First Day of Spring escrita por Momorin


Capítulo 5
Surpresas


Notas iniciais do capítulo

Lamento por demorado para postar um novo capítulo. Sei que não demorei tanto assim mas acho que foi o maior tempo entre capítulos até agora. De qualquer forma, saibam que eu vou continuar postando sim! Se eu decidir parar por um tempo, vou notificar aqui.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/577965/chapter/5

– Então esse homem na lua... é como se fosse Deus? – perguntou Fay deitada em sua cama após ouvir a longa história sobre Jack e os Guardiões.

– Eu não sei, e sinceramente acho que nunca vou saber. Só sei que é ele que nos transformou no que somos. – respondeu Jack, andando pelo quarto de um lado para o outro.

– Hm... Por que será que vocês foram escolhidos? – continuou a menina, brincando com suas mechas de cabelo que estavam espalhadas pela cama

– Boa pergunta. Não faço idéia. Norte disse que é porque há algo de especial dentro de nós.

Jack pausou seu raciocínio por um momento ao se por de cabeça para baixo no ar

– Mudando de assunto, o que sua tia quis dizer com “É perigoso para alguém como você ficar fora por tanto tempo?” – Jack perguntou imitando a voz de Wanda, bem convicente por sinal.

Após o ataque de risos, Fay respirou fundo e respondeu:

– É que meu corpo não é dos mais resistentes. Acho que sou mais fácil de ficar doente do que outras pessoas. Mas não é nada demais. Agora já faz um bom tempo que não fico doente. Acho que estou ficando mais forte. – disse Fay, exibindo seus músculos, que na verdade não passavam de pele flácida.

– Aé? Você chama isso de força? – provocou Jack, flutuando para perto da menina e cutucando seu bíceps enquanto ria

– Ora, pode não parecer mas sou muito forte sim senhor – Retrucou Fay

– Aposto que não me vence em uma queda de braço nem que eu use só uma mão e você use as duas.

Jack estava olhando para a garota novamente com aquele olhar desafiador. Ela era tão facilmente atiçada por aquele olhar. Jack achava muita graça nisso.

– Então vem! – respondeu Fay com os braços prontos para a batalha

Jack estendeu sua mão direita para Fay, que imediatamente a agarrou com as duas mãos. Os dois tinham seus cotovelos apoiados na cama. Fay estava deitada na cama da barriga para baixo e Jack se encontrava na mesma posição, no entanto flutuando sob o chão do quarto.

– Um... Dois... Três... E.... Já! – anunciou a menina, usando todo seu poder para abaixar a mão de Jack.

O ínicio foi bem disputado, mas segundos depois Fay estava a 5 centímetros da derrota. Naquela situação, a garota respirou fundo e retirou ainda mais força de algum lugar que ela provavelmente nem sabia que existia. Ela dobrou os joelhos e se pôs sentada, tirando os cotovelos da cama e finalmente vencendo a força do braço de Jack. Porém toda aquela força não fez com que somente a mão de Jack caísse na cama, mas também todo seu corpo, que no ar não exercia tanto peso quanto deveria. Afinal, ele usava o vento para poder voar.

Num piscar de olhos, Fay havia caído para frente e agora estava em cima de Jack. Com os poucos centímetros que separavam os rostos dos dois, Fay pôde sentir como era fria a respiração que sentia em suas bochechas e como os aqueles olhos azuis brilhavam como algum tipo de pedra preciosa, topázios ou talvez safiras? Ela não tinha certeza do nome. Sua pele era perfeita. Parecia ter sido esculpido... Não, era mais do que isso. Uma pele macia daquelas não poderia ter sido esculpida. Pelo menos era o que parecia, pois ela não tocou nem de relance em canto algum daquele rosto para saber se era de fato tão macio quanto aparentava.

Quando ela se deu por ela mesma, ela estava com medo. Será que ele podia ouvir o quão alto seu coração estava batendo? Quantos segundos já haviam se passado?

De repente veio o barulho da porta se abrindo. E todos os seus pensamentos se interromperam com a imagem de Sophie na porta, olhando perplexa para os dois jovens na cama.

– Faith! Ficou maluca? Quem é esse menino? – Exclamou Sophie assustada, tomando o cuidado de fechar a porta atrás dela. Não queria alarmar nenhuma das outras tias que com certeza fariam um escândalo muito maior.

– Tia? Você consegue vê-lo? – disse Fay, levantando-se como um raio

– É claro que consigo, acha que eu sou idiota? O que você pensa que estavam fazendo aqui e agora? Vocês poderiam ter escolhido um outro horário... mais tarde talvez, ou.. ou sei lá! Não sabia que você era assim Fay! Eu nunca nem tinha visto esse menino antes! Da onde ele é?

– Não, não, não! Tia você está entendendo tudo errado! Foi um acidente... – começou Fay aproximando-se da tia, mas Jack surgiu entre as duas.

– Você é mesmo a Sophie? – perguntou Jack, surpreso de ver mais uma vez como o tempo passava rápido no mundo dos humanos.

– O que você quer dizer com isso? Eu te conheço? – Perguntou Sophie, confusa ao ver aquela emoção nos olhos do estranho

– Ele é Jack Frost! Você não se lembra dele? – Fay perguntava enquanto punha mão nos ombros da tia, que parecia cada vez mais assustada.

– Mas do que vocês estão falando?

