Alguns instantes após o término do beijo, Tsunemori balançou a cabeça diversas vezes, até seu rosto ficar completamente corado, talvez agora ela finalmente tivesse percebido o que havia acontecido, e a vergonha veio a tona. Aquela atitude fazia com que Shiro soltasse pequenos risos, apesar do jeito dela toda envergonhada, ainda estava uma gracinha aos olhos do rapaz, que com um belo sorriso disse:
– Não fique assim, eu sei que foi algo meio repentino, porém verdadeiro Tsunemori.
– M-Mas eu estava no meio do jogo e....foi meu primeiro beijo sabia? – A garota juntava os dedos indicadores fazendo um pequeno bico enquanto olhava para Shiro, ainda bem envergonhada.
– Tudo bem, o meu também.
Aquela resposta deixou Saya completamente surpresa, como um garoto bonito como ele nunca havia beijado antes? Era realmente difícil de acreditar, afinal ele beijou muito bem para uma primeira vez.
– Acho meio difícil de acreditar em você...
– Porque acha isso?
– Porque você é muito lindo, encorpado e... – A garota ao perceber o que dizia, tapou a boca com uma das mãos, mais uma vez corando completamente.
– E eu aqui pensando que você fosse inocente de tudo. – Riu brevemente até voltar com aquele pequeno sorriso.
– Ninguém é totalmente inocente... baka. – Virava o rosto emburrada, enquanto ajeitava os óculos.
Aproveitando aquele momento, Yamamoto chegava por trás de Sayagi abraçando-a carinhosamente, enquanto deixava sua cabeça sobre o ombro dela. A garota podia sentir a respiração quente dele bem suave, e aquilo a deixava completamente imóvel.
– Eu não estava brincando quando disse que gostava de você ta? Não quero te forçar a gostar de mim, mas desejo muito que me dê uma chance para mostrar o quanto posso te fazer feliz Saya...eu nunca senti algo tão forte por alguém assim antes, quero que você seja minha e assim eu serei seu.
O coração da jovem disparava com aquela linda declaração, suas bochechas coravam ao inclinar levemente a cabeça para poder enxergar o rosto de Shiro. Quando finalmente tinha a visão do rosto dele, beijou seus lábios com doçura até responder com um sorriso:
– Você não precisa me forçar a nada, pois eu sempre te amei e não precisa pedir para eu ser sua, pois desde o dia que me apaixonei por você... eu já lhe pertencia Shiro, então eu aceito ser sua namorada e a partir de agora seu coração é meu.
– Como desejar.
Aquela foi a resposta do garoto que também estava com as bochechas coradas pela vergonha de sua declaração, talvez aquilo fosse um sinal de que realmente os seus sentimentos por Sayagi fossem verdadeiros. Ele nunca havia se apaixonado antes, e de alguma forma perto dela sentia um nostalgia muito forte. Depois de tudo aquilo o casal jogou por mais uma hora até chegar o horário prometido de partida, Yamamoto levou a namorada até a estação e depois voltou para sua casa com um enorme sorriso de satisfação. Tsunemori, sentada no banco do trem, não conseguia tirar a imagem do namorado da cabeça e tão pouco sua resposta que saiu na hora sem pensar, a vergonha sempre chegava na hora errada para ela, que nunca se acostumava. Ao chegar em sua casa gritou para os pais ouvirem:
– Cheguei!
– Bem vinda de volta querida, chegou tarde. – Disse a voz da mãe na cozinha.
– Eu estava na casa de um amigo, mas esqueci de ligar.
– Amigo? Finalmente vez amizades meu anjo, fico feliz minha filha e o que fez lá?
– Eu joguei e conversei... – Subia as escadas com o rosto vermelho.
– Ah sim, me apresente para ele um dia ta? Vai querer jantar?
– Não, estou cansada então vou direito para cama depois de um banho.
– Ok, boa noite querida e vê se dorme cedo.
– Vou tentar. – Gritou Sayagi, correndo para porta do quarto e entrando.
– Essa menina não tem jeito. – Riu a mãe enquanto lavava louça.
Ao entrar em seu quarto, tirou seu uniforme escolar inteiro assim como suas roupas íntimas as jogando no cesto, em seguida caminhou para o banheiro, ligando o chuveiro. A água banhava todo seu corpo enquanto uma expressão pensativa surgia no rosto da garota. Ela olhou em direção a janela.
