Paixões Opostas escrita por Lua


Capítulo 6
Capítulo 5 - Reencontros, Gêmeos e Recordações


Notas iniciais do capítulo

Melissa Luz, Lybruma e Scarlett Hudsonn, sejam bem vindas ao mundo de “Paixões Opostas”! Quero agradecer especialmente a Mel, por ter apontado um erro ortográfico que eu havia cometido, e parabenizá-la, por ter acertado o desafio que eu fiz no capítulo anterior. A música é “Lucky – Jason Mraz e Colbie Caillat”, e vocês logo entenderão o motivo. Peço desculpas pela demora, eu viajei no final de janeiro e fiquei sem internet. As minhas aulas já voltaram, e eu curso o 1º ano do Ensino Médio, por isso, se eu demorar novamente, vocês já sabem o motivo. Curtam o capítulo, nos vemos lá embaixo õ/



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“But if you close your eyes

Does it almost feel like

Nothing changed at all?” (Bastille – Pompeii)


Entrei em casa me sentindo péssima. Dona Vanessa, com a sua telepatia tipicamente materna, rapidamente notou que havia algo errado. Ou talvez a minha expressão tenha me denunciado, não sei.

— O que houve? – ela perguntou, enquanto diminuía o fogo das panelas e se virava em minha direção.

— Nada, mãe – neguei, tentando (sem sucesso) esconder a minha tristeza.

— Não tente me enganar, mocinha, eu te conheço desde que nasceu. (N/A: AVÁ, sério? :v)

— Tudo bem, eu falo – assenti, derrotada pela insistência de minha mãe – Briguei com o Leo.

— Que pena, filha – ela parecia realmente triste. Talvez seja porque minha mãe faça parte do "Fã Clube Shippamos Lenanda" - Mas sei de algo que vai te animar!

— O que?

— Tem uma surpresa para você no seu quarto – concluiu minha mãe, enquanto voltava para suas panelas.

Segui para o local indicado, ansiosa pela tal surpresa. Abri a porta e fui abraçada (leia-se: atacada selvagemente) por um garoto loiro, alto e com um sorriso enorme no rosto: Eric.

— Nandaaaaaaa! – ele gritou, enquanto me levantava e me girava no ar.

— Não acredito! – eu não podia conter o meu sorriso – Posso saber por que você não me disse que voltaria 1 semana mais cedo do seu intercâmbio?

— E perder a chance de te fazer uma surpresa? Nunca!

— Isso é típico de você: me deixa ansiosa pela sua volta, e brota do chão, sem mais nem menos – afirmei, enquanto revirava os olhos.

— Tanto faz. Agora me conte: como andam as coisas entre você e o Leo?

— Não quero falar sobre isso – murmurei, me amaldiçoando por não conseguir esconder os meus sentimentos.

— Tudo bem, eu não vou insistir por agora porque estou ansioso para te contar os detalhes da minha viagem, mas não pense que escapou tão fácil de mim – retrucou, enquanto tomava fôlego e continuava a falar – Nanda, foi tudo tão lindo! A Torre de Pisa, o Coliseu, o Rio Tibre... eu fiquei hospedado na casa de uma família ótima, com um casal super simpático, Giuseppe e Francesca, Bianca, a caçula de 11 anos, e... – ele parou de repente, super-ultra-mega-corado.

— Estou errada, ou o motivo dessa vergonha toda é um garoto? – perguntei, enquanto sorria maliciosamente.

— Nada a ver, você está exagerando, isso é calúnia, difamação e... – interrompi o seu monólogo dramático e encarei-o – Sim, isso tem TUDO a ver com um garoto.

— EU SABIA! – berrei, empolgada, enquanto pulava em cima dele – Pode me contar tudo, A-G-O-R-A!

— Okay, okay. O nome dele é Alessio, e tem 18 anos de pura gostosura – admitiu, falando rapidamente e se atrapalhando com as palavras.

— Mesma idade, morando na mesma casa... você pegou ele, né safado? – indaguei, enquanto piscava para ele.

— Isso não vem ao caso – ele me cortou.

— Não tente me enrolar, você está sorrindo – afirmei, fazendo-o corar novamente.

— Sim, eu fiquei com ele, mas foi um amor passageiro, já estou pronto pra outra. Agora me conta: o motivo dessa carinha triste é o Leo?

