Don't be fear of the darkness - 3º Ato II HIATUS escrita por ABNiterói


Capítulo 2
Capítulo 20 Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Quanto tempo!
Se ainda houver alguém acompanhando aqui, aqui está mais um capítulo!



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No último capítulo...

– Não é como seu eu pudesse negar algo a você. – Ele disse duro, mas com a sombra de um sorriso.

Pulei de volta para minha cama, acomodando-me em um dos lados. Severus sentou-se na ponta da cama, tirou os sapatos, as meias e o cinto, e abriu os primeiros botões de sua camisa. Em seguida ele deitou ao meu lado, por cima de meu edredom, com um olhar de que não adiantava discutir. Acenei resignada, porem feliz por tê-lo ali, ao meu lado. Para minha surpresa, depois de apagar as luzes, Severus segurou minha mão, entrelaçando nossos dedos.

Fechei os olhos. Naquele momento a escuridão em meu quarto não podia me afetar e eu não temia os pesadelos. Eu estava segura. E eu estava certa, eu me arrependia, mas, como o próprio Severus disse, não tinha como voltar no tempo e mudar o que aconteceu. Eu iria lhe provar o quanto eu podia amá-lo, o quanto ele seria o único em minha vida. Para sempre.


Capítulo 20 - Parte 1


POV Hermione Riddle


Não é necessário dizer que Bellatrix Black Riddle surtou ao entrar no meu quarto e ver Severus dormindo ao meu lado. O fato de ambos estarmos vestidos e possuir um cobertor nos separando não significava nada para a mulher que chamo de mãe. Ela saber que aquele era meu noivo, que eu era sua companheira e que eu já havia feito coisas além de dormir com outros homens também não serviu em nada para acalmar Bella.

Apenas quando Severus se contorcia silenciosamente sob um Cruciatus foi que consegui chamar meu pai e ele fez com que mamãe se acalmasse.

Duas horas depois, finalmente consegui convencer minha mãe que Severus não havia tocado em mim, nem ao menos marcado-me. Consegui então trocar de roupa e chegar à mesa onde tio Luc, tia Ciça e Draco tomavam café da manhã. Acompanhados por um silêncio irritante, meus pais, Sev e eu nos sentamos e começamos a comer.

– Como você passou a noite, Hermione, querida? – tia Ciça perguntou docemente e eu congelei.

– Bem – respondi depois de tomar um gole de água e sem olhar para minha tia.

– Vamos querida! Depois dos gritos de Bella, tenho certeza que sua noite foi muito mais do que bem. – Era impressão minha ou minha tia estava insinuando algo relacionado a sexo com Severus Snape?

– CIÇA! – minha agradável mãe berrou fazendo com que todos na mesa lhe encarassem. – Não quero ouvir nenhuma palavra sobre isso!

– Vamos Bella! – Tio Lucius cortou o que minha mãe pretendia dizer em seguida. Sua voz doce mostrava claramente que ele estava se divertindo com a situação. – Tenho certeza que Hermione possui muitas dúvidas. E desde que você não parece muito inclinada a ter esse tipo de conversa com sua filha, deixe-nos ajudar. – Encarei meu tio temendo o que ele diria. – Você sabe Hermione, eu, pessoalmente, não sou um grande fã de zoofilia, mas sobre sexo em geral, fique à vontade para pedir qualquer coisa.

Engoli em seco e fechei os olhos sem saber onde enfiar minha cara. Ouvi algum talher bater contra um prato e o silêncio mais pesado que eu presenciei em minha vida se instalou.

– LUCIUS! – Papai, mamãe e Severus rosnaram ao mesmo tempo e meu tio entrou em uma crise de risos.

– O que está acontecendo? – Draco perguntou. – O que você fez Hermione?

Abri os olhos e encarei meu primo.

– Por que eu tenho que ter feito alguma coisa? – pedi abismada. Quando eu poderia imaginar que eu viveria essa cena? Ainda mais com o Lorde das Trevas sentado à minha direita.

– Hermione descobriu quem é seu noivo, e infantis como seus pais são, eles não podem se manter de fazer piadas. – papai falou sério.

– Não entendi. Qual é a graça? Quem é o seu noivo? – Draco parecia sinceramente perdido.

– Severus – meus tios responderam antes que eu pudesse falar.

