Chegamos no apartamento, Dig foi para casa e nós subimos. Oliver passou o caminho todo me tocando, como se precisasse desse contato para saber que é real.

Quando entramos no apartamento, ele me puxou para o sofá, a Thea foi para a cozinha e voltou tão silenciosamente que me assustou.

– Crianças estou indo trabalhar. Se comportem, volto pela manhã. Não façam nada que eu não faria... Mas lembrem-se, só no quarto.

Eu corei enquanto Oliver ria e dava língua a irmã, como uma criança, ato que foi retribuído pela Thea. Eu só consegui rir, constrangida pelo comentário dela e extasiada pelo comportamento de Oliver.

Thea mandou beijos e saiu do apartamento.

– Ela é incrível, tão forte.

Ele me diz com um sorriso orgulhoso.

– Ela sempre foi. É de família, a mãe de vocês era, o pai de vocês era, você é, ela não teve para onde correr.

– Ele não era pai dela Felicity.

Oliver me diz com uma careta. Eu imagino o quanto deve doer nele, pronunciar essas palavras.

– Seu pai a criou e a amou, pra mim basta. Deveria bastar para você também.

Ele me dá um meio sorriso, mas que logo é substituído por um de dor.

– O que foi Oliver? Não adianta tentar mentir.

Recebo um sorriso de menino perdido, que é tão sexy que eu tenho vontade de pular em seu pescoço. Mas a sensação passa quando ele começa a falar.

– Quando e acordei, antes de ir para o hospital, Maseo me disse que eu preciso matar Rha's para que Nyssa assuma a liga. Isso é impossível.

Esse Maseo é maluco? Oliver quase morreu, ele foi o único que já sobreviveu a um duelo... Eu entendi. Mas ele pode estar errado.

– Talvez não seja tão impossível assim Oliver. - Ele arqueia uma sobrancelha. - Você é o único que já sobreviveu a um duelo, certo? - Ele assente. - Você viu como ele luta. Conhece os movimentos, agora você tem uma chance de escapar dos golpes, ou seja...

– Eu posso matá-lo. - Concordo sorrindo. Ele ma beija. - Você é a melho namorada do mundo. Eu. Te. Amo.

Nos beijamos até que o ar se faz necessário. Oliver respirou fundo e me olhou nos olhos. Ele tem outra coisa para me contar. Talvez seja ainda pior, do que a primeira.

– A Nyssa sabe que foi a Thea que matou a Sara, e em quais circunstâncias. Ela disse que vai perdoá-la... Se ela entregar o Merlyn.

Eu acho que estou doente... A Thea nunca vai entregar o pai.

– Ela não vai fazer isso. - Eu falei convicta.

– Eu disse isso ao Maseo, ele me aconselhou a contar o resto da verdade.

Mas talvez assim, ela o entregue.

– Eu não tenho certeza, mas...

Ele me interrompe.

– Temos que contar para a Laurel. - Ops... - Felicity...

– Eu contei tudo que eu podia, eu queria me libertar... Não de você, das mentiras. Eu precisava fazer isso. E aliás, ela não reagiu tão mal.

Ele me olhou incrédulo.

– Estamos falando da mesma Laurel?

– Ela teve que amadurecer.

FLASHBACK ON

Faz dois dias que contamos para a Thea sobre o Oliver. Ela reagiu tão mal quanto o esperado. Agora eu vou contar a Laurel algo que vai fazê-la reagir muito pior que a Thea.

Estou sentada na minha cadeira, olhando para o uniforme do arqueiro e tentando me conter para não chorar. Começo a criar coragem para comunicar Dig e Roy da minha decisão, o que vai ser uma guerra, ainda pior do que quando eu queria contar para a Thea sobre o Oliver, mas eles querendo ou não, eu vou contar. Chegaram.

– Oi... - Disse baixinho.

– Oi Fel. - Disse o Roy sentando na maca, enquanto o Dig beijava minha cabeça. Arqueio a sobrancelha para ele que responde com a voz rouca. - Gripe. - Respiro fundo e começo a falar.

– Eu vou contar a Laurel sobre a morte da Sara.

– Não vai não.

Falou o Dig andando de um lado para o outro. Roy suspirou na maca.

– Ela não quer nosso apoio Dig, ela está no informando de sua decisão. Vai fazer de qualquer jeito né?

Ele me olha com um pequeno sorriso, retribuo.

– Sim. Só queria saber se vocês vão ficar ou não.

Roy abre a boca, mas quem responde é o Dig.

– Vamos ficar. Ela pode... - Eu o olho cética. - Ela vai reagir mal e pode querer te machucar.

– Como se eu fosse ligar para ela me machucar. - Recebo um olhar atravessado dos dois, me corrijo. - Desculpe. Vai ser bom ter vocês aqui na hora, ela já deve estar chegando.

E assim ficamos em silêncio até que a Laurel desceu as escadas com um sorriso no rosto. Hora da verdade. Tranco a caverna e mudo a senha rapidamente. Ela só sai daqui depois de estar calma.

– Oi... Cadê o Ollie? - Ela perguntou quando viu a roupa do arqueiro no lugar e só nós três lá, olhando para ela. Começo a falar.

– Bom, não sabemos exatamente onde, mas ele deve estar lutando com o pai da Nyssa, Rha's Al Ghul...

Ela me interrompeu.

– Nyssa? A namorada da Sara? Aquela Nyssa? - Ela pergunta em choque e o Roy responde com sarcasmo.

