Garota Desastre escrita por Principessa V


Capítulo 11
Índios e Indianas


Notas iniciais do capítulo

Ragazzas, per favore, mil desculpas!
Nos falamos embaixo que vocês devem estar com saudades da Nay, devo dizer que o capítulo não está tão engraçado, mas meu coração doeu ao escrever.
E dedico esse capítulo à Jules e sua recomendação linda (a primeira da história yupi o/ ).



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Eu quase estava botando cartazes por aí com a chamada “Procura-se um índio experiente em dança da chuva”, porque, meu amigo, não era brincadeira o calor, e olha que estava de noite. Já tinha me remexido mais na cama do que alguém com ataque epilético, o lençol já estava no chão e eu tinha começando a me irritar com tudo. Minha pele estava grudenta.

Depois de jogar Jennifer dentro de um táxi junto com Eddie e os manda-los para onde a curva faz o vento – sim, pois onde o vento faz a curva ainda é perto demais –, eu e Nathan viemos para casa, afinal, aquela ameba ia dormir no meu lar, doce lar. Já bastava por uma noite tudo que eu tinha passado, principalmente porque, quando Jennifer desmaiou, Rafael veio quase correndo me ajudar e, depois de jogar a ruiva falsa no chão, mostrei meu dedo do meio pra ele.

— Eu só quero ajudar. — Rafael se defendeu enquanto eu levantava.

— Liga pro prefeito e diz que toda vez que alguém precisar de ajuda é pra ele colocar um sinal luminoso no céu dizendo: Chamando Babaca. Aí vai poder ajudar muita gente. — Os amigos dele começaram a rir e desdenhar dele, então simplesmente me virei e saí, indo chamar um táxi.

Limpando minha cabeça das lembranças da noite me levantei e tirei a camisa, senti um certo alívio, mas não foi o suficiente. Como tinha jogado meu despertador pela janela, não tinha nem ideia de que horas poderiam ser, então simplesmente abri a janela, quer dizer, se um ladrão entrasse e começasse a procurar coisas de valor, é bem provável que eu fosse ajudar, por que ainda não vi nada que valha muito à pena.

Me joguei de novo na cama e tentei dormir, contudo nem o pouco vento que vinha da rua ajudou e, depois de uns quinze minutos, voltei a me levantar e desci, indo até a cozinha beber água. Fui até lá, peguei um copo e enchi com água bem gelada, deixei a geladeira toda aberta, por que só assim pra esfriar um pouco meu corpo, até os bicos dos meus seios se contraíram levemente com o ar que vinha dela.

Admito que demorei mais do que deveria, aproveitando aquele momento agradável antes de subir de novo e, quando abri os olhos e me virei, percebi que Nathan estava ali, apenas com um short preto, que fazia com que sua pele branca ficasse ainda mais destacada, principalmente com o suor que brilhava ali, seu cabelo estava bagunçado e o rosto parecia... Parecia... Admirado.

Lembrei que estava sem sutiã e meu braço foi mais rápido que minha mente, jogando água, com gelo e tudo, na cara dele. Nathan pareceu acordar e eu cobri meus seios com o braço. Por algum motivo eu estava constrangida, não fazia muito sentido, já que eu já tinha ficado nua em situações mais... Constrangedoras, e não tinha ficado assim. Nathan lambeu os lábios molhados me olhando e soltou uma risada rouca. Engoli em seco. Ele se aproximou antes que eu pudesse dizer algo.

— Não se preocupe, Nay, eu não mordo. — A voz de Nathan parecia cinco vezes mais grave e meu estômago se mexeu.

— Eu não me preocuparia nem se mordesse.

— E por que não? — Ele sorriu e eu senti vontade de bater naquela cara bonitinha.

— Uma vez uma cobra me mordeu, depois de cinco dias sofrendo e agonizando, a cobra morreu. — Expliquei e Nathan riu.

— Ahá, eu assisti Mercenários, quem falou isso foi o Chuck Norris e são três dias, não cinco. — Nathan apontou, sorrindo.

— Ahá, eu sou filha do Chuck Norris, por isso demorou cinco dias, meu sangue não é tão potente quando o de papai. — Sorri falsamente e fui colocar o copo na pia.

Nathan ficou olhando cada movimento meu como se estivesse prestes a comer, dançar a balalaica, fazer o passinho do romano ou fazer alguma coisa que eu não ia gostar e que ele ia se arrepender. Eu apostava na última opção, apesar de que ia amar ver ele dançando o passinho do romano. Acabei me irritando com aquela atenção toda, então tive que reclamar.

— Pare de me olhar assim.

— Você parece o paraíso.

— Se olhar muito o paraíso vai acabar achando o inferno.

Nathan sorriu, mas logo em seguida ficou sério e se aproximou um pouco mais, ficando a uns dez centímetros de mim. Fiquei irritada por ter que olhar para cima para encara-lo, ele realmente tinha crescido bastante, desci o olhar por seu peito e, é, uma ênfase no bastante seria bem-vinda, o que só me fez ficar mais irritada, mas meu estômago tornou a se mexer.

— Se você fosse o inferno, eu seria o primeiro da fila. — Engoli em seco e apertei mais o braço em volta dos seios, aquela conversa não estava indo por um caminho que eu gostava. — Nayana, olha, você sabe que eu sempre gostei de você e... — Interrompi.

