História sem Título escrita por Kat0203


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Não tive outra escolha, a primeira coisa que eu disse quando terminei esse capítulo foi "tenho que postar isso no Nyah!" e aqui está o capítulo. Aproveite.



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Minha vida passou de mal à pior quando pisei em minha nova casa.

Meu pai disse que isso tudo era parte da adolescência, que eu iria me acostumar rapidamente com a nova casa (com três quartos, dois banheiros, sala, cozinha, um quintal cheio de flores e arbustos e uma área de lazer com piscina), mas ele não me entendia. Não entendia como era não ter conhecido a mãe porque ela morreu quando você nasceu e você fica se culpando. Não entendia que eu estava passando por uma fase difícil na minha vida. Não entendia como a nossa casa antiga (que agora está à milhões de quilômetros de distancia em outra cidade) era importante para mim. Foi lá onde tudo começou; onde aprendi a andar, a dizer minhas primeiras palavras que foram "sorvete" e "casa", onde eu conheci as melhores pessoas da minha vida e fiz minhas melhores festas.

Mas tinha algo especial na antiga casa. Não era nenhum porão mágico ou guarda-roupa que levava para outra dimensão, e sim o que pairava no ar daquela casa; amor. Só fui descobrir isso quando fiz onze anos e três meses e percebi que eu tinha um vizinho que era três anos mais velho que eu e gostava das mesmas coisas que eu gostava. Foi amor a primeira vista, quer dizer, eu já tinha visto ele várias vezes antes mas nunca tinha reparado em como ele era bonito e legal. Me apaixonei rapidamente.

Não aguentei e fui visitá-lo. Na época eu pensava que ia ser uma coisa boa, hoje em dia eu penso que foi um ato muito idiota mas que valeu a pena. Ele deve ter se perguntado o que uma menina de onze anos, com cabelos escuros e olhos castanhos estava fazendo em sua casa em um dia quente de verão como aquele. Mas eu estava lá quando ele abriu a porta e me viu com meu vestido branco favorito (eu estava de short por baixo é claro), minha sapatilha preta, meus cabelos escuros presos em um rabo de cavalo e meus lindos olhos castanhos. Ele era realmente muito bonito. Tinha cabelos loiros e olhos verdes, era alto, magro e tinha uma espinha na bochecha esquerda, mas eu não liguei pra isso.

—Posso ajudar? - Perguntou ele.

—Sim. - Respondi. - Eu sou sua vizinha e eu queria te conhecer. Eu não conheço muita gente por aqui.

—Hm... Também não conheço muita gente por aqui. Eu acho que eu já te vi em algum lugar. - Ele pensou um pouco antes de dizer alguma coisa. - Já sei! Você estuda na turma 1505 na escola aqui do bairro não é?

—Sim. - Respondi. - Eu nunca te vi na escola.

—Eu não gosto de chamar muita atenção. Fico sempre quieto no meu canto com meu amigo. Qual é o seu nome?

—Alicia, Alicia Hoffen.

—Hoffen... A primeira garota da lista dos que se destacaram no primeiro bimestre?

—Sim, sou eu.

—Sabia que eu já tinha visto esse nome em algum lugar. - Disse ele.

—Qual é o seu nome? - Perguntei.

—André. André Renato Jr. se preferir. - Respondeu ele.

E ficamos ali, conversando até meu pai me ligar e pedir para eu voltar para casa. Depois daquele dia, passamos a andar juntos sempre que podíamos e ajudar um ao outro quando algum de nós precisava. Eu guardei o segredo de que eu gostava de André por uns três anos até um certo ponto quando ele começou a namorar uma garota da minha classe e ela era do tipo que mesmo namorando, pegava outras pessoas. Todo mundo na escola sabia que ela não era mais virgem, mas André não parecia ligar para nada disso. Quando eu parei de falar com ele e ficava triste quando ele me ligava para perguntar se eu estava bem e começava a falar da namorada, ele pareceu compreender o que estava acontecendo.

—Por que você não me contou? - Perguntou ele depois que ele dispensou a namorada para passar o dia comigo.

—Eu fiquei com vergonha. - Respondi. Eu fiquei realmente com vergonha de contar porque eu era muito tímida.

Ele me abraçou e disse:

—Sem segredos a partir de agora, ok?

—Ok. Eu prometo. - Eu cumpri essa promessa até o meu último dia naquela cidade.

Dias depois disso, ele terminou com a namorada, me ligou e disse:

—Acho que devíamos começar novamente.

—Como assim? - Perguntei.

—Alicia Hoffen, quero ser seu amigo.

—Eu não estou entendendo mais nada. - Falei.

—Olhe pela janela. - Pediu ele.

Quando olhei, ele estava com um buquê de flores em cima de uma caixa de pizza. Aquele garoto sabia mesmo como conquistar uma garota.

—Alicia Hoffen, um passarinho me contou que você gosta de pizza. Ele está certo?

Dei um sorriso para ele.

—Ele está certíssimo.