Certamente, ao contrário da reação que o resto da mesa esperava, Draco ficou ainda mais pálido. Nossos olhares se encontraram e eu entendi o que se passava por sua mente. Foi minha vez de rir ao perceber o porquê de meu priminho ter ficado tão nervoso.

– Não gaste sua energia em levantar barreiras agora Draco – Severus disse ao meu lado – Eu sei a um tempo o que aconteceu.

Parei mais uma vez. Quando Severus disse na noite anterior que ele sabia que eu não era virgem, eu imaginei que ele se referia a Krum, afinal, eu nunca tentei esconder que nós estávamos saindo. Contudo, eu tinha certeza que ninguém sabia sobre o pequeno affaire que eu e Draco tivemos.

– Você... Você sabe que não fui eu... Quer dizer, ela não era... Hermione já tinha... Eu sou seu afilhado! – Draco gaguejou claramente tremendo de medo de Severus.

– Respire Draco. Se pretendesse te matar, você não teria levantado de sua cama há meses. – sem ter certeza se isso era para ser um consolo, vi Draco recostar em sua cadeira e desviar os olhos de Severus.

– Alguém quer explicar o que essa troca quer dizer? – minha mãe pediu.

Dessa vez respondi antes que alguém dissesse, mais uma vez, alguma coisa que me causaria ainda mais dor de cabeça.

– Na verdade, não. Podemos apenas tomar nosso café da manhã em paz? O dia nem começou!

– Sem problemas, querida – papai respondeu e, apesar de mamãe e tia Ciça parecerem discordar, elas ficaram em silêncio.

Totalmente sem fome depois daquela conversa, brinquei com a comida que estava na minha frente. Aquele seria um longo dia.

Talvez meu maior problema fosse não entender a necessidade de se criar planos enormes e cheios de facetas. O que custaria a meu pai mandar que seus comensais invadissem a sede da Ordem e matassem a todos?

Isso deve ser sem graça demais. Como em um livro, parecia necessária a criação de confrontos a mais na guerra para atiçar a curiosidade e a adrenalina do povo. Consequente a essa linha de pensamento, papai e Severus haviam criado em alfabeto de planos possíveis que poderíamos ter que colocar em prática.

Abrindo com violência a porta dos fundos, Potter correu para onde eu me encontrava acompanhada por mais alguns membros da Ordem. Abracei-o fingindo animação enquanto os outros o cumprimentavam.

– Mas eu não estava esperando tanta gente! – o Eleito respondeu a pergunta de alguém.

– Mudança de planos – rosnou Moody, que segurava duas sacolas grandes e cheias – Vamos entrar antes de lhe explicar tudo.

Harry conduziu-nos à cozinha rindo e tagarelando como se nada mais importasse. Acomodamos-nos ao redor da cozinha dos trouxas e aproveitei para analisar mais uma vez para todos os presentes: Ronald, magro e comprido, ainda usando vestes de segunda mão e os cabelos ruivos sujos; Potter com um sorriso nervoso e o cobelo mal arrumado; Fred e George, com sorrisos idênticos e contagiantes até para mim; Gui, cheio de cicatrizes e cabelos longos; Arthur Weasley, de rosto extremamente bondoso, os óculos ridiculamente tortos; Olho-Tonto Moody, cansado de guerra, perneta, o olho mágico azul girando na órbita e fazendo-me estremecer e levantar minhas barreiras mentais; Tonks, cujos cabelos curtos estavam coloridos no rosa berrante que ela tanto gostava; Lupin, mais grisalho, mais enrugado; mais cansado que eu podia me lembrar; Fleur, esguia e linda com seus longos cabelos louros platinados, traidora de sua espécie e de seu sangue; Kingsley, careca, negro, imponente e os ombros largos; Hagrid, de barba e cabelos sujos e sem trato, curvando-se para não bater a cabeça no teto; e Mundunus Fletcher, franzino, sujo e trapaceiro, com aqueles olhos caídos e os cabelos empastados.

– Kingsley, pensei que você estivesse cuidando do primeiro-ministro trouxa, não? –Potter meio gritos para o homem ao lado oposto da cozinha.

– Ele pode passar sem mim por uma noite – respondeu. – Você é mais importante.

– Harry, adivinha? – falou Tonks, acenando os dedos da mão esquerda para ele. Revirei os olhos sem saber como alguém tão infantil como ela podia ser uma auror.