Hoje pareceu um sonho, não sei como disse tudo aquilo, só sei que falei...como serão as coisas daqui para frente? Eu não sei namorar, terei que focar em animes shoujo.
O banho de Sayagi demorou exatamente trinta minutos, e aquela noite foi um pouco diferente das outras, pois ao invés de ir para o computador navegar na internet como sempre fazia, resolveu dormir porque aquele dia havia sido muito corrido...talvez até demais para uma garota como ela. As horas passaram muito rápido e Tsunemori acordava com as batidas que vinham da porta de seu quarto, a voz do outro lado era de sua mãe que dizia:
– Filha acorda, tem uma amiga te esperando lá embaixo.
A garota acordava com os olhos inchados de sono e com os cabelos verdes todos bagunçados, e respondeu em meio a um bocejo:
– Amiga? Ah ta é a Vic, diga que eu vou me trocar e descer.
– Tudo bem querida, não demore, pois não é todo dia que acorda na hora.
– Ok mãe.
A mulher descia as escadas devagar até que finalmente teve a visão da garota loira sentada na sala, caminhou até ela com um pequeno sorriso e disse:
– Victoria né? A Saya já esta descendo, espere só um pouco.
– Obrigado senhora.
– Não tem de que.
Após aquele curto diálogo, a mãe se retirava brevemente da sala. Alguns minutos depois descia Sayagi, já em seu uniforme escolar. com uma cara de sono e óculos torto, estava mais do que na cara que não ligava muito para sua aparência ou talvez fosse apenas preguiça.
– Pelo amor Saya, você não se troca direito?
– Porque eu deveria?
– Porque você é uma mulher oras, tem que se vestir bem e arruma esses óculos, sua idiota. – Ajeitava os óculos da amiga após um longo suspiro.
– Oh...obrigada Vic, se não viesse me chamar provavelmente acordaria atrasada de novo.
– Tudo bem, de hoje em diante sempre virei te chamar ta? Vamos?
– Vamos, só deixa eu pegar um pedaço de pão e uma fruta na cozinha.
– Eu te espero lá fora, não demora.
Victoria calçava os sapatinhos e abria a porta, logo caminhando em direção ao portão da casa de Saya, não demorou muito para a amiga vir correndo atrás com um pedaço de pão na boca e uma maçã na mão direita. Enquanto caminhavam tranquilamente para a escola, Victoria resolveu iniciar uma conversa com Tsunemori:
– Então Saya, como foi na casa do Yamamoto ontem?
A garota se engasgava com um pedaço de pão que descia a seco pela garganta e tossindo respondia:
– COF COF, foi divertido até e...foi legal. – Ria um pouco sem jeito.
– Ta, mas não rolou nada a mais?
– O que quer dizer com isso?
– Ah sei lá, tipo vocês ficaram? – Perguntou coçando a bochecha com o dedo indicador enquanto esperava uma resposta de Saya.
– M-M-Mas, de onde você tirou essa ideia? Ele me chamou para jogar Vic. – O rosto da garota corava completamente enquanto ficava completamente eufórica, sem perceber.
– Minha querida, nenhum garoto te chama para ir na casa dele só para conversar ou sei lá o que, com certeza tem algo a mais por trás de um convite assim, repentino, então pode me contar.
Saya olhava para os lados com um ar de desconfiança até puxar a mão da amiga e sussurrar em seu ouvido:
– Te conto na sala ta? Até lá espera.
– Ta bom, só não me enrola.
Sem ao menos perceberem, já estavam na entrada da escola, na qual vários alunos entravam conversando sobre diversos assuntos. Os corredores estavam pouco movimentados, ainda era cedo. Shiro caminhava tranquilamente até ser surpreendido por um abraço pelas costas de sua prima, Hana.
– Bom dia Shiro! Dormiu bem? – Perguntou a jovem com um sorriso.
– Bom dia e já falei para não fazer isso, sim dormi muito bem. – Suspirava após olhava para prima em suas costas.
– Então sobre o que me prometeu ontem...ainda ta valendo né?
– Sobre o favor que pedi para você? Claro que sim, o que você quer?
– Vamos sair em um encontro nesse final de semana!
– O que?
Shiro olhava espantado para Hana com aquele pedido, não tinha nada em mente para poder enrolar. De qualquer maneira teria que cumprir com o que havia prometido, mas sua maior preocupação naquele momento era como seria a reação de Sayagi ao saber sobre aquilo.