dormir cedo, realmente acordei disposta no dia seguinte. Apesar de bem descansada, estava com um pouco de mau-humor. Talvez porque queria matar meu melhor amigo, minha "irmã" e todas as pessoas que estavam no Cimento na hora que Ashton resolveu fazer merda.

Pouco tempo depois de acordar, recebi uma mensagem de Ash, dizendo que tinha deixado o carro da minha mãe na frente da casa. Na noite anterior, eu fiquei tão brava com o beijo repentino que sequer consegui dirigir. Por isso, Ash dirigiu e, depois de me levar pra casa, foi pra sua república e manteve o carro, devolvendo no dia seguinte.

Saindo do meu quarto após tomar um rápido banho, dei de cara com Abby também saindo de seus aposentos. Não dei bom dia, não acenei com a cabeça. Apenas lhe dirigi um olhar e desci as escadas. Ela também não parecia disposta a interagir comigo.

No andar de baixo, era possível sentir o cheiro delicioso de qualquer que fosse a comida que minha mãe estava preparando para o café da manhã. Era perto das oito e meia, e eu estava atrasada, então apenas comi uma fruta, voltei pro meu quarto para escovar rapidamente os dentes e logo estava saindo de casa. Tudo isso sem dizer um pio.

Eu trabalhava algumas vezes por semana como atendente em uma cafeteria no centro de Wolverhampton, chamada Tobby's Coffee House. Para chegar até lá, tinha que pegar um ônibus que dava mais voltas que uma montanha russa do Bush Gardens. Infelizmente, aquele era o único modo de chegar ao meu trabalho, e eu não gostava muito de dirigir. Além disso, eu podia aproveitar a viagem para relaxar, ouvir música, ler um livro... No final, era algo proveitoso.

Depois de um pouco menos de uma hora, eu me encontrava nos fundos da cafeteria, botando meu avental por cima da roupa. Taylor, uma colega, passou por mim para colocar sua bolsa no pequeno armário que todos que trabalhavam lá tinham.

– Fiquei sabendo que está namorando Ashton Ford. – Ela disse e eu quis esmagar minha cabeça com a porta do armário.

– É...

– Vocês são melhores amigos, não?

– Sim. Desde os oito anos. – Respondi, já fechando o pequeno compartimento e indo pra parte da frente da cafeteria.

– Emy. – Ouvi meu nome e parei no lugar. Não olhei pra trás. Apenas ouvi. – Eu acho que você conhece meu primo. O nome dele é Edmund. Eu sei que você iria se casar com ele, e por isso inventou que está namorando Ash.

Merda.

– Taylor, por favor, não diga a ninguém. Por favor! – Virei-me em direção a ela, juntando as mãos e quase ajoelhando para implorar. Ela soltou uma risada.

– Relaxa, não vou falar nada a ninguém. Sei o quanto pode ser chato ter que se casar com alguém que você não quer. – Ela me mostrou a mão, e eu vi que ali tinha um anel de noivado.

– Meu Deus... Mas você é mais nova que eu!

– Pois é. Nem sempre as coisas saem como queremos. Só queria dizer que, caso precise de ajuda ou um ombro amigo... Eu estou aqui.

– Muito obrigada, Taylor.

– Me chame de Tay. – Ela sorriu.

–x-x-x-

Depois do encontro e conversa com Tay, meu dia até ficou mais alegre. Eu nem parecia a mesma Emy de manhã. Até estava sorrindo para os clientes (acredite, isso é raro).

Mas é claro que a Lei de Murphy tinha que agir sobre a minha felicidade repentina.

Eu estava tranquilamente perguntando se uma garotinha queria mais chocolate quente quando o sininho da porta tocou. Por reflexo, olhei na direção do som. Era Ash.

– Ugh. – Grunhi, e vi que a garotinha me olhou com uma cara estranha. – Me desculpe, florzinha, só vi alguém que não queria ver. Vai querer o chocolate quente?

Logo depois de anotar o pedido da garota, corri para trás do balcão, esbarrando em Tay no caminho.

– Príncipe encantado chegou e você está fugindo dele? – Ela ironizou. Quis bater nela, mas apenas rolei os olhos.

Comecei a preparar o chocolate quente da garotinha e pedi a outro atendente me trazer os bolinhos que ela também pedira. Fingi que não notei Ashton atrás do balcão, esperando pra falar comigo. Continuei fazendo o meu trabalho e, ao me virar para ir entregar o pedido da menina, Ashton sorriu e acenou pra mim. O ignorei mais uma vez e fiz tudo que precisava fazer – inclusive inventei coisas pra fazer.

Quando finalmente estava "livre", parei do outro lado do balcão, em frente a Ash – que estava quase dormindo com os braços apoiados no mármore. Ficamos em silêncio por um tempo, e eu fingia que não estava esperando ele falar alguma coisa, enquanto ele olhava fixamente pra minha cara.

– E aí? – Ele perguntou e eu rolei os olhos.

– O que você quer?