– Tudo bem, tudo bem, teremos tempo depois para pôr as novidades em dia! – rugiu Moody, finalmente interrompendo as conversas alheias. O auror podia ser qualquer coisa, mas possuía experiência e sabia como se portar em situações como aquela. Brincadeiras não deviam ser permitidas em um ambiente como o que estávamos. – Dédalo provavelmente lhe disse que tivemos de abandonar o plano A. Pio Thicknesse passou para o outro lado, o que nos causou um grande problema. Decretou que são transgressões puníveis com prisão ligar esta casa à Rede de Flu, criar uma Chave de Portal, aparatar ou desaparatar aqui. Tudo em nome de sua maior proteção, para impedir que Você-Sabe-Quem chegue a você. Coisa absolutamente sem sentido, uma vez que o feitiço de sua mãe já se encarrega disso. Na realidade, o que ele fez foi impedi-lo de sair daqui em segurança.

– Segundo problema: você é menor de idade, o que significa que ainda tem um rastreador.

–Não estou...

– O rastreador, o rastreador! O feitiço que detecta atividades mágicas em torno de menores de dezessete anos, e que permite ao Ministério descobrir quando um menor faz uso da magia! Se você, ou alguém ao seu redor, lançar um feitiço para tirá-lo daqui, Thicknesse saberá, e os Comensais da Morte também.

Sem que eu percebesse, minha mente começou a vagar enquanto Moody passava o plano para Potter. Eu e Severus esperávamos poder ficar juntos por algum tempo e acertar as coisas entre nós, mas logo após o desastroso café da manha que passamos quando descobri sobre o Bakant e meu noivo, meu querido pai nos separou: Sev foi nomeado diretor de Hogwarts, o que era uma grande honra, e eu voltei para o apartamento em Londres em que a Ordem pensava que em estava por toda as férias.

Minha missão inicial seria, mais uma vez, espionar Harry e os outros seguidores de Dumbledore. Dessa vez, porém, essa tarefa possuía uma importância maior, já que Severus, que antes era nosso principal espião, não podia entrar em contato direto com o que estava acontecendo com a resistência. Para nossa sorte, o fato de eu ser companheira se Sev – mesmo ele não tendo me marcado ainda – permitia que ele compartilhasse tudo comigo, apesar de promessas ou juramentos. Dessarte, eu era capaz de contar ao meu pai sobre o que o quadro do velho dissesse a Severus.

– Então desta vez, quando você sair, não haverá retorno, e o feitiço se desfará no momento em que deixar o âmbito desta casa. – a voz cansada de Moody fez com que eu voltassa a prestar atenção ao que estava acontecendo ao meu redor. – Decidimos desfazer o feitiço antes, porque a alternativa é esperar Você-Sabe-Quem entrar e capturá-lo no momento em que completar dezessete anos.

– A única coisa que temos a nosso favor é que Você-Sabe-Quem ignora que estamos transferindo você hoje à noite. Deixamos vazar uma pista falsa no Ministério: acham que você vai esperar até o dia trinta. Ainda assim, estamos lidando com Você-Sabe-Quem, portanto não podemos confiar que ele se deixe enganar com a data; certamente, por precaução, terá alguns Comensais da Morte patrulhando o céu desta área. Então, equipamos umas doze casas diferentes com toda a proteção que é possível lhes dar. Todas aparentam ser aquela em que vamos escondê-lo, todas têm alguma ligação com a Ordem: minha casa, a do Kingsley, a de Muriel, tia de Molly... entende a ideia.

– Entendo – disse Potter parecendo desconfiado.

– Você vai para a casa dos pais de Tonks. Uma vez dentro dos limites dos feitiços protetores que lançamos sobre a casa, poderá usar uma Chave de Portal para A Toca. Alguma pergunta?

– Ah... sim – respondeu – Talvez eles não saibam para qual das doze casas seguras eu irei primeiro, mas não ficará meio óbvio quando catorze de nós voarmos para a casa dos pais de Tonks?

– Ah! Me esqueci de mencionar o principal. Os catorze não irão voar para a casa dos pais de Tonks. Haverá sete Harry Potter deslocando-se pelo céu hoje à noite, cada um deles com um companheiro, cada par rumando para uma casa segura diferente.

Moody tirou um frasco cheio de Polissuco e Harry imediatamente exclamou “Não! Nem pensar!”