— Vou poupar seu fôlego: o problema é seu ter se apaixonado por mim, ou qualquer coisa assim. Eu te beijei hoje pura e simplesmente por uma encenação, nada mais, não vai acontecer de novo, eu odeio você, ok? Eu odeio todo mundo e isso não vai mudar. Portanto foda-se o que você sente. — A cada palavra cheia de indiferença que saia da minha boca, o olhar dele se tornava uma intensa mistura entre uma triste melancolia e raiva comedida.

Meu corpo coçou por sair dali, por isso circundei ele e caminhei para fora da cozinha. Não que eu tenha ido longe, meu braço foi puxado com força e senti minhas costas colidirem com a parede, não forte o suficiente para doer, mas com força o suficiente para me deixar confusa.

— Porque? — A voz dele mostrava o quanto ele precisava de uma resposta, eu poderia muito bem ter ignorado, claro, se a raiva não tivesse começado a queimar por meu corpo.

— Porque? Porque?! — Eu sabia que minha voz estava meio descontrolada, mas não pude evitar. — Que pergunta ridícula, já deveria saber a resposta, Sr. Campos. Isso é tão idiota, você chegar a pensar que pode me conquistar ou algo assim, justo você! Você que é uma das últimas pessoas na terra com quem eu me relacionaria de qualquer forma que fosse.

Ela fechou os olhos, mas não me largou, continuei pregada contra a parede pelos seus braços fortes, mas fiquei parada, esperando que ele assimilasse o que eu tinha dito e esquecesse de uma vez por todas que eu existia, que esquecesse o que sentia por mim. Eu só queria ser deixada em paz. Não queria os meninos, nem Jennifer, nem Nathan, nem ninguém perto. Só queria ficar sozinha.

— Isso é por causa do seu pai? — Ele perguntou quase num sussurro, fazendo com que eu perdesse o ar por alguns segundos.

— Não. Não é por causa dele. — Falei e Nathan olhou em meus olhos, o encarei diretamente, para que sentisse a sinceridade nas minhas palavras. — Não é por causa dele, é você. Eu tenho nojo de você, nojo. Você me faz querer correr para o outro lado de onde quer que você esteja, desviar o olhar apenas para não ter que ver sua cara. E, o que mais odeio em você, é que você até pode ser todo “não odiável” para outras pessoas, mas isso só me faz detestar mais você. Cada gesto, a forma como fala, como anda, como sorri... Tudo isso me dá nos nervos, me estressa, eu sinto meu estômago se remexer só de te olhar. Eu só quero que você suma.

Quase pude ver o coração dele se partindo a cada palavra, mas aquilo não me incomodou. A verdade é que não me senti mal por ele estar sofrendo, o que me deixou mal foi a mina reação a isso, ao invés de ficar contente, a única coisa que senti foi vontade de virar o rosto e não olhar mais a dor dele. Ir embora dali era meu único pensamento. Ele pareceu que ia dizer algo quando ouvimos passos na escada e ele me soltou.

— Mas que... — Minha mãe apareceu na cozinha, o que me lembrou que meus seios estavam à mostra – por isso usei meu cabelo para cobri-los, e ficou olhando de mim para Nathan e, por fim, parou em mim, parecendo horrorizada. — Nayana! Mas o que...

— Mãe, realmente não é nada do que você está pensando, eu...

— Eu não estou pensando, minha querida, eu estou vendo. — Ela bufou e caminhou até mim parecendo zangada. — Quantas vezes já falei para fazer uma trança antes de dormir? Sabe o quanto é difícil desfazer todos os nós que se formam nessa sua cabeleira? — Abri minha boca, mas fechei, não tinha como argumentar contra, o que só pareceu deixa-la mais zangada.

— Desculpe, tia, acho que é culpa minha. A Naya estava de trança, só que eu fui fazer uma brincadeira e puxei o cabelo dela e a liga que prendia quebrou. — Nathan me defendeu, mesmo depois de tudo que eu disse, de qualquer forma, peguei a deixa.

— É verdade, mamadi. — Falei e me forcei a soltar uma risada. Maya relaxou, e suspirou.

— Desculpe, querida, não queria brigar com você, mas você sabe que seus cabelos realmente ficam horríveis embaraçados e que dá muito trabalho pra desembaraçar ser quebrar os fios. — Eu assenti e ela sorriu, me dando um beijo na bochecha em seguida. — Eu só vim pegar um copo de leite, então se me derem licença...

— Eu já estava indo deitar, de qualquer forma. — Falei e Nathan disse um “eu também”, seguimos juntos, em silêncio.

Eu não entendia o porquê de ele me ajudar depois de eu ser tão cruel com ele, e isso me irritou, aparentemente tudo que ele fazia realmente me irritava, até o fato de ele me irritar me irritava. Fechei a cara e, ao chegar perto da porta do meu quarto, virei para ele, que vinha mais atrás.

— Eu não vou dizer obrigada.

— Não estou pedindo isso. — Foi o que eu escutei antes de ele bater a porta do quarto de visitas.

Bufei e bati a minha porta também.


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Notas finais do capítulo

Benne, como todas sabem, estou de novo na Itália, ajudando mio pai, quase non me sobra tempo e, o pouco que tenho, fico tão cansada que só penso em dormir, ou descansar de alguma forma. Virei praticamente um zumbi, por que mio pai precisa de mim para praticamente tudo, então...
De qualquer forma minha maior preocupação era vocês aqui esperando por mais um capítulo, me desculpem mesmo, io não queria demorar tanto.
Esse capítulo está pequeno, io sei, e meio triste também, mas espero que tenham gostado. A Nay foi especialmente cruel hoje, não é?

Beijinhos :*