Objeto Perdido escrita por Alfa Stark


Capítulo 11
Capítulo dez


Notas iniciais do capítulo

Bom, em primeiro lugar devo dizer o quanto estou feliz em receber a Party Poison como nova leitora dessa história maluca, você é muito bem-vinda! Espero que jamais se decepcione, farei sempre o impossível para que isso não ocorra... Em segundo lugar, e como de costume, agradeço à Katherine por tudo, SEMPRE! Em terceiro lugar, quero informar que, talvez, por essa semana, eu suma novamente por conta dos cursinhos pré vestibulares da vida, mas quando tiver um tempo, juro que estarei aqui.... Enfim, boa leitura a todos!



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– Como assim, não está mais com você? – ele se aproxima e sussurra olhando profundamente em meus olhos.

– Jessie, eu juro que o coloquei em meu bolso pela manhã... – o coração bate fortemente em meus ouvidos, tudo gira ao meu redor. – Mas ele não está mais aqui.

– Bem que não senti sua vibração hoje depois do intervalo no colégio... – ele sussurra e se senta novamente no banquinho que se encontrava anteriormente. – Melanie, fica tranqüila, eu darei um jeito.

– Como? – o nó em meu peito me faz querer gritar, não consigo acreditar que consegui perder aquele anel idiota. – Jessie, me desculp...

– Não há nada para te desculpar. – ele coloca sua mão em meu ombro e sorri com o canto de seus lábios. – Eu já sei o que fazer.

– Não vejo como encontrá-lo, Jessie. – minha voz tremula e o medo me domina; com o anel em mãos, Alan com certeza virá atrás de mim novamente para acabar logo comigo. – Pode estar em qualquer lugar, com qualquer pessoa.

– Melanie, - desta vez, suas duas mãos estão apoiadas em meus ombros. – Eu consigo sentir a vibração dele, se lembra? Seu poder, sua presença...

– Vai sair andando sem rumo pela cidade inteira, seguindo apenas uma intuição angelical? – sem ao menos perceber, um tom irônico se apodera de minha voz.

– Às vezes você fala como se não acreditasse. – repentinamente ele retira suas mãos de meus ombros.

– Já parou para pensar que as vezes pode ser informação demais para uma mera mortal? – não consigo explicar o que sinto, em meu interior há uma mistura de medo e raiva por ter ouvido aquilo sair da boca de Jessie. Se eu não acreditasse nele, provavelmente não estaria ajudando e sendo vitima de um possível demônio psicopata.

– Vá para a sua casa. – é apenas o que ele diz. – Eu prometo que acharei esse anel ainda hoje, não se preocupe.

– Jessie, eu não... – uma onda de arrependimento pelo modo que havia falado me invade.

– Eu entendo completamente que esteja confusa, com medo, desconfiada. – uma de suas mãos volta à meu ombro, seus olhos me hipnotizam mais uma vez. – Te compreendo, e quero que tenha a mais absoluta certeza que meu maior desejo é que jamais se machuque, que sangue algum seja derramado. – meu coração se aperta e sinto uma lágrima escorrer por meu rosto com aquelas últimas palavras. Sem pensar nem ao menos uma vez, abraço Jessie e fico em seus braços por algum tempo. Seu cheiro doce invade minhas narinas e isso me vicia, meu coração se acelera e mais algumas lágrimas escorrem por meu rosto. Ele retribui meu abraço e ao meu perceber, até mesmo me aperta em seus braços.

– Me perdoa... – fico completamente sem graça ao me soltar de seus braços, não há reação alguma, me sinto corar. – Eu acho que precisava de um abraço, me desculpa, eu não pensei ant...

– Melanie, para. – ele sorri docemente como o canto dos lábios, como sempre, esse seu ato me encanta. – Está tudo bem, de verdade, pare de tentar se desculpar. – apenas sorrio e desvio o olhar do seu, mexendo em meu cabelo. – Então, faça o que lhe pedi, por favor. – ele se levanta novamente e eu o acompanho. – Não podemos perder tempo. Vou sim andar por toda a cidade até sentir alguma presença do anel, começando pelo colégio, indo a todos os lugares, até mesmo à floresta se necessário.

– Vai precisar de ajuda... – mordi a boca, rindo enquanto falo.

– Não posso deixá-la se arriscar tanto assim. – seu tom de voz é autoritário. – Você vai para sua casa, não saíra de lá. Prometo que não deixarei o Alan tocar em você hoje. – me lança uma piscadela enquanto sorri e lentamente se afasta. – Nos vemos amanhã. – sem me dar qualquer oportunidade de resposta, ele some por trás da porta de entrada.