– Eu avisei a eles que essa seria a sua reação – falei sarcasticamente.

– Se vocês acham que vou deixar seis pessoas arriscarem a vida...!

– Porque é a primeira vez para todos nós... – interpôs Ronald.

– Isto é diferente, fingir ser eu...

– Bom, nenhum de nós gostou muito da ideia, Harry – disse um dos gêmeos. – Imagine se alguma coisa der errado e continuarmos para o resto da vida retardados, magricelas e “ocludos”.

Revirei mais uma vez os olhos – ato que estava se tornando angustiantemente normal desde que sai de meu apartamento em Londres.

– Não poderão fazer isso se eu não cooperar, precisarão que eu ceda uns fios de cabelo.

– Então, lá se vai o plano por água abaixo – disse o outro gêmeo – É óbvio que não há a menor possibilidade de arranjar fios dos seus cabelos, a não ser que você colabore.

– É, treze de nós contra um cara proibido de usar magia; não temos a menor chance – acrescentou o primeiro.

– Engraçado – disse Harry. – Realmente hilário.

– Se tivermos que usar a força, usaremos – rosnou Moody. – Todos aqui são maiores de idade, Potter, e todos estão dispostos a se arriscar.

– Não vamos continuar a discutir. O tempo está passando. Quero alguns fios de cabelo seus, moleque, agora.

– Isto é loucura, não há necessidade...

– Não há necessidade! – tornou a rosnar Moody. – Com Você-Sabe-Quem aí fora e metade do Ministério do lado dele? Potter, se dermos sorte, ele terá engolido a pista falsa e estará planejando emboscar você no dia trinta, mas ele será doido se não mantiver um ou dois Comensais da Morte vigiando. É o que eu faria. Talvez eles não possam atingir você nem esta casa enquanto o feitiço de sua mãe estiver em vigor, mas está prestes a caducar e eles têm uma ideia geral de sua localização. A nossa única chance é usar chamarizes. Nem mesmo Você- Sabe-Quem é capaz de se dividir em sete.

Os olhos de Harry se encontraram com os meus e deixei um pequeno sorriso de conhecimento escapar por meu rosto.

– Ótimo – resmungou Moody quando o Eleito finalmente arrancou um fios de cabelo e jogou na poção.

– Ah, você parece muito mais gostoso que o Crabbe ou o Goyle, Harry – comentei e notei as sobrancelhas de Ronald se erguerem. Era só o que me faltava! Bufei em pensamento. – Você entendeu o que eu quis dizer, a poção de Goyle lembrava um bicho-papão.

Fiquei ao lado dos outros ‘falsos Potters’ enquanto recebíamos copinhos contendo uma dose da poção Polissuco.

– Todos juntos, então... – Moody ordenou. Bebemos e ofegamos e fizemos caretas enquanto a poção começava a agir. Quem quer que houvesse preparado aquilo não possuía muita habilidade, pois eu conseguia sentir o sabor de cada ingrediente enquanto eu engolia a poção, fato que Severus desprezava, pois mostrava a má qualidade dos ingredientes e a curta duração que a poção teria. Deixando de lado as queixas, imediatamente nossas feições começaram a borbulhar e distorcer como cera quente. Senti meu corpo crescendo, meu cabelo diminuindo e meus olhos começando a falhar.

Moody nos entregou roupas iguais as de Harry e nos pusemos a vestir-nos rapidamente. Para minha sorte, ao tomar a poção minha Marca Negra havia sumido, senão seria no mínimo cômico assistir a reação dos presentes.

Em seguida foi-nos entregue malas de viagem também iguais a que Potter estaria levando e uma gaiola com uma coruja branca empalhada. Se meu pai não conhecesse o plano, pode até ser que todo aquele esforço funcionasse. Felizmente não era o caso.

– Ótimo – aprovou Moody quando estávamos finalmente prontos. Os pares serão os seguintes: Mundungus irá viajar comigo de vassoura...

– Por que vou com você? – protestou o Harry mais perto da porta dos fundos. Esse era meu único medo, não Mundungus, mas Alastor não ter divulgado os pares até a última hora. Papai não podia informar as Comensais que participariam do ataque que eu estaria entre o grupo, pois eles provavelmente se segurariam para não correr o risco de me acertar. Desse modo, meu risco de morte essa noite era tão real quanto de qualquer outro. A não ser que quem me atacasse fosse papai ou Severus, já que eles poderiam me sentir apesar da poção Polissuco.