Suspirei profundamente. Como mentir para alguém que te conhece, literalmente, desde que nasceu? Essa é a desvantagem de ser apegada com o seu primo. Estava tentando formular em minha mente uma maneira de começar a contar os acontecimentos dos últimos dias, quando Eric voltou a falar.

— Deixa eu adivinhar: vocês ainda estavam nesse chove-não-molha de sempre, e do nada ele brotou com uma garota bonita a tiracolo, você ficou com ciúmes e está ignorando ele. Acertei?

— Okay, agora você me deixou surpresa. Como você adivinhou tudo isso? – indaguei, tentando adivinhar como ele poderia ter assimilado tudo aquilo.

— Priminha querida, enquanto você está indo com o fubá, eu já voltei com o bolo pronto e coberto de chocolate – afirmou, me fazendo revirar os olhos.

— E a modéstia é o seu sobrenome – ironizei – É uma longa história.

— Eu tenho tempo. Espera só um instantinho aí.

Ele foi até a porta, saiu e desceu pela escada. Eu ouvi ele pedindo um pote de sorvete pra minha mãe, falando “Obrigado, tia Van”, subindo as escadas novamente e entrando no quarto.

— Pronto, agora você pode continuar – afirmou, na maior cara de pau, enquanto dava uma colherada no sorvete e me olhava com insistência.

Decidi ignorar aquilo e começar logo a história, antes que eu perdesse a coragem.

— Nas últimas semanas, eu e o Leo saímos juntos várias vezes. Em uma dessas saídas, eu caí do skate e torci o pé. Logo em seguida, a avó do Leo morreu, e ele teve que ir pra cidade dela, onde passou duas semanas, enquanto eu mofava em casa. Ontem, eu finalmente tirei a tala e pude voltar pra escola. Hoje, enquanto eu esperava ele ansiosamente, o Leo estava se esfregando com a Gabriela e...

— Pera aê, pera aê. Isso não é típico do Leo. Tem certeza que essa última parte ocorreu mesmo? – Eric me interrompeu.

— Okay, a última parte eu não tenho certeza se aconteceu de verdade. O que importa é que ele estava de mãos dadas com aquela garota, quando entrou na escola hoje.

— Vamos por partes: quem é Gabriela? Qual é a aparência da dita cuja? Ela tem algum irmão? – ele disse a última parte com um sorriso malicioso, o que me fez novamente revirar os olhos.

— Essa é outra longa história...

 

Após fugir do Leo, eu voltei para a sala e esperei a aula começar. Após pouco tempo, o professor de História entrou na sala e passou um texto para ser lido, o qual seria discutido assim que todos concluíssem a leitura. Enquanto isso, eu notei que três carteiras estavam vagas. Uma delas, evidentemente, era do Leo. Restavam duas, e um mau pressentimento começou a tomar conta de mim. Ouviram-se batidas na porta, e três alunos entraram, pedindo desculpas ao professor pelo atraso. Ele mandou que o Leo se sentasse, e pediu aos outros dois que se posicionassem na frente da turma.

— Turma, esses são Gabriela e Daniel, gêmeos que vieram de outra cidade e vão estudar conosco esse ano – Heitor, nosso professor, os apresentou – Sejam bem vindos à nossa escola.

Todos aplaudiram, e os gêmeos sentaram-se nas carteiras restantes. O moreno de olhos azuis que eu havia encontrado mais cedo, e a garota que estava de mãos dadas com o Leo iam estudar comigo por 10 longos meses. Quando eu achava que não podia piorar, o universo provou que realmente estava conspirando contra mim.

— Pessoal, hoje eu vou passar um trabalho em dupla para vocês, sobre os diferentes tipos de mitologias. As duplas já foram escolhidas... – ouviu-se um murmúrio de frustração coletiva, que foi ignorado pelo professor - ...e eu não aceitarei trocas. A entrega será daqui a quatro aulas, sendo que uma delas será usada para discussão do trabalho. Fernanda e Daniel, vocês ficaram com mitologia grega. Leonardo e Gabriela, mitologia romana. Mariana e Camila, mitologia egípcia. Fabrício e Cláudia, mitologia nórdica...

Desliguei-me da voz de Heitor, enquanto me virava para Daniel. Ele sorriu para mim e acenou, e eu retribuí o aceno. A aula seguiu normalmente, e assim que o sino tocou, eu me dirigi à carteira do novato.

— Oi – cumprimentei, tentando ser simpática.

— Olá – ele respondeu, educadamente.

