Violetta Castillo

No dia seguinte, como planejado, acordamos todos juntos. Eu tive um belo de um dilema sobre qual roupa vestir. Eu não fazia ideia de onde iríamos, então consequentemente eu não fazia ideia do que vestir. Isso nos custou uma boa parcela de tempo...

— Nathan, amorzinho, o que a maman veste, hein?

Perguntei para meu bebê, que já estava devidamente arrumado e aguardava pacientemente deitado na cama até que alguém resolvesse o pegar.

— Eu não faço ideia.

Suspirei, cansada de ver tantas roupas e achar que nenhuma era a roupa. Seria muito mais fácil se León parasse com isso de "surpresa" e me dissesse logo aonde iríamos, assim eu já teria uma base sobre que roupa deveria usar.

— Vilu, já está pronta?

León perguntou aparecendo na porta do quarto, lhe lancei um olhar fulminante pela pergunta estúpida dele, e ele simplesmente riu! Não é possível que ele ache graça de me ver praticamente arrancando os cabelos...

— Se você me dissesse aonde vamos tenha certeza de que eu já estaria pronta!

Resmunguei irritada. Odeio surpresas!

— Veste algo que faça você se sentir confortável.

Respondeu com uma calma extremamente irritante naquele momento.

— Nossa, muito útil o que você disse, obrigada!

Respondi irônica, porque né...

— Ok... vou escolher sua roupa, então, chata.

Fiz uma careta para ele que prontamente me ignorou e sumiu dentro do closet.

— Shorts, saia ou vestido? — gritou lá de dentro.

— Se eu soubesse aonde estamos indo isso não seria um problema...

— Shorts!

León me ignorou, o que me causou um revirar de olhos impaciente.

— Aqui! Vista isso!

Ele me jogou um short preto de cintura alta, com uma blusa branca, e em seguida saiu do quarto, me deixando ali examinando aquela peça de roupas. Querendo ou não, León sabia aonde estávamos indo; e eu já não fazia ideia. Qualquer que fosse a minha opção de roupa, era um tiro no escuro que eu não estava afim de ver se acertaria o alvo, então peguei aquela roupa e me vesti rapidamente, fazendo um breve lembrete de matar León caso ele me metesse em encrenca.

Quando já estava vestida, calcei uma sapatilha branca e arrumei meus cabelos. Minha maquiagem fora bem básica, apenas um delineador para destacar os olhos e eu estava pronta.

Peguei minha bolsa e em seguida Nathan, que já ameaçava começar chorar.

— Chora não, amor. A mamãe também tá querendo chorar com as armações do papai, mas temos que ser fortes, huh?

Sussurrei em seu ouvidinho, e ele fez um barulhinho com a boca, causando-me uma risada.

Caminhei até a sala e deixei a bolsa no sofá, arrumei Nathan no bebê conforto que estava em cima do piano, e ele logo resmungou de novo. Olhei novamente se ele estava com os cintos de segurança e me dirigi até o quarto de Angel pronta para dar uma bronca nela, porque meu eu interior dizia que ela ainda não estava pronta... (que ironia, não? A pessoa que sequer conseguiu escolher sua roupa reclamando de Angel...).

— Angel...

A chamei enquanto entrava no quarto, mas não a vi. Caminhei até seu closet e em seguida o banheiro, mas ela não estava lá. Então fui ao quarto de Mel, e lá estava as duas com León, fazendo a maior algazarra.

— Bonito isso, não? Vocês já deveriam estar prontas para a escola. — Cruzei os braços em frente ao corpo e arqueei a sobrancelha.

— Pensei que não íamos na aula...— Angel murmurou formando um bico nos lábios.

— Pensou errado, mocinha — Sorri para ela que desmanchou o bico e deu de ombros. — Vamos deixar vocês na escola e depois a Angie vai buscar vocês para ficarem lá na mansão de tarde.

— Por que? Aonde você e o papa vão?

— Pergunta pro seu pai. — Respondi com um sorriso irônico, e olhando para León que revirou os olhos com um sorriso divertido nos lábios.

— Vamos logo, princesas.

As gêmeas não disseram mais nada depois, simplesmente saíram correndo do quarto e León pegou as mochilas de ambas em cima da cama, em seguida me puxou pela cintura, deixando-me completamente sem reação diante a sua atitude.

— Desmancha esse bico.

Ele sorriu, e eu não pude evitar o sorriso involuntário que se formou em meu rosto.

— Melhor assim. — Sussurrou em meu ouvido, e sem dar tempo de receber uma resposta, me beijou.

》》》

Já havíamos deixado Nathan na casa de Angie e papai, e agora estávamos saindo da escola das gêmeas, que graças à minha influência ficaram fazendo perguntas e mais perguntas sobre aonde iríamos e o porquê de elas não poderem ir junto. León soube driblar muito bem as perguntas, no entanto, e no fim eu fiquei sem informação alguma sobre aonde estávamos indo...

A curiosidade estava demais, e eu odiava isso. Digamos que minhas últimas surpresas não tenham sido muito boas... bem, com exceção da notícia da gravidez de Nathan, mas isso fora a única surpresa boa de ultimamente.

No carro ouvíamos apenas o barulho de nossas respirações e a música que tocava baixo no rádio. Eu não sabia aonde estava indo, então resolvi desistir de descobrir e simplesmente aceitar que León não iria fazer nada que me faria, de alguma forma, mal.

Passaram-se alguns minutos, até que senti que o carro estava parando. Olhei para León rapidamente, surpresa com o lugar aonde estávamos.

— Aqui foi onde tudo começou.

