No capítulo anterior...

— Olha, entendo que esteja chateado, mas, não faça nada antes de conversarmos por favor. É um pedido.

— Tudo bem. Não vou tomar decisão alguma.

Levantou-se e foi em direção a porta. Abri e ele passou lentamente por ela, indo em direção ao elevador.

— Obrigada. — Sussurrei, recebendo um sorriso em troca.

Dei um longo suspiro, fechei a porta e fui em direção ao meu quarto me preparar para dormir. O dia amanhã será longo e muito cansativo!

Acordei as três da tarde e fui fazer o almoço. A Bianca ainda dormia, o que era bom. Confesso que estou preocupada com a Bia. Ela não sabia o que estava fazendo. Certo que foi irresponsabilidade dela ter exagerado na bebida e ter esquecido do Rô. Mas poxa, ela em sã consciência nunca faria algo do gênero.

— Onde estava? — Rafael aparece na cozinha, apenas de bermuda.

— Como?

— Você não estava em casa ontem. Passou o dia e a noite fora. Onde estava?

— Não te devo satisfações. — Eu devo? Ele é um completo idiota! — Mas só pra saber, eu não passei o dia fora. Saberia se não estivesse ocupado demais com a boca em outros lugares com a Kemilly.

— Como você...

— Não importa Rafael. Com licença.

Levei meu café e o da Bia para o quarto e ela já estava acordada, chorando e sentada na cama, olhando para a tela do celular. Me aproximei o suficiente para ver que era uma mensagem do Rô. Terminando.

Rapidamente coloquei as duas xicaras de café em uma mesinha e sentei ao seu lado, abraçando-a. Ela chorou muito e muito... Eu não sabia o que dizer. Nem tinha explicado pra ela o que tinha acontecido na festa. E me sentia culpada por ter chamado o Rodrigo. Mas se eu não tivesse o chamado, sabe-se lá o que teria acontecido...

— Está melhor? — Perguntei assim que ela se acalmou. — Toma. Beba o café. Vou te explicar tudo, ok?

— Tudo bem... — Sussurrou.

— Bianca... Pra resumir... Nós estávamos naquela festa que você insistiu tanto em ir. Até nos divertimos mas, você acabou bebendo demais e saiu com um cara que nunca vimos na vida. Eu passei quase duas horas te procurando. Mas não encontrei. Então chamei o Rô. Ele me ajudou a te encontrar. Quando chegamos lá, vocês estavam quase... Hm.... Você sabe. E o Rô te tirou de lá. Bom, e o restante você sabe.

— Você... Explicou tudo pra ele?

— A última coisa que pedi antes dele ir embora foi que não terminasse com você e que tivéssemos uma conversa. Me desculpe Bia. Se eu soubesse que acabaria assim não teria chamado o Rodrigo.

— Se eu soubesse que acabaria assim, nem teria pensado em ir aquela festa. Sabe, eu só queria te animar. Você estava tão triste esses dias. E com aquilo do Rafael... Achei que estava fazendo o certo. Me desculpe Ju.

— Ei, eu nunca me animei tanto numa festa como ontem, ok? Só passamos um pouco dos limites, mas agora está tudo bem. Vou preparar o almoço, ok? Já volto.

Dei um beijo em sua testa e a deixei ali. Fui para a cozinha e o Worthy continuava lá. Provavelmente pensando naquela lambisgoia. Não sei como ele ainda não se cansou dela.

— Precisamos conversar. — Ele chamou minha atenção.

— Estou ocupada, não está vendo? — Retruquei.

— Jullia, vai continuar fazendo isso?

— Tenho problemas demais para resolver e...

— Eu soube do que aconteceu.

— O quê?

— Com a Bianca e o Rodrigo.

— Ele te contou? — Perguntou a Bianca, aparecendo na cozinha, curiosa.

— Conversamos mais cedo. Ele está bastante abalado. — Disse para a Bia.

— Não vou te encher com meus problemas... Vamos esquecer isso. Quer ajuda com a louça Ju?

— Claro! Vou preparar a carne. Worthy, pode cortar os legumes?

— Acho que sei fazer isso. Mas as vezes acabo errando muito. — Lançou um olhar diferente pra mim. Mas assim que viu meu olhar, levantou e foi cortar os legumes. Desajeitado, mas foi.

(...)

