Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira


Capítulo 49
Nosso amor e uma cabana




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Sam estava deitada na rede, olhando pro teto:
– Eu vou morrer de fome! - reclamou ao marido - Ou te devorar!
– Fica calma Sam! - disse Freddie levantando-se da sua rede - Eu vou dar um jeito de conseguir comida!
– Essa eu quero ver.
Freddie apanhou uma pequena rede de pesca que encontrou no local, tirou a camisa e entrou no mar.

Sam foi atrás, observando.
O moreno começou a se atrapalhar todo e, cada vez que puxava a rede, vinha vazia. Sam começou a rir:
– Se depender de você, realmente vou morrer de fome!
– Dessa vez eu consegui! - disse ele, empolgado, puxando a rede e sentindo um peso nela.
– Olha só! Meus parabéns! Uma pedra! - observou Sam, rindo - Deixa que a mamãe dá um jeito nisso! - disse ela tirando a camisa e a calça jeans, ficando só de calcinha e sutiã e entrando na água.
– Não quer a rede? - perguntou Freddie.
– Não, minha técnica independe de equipamentos.
Sam avistou um peixe, calculou bem e o apanhou com a mão.
– Nossa! Como consegue fazer isso? - perguntou Freddie, surpreso.
– Sou boa de pegada! Uma vez consegui pegar um atum assassino naquele tanque do Dice.
– Sei bem qual é, naquele que eu quase fui devorado pelos peixes assassinos.
Os dois saíram da água com o peixe e Freddie falou:
– Será que aquele fogão da cabana tá funcionando?
– Vamos testar.
O fogão funcionou e o casal cozinhou o peixe ali, alimentando-se em seguida.
– Eu ainda tô com fome - reclamou Sam, depois da refeição.
– Claro que está - ironizou Freddie.
– Se você fosse um bom marido escalava umas árvores para pegar umas frutas.
– Por que eu?
– Porque eu já peguei o peixe.
– Está bem.
Freddie se levantou e saiu da cabana, Sam foi atrás. Ele avistou um coqueiro e começou a tentar subir, em vão, arrancando gargalhas de Sam.
– Muito engraçado - disse Freddie com ironia.
– É mesmo - concordou Sam, limpando lágrimas dos olhos de tanto rir - Eu precisava do meu Pear Phone agora pra filmar isso!
Freddie tentou mais algumas vezes, até que conseguiu subir e jogar um côcos lá de cima. Mas, na hora de descer, escorregou e caiu no chão.
– Você está bem? - perguntou Sam, preocupada, correndo até ele.
– Tirando a dor nas minhas nádegas, estou.
Ela ajudou o marido e se levantar.
Os dois abriram os côcos, beberam a água e comeram os pedacinhos da fruta.
– Será que vamos ficar aqui pra sempre? - perguntou Freddie, preocupado, sentado na mesa rústica de madeira com a esposa.
– Eu espero sinceramente que não! Alguém vai sentir a nossa falta, vai nos procurar. Mas, enquanto isso não acontece, vou tirar um cochilo, pelo menos não tenho louça pra lavar.
Quando Sam acordou viu que Freddie não estava na cabana, então se levantou e foi procurá-lo na praia, mas nem sinal. De repente o avistou dentro do mar. Ela entrou na água correndo:
– Que susto me deu nerd! Pensei que tivesse ido embora sem mim.
– Então você duvida do meu amor se imaginou isso. Eu jamais te abandonaria, porque se fizesse isso, estaria deixando um pedaço meu pra trás.
– Oh, que romântico! Acho que você engoliu muita água - caçoou Sam.
– Tá tirando onda dos meus sentimentos?
– Claro que não bebê, você também é como um pedaço meu. Eu te amo.
– Não, eu te amo mais.
– Não, eu que te amo mais.
Os dois se beijaram com paixão e o beijo foi ficando quente.
– Ah não amor! Da última vez que fizemos isso no mar acabou mal.
– Então vamos pra cabana, que eu não tô mais me segurando.
Sam empurrou o marido, de brincadeira, saiu correndo da água. Ele a alcançou quase na entrada da cabana e a pegou no colo, colocando-a na rede. Os dois trocavam beijos e carícias na rede quando Freddie acabou caindo e Sam não conteve o riso.
– Acho que depois dessa vai ficar difícil pra sentar alguns dias - zombou ela.
– Nem ligo. Não quebra o clima - repreendeu Freddie, voltando para a rede e deitando-se ao lado de Sam, onde reiniciaram os beijos e carinhos. Ele puxou a perna dela sobre a sua cintura e a penetrou.
Após o ato de amor, os dois adormeceram abraçados.
Os dias foram passando e o casal foi se habituando àquela vida simples e feliz. Tudo o que tinham era o amor deles e uma cabana.
Caminhavam na praia, pesacavam, pegavam frutas, tomavam banhos de mar, apreciavam a lua e as estrelas.
Sam e Freddie estavam deitados na areia. Já era noite. O céu estava estrelado e a lua cheia brilhava. Ela estava deitada sobre o peito dele. As mãos dele passeavam pelas costas dela. Tinham acabado de fazer amor.
– Foi fantástico fazer amor olhando pro céu estrelado - disse Sam.
– Mas eu sempre te levo ao céu meu amor - gabou-se Freddie.
– Você é muito metido nerd - dando um tapinha no braço dele.
– Ai, sua mão é pesada - reclamou ele - Vai dizer que não é verdade?
– Não tenho muito certeza ainda, que tal você me mostrar mais uma vez? No final eu digo se cheguei ao céu.
– É uma ótima ideia.
Freddie virou-se sobre Sam e acomodou-se entre as suas pernas.