Meu pai tinha ido para a casa da nova namorada dele e havia me deixado sozinha em casa, porque ele sabia que eu não faria nada do tipo que envolvesse a) explodir a casa e b) deixar um furacão entrar dentro de casa. Deixei André entrar e comemos a pizza como se tivéssemos a noite toda, e tínhamos.

Quase morri quando André disse:

—Alicia, eu te amo.

—Como saberei se é verdade? - Perguntei me fazendo de difícil.

Ele se aproximou de mim, me agarrou e me beijou. Aquele foi o meu primeiro beijo e eu estava guardando especialmente para André. Parecia que eu ia derreter quando ele me beijou. Aquele foi o melhor dia da minha vida. Eu queria que durasse para sempre.

Mas a minha felicidade não durou tanto quanto eu esperava.

Quando íamos completar três anos de namoro, meu pai me deu a notícia de que tínhamos que nos mudar para outra cidade porque ele tinha conseguido uma promoção e o local de trabalho dele havia mudado. Quando contei para André, ele ficou furioso e triste. Ele fez de tudo para convencer meu pai a me deixar ficar mas ele negou todas as propostas, disse que eu tinha que ir com ele e que eu não tinha escolha.

Na véspera da minha ida, André disse:

—Eu não vou te deixar ir.

—Mas você ouviu o meu pai. Ele não vai me deixar...

—Não é isso que eu quero dizer.

Olhei para ele.

—André, você não está pensando em ir comigo está?

—Eu não vou te deixar Alicia. Eu te amo. Eu não sei como será a minha vida sem você pra me fazer feliz todos os dias daqui em diante.

—André, eu também te amo mas, eu não sei se meu pai vai concordar com isso.

—Quem disse que seu pai precisa saber? - Ele me beijou. - Eu iria à qualquer lugar por você.

—André, eu... - Respirei fundo. - Eu acho que está na hora de seguimos nossos próprios caminhos.

Ele ficou olhando para os meus olhos por um instante. Eu estava chorando, eu não acredito que eu havia dito aquilo.

—Você está terminando comigo? - Perguntou ele, sério.

Balancei a cabeça em concordância.

—Se o destino quisesse que ficássemos juntos ele não teria dado a promoção para o meu pai. Mas se ele quer que a gente fique junto, talvez a gente cruze por ai outra vez. - Eu o abracei. - Sinto muito.

Quando larguei André, ficamos olhando um para o outro por algum tempo até darmos o nosso último beijo. Aquele beijo foi o beijo mais forte de todos os outros.

—Eu te amo. - Essas foram as nossas últimas palavras.

Eu ainda choro quando penso em tudo isso. Fico me perguntando se ele sente minha falta, se verei ele novamente, se ele ainda está vivo.

Me arrependo de tanta coisa. Eu amo o André mais do que qualquer coisa. Eu faria qualquer coisa para encontrá-lo novamente, mas depois do que eu disse é melhor eu deixar as coisas acontecerem por si própria.

Minha primeira semana na casa nova não foi tão ruim assim. Meu pai e a namorada dele (que também tinha se mudado para a casa nova) compraram pizza e sorvete para me animarem um pouco. Não amenizou a minha dor mas pelo menos me deixaram um pouco feliz. No dia seguinte será o meu primeiro dia na nova faculdade. Pessoas novas, professores novos, ambiente novo. Confesso que estou um pouco nervosa.

Fui me deitar cedo, mas me arrependi logo depois que um nome veio a minha mente; André. Eu não conseguia parar de pensar nele. Será que ele está pensando em mim? Será que ele me esqueceu assim tão rápido? Será que ele está bem? Essas perguntas não serão respondidas tão cedo.

Pego meu celular e apago todas as minhas fotos com André, menos uma. A foto que a gente tirou depois do nosso primeiro beijo era a mais bonita de todas. Eu daria tudo para estar olhando aqueles olhos verdes, acariciando os cabelos loiros dele...

Desligo o celular e tento esquecer o André. Tenho que seguir em frente, desta vez, sem ele.

Acordo na manhã seguinte com dor de cabeça. MUITA dor de cabeça. Tento me levantar mas não consigo. Parecia que minha cabeça ia explodir. Parecia que eu ia morrer.

De repente, a namorada do meu pai entra no quarto.

—Alicia, o que foi? - Ela corre até mim e me ajuda a sentar na cama.

—Dor de cabeça. - Digo em voz baixa.

—Fique aqui, vou pegar um remédio. - Ela voltou um minuto depois (que pareceu uma eternidade para mim) com um comprimido e um copo d'água. Tomei o comprimido com a água. Meia hora depois, vomitei no chão do meu quarto.

—O que será que está acontecendo com você? - Perguntou Amber (sim, esse é o nome da namorada do meu pai por mais estranho que seja) botando a mão em minha testa para ver se eu estava com febre. Amber era como uma mãe que eu nunca tive, eu gostava dela. Não era como as outras namoradas do meu pai que só se interessavam no dinheiro dele. Amber havia realmente se apaixonado pelo meu pai. Eu ainda não sei porquê meu pai está com Amber há cinco anos e ainda não a pediu em casamento. - Você deve estar com febre, vou pegar o termômetro. - E ela saiu do quarto.