— Qualquer coisa me liga. — Disse para a Bianca que acabara de entrar em casa.

— Até mais tarde. — Nos despedimos e ela fechou a porta.

Dirigi por mais alguns minutos pelas ruas de Nova Iorque. Passando pelo grande bairro de casas luxuosas. Lembrei que um dia eu já morei em uma dessas. Pena que não posso dizer bons tempos. Não foram.

O tempo estava nublado e haviam poucas pessoas nas ruas. Me perguntei se alguém estaria em casa agora. É bom que esteja pois não vou dar meia volta.

Toquei a campainha daquela grande casa e uma mulher de uns 40 anos atendeu. Tinha uma aparência cansada e segurava um bebê em seus braços. Dei um sorriso e perguntei pelo Rodrigo. A mesma me mandou subir e mostrou-me o quarto do primogênito.

Bati três vezes na porta até uma figura descabelada e sem camisa usando apenas uma calça de moletom aparecia na porta. Me olhando curiosamente. Deu um sorriso torto e abriu espaço para que eu pudesse passar.

— Rô...

— Já sei o que vai perguntar. Escuta, já dei outras chances para a Bianca. Não é a primeira vez que ela faz isso. Eu não quero acabar quebrando a cara no final. Sei que ela me ama e eu também a amo e muito. Mas não posso continuar um relacionamento nessas circunstâncias. Me desculpe por isso Jullia. Sei que não é o que esperava.

— Desculpe por ter vindo. Provavelmente o atrapalhei em alguma coisa. Vou indo então. — Tentei levantar mas ele me puxou.

— Espera. O que acha de uma partida de vídeo-game?

— Eu tenho que organizar algumas coisas. Tenho aula amis tarde e...

— Não vai morrer se jogar uma partida comigo. — Afirmou.

Me rendi e aceitei jogar com ele. O Rô é uma pessoa maravilhosa. A Bianca tem sorte de tê-lo. Pena que terminaram. Mas espero que a ficha dele caia e ele perceba que devem ficar juntos.

Ele colocou um jogo aí e me explicou como jogar e tal. Era do Batman e Robin. Eu era o Robin. Que estava mais para uma ajudante do famoso Batman. Não era justo! Comecei a bater em seu boneco, fazendo-o cair e morrer. Restando apenas eu no jogo.

— Sua vadia! — Começamos a gargalhar — Agora vai espertinha! Quero ver passar sem minha ajuda.

Desfiz meu sorriso e olhei por alguns segundos para a televisão. Joguei os controles para cima e me joguei na cama. Observei ele se deitar ao meu lado e me encarar profundamente. Então ele sorriu.

— Acho melhor eu ir. — Tentei me levantar e novamente ele me puxou.

— Espera. — Me fez ficar em sua frente. — Não vai embora. — Sussurrou.

— Hã... Rodrigo, eu preciso mesmo ir.

Tentei sair mas e continuou me segurando em sua frente. Oh não! Ele quer me beijar ou o quê? Quando menos espero ele gruda seus lábios nos meus. Rapidamente o empurro. Não vou gritar e nem reclamar. Ele só está fazendo isso por causa da Bianca.

— Rodrigo, sei que está chateado pela Bianca. Mas nunca. NUNCA. Pense que vai me usar como vingança só porque sou sua melhor amiga. Sabe muito bem que o que está fazendo é errado. Não pense que fazendo isso amenizará a dor, pois não vai! Agora se me dá licença, tenho que ir.

Sai rapidamente da casa e entrei em meu carro, rumo ao meu apartamento. Tenho mais três horas antes que a aula comece. Então vou preparar o jantar, tomar banho e organizar minhas coisas.

Assim que entro no apartamento me deparo com o Worthy sentado no sofá, com seu violão em mãos, dedilhando algumas notas. Ele parecia tão concentrado que nem percebeu que eu acabei de entrar.

Continuei o observando por alguns minutos até ele notar minha presença e vir até mim. Então parou quando já estava perto o bastante e disse:

— Não me deixa sozinho de novo.

Passou suas mãos pelo meu rosto, acariciando levemente meus lábios com seus dedos. Desceu as mãos até minhas costas e fez um percurso até chegar na minha cintura. Assim que chegou, me puxou mais fazendo nossos corpos ficarem grudados e nossos lábios não se tocarem por menos de um centímetro.

— O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?!