Dilema escrita por Mizuhina, Utakata Bad Boy


Capítulo 2
Capítulo I - Compaixão.


Notas iniciais do capítulo

Aqui é o Utakata. Cara, eu fiz este capítulo umas três vezes. Tive que pensar e repensar muitas vezes sobre como ser um samurai decadente. Um pouco amaldiçoado. Não foi fácil. E... Tive que fazer bastante pesquisa, a principal delas sobre o Bushido (Caminho do guerreiro). Como a fic é um “universo alternativo” ela é apenas inspirada em algumas leis, mas não é uma cópia fiel. De qualquer modo, eu espero poder passar pra vocês tantas coisas como as que eu aprendi, mesmo se tratando de uma ficção. Boa leitura a todos.



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Compaixão (仁)

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"Um samurai ajuda os outros homens em cada oportunidade. Caso uma não surja ele faz todo o esforço possível para encontrar uma solução." - As 7 Virtudes do Bushido.

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Quando você escolhe um caminho a seguir, não tem exatamente a certeza de que poderá fazê-lo sem arrependimentos. Durante anos, este foi o meu dilema, não importava qual fosse a melhor opção, o resultado seria o mesmo. No entanto um verdadeiro guerreiro deve confiar nas próprias escolhas.

Eu sabia que a caminhada seria árdua e cheia de espinhos. Tinha a plena consciência de que não poderia voltar atrás e que a minha jornada terminaria apenas com a morte.

Meus olhos vermelhos que podiam enxergar além de qualquer coisa, as asas negras, a aparência temida pelas pessoas. Esta forma a qual assumi... Esse ser que me tornei. O odeio.

Como odiava aquela maldição... Droga!

Como odiava o que me tornei. Um monstro... Amaldiçoado em meu clã.

Essa era uma das razões para o meu desvio de conduta, eu sabia perfeitamente que minha escolha acarretaria consequências graves no futuro. De algum modo, isso não me importava. Não pedi por aquela condição, ao menos a jornada que escolhi trilhar era feita por minha própria vontade. Ninguém que realmente entendesse minha dor poderia compreender. Eu era o senhor e meus próprios passos.

Praticar a compaixão é um ato sábio e daquela vez não seria diferente. Eu retornava de uma missão quando pensei ter visto um invasor a alguns metros a frente, mas acabei me deparando com corpo caído na neve .

Ainda me lembro que aquele dia estava frio... Terrivelmente frio...

Imediatamente por instinto desembainhei minha Katana, preparando-me para contra-atacar caso fosse um inimigo, mas logo percebi que se tratava de uma pessoa indefesa. Seria contra o código atacar um inocente, ainda mais se tratando de uma mulher. Samurais devem praticar a compaixão e fazer prevalecer à justiça. E ainda que eu fosse um ronin estas regras ainda valiam para mim.

Aqueles cabelos róseos eram exóticos, os olhos eram verdes e brilhantes. Ela usava um traje cerimonial, provavelmente de um casamento. Pude notar a visão dela sobre mim... Palavras pesadas saíram de seus lábios finos.

– Seria você a face da morte? Não importa mais... – Sussurrou finalmente entregando-se a inconsciência.

A face da morte? Eu já perdi a conta de quantas vidas tomei com esta espada banhada de sangue, sim, inocente garota. Talvez estivesse certa. Talvez esta fosse minha única face.

Eu poderia abandoná-la ali e seguir meu caminho como se nunca a tivesse encontrado, mas algo em meu interior gritava para resgatá-la. Eu não era exatamente um modelo a ser seguido, não passava de um guerreiro decadente, mas meus instintos não paravam de me lembrar por um momento quem no fundo eu era. Um conflito entre o meu egoismo irracional de besta e minha consciência de samurai foi travado.

Um erro. Um enorme erro. Era tarde...

Ela já repousava em meus braços enquanto a carregava; seu corpo roubava meu calor aos poucos; seus olhos estavam fechados enquanto respirava ofegante. Era bela... E tinha uma feição bastante dolorosa.

Segui o caminho até em casa, não levou mais do que alguns minutos, estávamos perto da minha vila. Meu humor era péssimo, só encontrava problemas pelo caminho, mas não era hora para pensar sobre isso.

– É bastante interessante o que tem ai Sasuke. – A voz de Kakashi um senhor a qual tinha me cedido sua casa era irritante como sempre. Ele lia algo que obviamente não era bem de meu interesse. Como sempre usava um leque para cobrir a face, ninguém jamais a viu, e de qualquer modo ele também usava mascará.

– Não seja tão irritante Kakashi. – Levei a garota até um futon perto da lareira. Aproveitei para me aquecer um pouco e permaneci calado.

Minha rotina era esta, eu fazia alguns trabalhos em troca de dinheiro, nada oficial. Kakashi queria que eu me tornasse seu servo, embora eu não tivesse o interesse de servir ninguém. A vida como estava bastava para mim. E embora eu seguisse os preceitos do bushido, a honra para mim era discutível, por isso decidi continuar como ronin. Um samurai sem senhor e sem honra, embora minha desgraça tivesse me atingido antes mesmo de nascer.

Há muitos anos um incidente em meu clã fez com que caíssemos em desgraça, os deuses nos amaldiçoaram e tornamo-nos temíveis criaturas feitas para o combate. Nenhum detalhe escapava aos nossos olhos, nenhum inimigo escapava a nossa espada, e na busca incessante por redenção nos perdemos. Sempre achei injusto o caminho que fora jogado na minha frente, e por isto recuei em algumas decisões. Mas este não era o maior dos problemas. Há cerca de cinco anos com a ascensão de um novo império foi estabelecida uma proibição do uso das espadas. Muitos samurais perderam suas riquezas e tornaram-se mendigos, restando à opção de serem aldeões ou servirem aos nobres.