Meu celular tocou a música de mensagem. Estranho, quem será?

Quando pego o celular e abro a mensagem, me surpreendo.

A mensagem continha mais de cem "eu te amo" todos juntos em uma frase. E quem me enviou essa mensagem foi, ninguém menos que André Renato Jr. No final da mensagem está escrito "Fiquei a noite toda acordado pensando em você. Eu te amo muito mesmo, espero que você esteja bem. Te amo".

Não hesitei e respondi o seguinte: "André Renato Jr, eu nem sei o que dizer... Eu também te amo, muito mesmo. Saudades e eu não estou bem não.". Quando cliquei em enviar, senti um alívio dentro de mim.

Amber entrou no quarto e colocou o termômetro debaixo do meu braço esquerdo. Foi quando meu celular tocou. Quando vi era André.

—Vou deixar vocês conversarem. - Disse Amber, se retirando do quarto.

Respirei fundo e atendi o celular.

—Alô?

—Você não sabe como é bom ouvir a sua voz. - Disse André, aliviado. Meu coração estava disparado - Por que você não está bem?

—É bom ouvir a sua voz também. Bem, eu acordei com uma dor de cabeça insuportável, vomitei no chão e acho que estou com febre. Fora isso, eu estou bem. E você? Está bem?

—Alicia Hoffen, eu estou UMA SEMANA SEM VOCÊ. Você acha que eu estou bem? - Era tão bom ele falando daquela maneira.

—Você não parece estar bem. Mas você não acordou com uma dor de cabeça insuportável. - Uma lágrima escorreu pelo meu olho. - Por um segundo, eu achei que eu fosse morrer. André, eu não consigo...não consigo ficar sem escutar sua voz todos os dias me dizendo "bom dia" ou "eu te amo". André, eu preciso de você.

André não disse nada por um instante.

—Eu te amo Alicia. Você sabe que eu faria qualquer coisa por você, não é?

—Sim, eu sei.

—Então, eu comprei um carro. Chego ai em menos de vinte e quatro horas, ok?

—Ok...espera, o quê?! Quando você comprou um carro? - Ele nunca havia me contado que tinha planos para comprar um carro.

—Há mais ou menos uma semana. Eu sei, eu devia ter te contado mas... - Ele suspirou.

—Mas?

—Mas, antes de você me contar que ia embora, eu tinha planos para nós dois.

—Que tipo de planos? - Perguntei.

—Morar junto com você, te dar o carro que eu comprei, casar com você...

Eu estava boquiaberta, André nunca tinha me contado isso. Aquilo me fez chorar mais ainda.

—André...

—Você é a única que eu quero, a única que eu amo. Alicia Hoffen, EU TE AMO! - Ele havia realmente gritado, o que me fez rir.

—Eu também te amo André. Mas eu não acho uma boa ideia você vir aqui, não agora. Não quero que você me veja assim. Você sabe que eu tenho...

—Eu não me importo. Não me importo com o que o seu pai pense, eu vou até ai de qualquer jeito. Querendo ou não, você terá que me atender quando eu estiver na porta. - Disse ele.

Amber apareceu na porta.

—André, faça o que você quiser. Mas não venha agora, por favor. Tenho que ir, eu te amo.

—Ok. Eu também te amo.

Finalizei a ligação.

—O que ele queria? - Perguntou Amber tirando o termômetro de baixo do meu braço.

—Queria vir aqui. Mas eu disse à ele que não era uma boa hora. - Fiquei em silêncio enquanto Amber olhava o termômetro. - Eu amo tanto ele Amber. O que eu faço?

—Se vocês tiverem que ficar juntos, o meu conselho é: esperem, tenham paciência. Se tiver que ser, será. Foi isso que eu disse a mim mesma um dia antes de conhecer seu pai. - Ela ficou em silêncio olhando para baixo por um tempo. - Más notícias, você está com febre e muita. Vou ter que te levar no médico.

—Mas e a faculdade? - Perguntei.

—Vou ligar para eles e dizer que você está doente e só poderá ir amanhã. Eu já volto para te ajudar. - Quando Amber saiu do quarto, me deitei na cama e fiquei olhando para o teto, pensando no que André havia dito. Não era só ele que havia planos para o futuro, eu também tinha planos. Casar, ter uma casa, um carro, ter filhos e ser escritora. Desde pequena, sonho em publicar um livro. Eu já havia escrito várias histórias, André aparecia em todas elas.

Eu amo aquele garoto há seis anos, começamos a namorar há três anos, erámos e somos melhores amigos. Ele faria qualquer coisa por mim e eu faria qualquer coisa por ele. Tínhamos planos sobre nós dois e gostamos das mesmas coisas. Existe coisa melhor do que amar uma pessoa assim?


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