– Não acredito que isso tá acontecendo comigo – disse chorando
– Meu filho, eu sinto muito meu amor, tenta se acalmar por favor – disse Dandara abraçando o filho.
– A minha vida acabou mãe – disse desesperado
– Não, sua vida não acabou meu filho, vai dar tudo certo, eu prometo – Dandara queria o filho se acalmasse, mas nem ela conseguia isso.
– Tudo certo ? eu não vou mais andar, eu não posso mais andar skate, não posso mais caminhar, não posso mais fazer nada sozinho, e você me diz que vai dar tudo certo ? eu preferia ter morrido a viver tudo isso – disse chorando
– Eu sei o que você ta sentindo meu filho, mas você precisa ser forte – disse passando a mão nos cabelos do filho.
– Não, você não faz ideia do que é não sentir as pernas, por favor mãe, tira todo mundo daqui, eu quero ficar sozinho um pouco – disse limpando os olhos.
– Tudo bem meu filho, mas você tem certeza que quer ficar sozinho? o Pedrinho e K, eles podem ficar com você, vai ser bom pra você – disse e ele assentiu.
Karina e Pedro não sabiam o que dizer para o amigo, ficaram calados, estavam chocados, estavam tristes, sofrendo pelo amigo, queriam o ajudar mas não sabiam como, viam João chorar e aquilo era tão estranho, João sempre foi o mais forte entre eles, sempre era ele que consolava os amigos, e agora estava lá tão frágil, tão triste, e talvez que nada que eles dissessem iam o deixar melhor, e isso era horrível.
– João, eu adoraria te dizer algo que te deixasse melhor, mas eu não sei o que dizer amigo, me perdoa – disse Pedro contendo as lagrimas.
– Relaxa amigo, eu acho que nunca vou ficar melhor mesmo – respondeu.
– É claro que você vai João, tem que ter fé, que tudo vai melhorar, nós estamos do seu lado, sua mãe e meu pai também – disse segurando suas mãos.
– Falar em pai, o meu pai, onde ele está ? – perguntou, mesmo sabendo que a resposta que teria não seria boa.
– Eu não vi ele vir aqui nenhuma vez te ver, ai João você sabe o que eu acho sobre seu pai, ele não merece o filho maravilhoso que tem, me desculpa te dizer isso, mas eu não posso mentir – disse Karina triste pelo amigo.
– É, o Renê tem sido um babaca – disse Pedro, mas logo se desculpou pela forma que falou.
– Não se preocupem, eu já esperava por isso, ele nunca se importou comigo mesmo, mas o que importa é que eu tenho vocês, minha mãe, e o Gael, ele sim tem sido um pai de verdade – disse emocionado.
– É, meu pai gosta muito de você João, não me importo de dividir ele com você – disse arrancando um sorriso de João.
– Olha esquentadinha, ele até sorriu – disse Pedro
– Eu agradeço por ter vocês dois, não sei o que seria de mim sem vocês, agora quero um abraço dos dois, eu preciso disso – disse já chorando.
Pedro e Karina se aproximaram dele e o abraçaram, se sentiam triste pelo amigo, mas precisavam passar segurança pra ele, então seguraram as lágrimas, ficaram mais um tempo ali, conversaram, tentavam deixar João melhor, mas parecia impossível, João até tentava se animar, mas não conseguia. Por fim o médico entrou no quarto dizendo que João precisava descansar, Pedro e Karina assentiram e se despediram de João, que logo adormeceu.
– K, você acha que o João vai conseguir superar isso tudo ? ele parece tão mal com tudo isso – disse Pedro no jardim com Karina.
– Eu espero que sim Pê, ele precisa ser forte, mas isso tudo tá acabando até comigo – disse com os olhos marejados.
– Acabando com todos nós, você viu como a tia Dandara está, ela está arrasada, até seu pai que é todo durão tava chorando hoje – disse
– É, ele gosta do João como se fosse um filho, eu sinto muito por tudo que está acontecendo, mas eu não faço ideia de como ajudar o João – disse olhando pra Pedro.
– Nem eu esquentadinha, mas nós vamos tentar – disse Pedro que já segurava as mãos de Karina.
– Pedro, eu sei que agora não é momento certo e nem o lugar, mas eu queria falar sobre o que ia acontecer hoje mais cedo, entre a gente – disse envergonhada.
– E-er, b-bom, eu não sei o que dizer – disse gaguejando.
– A gente ia se beijar ? – tomou coragem e perguntou
– Olha esquentadinha, eu sei que durante nossos 17 anos a gente só brigou, mas eu nunca te odiei você sabe disso, e de uns tempos pra cá, eu não sei o que está acontecendo comigo, talvez seja nossa aproximação repentina por causa do Johnny, mas eu senti sim vontade de te beijar aquela hora – disse tímido olhando pra baixo.
– Eu também senti, e pra ser sincera isso tudo é muito estranho pra mim, eu também não sei o que está acontecendo comigo, deve ser a fragilidade por tudo isso que aconteceu, mas eu não quero misturar as coisas Pedro – disse olhando pra ele.
– Eu também, eu não quero que agora que estamos bem, alguma coisa atrapalhe nossa amizade, eu aprendi a amar sua amizade, eu preciso dela assim como preciso do João – disse perdido no olhar dela.
– Então vamos esquecer o nosso quase beijo ? é o melhor – disse um pouco confusa.
– É, vai ser melhor – disse desapontado
– Me abraça Pedro ? – pediu
– Claro esquentadinha – respondeu
Se abraçaram, e depois de um tempo ambos foram pra suas casas.