– E tem outra? Quantas Nyssa você conhece?

Dig que fala dessa vez.

– A liga deu 48 horas para o Oliver achar o assassino da Sara. Como ele não pôde fazer isso, ele se entregou para duelar, e ainda não temos notícias.

Ela fica pálida, até que começa a ficar vermelha e ter uma crise histérica.

– Como assim ele NÃO pôde entregar o assassino da minha irmã? Quem foi? QUEM FOI?

O Dig volta a falar.

– Você já ouviu falar de uma planta chamada **obedecer y olvidar**? Obedecer e esquecer?

Laurel negou com a cabeça e Roy respondeu.

– É uma planta da América do Sul. A pessoa que matou a Sara, estava sobre efeito dessa droga. Recebeu a ordem de matá-la e fez, só que depois ela esquece disso. Então o Oliver não disse quem foi.

Ela está num choro silencioso, que eu sei que expressa: raiva, dor, angústia, incompreensão... Sentimentos ruins. Laurel toma respirações profundas antes de olhar para nós.

– Vocês também sabem quem foi... - Assentimos. - E estão protegendo o assassino da nossa Sara?

Golpe baixo, não estamos protegendo quem matou a Sara, mas sim, alguém que foi usado para isso. A irmã do amor da minha vida e o amor de um dos meus melhores amigos. Thea Queen.

– Não é bem assim Laurel. A pessoa estava drogada e não se lembra. - Replicou Dig, já perdendo a paciência.

Ela assente e suspira. Foi fácil demais.

– Quem foi? Eu mereço saber. - Ela pergunta baixinho.

Eu respondo, mas antes olho para meus rapazes. Dig, preparado para contê-la e Roy, se apoiando na maca.

– A Thea.

Ela arfa e cai de joelhos no chão.

– Então tudo isso é mentira, ela se aliou ao Merlyn, e assim matou a Sara. Como ela é irmãzinha do Oliver, ele não a entregou, não a fez pagar, mas eu vou.

E dito isso, correu para as escadas, os rapazes iam atrás dela, os impedi. Laurel desce a escada e vem na minha direção. Fico cara-a-cara com ela.

– Abra. - Não me movi. - ABRA!

– Não. - Respondi com toda calma que tinha. Ela deu um passo na minha direção. - Vamos Laurel, faça algo. Eu não vou abrir, eu não vou deixar você machucar uma pessoa inocente. A Thea é inocente. Merlyn a usou como arma, o real assassino da Sara é ele.

Ela me olha confusa e Roy responde.

– Merlyn tinha uma dívida com a liga, e o pagamento é a morte. Usou a Thea para fazer o Oliver se entregar no lugar dela, e pagar sua dívida. Você deve estar se perguntando: como assim? Simples, por Merlyn ser pai da Thea, ele o considera também família do Oliver. Ele se entregando para a liga, perdoa a dívida de toda a sua família. A liga culparia a Thea, mesmo ela estando drogada naquele dia. E você quem vai culpar?

Eu acho que finalmente a Laurel está entendendo, a compreensão brilha em seus olhos.

– Eu culpo Merlyn. - Soltei ma respiração que não sabia que estava segurando e vi Roy e Dig suspirarem aliviados. - Então o Ollie se entregou, para salvar a Thea que foi usada para matar a Sara?

Sua voz quebra no final e ela começa a chorar, envolvo meus braços em torno dela. Não sei quanto tempo fiquei consolando a Laurel e chorando também. Pareceram horas, até que ela começou a se acalmar e se soltou do meu abraço me dando um sorriso.

– Eu já vou.

Ela diz, os rapazes me olham e eu dou um aceno de cabeça quase imperceptível e olho para ela.

– Eu te levo.

Ela riu antes de começar a falar.

– Eu não vou atrás dela Felicity, só preciso descansar para assimilar tudo.

Eu aceno que sim.

– Eu acredito em você, mas preciso conversar algo com você.

Me despedi dos meus rapazes recebendo um beijo na testa de cada um, e um "cuide-se". Chegamos ao carro num silêncio calmo, já estávamos em movimento quando decidi falar.

– Contamos a Thea sobre o Oliver, mas não que...

– Ela matou a Sara.

Ela me interrompe de forma seca e eu respondo de forma quase violenta.

– Merlyn injetou uma droga nela.

Laurel assente e eu tento recuperar a calma, antes de voltar a falar.

– Ela não precisa que você a trate friamente por algo que ela não sabe que fez e que não teve escolha.

– Eu sei. Sinto muito. Eu devo viajar uns dias com o Ted, ele me fez um convite a pouco tempo.

Ela me diz com sorriso tímido, retribuo.

– Vá em frente, você precisa. Tchau.

– Tchau Felicity.

Ela me disse já batendo a porta do meu carro.

FLASHBACK OFF

Quando terminei de contar ele estava com uma expressão indecifrável no rosto. Eu odeio isso, não sou capaz de ler seus sentimentos, ou saber o que ele está pensando.

– Oliver? - Pergunto, meio com medo de sua reação. Mas foi definitivamente, o contrário do que eu esperava.

– Obrigado. Eu estou tão orgulhoso de você.

Oliver me disse isso com um sorriso tão lindo, que fui incapaz de não retribuir.

– Amanhã. - Eu disse decidida.

– O que? - Ele perguntou confuso. Só pode ser brincadeira, Oliver é ainda mais lindo confuso.

– Contaremos a Thea, e eu estarei segurando sua mão.

Ele sorriu e começou a me beijar.