Isabelle tocou delicadamente os lábios de Richard num selinho demorado e estalado. O garoto ficou sem reação.

– O que está acontecendo aqui?! - perguntou Freddie alarmado ao ver a cena.

Richard arregalou os olhos e saiu correndo, enquanto Isabelle corou.

– Isso não aconteceu, eu acho que bebi demais, eu tô passando mal, tá ficando tudo escuro – falou Freddie, pouco antes de cair desmaiado na grama do jardim.

Alison e Mabel correram para acudí-lo, bem como Isabelle.

– Isso deve resolver – disse Isabelle, jogando a água do xafariz em direção ao rosto do pai, que logo acordou.

– O que aconteceu? - indagou Freddie atônito.

– Você desmaiou tio – explicou Mabel.

– Fiquei muito tempo apagado?

– Não muito – respondeu Alison.

– Eu tive um sonho muito estranho, mas deixa pra lá, tenho certeza de que só foi um sonho. Belinha, vamos cantar parabéns?

– Claro papai – assentiu Isabelle, respirando aliviada.

Ao final da festa, Riley West, mãe de Jade, armou o barraco:

– Vejam bem, sou uma mulher muito rica e posso acionar os melhores advogados do planeta! Se vocês não encontrarem meu neto nos próximos dez segundos, eu chamo a polícia e vai todo mundo em cana!

– Acalme-se senhora, eu sou advogado – informou Charles – Asseguro que o menino não saiu de minha casa, porque tenho um ótimo sistema de segurança e portões ativados por senha, sem contar as inúmeras câmeras e segurança. Meus seguranças já estão verificando as filmagens do circuito interno e o menino logo estará aqui.

– Eu acho bom!

– A senhora ficar gritando e ameaçando todo mundo não vai adiantar nada – falou Sam.

– Olha aqui mocinha, mais respeito porque eu sou uma senhora de idade e não admito que fale assim comigo...

– Fica quieta! Teu neto ta aí! - falou Sam, sem paciência, apontando para Richard que entrava na sala da mansão acompanhado de um segurança.

O menino correu para a avó e a abraçou, dizendo:

– Vamos embora logo, vovó.

– Claro querido, isso não é ambiente para você.

Isabelle ainda tentou olhar para Richard, mas ele não fitou a menina.

No colégio, Richard passou a evitar Isabelle e até mesmo Cris.

– O Rick tá estranho desde o seu aniversário Belinha – comentou Cris com Isabelle – O que você fez? Aposto que inventou alguma coisa pra ele deixar de ser meu amigo.

– Não fiz nada disso.

– Eu te conheço senhorita Benson.

Alison saiu em defesa da amiga:

– A Belinha não falou nada de você pro Rick, o problema é entre ele e a Belinha, porque a Belinha... Ai! - gritou a menina enquanto Isabelle pisava com força em cima do pé dela.

– Você tem a língua comprida demais Alison! - disse Isabelle, furiosa.

Alguns dias depois, Sam estava muito animada no café da manhã e Freddie apressado, como sempre.

– Freddorento, será que pode esperar uns minutos? É importante – pediu a loira ao marido.

– Pedindo assim com jeitinho, é claro amorzinho – ironizou Freddie – Só não posso demorar porque tenho reunião daqui pouco mais de uma hora – olhando o relógio.

– Claro, a reunião é mais importante que tudo.

– Sam, vamos mesmo começar a discutir?

– Tá bem... o assunto é que o Icarly está prestes a completar 20 anos e o Jimmy Fellon nos convidou para uma entrevista no programa dele para comemorarmos a data.

– Tem certeza disso? Da última vez era uma furada e acabamos num cativeiro em Nova York.

– Ele mandou um vídeo convidando pessoalmente, passagens aéras e reservas de hotel cinco estrelas. Parece caô dessa vez?

– Não parece. Mas não sei se poderei ir, minha agenda anda cheia.

– Qual é Freddinardo? Nossa história foi construída em cima do Icarly, você não pode simplesmente ignorar tudo isso agora porque é importante demais pra isso.

– Não foi isso o que eu quis dizer.

– Então encontra uma brecha na sua agenda, porque nós vamos – decretou Sam.

– E nós também vamos? - perguntou Nicolas.

– Seria muito legal – observou Eddie.

