Namorado "Inventado" escrita por Luh Marino


Capítulo 7
Capítulo seis


Notas iniciais do capítulo

Pra quem tem spotify (rede social/app de música): vocês podem ouvir a playlist de Namorado "Inventado" aqui: http://open.spotify.com/user/callmeluh/playlist/2MMzq8V7Ay58rxSviNFn1s
Caso você não tenha uma conta, dá pra criar rapidinho. ^-^ Quando eu escrevo NI, ouço essas músicas - elas tem bastante a ver com a história e me deixam inspirada. Se vocês gostam de ler ouvindo música, podem ouvi-la! :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/578932/chapter/7

Acordei com uns gritos na casa do vizinho. Um homem e uma mulher, recém-casados, tinham um gato e um cachorro. Pelo que entendi, um dos animais fez meleca em algum lugar e o cara não limpou, o que deixou a moça bem puta da vida. E me acordaram ao berrar um com o outro.

Era por volta das sete e pouco, e os desgraçados não podiam berrar enquanto eu estava saindo, trabalhando, ou na faculdade. Não esperaram nem que eu acordasse naturalmente. Ah, não. Eles têm que acordar a pobre vizinha com seus gritos absurdamente altos.

Como eles gritavam tão alto, por falar nisso?

Tomei uma ducha rápida e aproveitei que já estava acordada para fazer alguns trabalhos e pesquisas pra faculdade. Meu professor havia falado algumas coisas ontem que – como não prestei atenção por estar puta com Ashton – resolvi pesquisar quando chegasse em casa. Mas, quando cheguei em casa, estava tão psicologicamente exausta que me troquei e, assim que deitei na cama e fechei os olhos, dormi. Então resolvi pesquisar tais coisas depois de ser acordada pelos berros vizinhos – e eu ainda vou falar disso por muito tempo, porque fiquei realmente indignada com os berros dos vizinhos.

Fiz as tais pesquisas sem dar um passo sequer para fora do quarto. Nem destrancar a porta eu o fiz. Fiquei lá por cerca de duas horas, e nem vi o tempo passar. Apenas fui me dar conta quando minha mãe bateu na porta perguntando se eu não queria comer nada.

Assim, eu desliguei o computador e desci, encontrando mamãe, George e Abby lá embaixo. Fiz meu prato, me sentei ao lado de Gail e tudo estava correndo em perfeita harmonia...

Mas Abigail não sabe viver em perfeita harmonia.

– Acho que ele só quer te comer. – Ela disse, assim, do nada.

– Abigail... – George tentou fazê-la calar a boca.

– Não, pai, é sério! – Ela se virou pra mim, sentando-se meio de lado, e largou os talheres no prato. – Sabe por que eu gosto tanto dele? Não só porque ele é lindo, Emy, mas porque eu o conheço. Você nos apresentou com uns catorze anos, eu acho? Então, eu fiquei com ele uma semana depois de o conhecer. E não paramos desde então. Ele é seu amigo desde que vocês se entendem por gente, e é assim que são os homens. Eles ficam curiosos depois de um tempo. Ele viu você crescendo, virando uma mocinha, até se tornar essa mulher que é hoje. – Eu podia afirmar com certeza que nunca havia visto Abby gesticular tanto. – É claro que ele só quer te comer.

– Abigail! – George falou mais alto dessa vez.

– Não, George, tudo bem. Tenho certeza que ela só está falando isso porque quer o meu bem. – Me virei pra ela com um sorriso cínico no rosto. – Não é, Abby?

– Claro que sim! Quero dizer, Emy, você tem que sair dessa furada, sabe? Eu digo isso pra tentar te proteger, mesmo, porque eu pelo menos sei que o Ash só me quer por diversão. Você não, tadinha, acha que ele realmente gosta de você... Fala sério, vocês estavam escondendo o namoro! Tenho certeza que ele que deu essa ideia, não?

– Entendi... Vem cá, Abby, tem certeza que isso é só pro meu bem? – Perguntei, também virando completamente o corpo em sua direção. À essa hora, nossos pais praticamente nem respiravam, apenas esperando o momento em que uma de nós duas atacaria a outra com o garfo. – Quero dizer, não tem nada a ver com o fato de você morrer de amores por ele, e estar se mordendo de inveja, ciúmes e raiva porque quem vai casar com ele sou eu. Certo? Não tem nada a ver com o fato de eu tê-lo conhecido antes, ou ao fato dele ter se dedicado desde os oito anos apenas a mim. Certo? Também não tem nada a ver com o outro fato de que ele só quer te comer, enquanto quer me namorar, se casar e formar uma família comigo.

Silêncio.

– Certo?

Acho que eu deixem bem claro por quem Ash estava "apaixonado".

Aliás, nem sei por que tive essa necessidade impulsiva de jogar na cara dela que era eu quem ele estava namorando. Não planejei esse discurso todo. Ele simplesmente... Saiu.

Bom, pelo menos deu certo, porque Abby ficou quieta.