Em seguida, Sophie estava de olhos arregalados, observando um coelho feito de neve se formar nas mãos do menino e depois sair pulando pelo quarto, até explodir em centenas de floquinhos de neve. Exatamente como seu irmão havia lhe contado há muito, muito tempo atrás.

Sophie caiu para trás, mas foi salva por Fay antes que pudesse cair de bunda no chão.

– Meu Deus... Você... Realmente existe – disse Sophie com os olhos cheios de lágrimas formadas pelas lembranças com o irmão

– Acho que no fundo você já sabia disso – Jack falou ao oferecer sua mão para ajudar Sophie a se levantar.

Novamente de pé, Sophie puxou o menino para um abraço apertado. Ela era um pouco mais alta e não foi difícil apoiar sua cabeça nos ombros de Jack. O mesmo sentimento nostálgico atingiu a mente de Jack: Sophie, de 4 anos, carregada pelos seus braços enquanto dormia, após uma divertida visita à toca do Coelhão.

Fay só observou os dois enquanto sorria, feliz de ver uma reunião entre os dois depois de tanto tempo. Ainda mais feliz por saber que sua tia ainda acreditava.

– O que as duas estão fazendo aí? – perguntou Therry ao abrir a porta do quarto sem bater. – Eu pedi pra você chamar a Fay pra jantar mas pelo visto ficou aí também não é Sophie?

Sophie se recompôs do abraço e ajeitou os longos cabelos loiros, enquanto enxugava as lágrimas que ameaçavam sair de seus olhos.

– Aconteceu alguma coisa? – perguntou Therry com uma das sombrancelhas levantadas.

– Não, só um cisco entrou no meu olho... – respondeu Sophie passando pela porta e por Therry, e por fim acenando para Jack. – Desça logo para jantar Fay! – e a porta se fechou, deixando os dois sozinhos no quarto novamente.

– Bem eu acho que já vou indo... – Jack começou a falar enquanto se virava em direção a janela

– Espere! – disse Fay, puxando a manga da blusa do rapaz – Eu te verei de novo não é?

– Claro, nos veremos por aí – respondeu Jack virando a cabeça em direção a garota

– Não! Não foi isso que eu quis dizer... Não estou te pedindo para me ver mais alguma vez durante a minha vida. Estou te pedindo para vir me visitar. De verdade. – Fay tentou olhar nos olhos de Jack mas acabou desviando o olhar para baixo, com medo de queimar ainda mais as bochechas. – Quero dizer, você é Jack Frost, o que tem tanto para fazer além de provocar uma nevasca ou outra?

– Para ser sincero... Não é como se eu não quisesse ver você novamente. É só que... Eu tento não me aproximar das pessoas. – respondeu Jack também desviando o olhar

– Por que? – Faith agora olhava nos olhos de Jack. Aquele olhar que Jack considerava tão difícil de se evitar.

– Porque... Porque vocês vão embora. – Ele disse num tom irritado, passando as mãos pelo cabelo. – Vocês crescem, suas vidas mudam. E eu... não. Eu sou invisível. Não fui feito para fazer parte da vida de vocês. Nenhum de nós guardiões fomos feitos para isso. Só... protegemos de longe.

Fay então soltou a manga de Jack, afastou-se e sentou em sua cama, perdida em pensamentos. Depois olhou para Jack, agora sentado na janela, parecendo tão perdido quanto ela.

– Não importa – disse ela, finalmente. – Vamos fazer essa experiência, que tal? Você e eu, tentamos ser amigos. Você nunca tentou se aproximar de um humano desde que ficou assim, certo? Uma hora ou outra em sua vida eterna você haveria de tentar. Agora essa hora chegou! – exclamou Fay, animada novamente.

Ela levantou-se e deu as mãos para Jack, que estava começando a deixar-se convencer por aquela idéia absurda.

– Não se preocupe, também vai ser a primeira vez que eu faço um amigo. Eu também sou invisível. – Ela terminou, soltando as mãos de Jack e sorrindo

– Faith! Já falei pra descer! – gritou Theresa do andar de baixo

– Já estou indo! – gritou Fay de volta – Preciso ir Jack. Te vejo em breve não é? – ela perguntou enquanto o menino saía pela janela e pousava sobre a árvore no quintal.

Mesmo dali, Jack sentia aqueles olhos lhe puxando para dentro daquela idéia maluca. Com um suspiro, ele respondeu:

– Sim. Nos vemos em breve. Muito em breve.

Jack já estava voando quando ouviu a voz de Fay:

– E sobre antes... No jogo... – Faith começou a falar mas não conseguiu acabar. Ela só queria se desculpar por aquele momento, ela não queria ter jogado o coitado na cama.

– Eu sei! – respondeu Jack ao longe.

– Sabe? – perguntou Fay confusa. Do que ele estava falando? Será que ele havia notado o coração dela na hora? Ou o jeito que ela ficou encarando o rosto dele?

– Você trapaceou! – disse Jack com o indicador apontando na direção da menina

– Ein?

– É! Você tirou os cotovelos da cama! Aquilo nem foi uma queda de braço. Estava mais para luta livre. – gritou Jack, agora ainda mais distante da janela

– É-É... Verdade... – gaguejou Fay enquanto recapitulava o acontecimento.

Quando ela olhou novamente para céu, seu amigo não estava mais lá.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Em compensação por ter demorado, até que esse capítulo saiu um pouco maior do que os outros.
Obrigada por ler!