– Dessa vez não vai dar tampinhas. Só há reservas para mim, Freddinerd e Carllotta – explicou Sam – Vocês vão ficar com a avó Marissa, ela já superou o trauma do fogo na cortina, espero que Nicolas não repita o feito.

– Se não me deixarem ir junto, eu coloco fogo de novo – ameaçou Nicolas.

– Sou muito jovem pra morrer queimado – observou Eddie.

– Ninguém vai morrer queimado, isso é chantagem do Nicolas, porque ele mesmo se caga de medo de fogo desde o que aprontou – observou Isabelle.

– Não quer viajar Belinha? - perguntou Nicolas.

– Vai ser uma viagem rápida e chata, podemos nos divertir com algo por aqui – disse a menina, tendo ideias.

No dia seguinte, no colégio, Isabelle foi correndo até Alison, que tomava um suco em caixinha e assustou-se com a chega abrupta da amiga.

– Belinha, quer me matar do coração? - perguntou Alison.

– Não, preciso de você bem viva! Eu e você seremos as apresentadoras do Icarly por um dia.

– Como assim? O que tomou no café da manhã?

– O web show dos meus pais e da minha madrinha, aquele que eles apresentavam na adolescência...

– Eu sei, todo mundo sabe.

– Então, vai fazer 20 anos! Eu gostaria de fazer uma homenagem pras eles, recriando o Icarly.

– Isso seria realmente legal.

– Então, você topa? Preciso de uma morena e a Sophie, filha da dinda, ainda é um bebê.

– Topo, vai ser legal!

Cris se aproximou:

– O que estão aprontando?

– Vamos recriar o Icarly para homenagear os meus pais e a sua mãe – explicou Isabelle.

– Se a homenagem é pra minha mãe e pro meu pai Gibby, não se esqueçam dele, quero participar.

– Claro que você vai participar manezão! Pagando mico como seu pai Gibby fazia, olha que bela homenagem.

– Bela homenagem mesmo. Se a intenção é me provocar não vai conseguir, porque eu achava o máximo o humor do meu pai.

– Tá tudo muito legal, mas quem vai conseguir os equipamentos? - perguntou Alison.

– Meu pai tem muita coisa lá em casa e vai estar viajando, então é só pegar – respondeu Isabelle.

– Belinha, esses equipamentos não são tão fáceis de mexer. A gente vai acabar estragando tudo e seu pai nunca vai te perdoar – observou Cris.

– Eu sei mexer... na maior parte – garantiu Isabelle.

– Melhor não arriscar. Vamos chamar um nerd. Talvez alguém do Clube AV...

– Eddie? - sugeriu Isabelle.

– Seu irmão ainda é pequeno e não teria força pra segurar uma câmera grande.

– Rick! - disse Alison – Ele é nerd, conhece todas as tecnologias e eu soube que ele foi aceito recentemente no Clube AV.

– Boa ideia Ali! - concordou Isabelle, vendo Rick próximo dali e correndo até o garoto – Rick! Preciso falar com você!

Richard arregalou os olhos ao ver Isabelle e saiu correndo. A menina foi atrás, seguida por Alison e Cris.

– Rick, para! Espera! Juro que não vou te bater, nem te beijar! - gritou Isabelle sem perceber.

Cris parou de correr, chocado com o que ouviu e fitou Alison fazendo uma pergunta silenciosa. Alison apenas assentiu com a cabeça.

Cris saiu correndo com lágrimas nos olhos e Alison foi atrás. O menino entrou dentro do depósito e começou a chorar. Alison o abraçou, dizendo:

– Não fica assim Cris.

– Eu sempre imaginei que o meu primeiro beijo seria com a Belinha. Eu sei que ela implica comigo direto, mas eu pensava que lá no fundo ela gostava de mim. O que eu tenho de errado? Não sou tão bonito quanto Richard? Não tenho olhos claros como Richard?

– Cris, você é muito bonito, independentemente do olho claro.

– Você tá dizendo isso só pra me confortar.

– Não é verdade. Eu te acho o maior gatinho.

– Ninguém me acha um gatinho, ninguém quer me beijar. Eu sou o último BV da turma.

– Se não fosse pela Belinha, eu já teria te beijado há muito tempo.

– Quem se importa com a Belinha? - perguntou Cris, pouco antes de tomar os lábios de Alison num beijo urgente, que foi prontamente correspondido.