— Seu nome é Daniel, né? Fernanda, muito prazer – estendi a mão, e ele apertou-a – Pode me chamar de Nanda.

— O prazer é meu, Nanda. Então, onde podemos nos encontrar para iniciar o trabalho?

— Que tal na minha casa, amanhã à tarde? – propus – Eu te passo o endereço e o horário, e também o meu telefone, caso você precise de informações sobre como chegar lá.

— Por mim tudo bem – concordou, enquanto dava de ombros.

Anotei rapidamente as informações em um pedaço de papel, e entreguei para ele.

— A gente se vê – me despedi, enquanto voltava para a minha carteira.

Não ouvi a resposta dele, pois coloquei meus fones e esperei que a próxima aula começasse.

 

— Quer dizer que o boy magia vai estar aqui, na sua casa, amanhã? – Eric perguntou animadamente, tirando-me de meus pensamentos.

— Sim... eu acho. Mas não se empolgue, mocinho – cortei-o - Você pode tratar de arrumar algo pra fazer amanhã, pois eu não quero ninguém atrapalhando a minha concentração, e do Daniel.

— Magoei, tá? É assim que você trata o seu maior confidente, o amor da sua vida, a razão do seu viver? – dramatizou, fazendo-me rir com o seu exagero.

— Own, que dó dele, gente! – ironizei – Você sabe que eu te amo, só não quero você aqui amanhã de tarde, apenas. Não fica chateado, criatura.

— Fico sim, e nada que você fizer vai me convencer do contrário – afirmou, convicto.

— Nem uma maratona de filmes, regada a brigadeiro e demais gordices?

— Assim eu não resisto, é muita tentação. Okay, eu aceito, mas você sabe que isso é golpe baixo – cedeu, sorrindo levemente.

— É claro que eu sei, seu bobo – admiti, pulando em cima dele e fazendo cócegas – Preciso arrumar algo pra fazer, estou entediada.

— Já sei! Vamos dar uma volta no bairro, eu quero rever a galera, as meninas...

— Okay, mas depois eu vou pra academia de ballet, rever a minha turma e minha professora – decidi, nostálgica.

— E eu vou voltar pra casa, e me afundar no sorvete novamente – concluiu Eric.

Descemos as escadas e avisamos minha mãe sobre o passeio, e onde eu estaria quando Eric voltasse para casa. Resolvido tudo, saímos para a tarde ensolarada do lado de fora.

x-x-x-x-x

Estávamos atravessando a rua quando Eric estacou de repente, me fazendo colidir com ele e cair no chão.

— O que foi isso? – reclamei, enquanto ele me erguia do chão.

— Para. Tudo. Aquele pedaço de mal-caminho ali é o mesmo Leo que eu vi 1 ano atrás?

— Eric! Você tá babando, sério – exclamei, tentando disfarçar o meu ciúme (sem sucesso).

— Tá com ciúmes, né? Desculpa flor, mas eu não vou conseguir dormir hoje, se não passar uma cantada nele.

Olhei-o, sem acreditar no que eu tinha ouvido, mas ele já havia se afastado de mim e estava próximo do Leo. Por conta da distância, eu não consegui entender o que eles estavam falando, mas pude ver eles se cumprimentando, o loiro dizendo mais alguma coisa e o moreno corando. Apesar da cara-de-pau do meu primo, a cena estava muito divertida, e eu não pude conter o riso.

Percebi o Leo olhando para algo atrás do Eric, e notei que esse algo era eu. Retribuí o olhar involuntariamente, mas virei-me de costas e segui andando pela rua. Naquele momento, eu sabia exatamente para onde ir: a minha academia de ballet.

x-x-x-x-x

Você já se sentiu extremamente feliz, e ao mesmo tempo, desesperado? Foi exatamente como eu me senti, quando entrei pela porta da academia, e vi 20 alunos e 1 professora correndo na minha direção. Meu pensamento no momento foi: “MEUDEUSDOCÉUSOCORROEUVOUSERATROPELA...”. Antes que eu pudesse concluir a linha de pensamento, eles pararam de correr e me abraçaram, todos falando ao mesmo tempo:

— Nanda! Que saudade de você!

— Como está o pé?

— Me diz que você veio dançar, me diz!

— Calma, gente, calma! Um de cada vez! – interrompi.

Todos se aquietaram, e eu comecei a falar.