Ele disse simples, com um sorriso no rosto e as covinhas perfeitamente desenhadas em suas bochechas. Eu sorri de volta, não tinha como não retribuir aquele gesto, afinal. Eu sabia exatamente o que ele queria dizer com aquela frase.

León saiu do carro e deu a volta, abrindo a porta para mim. Me estendeu a mão e eu rapidamente entrelacei nossos dedos.

— Faz tanto tempo que eu não venho aqui.

Sussurei nostálgica, sentindo uma enorme saudade do tempo em que passávamos todos juntos nos divertindo dentro daquele lugar que definitivamente mudou a minha vida.

León assentiu, enquanto segurava firmemente a minha mão e observava a fachada do Studio On Beat junto à mim.

— Vamos.

Ele disse, puxando-me delicadamente pela mão e caminhando em direção à entrada daquele lugar.

Tudo estava igual à quando estudavamos ali. Exatamente igual. Exceto pelos velhos alunos, que não estavam mais pelos cantos daquele lugar e haviam seguido com suas vidas das formas mais variadas possíveis. A saudade veio com uma avalanche de lembranças, e quando eu menos percebi, já estava embriagada no passado...

— Violetta, seu pai disse para você não demorar. — Ramallo dizia rapidamente. — Você sabe muito bem que eu posso resolver tudo aqui sem a sua ajuda.

— Eu sei, Ramallo. Mas eu realmente quero conhecer melhor esse lugar fantástico!

Respondi entre suspiros, completamente encantada com aquele lugar que em breve seria o lugar aonde eu estudaria música. Meu sonho finalmente estava se tornando realidade.

Fiz a melhor cara de cachorrinho e ele suspirou, assentindo rapidamente e batendo seus dedos no relógio de pulso, indicando que não teríamos muito tempo. Eu assenti e plantei um beijo em sua bochecha, em seguida vi ele se afastando para ir até a sala do diretor do local terminar minha matrícula.

Voltei o olhar para o Studio, dando uma voltinha e observando tudo e todos à minha volta. A energia daquele lugar era incrível, e eu me sentia incrivelmente fascinada como qualquer outra pessoa que entrava naquele local e sentia-se como se fosse um crime ter que sair dali.

Comecei a caminhar sem rumo por ali, afinal eu não conhecia praticamente nada do lugar. A primeira porta que eu decidi entrar estava cheia de alunos com diversos tipos de instrumentos, concentrados em manter a melodia de uma música incrivelmente bela que soava por todo o ambiente. Me vi sorrindo no mesmo momento. Era tudo tão fantástico...

— Hey, quer tocar teclado? Estamos precisando de um tecladista mesmo!

Uma moreninha perguntou, com seus incríveis olhos verdes exalando uma simpatia enorme. Me vi perdida em suas palavras, estava tão ocupada observando o local e ouvindo a melodia, que sequer percebi que os olhares agora estavam todos voltados para mim.

— Uuh... ehr... eu...— estava nervosa, e as palavras simplesmente desapareceram me deixando totalmente muda.

— Hey, tudo bem! — Uma ruiva disse com um sorriso gentil. — Não precisa tocar se não quiser. Você é nova aqui, certo? — Assenti, incapaz de pronunciar algo pois os olhares continuavam concentrados em mim. O incrível foi que, por mais constrangedor que era ser encarada por tantos olhos, eu me sentia bem em estar ali. — Eu sou a Camila, mas pode me chamar de Cami. Seja bem-vinda ao Studio!

Esse lugar fora onde tudo definitivamente começou na minha vida... tudo começou entre essas paredes...

— Sabe por que eu te trouxe aqui? — León perguntou, apoiando o queixo em meu ombro. — Além, é claro, de lhe trazer ótimas lembranças. — sorrimos.

— Não...— Sussurei, limpando uma lágrima solitária, porém de felicidade, que havia caído de meus olhos.

Me virei para León e ele imeditamente pôs uma de suas mãos em minha cintura, enquanto a outra entrelaçava nossos dedos. Ele se aproximou mais, grudando nossas testas e fazendo com que nossas respirações se tornasse apenas uma, em seguida sussurrou:

— Porque, meu amor, foi aqui que a nossa história começou. — Ele disse me encarando calmamente, com um sorrisinho brincando no canto de seus lábios. Eu apenas o observei, encarando aqueles olhos que no momento estavam me fazendo tantos pedidos implícitos e incapazes de serem desvendados...— Porque foi aqui que eu esbarrei, definitivamente, no amor da minha vida; porque foi aqui que eu percebi que encarar esses seus belos olhos castanhos se tornou imeditamente o momento mais esperado do meu dia; porque foi aqui que eu percebi que eu estava perdidamente apaixonado por você, Violetta; e foi aqui que eu te pedi em namoro pela primeira vez e, é aqui que eu quero te fazer um outro pedido que tenho certeza que irá mudar nossas vidas. Para melhor, é claro.

Meus olhos ansiavam por permitir que as lágrimas caíssem. Depois de todas as coisas que aconteceram; todas as coisas pelas quais sofremos; enfrentamos; e, por fim, superamos, León estava aqui, na minha frente, se declarando para mim. Eu estava nervosa e apreensiva com toda a situação, e depois de lembrar que ele ainda estava esperando pacientemente por uma reação minha, eu respondi:

— Que pedido?

Perguntei em um murmúrio e incapaz de elevar a voz, pois eu sabia exatamente que falar mais alto consistia em deixar que as lágrimas rolassem livremente...

— Aceita se casar comigo?

Dessa vez eu não me importei em segurar as lágrimas.