Cris ainda não sabia beijar, mas seguia seus instintos e movimentava seus lábios, sugando os lábios de Alison. Os dois cessaram o beijo ao ouvirem a forte batida da porta. Isabelle estava diante deles com um olhar furioso.

– Você é uma traidora Alison!!! - gritou a loirinha.

– Por que ela é uma traidora? Você não quer nada comigo! Volta pro seu namoradinho Richard. Ah, eu me esqueci, ele não quer saber de você, mas você continua se rastejando atrás dele. Vida triste a sua – disse Cris.

– Vida triste é a sua! Ninguém te quer.

– Alison não pensa assim, não é mesmo? - perguntou Cris, abraçando Alison, que ficou sem graça.

Isabelle saiu furiosa, batendo a porta mais uma vez. Nos dias que se seguiram, ela não dirigiu mais a palavra para Alison ou Cris.

Sam, Freddie e Carly viajaram para Nova York, ansiosos pelo programa de Jimmy Fellon no dia seguinte.

No mesmo dia, Isabelle havia convocado o ensaio para o Icarly. No antigo estúdio, reorganizado com a ajuda de Spencer e Audrey, Isabelle, Eddie, Nick e Richard (que acabou aceitando ser o câmera) faziam os ajustes de cenário.

Alison e Cris chegaram e Isabelle se manifestou:

– Vocês não são bem-vindos.

– Esse é o web show em homenagem aos meus pais e esta é a minha casa, não pode me impedir – falou Cris.

– Mas eu posso impedir ela. Alison não tem nada pra fazer aqui.

– Pensei que precisasse de mim pra fazer a apresentadora morena – observou Alison.

– Eu não preciso de você pra mais nada na minha vida. Vai embora – determinou Isabelle.

– Está sendo injusta Belinha. Eu amo você como a uma irmã.

– Se amasse não teria feito o que fez.

Alison abaixou a cabeça e saiu.

– Não precisava ter sido tão estúpida com ela – falou Cris.

– Vamos ter que reorganizar as coisas sem aquela lá – disse Isabelle, ignorando o comentário de Cris – Você vai apresentar o web shoe comigo, Rick vai ser o responsável pela parte técnica, Eddie e Nick farão as partes engraçadas como Gibby fazia.

No dia seguinte, em Nova York, o trio Icarly, a bordo de uma limousine, seguia ansioso para o programa de Jimmy Fellon.

– Vai ser difícil voltar ao programa do Jimmy sem o Gibby – comentou Carly.

– Pelo menos dessa vez não vamos passar vexame – disse Sam.

– Sam! - ralhou Freddie – Será que dá pra ser menos insensível?

– Quando a calça dele caiu no ar, eu fiquei constrangida e com muita raiva... - contou Carly.

– Depois o constrangimento passou né Carls? Você até quis se casar com ele – falou Sam, rindo.

– Depois eu me apaixonei por ele, com tanta intensidade, que nem a morte dele foi capaz de apagar esse sentimento.

– Não deixa o Griffin ouvir isso – alertou Sam.

– Claro que não. Ele é legal. Eu sinto tanto por não conseguir corresponder a ele todo o amor na mesma intensidade.

– Não se culpe Carls. Dê tempo ao tempo, que as feridas cicatrizam – aconselhou Freddie, abraçando a amiga – Chegamos meninas.

– Meninas com mais de 30 anos? - perguntou Sam.

– Vocês duas serão sempre as minhas meninas – respondeu Freddie.

Os três saíram do carro. Sam e Carly tomaram os braços de Freddie, uma de cada lado.

Jimmy anunciou:

– E agora com vocês, o trio Icarly: Carlotta Shay, Samantha Puckett e Freddie Benson.

Os três respirarm fundo e entraram sorridentes, sob aplausos efusivos da plateia. Para Freddie, as moças gritavam: "lindo, tesão, bonito e gostosão".

Sam disse ao microfone:

– Concordo com vocês, o Freddie é tudo isso, mas é meu – arrancando risadas da plateia.

– Sam, sempre espirituosa – comentou Jimmy Fellon, simpático.

Enquanto isso, em Seattle, Isabelle, Cris, Rick, Eddie e Nick estavam prestes a rodar o Icarly em homenagem aos pais.

Rick, segurando a câmera, começou a contagem:

– Em 5, 4, 3, 2...