Voltei minha atenção ao auror ao ouvir meu nome.

– Srta. Granger com Kingsley, também em um testrálio... – respirei tranquila: eu não estaria voando em uma vassoura e teria um dos melhores aurores para proteger minhas costas.

– E você sobra para mim, Rony! – exclamou Tonks animada, derrubando um porta canecas ao acenar para ele.

– Achamos que os Comensais da Morte esperarão que você esteja voando em uma vassoura – explicou Moody ao ver o olhar de Potter ao saber que viajaria com Hagrid. – Snape já teve tempo suficiente para acabar de informar a eles tudo que sabe sobre você, por isso, se toparmos com Comensais, apostamos que irão escolher um Harry que pareça à vontade montando uma vassoura. Muito bem, então – Não só Snape, pensei enquanto Moody dava as últimas coordenadas.

Deixei que Kingsley me ajudasse a montar em nosso testrálio, já que eu tinha que fingir não conseguir vê-lo. Respirando profundamente, segurei minha varinha enquanto invocava todas as aulas de ataques no ar que tive com Severus quando ficamos sabendo do plano que a Ordem usaria para transferir Potter.

– Muito bem, então – anunciou Moody um pouco longe de mim. – Todos a postos, por favor; quero que todos saiam exatamente na mesma hora, ou invalidamos a ideia de despistamento. Boa sorte a todos! – gritou Moody. – Vejo vocês dentro de uma meia hora n’A Toca. Quando eu contar três. Um... dois... TRÊS.

Imediatamente o testrálio alçou voo. Era bom que não precisávamos guiar a animal, pois isso nos deixava com as duas mãos livres quando precisássemos atacar. Mal atingimos uma altitude segura para voarmos sem sermos vistos pelos trouxas e um grupo de aproximadamente 30 comensais nos cercou.

Como Kingsley estava sentado atrás de mim, não havia muito que eu pudesse fazer além de atacar os comensais. Porém não demorou muito e papai apareceu voando perto de nós. O auror amaldiçoou alto o suficiente para que eu ouvisse através do vento. Sorri levemente em reconhecimento ao meu pai e ele sorriu de volta, sumindo um instante depois.

– O que aconteceu? – Gritei para Kingsley quando nenhum Comensal voltou para nós.

– Devemos ter entrado nas proteções da casa. – ele gritou de volta – Se segure, vamos pousar.

Pouco depois estávamos em terra firme, sem nenhum arranhão. Kingsley cumprimentou o dono da casa, mas permanecemos do lado de fora, esperando até que nossa chave de portal para a Toca ativasse.

Chegamos à “segurança” da Toca para eu descobrir Potter são e salvo. Gritei em desapontamento em minha mente enquanto eu corria para abraçar o menino que sobreviveu. Afastei-me dos outros, precisando de uns minutos sozinha.

Certo, Potter está vivo. Pensei. Isso quer dizer que o plano A.a será posto em prática.

Permiti-me desligar minha mente do que acontecia ao meu redor pelos próximos minutos. Eu sabia que, apesar de tudo, eu estava em segurança ali. Voltei à realidade quando Tonks e Ronald chegaram e novamente fingi alívio ao abraçar o ruivo.

Só então descobri que a Ordem tinha tido perdas. Fred estava sem uma orelha – obra de meu noivo. Olho-Tonto e Fleur Delacour estavam mortos. Meu único pensamento era “e o casamento?”

Minerva chegou ao meu apartamento na Londres trouxa pontualmente às 10 horas da manhã. Ao contrário do que eu esperava, não fomos direto para a Toca. Minha professora preferida – era difícil me lembrar nos últimos tempos que Severus era também meu professor – perguntou se eu me importava de acompanhá-la há um lugar. Curiosa, aceitei o convite.

Surpreendendo-me ainda mais, ela me levou a um pequeno cemitério. Paramos na frente de uma sepultura onde estava inscrito o nome Douglas McGregor. Minha professora transfigurou alguns galhos secos em uma bela coroa de flores e se ajoelhou na terra, arrumando delicadamente as flores contra a lápide.

Eu estava pensando em me afastar para dar-lhe alguns minutos só quando sua voz, mais carregada de sentimentos que eu nunca antes ouvira, alcançou meus ouvidos.

