Não consigo mais chorar, tudo que posso fazer é sentir a dor, dor pela perda de Felicity e por descobrir que Ray é um canalha, dor por ter sido tão estúpida e ter entregado o meu coração a um homem que nunca vai ser completamente meu.

"Talvez ele aprenda a me amar um dia."

Se Felicity estivesse aqui, estaria com raiva por apenas pensar em aceitar menos do que o amor incondicional de Ray, ou de qualquer outro homem ou mulher.

Masoquista como sou puxo as fotos de debaixo do sofá, onde coloquei quando destruí o apartamento quando percebemos que Felicity sumiu.

Acaricio o rosto dela na foto. Connor, ela e eu no Big Belly Burger. Algo molhado pinga na foto e percebo que são minhas lágrimas.

— Eu não consigo mais chorar! Eu não aguento mais essa dor! - Grito para o teto. - Não aguento mais esse sofrimento, eu não quero sentir.

Meu peito dói tanto que é difícil respirar. Reunindo uma força desconhecida, me levo para a cama onde me enrolo numa bola.

(...)

Me viro e sinto um corpo quente ao meu lado. Sento rapidamente pronta para atacar e respiro aliviada quando vejo que é Connor dormindo com uma história em quadrinhos nas mãos.

Ouvindo barulhos na cozinha e levanto irritada.

— O que faz aqui Oliver?

Ele continua cozinhando e aponta para um prato na frente dele.

— Coma.

— Oliver...

— Nyssa, você precisa comer. Felicity não me perdoaria se soubesse que nos descuidamos assim, que deixamos a nossa vida parar quando ela sumiu. O Connor está péssimo, eu e você não estamos muito melhor, na verdade estamos todos definhando sem ela e Roy parece a ponto de explodir a cada dia que passa e não temos pistas de onde ela estaria.

— Eu sei Oliver, sei que você está mal pela falta que ela faz, mas imagine só que ela armou um plano para se vingar de alguém por um homem que ela amou, ainda amasse talvez e então você percebesse que nunca vai se comparar a ele.

— Eu entendo seu ponto, mas Nys... Você armou todo um plano para se vingar de Merlyn e se não fosse pelo amor de Sara por Thea, você a teria matado sem hesitação. Você agora o culpa por fazer algo que você também fez.

Assinto triste e me sento para tomar meu café da manhã. Connor vem e me dá um abraço apertado. Meus olhos ardem e me pergunto como me afastei desse menino incrível.

— Hey tia Nys.

— Hey baby. Como está indo?

Seus olhos vêm para mim brilhando com lágrimas.

— Saudades da mamãe, mas levando. O papai está pior que eu.

Olho para meu sobrinho emprestado e beijo seus cabelos.

— Achei um álbum de fotos da Felicity e os cabelos dela eram pretos como os seus, dá até para confundir ela com sua mãe biológica.

Ele sorri para mim mesmo que minhas palavras provoquem sentimentos agridoces nele.

— Legal. - Sussurra para seu prato.

O café termina em silêncio.

(...)

Olho para o teto do quarto enquanto penso no que Oliver me falou pela manhã, ele tem razão.

Minha porta bate e sei que ele voltou. A nossa conversa ainda não terminou.

— Nyssa. - A voz de Oliver é seria e sei que não veio aqui para me incentivar a viver ou pelo menos tentar. - Precisamos falar sobre o que descobrimos ontem.

— Não.

Respondo levantando da cama e indo para a cozinha.

— Eu não estou te dando uma escolha. - Olho para ele e cerro o maxilar. - O Ray, eu conversei com ele hoje e o Roy e a Laurel tinha razão sobre ele ter sido manipulado sobre quem quer que seja esse homem.

— Ele ainda ajudou a levarem a Felicity para longe de você.

Seu corpo tensiona e ele respira fundo.

— Não estou aqui para falar sobre essa parte das ações do Ray.

Dou um soco na parede e me viro para Oliver.

— E sobre que parte vamos falar?