Levanto-me lentamente, pego minha mochila e me dirijo à porta. Meus pensamentos borbulham dentro de minha cabeça, o cheiro de Jessie ainda está em minha roupa, estou tão confusa. Um vazio toma conta de todo meu coração, como se estivesse faltando algo em meu lado nesse momento, como se não fosse possível respirar por estar faltando uma parte muito essencial para esse mecanismo funcionar. Ao sair para a calçada, fito demoradamente a escola ao outro lado da rua e suspiro profundamente em busca de algum vestígio do perfume de Jessie, mas nada acontece. Começo a caminhar solitariamente pela calçada, por um instante a lembrança de minha vida antiga me toma; a certeza de que se estivesse em minha antiga cidade, com toda a certeza Julie e Elena estariam comigo; a angustia causada pela saudade invade meu peito com esse último pensamento. Penso em minha mãe, em Dan e em como os dois estão felizes aqui, me sinto horrível por, a principio, odiar tanto aquele lugar. O vento bate em meus cabelos, trazendo de volta o cheiro que o abraço em Jessie havia me deixado; fecho meus olhos e seus olhos azuis invadem minha alma, é engraçado o modo como mesmo distante consigo sentir sua presença, mas engraçado ainda é me sentir tão apegada a um homem que praticamente acabo de conhecer. Ele me traz uma paz, exala uma confiança tão grande, uma espécie de felicidade, uma espécie de amor sem muita explicação.

Paro bruscamente ao perceber que já estou em frente à minha casa, os pensamentos me distraíram e não notei que já havia percorrido todo o caminho. Há um carro parado a frente de casa, um carro que não é o de Dan, mas ainda assim, trata-se de um automóvel um tanto conhecido. Sem pensar mais em nada, subo as escadas da entrada de minha casa e entro, a porta está destrancada. Não há ninguém na sala, mas ouço uma conversa alta vindo da cozinha. Jogo minha mochila em um canto do sofá e me aproximo lentamente da cozinha, tentando reconhecer as vozes, logo deduzi que se tratava de duas novas vozes, tirando minha mãe e Dan, vozes extremamente conhecidas.

– Olhe só, ela finalmente chegou! – Dan grita ao me ver parada na porta da cozinha, meu coração saltita de tanta felicidade ao avistar os donos das vozes.

– Acho que temos uma surpresa para você, filha. – sorrio incontrolavelmente olhando para minha surpresa. Erick, meu melhor amigo desde criança, que havia se mudado para outra cidade há muito tempo, está lá, sentado ao lado de sua mãe. Não digo nada, apenas me dirijo praticamente correndo até ele, que se levanta, e assim como eu, quase corre ao meu encontro. Ao abraçá-lo, meu coração saltita de um misto de alegria e conforto, a saudade que antes me matava, agora já não existe mais.

– Pensei que tivesse morrido, sua irresponsável. – ele sussurra em meu ouvido enquanto me aperta em seus braços. – Nunca mais me ligou.

– Quem resolveu se mudar primeiro foi você, não me culpe. – respondo com um sorriso inacabável nos lábios. – Estou sonhando, não é?- pergunto a todos sentados a mesa, me soltando do abraço de Erick.

– Foi uma pequena surpresa, meu amor. – diz a mãe dele, levantando-se e vindo me abraçar. Meu Deus, quanta saudade eu estava deles! – Onde está seu pai? – pergunto me virando para Erick, que sorri tanto quanto eu.

– Sabe como aquele velho é viciado em trabalho, não é? – ele passa os braços por minha cintura e me laça em mais um abraço. Sua mãe volta a se sentar à mesa, todos nos olham, com o mesmo sorriso bobo em seus lábios. Erick me aperta em seus braços e beija meu rosto de um jeito extremamente fofo, que me faz fechar os olhos e sorrir instantaneamente. Noto que ele mudou muito desde a última vez que o vi, muito tempo atrás. Seu cabelo negro é lindamente bagunçado, o que até mesmo faz-me lembrar de Jessie, seus olhos são de um castanho escuro e por seu rosto, noto uma barba rala, lindamente mal feita, despojada, a sinto em meu rosto quando me beija. Passo a mão em seus cabelos e percebo como são macios. – Estava com tanta saudade de você. – ele sussurra em meu ouvido, o que me causa cócegas, me fazendo rir.

– Eu não estava... – brinco me soltando dele, mexendo em meu cabelo. Olho para Dan o noto sorrindo enquanto olha para mim, me lança um piscar de olhos.

– Ah, então eu sinto lhe informar, - Erick se apoia em meu ombro, rindo. – Mas eu vou morar com você a partir de hoje. – aquela notícia literalmente faz meu coração parar.

– O QUE?! – literalmente grito, meu coração se enche de alegria apenas ao pensar em ter meu melhor amigo novamente ao meu lado diariamente. – Como isso é possível?

– Eu conto... – Dan se manifesta. – A mãe desse bonitão ai, ligou para sua maravilhosa mãe para pedir algum conselho, pois esse mesmo bonitão disse que não queria mais estudar na escola em que estudou por todos esses anos. – o jeito como meu padrasto conta, faz todo mundo rir. – Nisso, sua amada mãe teve a ideia de chamá-lo para vir estudar aqui, na sua escola, pois notamos que não há muito entusiasmo de sua parte para o novo colégio. Ela veio até mim, contou sobre a proposta, e decidimos que está tudo bem, pois temos outro quarto sobrando, e lhe fará bem. Pronto, falei. – ele ri ao terminar seu mini stand up.

