Tóquio escrita por Ayshi


Capítulo 2
Por que tanto sofrimento?


Notas iniciais do capítulo

... Não sou muito de falar, então ao capítulo.



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Tóquio, Japão. 5 de agosto de 1970

Por alguns momentos, Connor se imaginou morto. As vistas estavam escuras e o ambiente muito frio. Ele percepeu que esquecera de abrir os olhos.

Mechas vermelhas caíram sobre a sua testa e ele sentiu um leve aroma de cookies e leite. Inny ainda dormia profundamente ao seu lado e ele não iria a incomodaria tão cedo. Ela tremia um pouco. Os braços estavam cruzados na tentativa de espantar o frio e as roupas rasgadas não ajudavam.

Tentou se levantar com a ajuda de uma barra de ferro, mas a dor era insuportável.

– Foi uma corrida e tanto - ele sussurrou para o corpo adormecido.

Depois de várias tentativas a dor se amenizou e Connor conseguiu levantar. Explorou o prédio onde estavam e descobriu que era uma espécie de hotel. Recolheu alguns frascos de sabonete líquido e os deixou em um canto. Achou também alguns alimentos que por milagre não apodreceram, quatro facas e um cutelo, relógio de parede (que marcava as oito horas da manhã) e um casaco de lã (que ele imediatamente derrubou sobre Inny).

Ele pegou panelas da cozinha e quebrou várias portas que estavam infestadas de cupim. Fez uma fogueira no hall do hotel, uma tala para a perna machucada e, ao desfiar algumas roupas velhas, conseguiu fazer uma pequena cama de destroços, que ele poderia facilmente enrolar e carregar por todos os cantos.

Estava fritando ovos quando escutou a voz macia de Inny - Bom dia cabelos castanhos. Que belo trabalho você fez por aqui.

Connor apontou o relógio e ela se surpreendeu com o horário. - Podemos até fazer compras - Um sorriso perverso cortou os seus lábios.

Eles andavam sem nenhuma preocupação pelas ruas e ruelas de Tóquio. O asfalto qubrado e erodido não tirava a beleza da cidade. Uma leve camada de poeira cobria os prédios, que em geral eram de uma cor avermelhada. Os neons não piscavam, já que só os mais preparados se safaram e eles com certeza não eram os funcionários da companhia de energia. Nem mesmo o Imperador escapou.

Durante aquela hora do dia os monstros não apareciam, pois o sol estava alto. Inny e ele caminhavam pelo asfalto rachado olhando todas as fachadas e ela ia listando o que achavam.

– Lavanderia. Sorveteria. Restaurante.

Todas essas lojas, infestadas pelos monstros que buscavam uma sombra.

Percorreram vários quarteirões até chegarem a um lugar onde poderiam achar tudo o que precisassem.

– Um shopping!

Aquele lugar estava fechado e eles tiveram que entrar pela porta de emergência. Nenhum monstro se abrigava ali e eles puderam pegar o que quisessem.

– Afinal, achado não é roubado. - dizia Inny - Principalmente quando estamos passando por uma pequena crise geográfica.

Quando saíram do lugar, carregavam uma mochila abarrotada de salgadinhos, garrafas de água e outros itens necessários. Inny já tinha um novo casaco de couro e calças jeans.

– Protetor solar - Connor sempre brincava - Já que só podemos andar no sol, se proteger com fator oitocentos.

Portavam também uma mochila extra para transportar a cama improvisada de Connor.

Quando voltaram ao hotel, Inny derrubou Connor no chão e deitou sobre ele.

– Será que podemos realmente viver assim? - ela estava acariciando lentamente o abdômen dele.

– Com certeza isso não é viver - Connor respondeu colocando a mão na cintura dela.

Tóquio, Japão. Do outro lado da cidade. 5 de agosto de 1970

– Pra trás! - a pequena Jodie gritava para os monstros que estavam prestes a atacar ela e a mãe.

Ela tinha apenas doze anos e estava segurando um belo exemplar de pistola com as duas mãos, enquanto carregava embaixo do braço uma pequena bineca de pano. Os cabelos lisos e negros emolduravam os olhos amendoados, dando a ela o clássico rosto japonês. O vestido rosa estava manchado com gosma e sangue. A mãe estava sentada atrás dela aos prantos.

A casa fora invadida por monstros que estavam fugindo do sol e se surpreenderan com uma bela refeição.

– Sai! - algumas lágrimas brotaram nos cantos dos olhos negros.

Ela puxou o gatilho e mais gosma se espalhou sobre o vestido rosa. Os outros monstros recuaram e receberam vários tiros da pistola automática antes de cairem mortos.

Ela se virou para a mãe enquanto limpava o rosto com a barra do vestido.

– Calma mamãe - as lágrimas irromperam e caíram sobre o corpo do pai que estava entrando em decomposição.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?



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