Diário de uma princesa cristã escrita por Viih


Capítulo 30
Culpa minha


Notas iniciais do capítulo

Gente, por favor, me perdoem por tanto tempo sem postar nada. Talvez muitos já tenham desistido da história, outros já estão prestes a desistir. Me desculpem, ta? Amo vocês a agradeço por lerem, acompanharem e ate recomendarem minha história. Não sabem o quanto isso é importante pra mim :3
Papai do Céu abençoe cada um, ok?
Boa leitura, amores ♥



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Pov. Elise.

Já era tarde da noite, e eu não fazia ideia de que horas eram, estava cansada demais para me virar e encarar o relógio na parede do meu lado. Estava sentada eu e Eric no mesmo lugar daquela sala que estávamos horas atrás quando descobrimos que estávamos sozinhos e não podíamos fazer nada.

—Estou cansada. –Murmurei.

—Foi um dia longo. Amanha temos que pescar, vou dá uma olhada nessa estrada sem rumo para ver se acho alguma casa, ou alguém para nos ajudar.

—Eric... –Quis teimar, mas estava cansada demais para isso também, de qualquer forma, eu não o deixaria ir, seria muito perigoso.

—É melhor irmos dormir.

—Tem razão. –Falei.

—Vai pro quarto que eu vou dormir na sala hoje, fecho tudo.

—Não se importa?

—Não, pode ir.

—Tudo bem. Mas antes... queria orar com você.

—Quer orar comigo?

—É. Sempre faço isso com meu pai quando estou com medo.

Deixei escapar a palavra medo. Não queria demonstrar isso para Eric, ele estava perturbado demais em pensar que estávamos presos naquela casa, e talvez até ele tivesse com medo também. Não queria perturba-lo com meus sentimentos.

—Elise... Me desculpe, eu to tentando deixar você o mais segura possível...

—Não Eric. –O interrompi. –Isso não é função sua. Pode esquecer, por favor?

Ele suspirou.

—Vamos orar então? –Alegrei- me quando ele disse isso.

Me aproximei dele um pouco mais feliz e segurei suas mãos, então começamos a orar juntos, a voz de Eric mal podia ser ouvida, a minha se sobressaia.

—Senhor... tá tudo muito difícil, confesso. Mas obrigada. Obrigada porque eu ainda posso te agradecer. E se... E se nós não conseguirmos sobreviver, que possamos morrer com o Senhor. Mas obrigada também por cuidar de mim e por eu ter alguém como Eric do meu lado encarregado pelo Senhor a fazer isso... Por amor. –Houve uma pausa. –Obrigada Pai. Em nome de Jesus. Amém.

Abri meus olhos de uma vez delicadamente, observei uma lágrima de Eric descer pelo seu rosto. Não pude impedir que minha mão alcançasse essa lágrima.

—Tá tudo bem. Tudo bem. –Disse ele se contendo.

—Eu sei. –Quase sussurrei. –Vamos conseguir.

—Se Deus quiser.

—Se Deus quiser, sempre.

—Sempre. –Repetiu ele.

O abracei tentando me consolar também. Não existia alguém mais perfeito para estar comigo naquele momento, para me ajudar a passar por aquilo. Eu ainda não sabia o que aconteceria se conseguíssemos voltar para casa. Como seria minha vida com Carter. Mas não podia imaginar isso naquele momento, porque estava ocupada pensando em como poderia está o meu pai. Em como ele ficaria quando soubesse que todos tinham voltado para suas casas menos eu e Eric. O que Carter faria quando descobrisse que eu não tinha ido, que tínhamos ficado para trás. Ele mandaria alguém atrás de mim? Quando? A praia era tão longe de onde morávamos que demoraria dias para que algum resgate chegasse, e se eles demorassem demais não haveria mais comida e nós morreríamos ali mesmo, de fome, ou sem água. As coisas estavam se perdendo para nós. E meu pai? Quem cuidaria de meu pai? Como ficaria a instituição? Com certeza fecharia depois que soubessem que eles haviam deixados dois jovens morrerem presos no meio do nada. Mas o que eu podia fazer além de orar? Balancei a cabeça para me livrar de todos aqueles pensamentos.

Talvez eu nunca tenha contado para ninguém, mas eu me sentia perto demais da morte para não contar a vocês nesse momento e não compartilhar essa história. Eu decidi trabalhar na instituição de pessoas com câncer porque era um trabalho evangelístico, eu levava a palavra de Deus para os pacientes e todas as pessoas que ali estavam, era uma missão escolhida por mim e meu pai, mas antes de tudo, escolhida por Deus. Mas há algo mais por trás dessa história. Por que escolhemos a instituição para trabalhar se existiam outras áreas para evangelizar.

A minha mãe sofreu com leucemia por longos anos, foi quase um milagre sua história, até Deus a levar, e eu sofri muito, sem ninguém, sem sentir o apoio de Deus na minha vida, ninguém falou de Jesus para mim, até um momento em que eu escolhi Ele. Desde ai tudo mudou. E era isso que eu queria. Trazer esperança. Esperança para pessoas que estão sofrendo vendo seus familiares sendo levados por essa doença, eu queria oferecer alguém que pudesse mudar a situação deles, e os trazerem paz mesmo que tudo estivesse dando errado. Então eu e meu pai escolhemos fazer trabalho voluntario na instituição.