– Eu... Eu... Ah, vá se ferrar, Emily! Você é só uma depressivazinha de merda que usa Ash como um apoio! Ele é um cara incrível e você, nem de longe, é a mulher certa pra ele. Ele está com você por dó! Disso eu tenho certeza. Ele é só um encosto pra você, não é? Você o usa, e apenas isso, desde seus oito anos de idade! Arranje um motivo pra viver e pare de atrasar a vida dele! – Foram suas palavras finais antes de voltar a comer e me ignorar.

E de todo o discurso dela, aquilo foi o que realmente me incomodou.

Por quê?

– Com licença, eu perdi a fome. – Me retirei.

Porque ela tinha razão.

–x-x-x-

Me tranquei no quarto pelo resto do dia. Só saí dele pra comer à tarde, e o fiz apenas quando soube que eu seria a única na sala de jantar.

Achei que minha janta seria tranquila, mas podia ouvir os gritos de Abigail e George no escritório dele. Com certeza ele estava brigando com ela por ter falado aquelas coisas por mim. Eu realmente não ligava, Abby era desse jeito irritante, mesmo. Mas o que ela falou dessa vez me incomodou apenas pelo fato de eu também achar aquilo. Eu achava que atrasava a vida de Ash, que ele perdia boas oportunidades porque queria ficar comigo.

O escritório de George ficava na primeira porta do corredor ao lado das escadas. Por isso, quando descia as escadas em direção à cozinha, não pude deixar de ouvir mais claramente o que eles falavam. Até porque eles gritavam quase tão alto quanto os queridos vizinhos.

Mas Abigail, dessa vez você foi longe demais! Emy nunca se incomoda com o que você fala, e dessa vez ela até "perdeu o apetite"! – Eu podia sentir as aspas na voz do meu padrasto.

Ah, papai, por favor! Eu achei que a sua filha aqui fosse eu. Pare de defender aquela... Aquela... Piranhazinha!

Garota, você está se ouvindo? – Eu nunca havia ouvido George tão bravo. Aw, eu sou importante pra ele, que bonitinho.

Tão importante que ele quer me casar com um desconhecido.

Uau.

Obrigada, George.

Você sequer considerou fazer Ashton se casar comigo! Ele irá se casar com quem, afinal? Com ninguém?

Eu já falei sobre isso contigo, Abigail. Por favor, não me faça voltar a este assunto, você sabe que eu não gosto.

Ugh, mas papai... – Gail foi interrompida antes de terminar de reclamar.

Além do mais, você não é madura o suficiente para se casar.

Ah, e Emily é? Eu pelo menos não moro mais com os pais! Ela é praticamente sustentada por vocês dois. – Essa garota realmente quer me tirar do sério.

Eu iria continuar ouvindo a conversa, mas ouvi um barulho de porta e assumi que era minha mãe saindo de algum lugar. Portanto, voltei ao meu quarto, absurdamente irritada. Mas não fiquei lá. Apenas peguei um casaco, meu material da faculdade, e saí de casa disfarçadamente.

Eu precisava pensar direito.

–x-x-x-

Após dirigir até o West Park, que ficava um pouco afastado da minha casa, e andar por grande parte de seu perímetro enquanto pensava sobre a situação, cheguei à conclusão de que Abby estava certa.

Isso é raro.

Vivo na sombra da minha mãe desde que me entendo por gente. Depois que George e Abby passaram a viver conosco, parece que só fiquei mais acomodada. Talvez tenha me acostumado à ideia de que tinha um pai novamente, além de ter ganhado uma irmã, e nossa família estava completa e feliz. Talvez, por medo de perder essa família, eu tenha resolvido viver em minha zona de conforto, aterrorizada demais para sequer pensar em sair dela.

Assim que se formou no colégio, Gail pediu uma ajuda básica para nossos pais para que saísse da cidade e fosse morar sozinha. Seu desejo e anseio por independência e uma vida estável eram algumas das pouquíssimas coisas que eu admirava nela. Abigail era altamente ambiciosa, e chegava a me dar inveja por saber o que queria da vida. Apesar de sempre ter ideia da minha paixão – biologia – e ter certeza que era aquilo que eu queria cursar na faculdade, eu não tinha ideia do que fazer depois de me formar.

Por isso cheguei à conclusão que eu precisava, de uma vez por todas, caminhar com os meus próprios pés.

Ao chegar na Tobby's, Tobby – o dono, óbvio – e outros atendentes me olharam estranho, por saber que aquele não era meu dia de trabalho.

– Posso falar com você super rápido? – Perguntei ao dono da cafeteria.

Fomos até seu escritório e eu expliquei rapidamente a situação, sem contar da parte emocional que me afetava.

– Por isso, decidi me mudar, e sei que Tay mora sozinha. Você não teria, por acaso, o endereço ou o telefone dela, teria? – Tobby me compreendeu, me passou o celular de Tay e disse que, caso eu precisasse de ajuda, poderia contar também com ele.

Sai do estabelecimento rumo à faculdade com a mente tranquila.

Estava tomando meu próprio rumo.

Estava orgulhosa de mim mesma.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Qualquer erro, é só comentar ou me mandar uma MP que eu corrijo na hora!
Críticas construtivas são sempre bem-vindas, mas não deixe a educação de lado.
Beijos e até a próxima!