– Pedir desculpas. – Ele deixou de apoiar os braços no balcão e se endireitou no banquinho. – Me desculpe, Emy. Mesmo. Devia ter, sei lá, te avisado ou pedido permissão. Você estava despreparada, eu entendo isso, e devia ter respeitado. – Ele continuou e eu só soltei um barulho com a boca em resposta. – Qual é? Não vai me desculpar?

Olhei pra ele por uns vinte segundos antes de responder:

– Não.

Tive que me segurar pra não rir da cara dele.

Foi difícil.

– Agora, se não for comprar nada, vá embora. – Completei.

– Me dá um expresso e dois bolinhos de baunilha pra viagem, por favor. – Ele respondeu de má vontade, rolando os olhos e voltando a se apoiar no balcão.

Depois de preparar seu pedido e o entregar, ele foi pagar e finalmente sumiu da minha frente. Antes de ele ir embora, porém, eu o chamei.

– Ashton. – Ele (e o resto da cafeteria) me olhou. – Me busca na faculdade hoje. – Ele sorriu e fez que sim com a cabeça.

No final de tudo, eu só tinha recuperado meu mal humor.

–x-x-x-

É claro que o resto do dia foi um porre. Tay continuou fazendo piadinhas sobre meu "namoro" e tudo que eu queria era enfiá-la em um daqueles armários minúsculos ou fazer um cookie de Taylor. Ela tirou o pouco de paciência que eu ainda tinha. Nem mesmo ao ir para a faculdade à noite e aprender minha amada biologia me fez diminuir o estresse. Quando vi o carro de Ashton parado do lado de fora do campus, tudo que eu queria era me trancar num quarto com nada mais nada menos que quilos chocolate e uns dez ursinhos de pelúcia.

– Oi. – Foi a única coisa que eu disse ao entrar no carro.

– Oi. Tá mais tranquila? – Ele perguntou. Apenas neguei com a cabeça e ele soltou uma risadinha nasalada antes de dar partida. – Como foi seu dia?

– Uma merda. Ficou pior depois de você aparecer.

– Assim eu me sinto ofendido.

– Essa é a intenção.

Ele riu e então ficamos em silêncio no resto da viagem até minha casa. De vez em quando Ash cantarolava partes das músicas que tocavam no rádio. Fora isso, ficamos quietos o tempo inteiro.

Quando ele estacionou o carro em frente à minha casa, achei estranho que ele tivesse desligado o carro e não apenas parado. Estava abrindo a boca pra falar tchau quando ele me interrompeu.

– Fica. – Ao ver minha cara confusa, ele continuou: – Você ainda tem que me perdoar. – E sorriu. Não consegui controlar um sorriso também.

– Só prometa que não vai fazer aquilo de novo. Ash, você sabe que eu odeio gente me olhando!

– Não entendo por que, Emily. Sempre vai ter alguém te olhando. Você não pode fugir de olhares. – Ele me olhou com uma sobrancelha arqueada.

– Eu sei, mas... Ok, eu não tenho uma explicação pra minha vergonha, mas... – Ele me interrompeu de novo.

– Insegurança. Você tem medo que as pessoas não gostem de você. Não entendo por que isso, por que você não gosta de falar com os outros. Não é como se todos fossem psicopatas, sabe? – Isso me deixou calada por alguns segundos. Ele tinha razão.

– Eu sei. Talvez eu só tenha medo de me machucar, o típico clichê.

– Mas se você não se machucar a vida não tem sentido.

Ele continuou me olhando e eu olhei para as minhas mãos, apoiadas em minha perna. Aquele era o último assunto do qual eu queria falar.

– Esse não era exatamente o assunto da conversa... – Tentei fugir (não só da conversa, como do carro).

– Não era, mas agora é. – Ele travou as portas do carro e eu rolei os olhos. – Talvez você devesse começar a conversar com outras pessoas. Sabe, não sei o que você quer fazer da vida, mas mesmo sendo uma bióloga, você vai ter que conviver com pessoas, sabe? Não só com animais.

– Ashton...

– Não, Emy, é sério! Olha, entenda que existem sete bilhões de seres humanos no mundo e seu contato com eles não pode se resumir à mim, sua família e seus professores. Aliás, aposto que nem com seus professores você conversa.

– Tudo bem, tudo bem. Vou tentar ser mais sociável. – Eu só concordei pra tentar fazê-lo calar a boca. Ele me olhou meio desconfiado.

– Vou deixar você ir embora. Mas me perdoa primeiro.

– Já tinha te perdoado, Ash. – Eu sorri em resposta e finalmente saí do carro. Já na frente da porta, acenei para Ash, dentro do carro, e entrei em casa. Ouvi o motor ligar e logo meu melhor amigo já estava longe.

O problema?

Eu meio que menti quanto a ser mais sociável. Isso porque eu não fazia ideia de como completar essa tarefa.

Mas finge que não.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Qualquer erro, é só comentar ou me mandar uma MP que eu corrijo na hora!
Críticas construtivas são sempre bem-vindas, mas não deixe a educação de lado.
Beijos e até a próxima!



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