Meus olhos não acreditaram no que viam, Percy estava duelando com Clarice, filhas de Afrodite estavam chorando e gritando, filhos de Hefesto estavam correndo de um lado para o outro tentando arrumar os autômatos que estavam no modo idiota, como diria o Léo, e também estavam tentando desligar os protótipos de armas e ferramentas para se usar em guerra, todos haviam se acionado ao mesmo tempo, havia fogo grego em todos os chalés menos em quatro, Atena, Poseidon, Hermes e Afrodite, esse porque estava inundado. Acho que isso explica por que todos os campistas estavam lutando contra esses três chalés. Mas o que mais me irritou foi ver uma bolha de água no meio da confusão com quatro pessoas dentro dela dando muita risada, os gêmeos e os irmãos Stoll, a bolha não deixava qualquer campista acertar as contas com eles e era um camarote para apreciar a confusão. Meus filhos sozinhos por pouco tempo iniciaram uma pequena guerra no acampamento envolvendo todos os chalés.

– Parem já com isso! – gritei, todos dos chalés pararam para me olhar, os quatros continuavam dando risada na bolha, me aproximei lentamente, olhei fixamente para os gêmeos e fiz com a mão o gestos de um, dois e antes de chegar no três a bolha já estava desfeita com eles de cabeça baixa em minha frente – alguém pode me explicar por que está acontecendo tudo isso? – perguntei olhando para os quatro, depois me virei para Percy – Já volto em alguns minutos?!

– Eu posso me explicar – disse ele constrangido – eu pedi que parassem como não me escutaram comecei a desviar a água que eles estavam jogando no chalé de Afrodite, só que acidentalmente acertei Clarice que veio para cima de mim, tive que começar a me defender.

– O que vocês têm a dizer em suas defesas? – perguntei olhando para os irmãos Stoll.

– Foram tudo ideias deles – disseram apontando para Zöe e Damásen – admitimos que colocar fogo grego em um ou dois chalés foi nossa ideia, mas eles que planejaram colocar fogo grego ao mesmo tempo em todos os chalés e desfigurar os autômatos e as invenções dos filhos de Hefesto – eles hesitaram um pouco – inundar o chalé de Afrodite foi plano de última hora de Zöe.

– Deixo vocês por uma noite, afinal vocês têm 17 anos e vocês me aprontam uma guerra?! – disse estourando com os gêmeos.

– Achei que tínhamos um acordo sobre os gêmeos – disse Atena atrás de mim, me virei para olhar para ela.

– Sinto muito se não prevejo o futuro – disse irritada.

– Annabeth! – me advertiu Percy ficando ao meu lado.

– Desculpa se perdi meus modos quando tive que lutar contra três devoradoras de homens na minha lua de mel – falei irritada, pois ela com certeza sabia sobre as Limneidas.

– Só você podia destruir as três Limneidas soterradas segundo Poseidon – Atena disse irritada – enfim, vim arrumar essa confusão antes que os deuses em uma péssima estratégia usem isso como pretexto para matar os gêmeos.

– Matar? – perguntei assustada.

– Aposto que muitos acham que essa profecia pode ser adiada se não haver descendentes de Atena e Poseidon, mas é um engano pensar assim, essa profecia já vem acontecendo desde que vocês se aproximaram – ela suspira – esse não seria o único motivo para a morte...

“Sou responsável pelos atos deles e pelo que sei você já esta perdendo o último ano na escola”

Não entendi tudo o que Atena quis dizer, ela deixou muitas coisas vagas, mas os deuses são assim. Antes de entrarmos no carro – o Paul deixou o seu carro antigo com Percy o qual tem marcas de casco no capô – Piper me informou a parte na história das Limneidas que não sabia, elas só poderiam ser derrotadas por amor verdadeiro segundo a lenda, esse fato não diminuiu minha raiva de Poseidon e da minha mãe por terem nos mandado para lá na lua de mel. Estávamos a caminho da casa da mãe de Percy ela precisava saber que era avó, que o filho tinha casado e que agora iria morar comigo. Já tinha enfrentado vários monstros, gigantes o próprio Tártaro, mas admito que estava morrendo de medo de enfrentar a Sally. Os gêmeos estavam no banco de trás do carro, Damásen estava lendo um livro sobre Arquitetura e Zöe estava lendo uma revista sobre barcos e grandes navios. Não havia dado castigo a eles e nem dado sermão, eles sabiam que ia esperar chegar em casa, provavelmente eles já a conheciam do futuro. Será que eu tive eles com que idade?

