Afterlife escrita por Leandro Zapata


Capítulo 11
Tel-Aviv




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Depois que descemos do ônibus, Týr e eu andamos um tempo pela cidade procurando um lugar onde eu poderia conseguir umas roupas novas. Aquelas eram confortáveis, mas não combinavam com meu estilo. Depois de horas procurando, tudo que encontrei foram lugares que faziam roupas sob medida. Entrei em um deles.

Uma moça muito simpática me atendeu. Tirou minhas medidas e perguntou como eu queria minhas roupas. Tentei descrevê-las da melhor maneira que pude. Saí da loja, iria buscá-las no dia seguinte pela manhã.

Alguns quarteirões a frente havia um restaurante cujo tema era motociclismo. Havia diversas motos estacionadas do lado de fora, e não eram motos que costumamos ver todos os dias, eram aquelas que vemos nos filmes cujos donos eram homens gordos, barbudos e bêbados. Eu estranhei, a primeira coisa que pensei era se havia bebidas alcoólicas no céu. A segunda foi como eram os donos daquelas motos.

Não resisti e entrei.

Não era um salão muito grande; era meio mal iluminado e as paredes eram escuras e enfeitadas com peças de moto e quadros com paisagens e motos. No centro do salão havia uma Haley Davidson exposta.

A direita havia algo que seria um bar, mas notei que não havia nada com álcool. De certa forma eu estava decepcionado. No “bar” havia vários homens sentados; eles vestiam couro, e a maioria tinha barba cheia e barrigões, eles pareciam irmãos rebeldes do Papai Noel. Eu não consegui conter uma risada.

Sentei em uma mesa num canto do restaurante; peguei o cardápio e dei uma olhada por cima; achei um lanche que me agradava - com bacon - e pedi com fritas e uma coca acompanhando. Quando o garçom saiu, comecei a conversar com Týr, que esteve o tempo todo voando ao meu lado.

– Ninguém consegue te ver? - Perguntei.

– Não. - Ela disse enquanto beliscava uns pães que estavam sobre a mesa.

– Então por que se escondeu enquanto estávamos em Nova Jerusalém? - Ela estava cem por cento curada. Era como se nunca tivesse se machucado.

– Não estava me escondendo das pessoas, e sim de Deus, o que requer uma concentração muito maior em Nova Jerusalém. Nem sei como não evaporei quando saí no topo daquele prédio!

Fiquei pensativo por um momento. De certa forma ainda não acreditava na existência de fadas.

– De onde vocês vêm? Digo as fadas.

– Lembra que te falei que estamos ligadas a Morte? - Confirmei com a cabeça. - Então, nós fomos criados por Deus para auxiliar a Morte, porém ficamos obsoletos quando os Ceifadores surgiram. Então Deus nos baniu para uma dimensão alternativa da Terra, que não possuía nome. Neste lugar já havia moradores; os homem-árvores. Os Ents. Nossa chegada não representou perigo para eles, então vivemos amistosamente durante um milênio e meio. Eu ainda não havia nascido durante essa época. Então os Nórdicos apareceram. Eles tentaram dominar nossa terra a força, mas não deixamos. A guerra durou séculos até que as cinco raças entraram em um acordo de paz. Eu nasci no mesmo dia que o acordo foi assinado, por isso fui batizada Týr: uma homenagem ao deus nórdico da guerra, mas um sinal de paz. Nossa terra passou a ser chamada de Godheim.

– Nunca ouvi falar desse lugar.

– Sei que não, ninguém nunca ouviu.

Pensei por alguns minutos até que a comida chegou. Comi o lanche com vontade, enquanto Týr atacava ferozmente as minhas fritas. Saímos, obviamente, sem pagar.

Encontrei uma pousada para passarmos a noite, se é que ali existia noite. Se existia ela começaria em pouco tempo, pois os relógios da cidade indicavam cinco da tarde.

Týr e eu fomos conhecer a cidade. Perambulamos por algumas horas até encontrarmos um lago com uma praça em volta. Sentamos e conversamos por algumas horas. Calamo-nos quando a luz diminuiu e ficou em um tom alaranjado. Mas notei que longe no horizonte a luz ainda era amarela.

Pensei em Elena. O que será que ela estava fazendo naquele momento? Quanto tempo será que se havia passado na Terra? Dias, meses ou anos? Não saberia dizer. Parte de mim gostaria que ela estivesse ali comigo, mas outra parte estava feliz por ela ainda estar viva.

Vários pássaros desesperados passaram voando por nós. Pareciam assustados. Então um vento muito forte e quente, o suficiente para deixar minha pele vermelha, soprou vindo do norte. Milhões de luzes laranja cruzaram o céu, como uma chuva de cometas. As luzes foram chegando perto; pude jurar que varias delas pousaram na cidade.

Eu senti que aqueles cometas não eram nada bons.


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