– Eu tinha 18 anos quando me apaixonei. – seus dedos traçaram o nome do homem – Eu tinha terminado Hogwarts e voltei para casa pela última vez antes de começar a trabalhar no Ministério.

– Instantaneamente eu soube que nunca mais seria capaz de amar alguém como eu amava Douglas. Mas ele era trouxa. Veja, eu nunca tive nada contra trouxas, meu pai era um deles, porém eu era jovem. Eu temia que se eu me relacionasse com um trouxa eu perderia minha vaga no Ministério, todo o plano de vida que eu havia construído para mim.

– Ele me pediu em casamento. Eu aceitei – ela riu levemente – e no dia seguinte fugi.

Ficamos em silêncio por um momento. Apenas o peso de suas palavras e o vento gelado entre nós.

– Eu te falei uma vez: você me lembra muito a mim na sua idade. Não cometa os mesmos erros que eu Hermione, não tenha medo de enfrentar o que for preciso por aqueles que você ama. Uma hora pode ser tarde de mais.

– Hermione? Mione? Você está me ouvindo? – saí de minha lembrança ao sentir Ronald me cutucar.

– Desculpa Ron, o que você disse? – murmurei.

– Você sabe por que o Ministro está vindo?

Revirei os olhos. Como ele esperava que eu soubesse por que o Ministro da Magia estava vindo para a Toca no aniversário de Potter?

– Não Ron, mas com certeza não é para dar os parabéns.

Antes que o ruivo pudesse voltar a falar, um estalo de aparatação alcançou nossos ouvidos e o Sr. Weasley e Rufo Scrimgeour apareceram ao portão. Não que a presença do Ministro estivesse estragando o clima da festa. Todos estavam se esforçando, mas a perda de Fleur tão pouco antes de seu casamento com Gui era um peso gigante. Na verdade, a presença de Scrimgeour pareceu quebrar a tensão que havia se formado e a substituiu com curiosidade.

Surpresa, segui o Ministro com Potter e Weasley para dentro da casa. Enquanto o homem lia o testamento de Albus Dumbledore, eu não podia entender o que eu estava fazendo ali. Até que eu percebi que aquela era mais uma das manipulações do velho diretor. Uma forma de prender a mim e a Ronald com Potter para que o Eleito completasse sua missão.

Certamente que receber o original dos Contos de Beedle, o Bardo me deixou curiosa. O que aquelas histórias infantis poderiam servir na busca para derrotar o Lorde das Trevas?

Eu sabia que Dumbledore tinha um motivo para deixar cada uma daquelas heranças a nós. O velho era inteligente, eu nunca negaria isso. Mas sinceramente, não me esforcei para desvendar o que o livro diria a mim. Ou o desiluminador. Ou o pomo de ouro. A espada era algo óbvio, que felizmente eu não precisaria me preocupar.

Na verdade, nenhum de nós teve muito tempo para pensar. O Ministro havia ido embora a pouco e os convidados analisavam os presentes que o velho nos deixou quando senti minha Marca Negra doer em um aviso silencioso. Papai estava feliz.

Nem um minuto depois de eu sentir minha Marca, um patrono em forma de lince brilhou no jardim e a voz de Kingsley saiu lentamente “O Ministério caiu. Scrimgeour está morto. Eles estão vindo”.

Discretamente pela confusão que se formou quando as palavras do auror pararam de sair, eu ri. Papai planejava tomar o Ministério em breve, em alguns de seus planos essa era uma das prioridades que encabeçava a lista, em outros era algo mais para o futuro. O ataque ter acontecido no aniversário de Potter me mandava uma mensagem clara de qual plano estávamos seguindo a partir de então.

Alguns poucos convidados conseguiram aparatar para longe, entretanto ninguém importante se afastou. Um relâmpago soou ao final da tarde e a escuridão formada pelas vestes dos comensais tomou conta da Toca.

Não me preocupei em fingir lutar. A bagunça que se formou era enorme. Ronald me chamava por entre os feitiços gritados, mas eu o ignorei. Apenas quando Potter – que de alguma forma estava intacto – me puxou para os limites do terreno, onde poderíamos aparatar, foi que voltei a atuar.

– Harry! Vamos! Precisamos sair daqui! – agarrei seu braço e o de Ronald. Com uma volta estávamos em segurança no meu apartamento.