Alguns dias depois, Sam e Freddie estavam dentro da cabana, fugindo das goteiras, escutando o barulho da chuva, dos trovões e do vento que parecia querer arrancar o local do chão.
Os dois estavam abraçados, sentados na rede.
– Se morrermos agora, ninguém vai encontrar nossos corpos para enterrar - comentou Sam.
– Coisa muito boa de se falar agora Sam.
– Pelo menos morremos juntos... mas, deixamos a Belinha.
– Não vamos morrer.
De repente, ouviram batidas na porta:
– Ah não! Deve ser o pé grande querendo nos matar - disse Freddie, abraçando a esposa.
– Desde quando você acredita no pé grande?
– Ah, sei lá.
– Eu queria estar com a minha meia de manteiga, mais fácil ser um ladrão.
– Vamos pegar uns pedaços de madeira - disse Freddie, levantando-se e pegando um pedaço para si e outro para Sam.
A porta da cabana se abriu e quando Sam e Freddie se preparavam para atacar o invasor viram que se tratava de uma velhinha.
– Quem é a senhora? - perguntou Sam.
A mulher falava uma língua esquisita. Sentou-se num cantinho da cabana, encolhida, e começou a cantarolar uma canção na mesma língua esquisita.
– Ela não fala a nossa língua - observou Freddie.
– Isso eu já notei né? - disse Sam, irônica - Oh vovó, a senhora não pode ficar aqui não - dirigindo-se à idosa.
– Coitada Sam. Você não tem coração? Mandar uma velhinha embora no meio de um temporal! - repreendeu Freddie.
– Tá bom, mas, depois do temporal ela vai embora.
A chuva se acalmou, mas a senhora continuou na mesma posição, cantarolando sem parar.
– Eu acho que a velha não bate bem da cabeça - observou Sam.
– Temos que ajudá-la.
– Como? Nós mesmos estamos precisando de ajuda!
– Pensa Sam, se ela conseguiu chegar até aqui, pode saber como voltar de onde veio.
– É, isso é verdade.
Freddie pegou um pedaço do côco cortado e ofereceu para a senhora, que prontamente engoliu, com muita vontade.
– Ela tá mesmo com fome - observou Sam.
Sam e Freddie foram pescar, preparam os peixes, comeram e serviram à senhora faminta.
A idosa se levantou, falou algo que parecia um agradecimento e saiu andando.
– Vamos atrás dela, é a nossa chance - disse Freddie.
Os dois acompanharam a senhora, há alguns passos de distância.
– Poxa, essa velhinha deve ser maratonista pra caminhar tanto, na idade dela, e não se cansar - observou Sam, vermelha do sol e ofegante depois de longa caminhada.
– Nem me fale - concordou Freddie, igualmente cansado.
Pouco depois, a senhora embrenhou-se pela mata. Sam e Freddie tiveram que correr para não perdê-la de vista. Ao final, chegaram a um lugar que parecia uma tribo indígena.
Quando se deram conta, Sam e Freddie estavam cercados pela tribo.
– Ai meu Deus, será que são canibais? - perguntou Freddie, assustado.
– Deixa de ser frouxo - repreendeu Sam.
– Não sou frouxo, se for preciso eu digo que podem me comer, mas que poupem você.
– Tenho outra ideia melhor, correr daqui - disse Sam, puxando o marido pela mão ao ver uma passagem entre os índios, mas não foram bem sucedidos, já que alguns homens foram rápidos o bastante e os seguraram.
A velhinha apareceu e disse algo aos índios, que soltaram Sam e Freddie imediatamente. Uma moça branca, de cabelos castanhos claros e olhos verdes, diferente dos demais, cujo nome era Úrsula, apareceu:
– O que fazem aqui? Essa terra é do governo, reserva indígena. Nenhum homem branco pode entrar sem autorização.
– Sentimos muito, não foi nossa intenção - desculpou-se Freddie.
– Nos perdemos na estrada, depois de um assalto e seguimos aquela velhinha pra encontrar uma saída - explicou Sam.
A velhinha aproximou-se de Úrsula e disse algo para ela na língua da tribo.
– Ela acaba de me contar que deram abrigo a ela na tempestade e alimento, e pede para que eu os ajude a voltar para casa.
– Ufa, que bom! - comemorou Freddie.
– Vai nos ajudar né?
– Claro. Mas, antes, os índios Tainos gostariam de prestar uma homenagem por terem mantido a salvo a mãe de todos, a mulher mais velha da tribo e, por isso, muito respeitada.
– Isso envolve comida? - perguntou Sam.
– Sim, envolve, será servido um banquete.
– Mas, nós não seremos um dos pratos, certo? - perguntou Freddie.
– Claro que não - disse Úrsula rindo - Os Tainos não são canibais, alimentam-se de frutas e verduras.
A festa começou com dança, comida e animação. Sam não saía de perto da mesa, colocando tudo o que via pela frente na boca.
– Vai com calma amor. Olha a educação - pediu Freddie.
– Só falta você me pedir para ter etiqueta no meio de uma tribo indígena da Bahamas depois de passarmos dias a peixe, côco e água de côco.
– Tá, tanto faz - conformou-se Freddie.
Úrsula apareceu com um Jipe e os chamou a embarcar. Pouco antes de entrarem no veículo, a velhinha apareceu, puxou a mão de Sam e colocou uma pedra muito bonita, fechando a mão da moça em seguida e agradecendo na língua indígena.
Horas mais tarde, Sam e Freddie estavam na embaixada americana, preparados para voltar pra casa, finalmente.


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