– Annabeth não seria bom falarmos com Rachel? – perguntou Percy com os olhos fixos na estrada, três descendentes de Poseidon chamava um pouquinho atenção de monstros – talvez ela tenha alguma informação, vai que ela voltou a ter visões.

– Pai tire seu cavalinho da chuva, você não irá falar com a cabelo de cenoura, Apolo vai demorar um tempinho para voltar aparecer – Zöe exclamou, um pouco indignada – mamãe o papai já contou a história da marca de casco de cavalo no capô?

– Não podemos interferir no passado lembra! – xingou Damásen – agora corremos risco de nem nascermos, miolo de peixe.

– Não sou culpada pela infidelidade...

– Vocês dois aí atrás calados – Percy ordenou nervoso, ele estava começando a suar frio.

– Vou ter que perguntar ou você vai me contar de vez a história?

– Depois eu te... te conto – ele disse gaguejando.

– Vai herói do olimpo, assume seus atos – Zöe disse com amargura e magoa na voz – se você não contar eu conto agora.

– Você pode estragar tudo – Damásen disse magoado para Zöe – apesar de discordar plenamente dele.

Percy estacionou o carro no acostamento da estrada, já estávamos próximos da cidade, saiu do carro e foi para outro lado da estrada, eu também saí junto com as crianças, elas ficaram ao meu lado, uma em cada lado. Fechei a porta do carro e apoiei meus braço no teto do carro.

– Minha querida...

– Não me chame de sua querida – falei respirando fundo começava a me preparar para receber a história – principalmente quando você vai me contar que aprontou alguma.

– Antes de começarmos a namorar eu e Rachel nos beijamos nesse carro – ele disse disparando tudo de uma vez muito nervoso – fomos interrompidos pelo blackjack que pousou no capô.

– Quando foi isso? – perguntei fria, sabia que Percy possuiu sentimentos pela Rachel, mas não sabia que eles chegaram a se beijar – foi antes do labirinto?

– Que labirinto? – perguntou ele confuso e nervoso.

– Que labirinto?! – exclamei irritada e incrédula – Você tem sorte por estarmos indo encontrar sua mãe, eu quero que ela te encontre inteiro – dei a volta no carro e entrei no lugar do motorista – se você não entra em três segundos eu te largo aqui.

Havíamos continuado o caminho em silêncio total, os gêmeos pararam de ler e prestavam atenção em mim ansiosos. Não sabia em que pensar, se era certo eu ficar com tanta raiva, afinal foi antes de namorarmos – mas depois do nosso primeiro beijo – eu já sabia que havia algo mais de amizade na parte dela no começo, e mesmo assim eu a salvei de virar churrasquinho no helicóptero. O que realmente me magoava é ele não ter sido sincero desde o começo, custava me contar antes?

Quando chegamos na casa de Sally entramos só eu e Percy para darmos as noticias, depois íamos chamar o gêmeos. Percy começou contando sobre tudo o que havia ocorrido nessa última guerra contra Gaia, eles não haviam se falado durante ela, estávamos comendo bolinhos azuis.

– Mamãe temos que contar algumas coisas novas para senhora – Percy começou.

– Você está me assustando Percy – disse ela nervosa.

– A senhora é vovó – Percy disse com voz alegre, Sally quase caiu para trás.

Não sei o que havia na minha cabeça quando deixei que ele contasse. O cabeça de alga realmente achou que seria uma boa notícia, como se não tivéssemos só 17 anos e tivéssemos terminado o colégio. Sally não ficou com cara de feliz, pelo contrário ficou vermelha e zangada.

– Como você pode ser tão irresponsável assim? – ela disse gritando – Annabeth nunca me preocupei, você sempre me pareceu tão sensata!...