– Onde estamos? – perguntou o Weasley olhando ao redor.

– Meu apartamento. Londres trouxa. Tenho ficado aqui nas férias desde que Je... meus pais morreram. – Desviei o olhar dos dois, concentrando-me na conhecida vista que a janela me proporcionava. – Estamos seguros. Minerva e alguns membros da Ordem me ajudaram a proteger o lugar.

Soltei minha bolsa de contas em uma mesinha na sala e me joguei em um sofá. Imediatamente lembrei-me que da última vez que sentei ali, Severus estava ao meu lado, minha cabeça apoiada em seu peito enquanto conversávamos baixinho e sua mão brincava com meu cabelo. Enterrei meu rosto no encosto do sofá. Ainda era possível sentir levemente seu cheiro lá.

– Nós precisamos voltar. Precisamos ajudar os outros! – Potter disse tirando-me de meu devaneio.

– Voltar lá será o mesmo que te entregar em uma bandeja com uma maça na boca. – atirei de volta. – Vá tomar um banho Harry. Você também Ron. Estamos todos cansados e não há nada que possamos fazer. Não agora. Depois, quando estivermos mais calmos, conversaremos melhor.

Surpreendentemente eles não discutiram. Tirei de minha bolsa duas pequenas malas, aumentei-as e entreguei aos meninos, dizendo que eles encontrariam tudo o que precisariam ali.

Esperei até que os chuveiros estavam ligados, lancei um feitiço para me avisar quando um dos dois saísse do banheiro e fui até a lareira acendendo-a e pegando um punhado de pó de flu.

– Biblioteca Mansão Malfoy! – Exclamei com fluência e me agachei colocando apenas minha cabeça no fogo verde. Levou um tempo para que minha cabeça parasse de girar e logo ouvi um ‘Graças a Merlin!’ que facilmente identifiquei como sendo de minha mãe. – Não acho que tenho muito tempo. Cadê papai? Severus?

– Aqui querida – ouvi papai e em seguida ele e Sev também se aproximaram do fogo.

– Eu o levarei essa noite. – afirmei.

– Já discutimos isso Carinho. Você precisa seguir o plano.

Olhei estarrecida para Severus e depois para meus pais que concordavam com ele.

– Qual o problema de vocês? Eu tenho Potter tomando banho no meu banheiro! Eu posso entrar lá agora, pegá-lo e levá-lo para Mansão! Por...

– Hermione! – fui interrompida por meu pai que bradou meu nome zangado. – Você sabe por quê. Já discutimos isso. Severus passou meses te ensinando! Para mantermos a ordem, não posso apenas sair matando cada um que apareça na minha frente. Tomamos o Ministério. Meus comensais estão lá. Mas se quisermos que o povo nos respeite, temos regras a seguir!

– Como você pode dizer que sair matando todo mundo não é uma solução? Você faz isso sempre! – mesmo vendo-os através do fogo, seria impossível não ter visto a mágoa nos olhos de meu pai ao ouvir minhas palavras.

– Pare Hermione. – Severus brigou fazendo com que eu prendesse a respiração e olhasse para baixo. Com o pouco que eu conhecia sobre o Bakant, eu sabia o quão difícil era para ele contradizer sua companheira. Se Severus estava dizendo isso agora, era claramente por que eu estava errada. – Você não está raciocinando. Você não quis desistir quando teve a oportunidade, agora vamos até o fim. Você sabe que não podemos matar todos os Weasley e a Ordem sem levantar suspeitas do resto do povo. Se fizermos isso, daremos oportunidade para o surgimento de mais rebeldes, e também teríamos que matá-los para manter a paz. Isso se tornaria um círculo vicioso até que todos estivessem mortos. E qual seria o intuito de tudo que estamos fazendo se não houver um povo para ser governado?

– Todos que estavam na Toca estão vivos. Eles vão estar em contato com vocês. Vão querer ter certeza de que vocês estão bem. Não podemos arriscar tudo o que alcançamos por que estamos com pressa. Siga o plano. Vigie Potter. Deixe com que ele declare a guerra. No fim, nós estaremos apenas nos defendendo e sairemos amados por todos.


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Notas finais do capítulo

A segunda parte desse capítulo está quase pronta. Juro que até terça-feira posto ela.
O que acharam? Contem, contem! Kkkk



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