Eu que já estive no topo me recusei às duas opções e isso me trouxe ao vilarejo da folha no país do fogo. Lugares pequenos e longe do grande império costumam não ter leis muito vigentes e este era o tipo de lugar ao qual eu pertencia. Um lugar onde pudesse liberar meu instinto e agir por conta própria.

Um lugar onde pudesse encontrar a verdadeira honra para me livrar da maldição...

– Sasuke ela está acordando. – A voz de Kakashi me despertou de repente e retornei a minha forma humana. Eu estava inerte, observando aquela fogueira. Aquilo me trazia recordações. As chamas queimando por todos os lados, consumindo em instantes cada canto... Balancei minha cabeça tentando me livrar daqueles pensamentos, o ódio costumava me tomar quando o fazia. Resolvi voltar minha atenção para a estranha.

– Onde eu estou? – Ela perguntou confusa. Será que não se lembrava de nada? Era melhor assim...

Aproximei-me a uma distância razoável para observá-la melhor. O cabelo estava desgrenhado, a pele bastante pálida e os olhos cansados. Ela espirrou algumas vezes, o corpo permanecia tremulo mesmo estando próxima a uma fogueira. Era compreensível, já tinha bastante sorte de ter saído de uma tempestade de neve apenas com um resfriado. E eu sequer fazia ideia de quanto tempo ela permaneceu caída no chão.

– Tome. Pegue isso aqui.- Kakashi serviu a ela um pouco de chá verde bem quente.

– M-muito obrigada. – Agradeceu com dificuldade e se sentou.

A estranha permaneceu calada por bastante tempo, mas a julgar por seus trajes eu podia concluir que ela estava ligada a alguém de bastante poder. As opções eram finitas e cedo ou tarde eu descobriria o que é, embora o futuro dela não me interessasse nem um pouco.

Quando olhei através da janela o céu já estava limpo, os raios solares refletiam na neve. Devia ser umas seis ou sete da manhã. Me preparei para sair novamente, embainhei minha espada na cintura prendendo-a em um cinto; vesti um casaco longo por cima de meu Kimono; Coloquei um chapéu de palha para proteger meus olhos, já era o suficiente.

– Onde está indo Sasuke? – Kakashi questionou olhando-me com aquele jeito de peixe morto. Ele tinha o péssimo costume de se meter em meus assuntos, mas talvez isso fosse o esperado daquele que um dia foi meu mestre antes de querer se tornar meu senhor.

– Resolver meus assuntos. – O olhar da garota que encontrei na neve me acompanhou até a porta, ela parecia curiosa a meu respeito, mas era eu quem estava cheio de dúvidas.

Quem era ela e porque estava próxima da vila?

Eu precisava descobrir, pois aquilo não fazia sentido. Konoha era um vilarejo tão abandonado e pobre que os nobres sequer davam-se o trabalho de pisar lá. Exatamente por este motivo era praticamente sem leis, ladrões atacavam os aldeões quase sempre, embora eles não tivessem muito a oferecer. E se aquela garota estava mesmo ligada à nobreza isto era um mau presságio. Seria péssimo se a pequena e "abandonada" vila tomasse a atenção do império.

Seguir o caminho na direção onde a encontrei não seria de muita ajuda uma vez que as pegadas deixadas na neve não estavam mais ali. Decidi então ir até o centro da vila buscar informações, já que as noticias corriam tão rápidas como o vento. Logo me aproximei de um artesão que vendia cestos de bambu, ele tinha muitos armazenados em sua carroça. Perguntei se tinha alguma noticia de assaltos nos arredores àquela noite e ele me disse que aquilo era impossível por causa da tempestade de neve. Como eu pensava ninguém além de mim enfrentaria aquela tempestade em sã consciência, era praticamente um suicídio. Então o que seria pior do que a morte para ela? Sua honra? Devia estar no mínimo desesperada de alguma forma e isso tornava minhas suspeitas ainda mais fortes. Isso significava problemas. Eu tinha certeza absoluta disto.


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Notas finais do capítulo

Notas finais: O capítulo um não tem muita informação porque não da pra entregar o mistério da fic assim de bandeja, e bem... Ele serviu mais para contar um pouco sobre o Sasuke e o contexto da fanfic. Enfim... É só o começo, espero que esteja bom. A autora dessa fic simplesmente jogou o enredo pra mim e disse "Uta-kun escreve algo ai" e não sei realmente se foi o que ela queria. Espero que seja pro meu bem. ^^

Ah, claro. Alguns esclarecimentos.

Konoha: Folha em japonês.

Kimono: Vestimenta típica usada por samurais. Também um traje comum no Japão usado bastante durante o inverno.

Bushido: Significa "Caminho do guerreiro" e é um código não escrito que dita todas as regras de conduta que o samurai deve seguir em sua vida.

Katana: É basicamente uma espada usada por samurais, eu tinha visto que as espadas de samurais são mais curvadas enquanto as ninjas são mais retas. Mas na pesquisa que fiz chamavam assim, então ta bom.

Ronin: É uma denominação de um samurai que não possui senhor ou um samurai que "fugiu" de algum modo.

Proibição das espadas: É baseado na restauração do período Meiji quando foram proibidas as espadas no Japão e os samurais tornaram-se mendigos e desempregados.

Futon: Seriam aqueles colchões no chão onde dormem no Japão.

Observação final: A fanfic em sua maior parte vai se passar na vila da folha que fica no país do fogo do mundo fictício, assim como em Naruto, mas diferente do original não se trata de uma vila de ninjas e sim uma vila comum.