— Eu também estava morta de saudades de vocês, de verdade. O meu pé está melhor, mas infelizmente, eu não poderei dançar por 1 semana – ouvi um murmúrio coletivo de solidariedade – Mas não fiquem tristes, assim que eu puder, eu volto a ativa! Hoje, eu só vim assistir a aula, ver toda a magia que vocês são capazes de fazer, apenas dançando – concluí, emocionada.

Leila, minha professora, abraçou-me de lado e, juntamente com toda a turma, eu me dirigi ao salão onde as aulas aconteciam.

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Lembranças são imagens que ficam guardadas em nossa mente, e que vêm a tona quando ouvimos, vemos ou sentimos algo que nos é familiar. No meu caso, a música clássica faz aflorar todas as boas recordações com a dança que eu tenho, tanto na minha mente, quanto no meu coração. Ao ouvir as primeiras notas da música que acompanha a coreografia de “Lago dos Cisnes”, que, sem dúvida alguma, é o maior clássico da história do ballet, fechei os olhos e me deixei levar pelos meus sentimentos. Comecei a me lembrar de quando eu era apenas uma garotinha de 8 anos, e tive a minha primeira aula de dança; de quando, dois anos após isso, fiz a minha primeira apresentação em público, e fui aplaudida também pela primeira vez. Enquanto eu refletia sobre a minha infância tão feliz, percebi que estava chorando. Deixei que as lágrimas corressem livremente pelo meu rosto, e comecei a me sentir melhor, menos triste. Aquilo que as pessoas dizem, que chorar faz bem, é a mais pura verdade. Abri os olhos a tempo de ver o final da apresentação, e de aplaudir os meus colegas com entusiasmo. O dia havia sido exaustivo, e tudo que eu queria era a minha cama. Sendo assim, me despedi de Leila e da minha turma, sequei as lágrimas e voltei para casa.

x-x-x-x-x

Cheguei em casa e encontrei minha mãe e Eric conversando animadamente. Assim que me aproximei deles, ambos se calaram e me encararam.

— O que foi? Por que estão me olhando desse jeito? – questionei.

— Nanda... o Leo esteve aqui – Eric respondeu.

— E perguntou por você, filha – minha mãe completou.

— É óbvio que vocês não falaram onde eu estava, visto que ele não apareceu na academia. A pergunta é... por quê?

— Nós concordamos que você é quem deve decidir se quer falar com ele ou não. A escolha é sua – Eric afirmou.

— Pense com carinho nisso, querida. Independentemente do que ele tenha feito, segundo o que seu primo me contou, eu tenho certeza que esse rapaz gosta de você de verdade. Vocês se conhecem há muito tempo, e eu vejo como ele olha pra você: com amor. E lembre-se: você não vai conseguir fugir dele para sempre – Dona Vanessa aconselhou-me.

— Ele me disse exatamente a mesma coisa: “Você não vai conseguir fugir de mim para sempre” – resmunguei - Eu prometo que vou refletir sobre tudo que vocês me falaram. Obrigada por se preocuparem comigo.

Sorri para os dois e subi para o meu quarto, enquanto meu cérebro processava tudo que eles haviam me dito. Eu sabia que minha mãe quase sempre tinha razão, e o Eric sempre teve mais juízo do que eu, além de ser 1 ano mais velho. Valia a pena refletir sobre o que eles haviam dito, independentemente da atitude que eu fosse tomar. Talvez eu realmente estivesse pegando muito pesado com o Leo, mas isso... só o tempo diria.



No próximo capítulo...

“Eu já estava quase me levantando quando, de repente, a campainha tocou. Levantei-me para atendê-la, certa de que era apenas o Daniel, que provavelmente esquecera alguma coisa. Contudo, dei de cara com uma soleira vazia. Ou quase vazia. No chão, havia uma caixa preta com um laço branco em volta, criando um belo contraste. Curiosa como sou, a recolhi e desembrulhei-a cuidadosamente. Dentro encontrei um CD, um bilhete e uma rosa branca. Espera... uma rosa branca? Enquanto eu desdobrava o bilhete, senti meu coração batendo aceleradamente. O papel havia sido perfumado com um aroma muito familiar para mim. Era o cheiro do Leo.”


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Notas finais do capítulo

Eu tenho outra pergunta :3 Como você conheceu “Paixões Opostas”? Deixe o seu review! Não seja um leitor fantasma, eu gosto de interagir com vocês õ/