Afterlife escrita por Leandro Zapata
Notas iniciais do capítulo
Hey there, heroes
Capítulo QUAAASEEEE atrasado, mas ainda são 23:44 e estou em tempo! Até 00:00 ainda é hoje!
Mas prometo que semana que vem, estará on as 8:00!
Sorry x_x
Boa leituraaa
Thais abriu os olhos e viu um teto desconhecido, porém familiar. Lembrava-se daquele teto das vezes que acordava durante a febre, quando Leonard lhe deu de comer e tentava diminuir o calor com panos gelados e úmidos. Era a primeira vez em... Quanto tempo fazia? Não sabia. Sabia que fazia um tempo longo que não ficava consciente de verdade. Todas as vezes que Leonard a acordara, mal sabia onde estava - ou melhor, não tinha a menor ideia de onde estava - ou o que fazia. Sabia apenas que tinha que engolir todas as sopas que ele colocava em sua boa - forçada ou não.
Como havia chegado àquele lugar, não podia lembrar-se. A última coisa que se lembrava era de estar contando sua visão sobre sua própria morte a ele; estavam próximos a uma estrada. Lembrava-se que nevava. Sabia que gostava da neve e do frio, mas não podia dizer o porquê; não se lembrava. Era como se fosse um reflexo de sua vida na Terra. Isso é impossível, ninguém pode ter memórias de suas vidas terrenas; era proibido.
Porém, Leonard tinha. Assim como Abraão e Sara.
O rapaz acreditava que sabia esconder seu segredo; Thais não era boba. Ela não insistiu perguntando o que queria saber e apenas esperou que ele se sentisse confortável em contá-la. Porém, estava demorando demais. Ela queria saber tudo sobre ele. Queria saber tudo o que podia. Queria saber por que seu coração acelerava tanto quando está perto dele.
Sentou na cama. Sentiu-se tonta por um momento. Ficar deitada tanto tempo podia causar isso nas pessoas. Levantou, mas sentiu um pouco de fraqueza e sentou de novo. Chamou por Leonard.
– Eu cuidei de ti durante uma semana, e é ao teu namorado que chamas. - Uma voz totalmente nova disse vinda das costas dela.
Ela se virou rapidamente para olhar o rosto de quem falara. Levantou de supetão, e sua visão ficou turva. Sentiu um braço abraçá-la e sentá-la na cama.
– Desculpa, não pretendia assustar uma moça tão linda como tu.
Thais não respondeu, apenas fitou o rosto do homem. Ele tinha uma pele morena queimada de sol; os olhos eram azuis como o céu e os cabelos castanhos-claros lindos que caiam até os ombros; ele parecia escovar aqueles cabelos todos os dias de tão bem cuidados que pareciam estar. Ela sentiu vergonha da aparência que devia estar naquele momento.
– Qual seu nome? - Ela perguntou.
– Meu nome é David.
– Onde está Leonard?
– Seu amigo saiu há uma semana mais ou menos indo a Paris.
– Para que?
– Ele acha que há anjos lá. E que os anjos podiam te ajudar. Até agora ele não voltou.
– Preciso ir atrás dele. - Ela disse levantando.
– Não. Não. - David retrucou forçando-a de volta a cama. - Você ainda está fraca e seu amigo já deve estar de volta ao Éden.
– O que quer dizer?
– Paris está infestada de Filhos do Abismo. Até mesmo os anjos desistiram da cidade.
Thais não podia acreditar naquelas palavras. Leonard havia entrado num ninho de Filhos por causa dela; em vão. Ele podia estar sendo torturado ou algo assim. Sua espada devia estar na mão de um inimigo. A esperança fugiu de seu coração.
– E por que ainda está aqui?
– Paris é a cidade do amor. E eu sou um amante. Essa cidade é a minha cidade; nunca abandonaria uma cidade com tantas mulheres bonitas.
– Eu tenho que salvá-lo. - Ela olhou no fundo dos olhos dele, implorando; se o que ela estivesse pensando sobre aquele homem fosse verdade...
– Droga. Eu não consigo dizer não a uma garota bonita. - A teoria de Thais estava certa. - Tome um banho, quando sair terá algumas roupas esperando aqui.
– Como sabe o meu tamanho? - Ela perguntou pouco antes de entrar no banheiro.
– Quer mesmo saber? - Ele disse com um sorriso de don Juan no rosto.
Thais decidiu que não, e trancou a porta atrás de si.
Quando saiu, havia um par de meias, lingeries, calças jeans e uma camisa de manga comprida xadrez. As roupas serviram perfeitamente. Thais não conseguiu conter o sorriso, apesar daquela situação.
David esperava-a sentado em uma poltrona. Ele trajava uma roupa escura e leve - simples calças e camiseta. Porém, o que mais impressionava era a espada ao lado dele escorada ao braço da poltrona. Estava enrolada em algum tipo de pano branco, a lâmina parecia ter uns quinze centímetros de largura e devia ter a mesma altura de Thais. Ela não pôde imaginar como o rapaz podia lutar com uma espada grande e pesada como aquela parecia ser.
– Você pode mesmo carregar essa espada? - Ela perguntou.
– Óbvio que sim.
– E pode lutar com ela?
– A primeira vez que a usei, eu tinha dezesseis anos. E foi cortando uma cabeça.
Thais não conseguiu imaginar quando ele poderia ter cortado uma cabeça com aquela espada no Paraíso.
– Como isso é possível? É a primeira guerra aqui desde a queda de Lúcifer.
– Não usei aqui. Usei quando estava vivo na Terra.
Então os três não eram os únicos que lembravam. Aquele homem, David, podia lembrar. Quantos mais no Paraíso podiam lembrar? E por que a maioria das almas não podia? Qual era a diferença entre eles?
– Você se lembra! - Ela disse, acusadora. - Você se lembra!
– É claro que lembro. Todos nós podemos.
– Nós quem?
– Os Heróis; é claro. - Ele disse como se aquilo fosse a coisa mais óbvia no Paraíso inteiro. - Podemos ir?
Usando o pano que cobria a espada, ele amarrou-a as costas. Thais o seguiu pela porta da frente. Não se sentia cem por cento, porém por Leonard, ela tinha que ir. E tinha que correr.
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