– Isso é verdade? – eu pergunto, olhando diretamente para Erick.

– Se não me quiser aqui, não tem problema, eu pego minhas coisas e vou embora. – ele zomba e me bate no ombro.

– Essa é a melhor notícia que podem me dar! – grito, pulando nos braços de Erick, que me segura e mais uma vez beija meu rosto. Tudo pode se tornar tão mais fácil com ele ao meu lado, me ajudando e me dando o apoio que sempre me deu.

Confesso que Erick foi meu primeiro e até mesmo único amor a muito tempo atrás. Com o tempo, ele namorou uma das minhas amigas, Julie, e acabou deixando as coisas um pouco confusas. Nossa amizade foi um pouco desgastada nesse tempo, mas nunca houve o real motivo para que realmente terminasse. Em meio a todo esse tempo que ele foi embora, diversos garotos apareceram em minha vida, alguns mais marcantes que outros, mas sempre senti que nunca aconteceu a mesma coisa, o mesmo sentimento que Erick me proporcionava. Bom, até conhecer Jessie...

– Mas o que os senhores estão fazendo aqui? – pergunto a Dan e minha mãe saindo do transe que havia entrado. – Não era para vocês estarem no trabalho?

– Vamos entrar mais tarde hoje. – responde Dan, como sempre muito engraçadinho. – Temos horário de almoço também, sabia?

– Falando isso, já está na nossa hora. – minha mãe se levanta apressadamente de sua cadeira, assustando a todos, mas causando inúmeras risadas também.

Nesse momento, todos ajudaram a arrumar a cozinha, Erick se despediu de sua mãe, minha mãe e Dan vão ao trabalho deixando a casa apenas para nós.

– Vamos ter que assistir algum filme. – diz Erick se jogando no sofá logo após eu trancar a porta. – O que acha?

– Com certeza! – exclamo me jogando ao seu lado.

– Porque tão longe? – ele ri, se aproximando de mim e passando seu braço por trás de meu pescoço, me abraçando. – De verdade, eu estou morrendo de saudade. – seus braços com certeza se fortaleceram desde a última vez que o vi. Percebo que seus músculos estão meramente nítidos, definidos.

– Tudo bem, eu confesso que tamb... – começo a dizer, mas não consigo terminar a frase. Uma onda de tristeza, medo e desespero invade completamente meu interior. Sinto novamente aquele mal estar que senti mais cedo, na escola, e tudo começa a girar. Sinto minha pele gelar e tudo ao meu redor escurecer. Meu corpo amolece e caio diretamente ao colo de Erick. Sinto seu toque, ouço sua voz, mas não há força em mim para conseguir lhe responder. Em um de repente tudo se torna escuridão.

A escuridão, aos poucos, vai se transformando em uma imensidão de água, mas algo me prende em meio à imensidão azul que me encontro. Sinto água entrando por minhas vias aéreas, não consigo me mover, a morte vai me tomando, sem explicação alguma. Em algum lugar perdido, Erick grita meu nome, mas não consigo me localizar, tudo está muito perdido no momento. Até que repentinamente, começo a conseguir boiar, algo vai me puxando para cima, a voz de Erick vai ficando mais forte a cada centímetro que consigo subir, mas não consigo me desprender daquilo que me mantém refém, por mais que tente desesperadamente.

Consigo chegar à superfície daquela imensidão de água, consigo finalmente respirar, gritar, mas ainda estou presa. Avisto uma margem onde há duas pessoas, uma está de joelhos, provavelmente com suas mãos amarradas para trás, enquanto a outra segura seu cabelo e faz movimentos bruscos e violentos contra a pessoa que está de joelhos. É uma imagem muito forte, não consigo decifrar o que acontece, em minha mente apenas há a ideia de o quanto aquilo é horrível e desumano.

Continuo me debatendo e consigo me locomover para mais perto da margem, sentindo minha barriga doer arduamente com a aproximação.

Um grito se forma e escapa bem do fundo de meu peito ao reconhecer as pessoas que estão à margem. Erick está amarrado, tendo sua cabeça arremessada violentamente contra uma pedra, há sangue escorrendo por todo seu rosto, quase não há mais vida em seu ser, mas ainda consigo ouvi-lo balbuciar lentamente meu nome. Em pé, o violentando, está Alan, seus olhos me engolem em sua escuridão, e sua risada ecoa por todos os lados dentro de minha mente. Grito, acabando com a força dos meus pulmões, mas lentamente me sinto sendo puxada pra baixo, engasgo e não sei mais como me livrar da morte. Deixo-me ser levada para baixo e a última coisa que consigo proferir, sem pensar e nem ao menos entender o porque, é o nome de Jessie.


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Notas finais do capítulo

Espero, do fundo do meu coração, que tenham gostado. Não esqueçam do comentário, favorito, acompanhamento, qualquer coisa [...] Agradeço a todos que chegaram até aqui e peço desculpas pela extensão do capítulo, foi o mínimo que consegui escrever. Até o próximo capítulo, aguardo-os ansiosamente. Beijos!