— Você o ama. - Olho para ele e tento ficar impassível. - Mesmo que não queira, o ama. Não estou aqui para justificar as ações dele porque você sabe que eu ainda quero matá-lo por tirar minha loirinha de mim. Nys, ele te ama mesmo que você duvide agora, eu não faço por que vi nos olhos dele quando conversamos. O Roy o machucou para caramba antes de convencê-lo a contar o que sabia sobre o desaparecimento de Felicity por que seja lá quem forem essas pessoas, eles iam TE machucar.

— Não...

— Sim Nyssa, ele apanhou muito tentando te proteger, quando você pode se proteger sozinha. Você manteve sua identidade dele é sei que teve os seus motivos e não vou questionar eles, mas agora ele já sabe quem é você e está aliviado que não podem mais te machucar para o impedir de nos ajudar a encontrar minha loirinha.

Suspiro de alívio, só não sei se é por que enfim temos chances de achar a Felicity ou por que não preciso mais esconder quem eu sou do Ray.

— Estou feliz por isso.

— Você está magoada e eu entendo, não sou a pessoa mais indicada a te aconselhar, mas deixe um pequeno espaço no seu coração para perdoá-lo, se permita ser feliz de verdade uma vez na vida.

Olho para meus dedos e para a janela.

— Não posso continuar sendo machucada Oliver, eu o amo e saber que ele não me ama, ao menos não como amou sua noiva... Dói, dói demais.

— Eu sei Nyssa, mas ao menos se permita uma chance de tentar e se ele te machucar mais uma vez, eu cedo a minha vontade de assassinar aquele idiota.

Não posso me impedir de rir e ele me acompanha.

— É bom rir. - Sussurro para ele que concorda.

— Eu o quero morto, mas as palavras de Laurel me fizeram pensar e ela tinha razão. Não cabe a mim e nem a ninguém mais decidir como ele deve se redimir. Não vou sentenciar você a uma vida solitária por um erro que ele cometeu.

— O que te fez mudar de ideia?

Ele já estava saindo. Congelado ele não se vira para responder.

— Não seria o homem que Felicity acredita que eu sou.

Com sua resposta, ele sai e me deixa com milhares de pensamentos.

(...)

Não sei quanto tempo faz que estou aqui parada vendo ele dormir nessa cela fria da Star Labs.

— Ray. - Chamo suavemente.

Ele levanta rapidamente e vejo o estrago que Oliver conseguiu captar antes de Barry conseguir tirar ele da cave, mas sem dúvidas alguns dos machucados foram causados por Roy.

— Nyssa baby.

Sua voz suave e o apelido carinhoso são mais dolorosos do que eu imaginei que seria de ouvir.

— Não me chame assim, você não tem esse direito.

Seu rosto cai e ele se aproxima da grade né fazendo dar um passo atrás.

— Eu não queria te machucar. Nunca quis na verdade. Eu acreditei numa mentira por que eu fui fraco, deixei um homem ruim me guiar, mas no final eu tive você e essa é a única coisa que faz eu não me arrepender completamente das escolhas que fiz.

Meu coração dá um salto.

— Eu não confio em você e não sei se um dia vou voltar a confiar.

— Eu sei. - Sua voz soa quebrada.

— Comece nos ajudando a achar Felicity e eu começo a acreditar que você não é de todo, mau. Vai ser um longo caminho antes que eu possa confiar em você outra vez.

— Eu vou provar para você e para todos que eu mereço não só o perdão, como também a confiança e o seu amor.

— Espero que sim. - Sussurro para ele e vou me afastando da cela.

— Eu te amo e sinto muito por te causar tanta dor.

Não dói uma resposta a ele, apenas continuo caminhando e peço a Barry para me levar de volta.

— Obrigada por cuidar dele, mesmo que a sua vontade seja muito parecida com a do Oliver.

Barry sorri para mim antes de responder.

— É o ela faria.

— Sim, é o que ela faria.

Confirmo para as paredes já que Barry já foi.

(...)

Depois de rolar quase a noite toda pela cama, faço uma oração ao começar a cair no sono.

"Que o Ray me ame de verdade e a gente ache Felicity viva e bem."