Uma vez, eu estava na minha igreja e o pastor falava do homem com lepra que quando Jesus desceu do monte ele estava lá e falou para Jesus que se Ele quisesse poderia cura-lo, e Jesus quis e Ele foi curado. Era isso que eu queria apresentar para as pessoas, um Deus que só em querer poderia mudar a situação catastrófica de uma pessoa, mas um Deus que sabia o que fazia, e o que era melhor para nós quando escolhia nos curar ou não, e ai eu entendi porque minha mãe se foi, porque essa tinha sido a vontade de Deus, e Ele nunca erra. Então eu aceitei. Não tenho raiva de Deus por está quase morrendo naquele lugar, porque apesar de tudo, eu sabia que em todas as situações, Deus sempre seria um Deus de amor. Era isso que Ele era e nunca deixaria de ser.

Caminhei até o quarto onde eu ficaria, escolhi o quarto a frente da sala de estar, mais perto da sala onde Eric ficaria. Se ele precisasse de mim, eu estaria bem perto dele. Naquele lugar e naquela situação, precisávamos um do outro e ajudávamos um ao outro.

Atrevi- me a dormir por algumas horas e os pesadelos me acordaram, olhei para o relógio ainda eufórica gritando e ouvindo algo sussurrar perto de mim, mas eu não ouvia e não sabia o que era talvez ainda fosse do sonho ruim. Era três e meia da manha, Eric ouviu o meu grito e entrou rapidamente em meu quarto para ver o que tinha sido.

—O que foi?! –Disse ele preocupado.

Respirei fundo várias vezes me preparando para falar qualquer coisa.

—Nada... Só um pesadelo. –Falei.

—Posso ficar com você até você dormir.

—Por favor. –Sussurrei.

Ele se achegou a mim e se deitou a alguns centímetros de distancia. Meus dedos se entrelaçaram nos deles e cantamos um louvor juntos em voz baixa. Quando acabamos me atrevi a falar.

—Você seria um ótimo levita.

Ele riu.

—Não sou bom em quase nada que eu faço.

—Não é verdade. Você é bom em tudo. É bom em ser verdadeiro, protetor...

—Essas coisas não são talentos... São apenas qualidades. –Ele me interrompe.

Olho nos seus olhos que não encontram os meus.

—Mas é importante demais em alguém... Pelo menos para mim.

Ele me olhou e sorriu.

—Você não sabe o quanto isso é bastante para mim... Saber que sou alguém pra você... que você gosta de mim... É tão importante Elise.

Eu continuava olhando fixamente para ele, e agora ele também olhava para mim.

—Você tá falando igual ao Carter.

Ele desviou o olhar, pareceu um pouco bravo desta vez, após minhas palavras de agora.

—Só queria ser mais legal pra você... Acho que a única maneira de fazer isso é imitando Carter. Desculpe, eu deveria saber que ele é tudo e único para você! –Ele estava bravo.

Me afastei um pouco e imobilizei meus dedos. Ele estava bravo de verdade, como nas vezes que me xingava, como há um tempo atrás.

—Eric... –Sussurro.

—Quando tudo isso acabar Elise, não se preocupe que eu vou me afastar de você, vou deixar a instituição, vou procurar outra igreja! Tudo que eu fiz foi pra te ver feliz, foi pra trazer um mínimo de conforto que seja sendo que estamos presos nesse lugar idiota! Mas você sempre pensa nele, não é? É sempre ele. E sei que você sonha com o seu felizes para sempre porque Carter é o noivo perfeito! Mas deixa eu dizer uma coisa pra você, não está tão longe. Não está longe de acabarmos com as nossas possibilidades de ficarmos juntos.

Minhas lágrimas desciam pelo meu rosto enquanto eu soluçava e pensava no que ele estava falando.

—Eric... –Falei mais uma vez numa voz um pouco mais alta e rouca.

—Tudo vai acabar em alguns dias, você não precisa pensar na possibilidade de ficar aqui comigo para sempre. Esse terror para você nunca vai acontecer. Mesmo que eu tenha que arranjar algum jeito de mandar você embora daqui. Mesmo que ninguém venha, não se preocupe, não vamos ficar juntos, de maneira alguma!

—Eric! –Gritei.

Ele parou com suas palavras, sua respiração estava ofegante. Deixou que eu falasse o que queria.

Respirei fundo, me acalmei e controlei todo medo que estava sentindo.

—É melhor... é melhor você sair daqui. –Gaguejei.

Ele pareceu não esperar por essas minhas palavras, mas eu não aguentava mais nada nesse momento.

—Tá. –Falou ele decepcionado. –Eu já vou. Desculpe por incomodar você.

—Não incomodou, eu que peço desculpas.

—Nos vemos amanha.

—Tá bom.

Ele se levantou e saiu do quarto, eu tinha que me preparar para o que iria fazer amanha, teria que ter dose de cuidado dupla para não magoá-lo de maneira nenhuma, tudo que ele havia dito, era culpa minha.


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