Eu não tenho um tipo, deixo isso bem claro para quem quiser ler, saber, ouvir e enfim... Eu não tenho um tipo. Você tinha vários tipos, era como se você se adaptasse rapidamente ao tipo desejado e, assim, fazia com que a garota e até as pessoas ao seu redor cultivassem um amor por você, um amor bom, saudável. Você é como a água, as pessoas podem conviver contigo e se apaixonar por ti e, bom, eu sou tipo uma droga, vicio quem se aproxima e depois destruo. Não é uma ótima explicação de nós? Eu sei, eu sempre fui boa em nos distanciar e diferenciar.

–Tipo... –Eu comecei, Pietro olhava pra mim como se eu estivesse louca. –Eu tenho um tipo? Não minta para mim, Pietro.

Pensou um pouco antes de responder.

–Tem, todo mundo tem um tipo. –Ele sorriu e deu de ombros.

–Essa é a parte em que você me diz qual é o meu tipo. –Revirei os olhos e me deitei na grama do parque, mesmo que aquilo fosse contra os meus princípios, Pietro parecia tão confortável ao meu lado. Fechei os olhos. –Qual o meu tipo? –Perguntei de novo quando ele demorou demais.

–Você é o pior dos tipos, Lilly. Você é aquela pessoa que a gente nunca entende, então você desperta a curiosidade de pobres almas e as leva para o caminho que quer, você nunca mostra a verdade em você, no maximo temos vislumbres de deslizes teus. Teus deslizes são encantadores, sabe? Você sem querer os mostra quando estamos quase desistindo e é ai que se apaixonam por você, todos... Você corrompe as pessoas, você as ilude e as leva para o seu labirinto e deixa que elas fiquem perdidas lá, você deixa que elas sejam felizes assim você... você... você é maldosa.

–Não sou! –Falei. Enruguei a testa e dei um beliscão nele.

–Você é uma droga maravilhosa, mas seus efeitos colaterais deveriam vir escritos na embalagem perfeita que você desfila por ai sem dar sinais de perigo, mocinha.

Ele era meu melhor amigo, você sabe, mas ele me estragou também, não é? Quando ele decidiu ir embora, cara, isso acabou comigo. Se eu já não estava bem, querido, eu piorei. Eu enlouqueci. Por que fizeram isso comigo?

Costumo dizer que nós vivemos varias vidas durante uma vida inteira, nós temos pequenas minisséries e grandes novelas dentro dos nossos filmes completos, somos como seriados em constantes mudanças de temporadas e personagens. Já nasci e morri muitas vezes dentro dessa longa e, cara, como eu enlouqueci também. Foi bem rápido: eu morri e morri de novo. Na mesma temporada, com um período extremamente curto de episódios, talvez nulos. Eu morri, mas eu renasci, eu voltei e voltei só depois de me sentir bem e melhor, boa o bastante para escrever sobre minhas perdas sem me perder. Eu perdi você, amor, mas doeu muito mais perder o Pietro. Você vai e volta, mesmo que nem sempre volta por inteiro ou do jeito certo, você volta como um passa tempo, como um amor ou como um amigo... Ele foi embora pra sempre e isso me afeta muito mais.

–Não acredito que você tem ciúmes dele, quer dizer, isso é absurdo. –Eu estava muito brava, minha testa se franzia daquela forma que te assustava.

–Você amou ele?

–Amei! Amei demais! Amei muito! –eu me irritei. –Isso não muda nada.

–Tenho ciúmes de quem você já amou antes de mim. –Você se mantinha calmo como sempre, sentado a alguns metros de mim sem se mover enquanto eu surtava.

Revirei os olhos, porque isso te irritava, mas você não me xingou. Você nem se moveu. Você podia ver a magoa transbordar dos meus olhos e isso te assustou demais.

–Eu quero que você vá embora. –Limpei a primeira lagrima que desceu pela minha bochecha e olhei para cima desejando não chorar, meio que tarde demais.

–Você esta chorando? –Você esperou um minuto para ter certeza e depois correu para me abraçar.

–Eu nunca vou embora.

Eu sorri, enxuguei as lagrimas e olhei para você.

–Não vai mesmo. –Me levantei e me afastei um pouco de você. -...E é isso que me assusta.