Já era costume que as noites que deveriam ser românticas entre mim e Percy começassem conosco lembrando sobre os perigos que tínhamos a frente, nossos inimigos, nossos pais. Estávamos no lago, melhor represa, Poseidon havia dito lago, mas na verdade era praticamente do tamanho do acampamento inteiro. Havia uma casa com um quarto e banheiro, era simples, mas muito aconchegante, era azul clarinho os cômodos e no quarto havia poucas coisas. Uma cama no centro, uma penteadeira no canto perto do banheiro e um cabideiro onde pendurei minha espada. Era novidade, estar em uma casa debaixo da água e estava encantada em respirar sem ajuda do Percy, fazendo uma bolha em minha volta. Percy estava com os braços em volta da minha cintura, estávamos sentados na cama.

– Estava lembrando da nossa noite no Argo II – ele disse – eu morria de medo de fazer algo errado e você acaba comigo.

– Literalmente? – perguntei dando risada – Acho melhor continuar tendo medo.

– Agora você não pode terminar comigo.

– Existe separação – disse provocando, mas o resultado não foi o que esperava.

– Existi inimigos, monstros, nossa vida de semideuses...

– Cala boca, cabeça de alga – com um sorriso malicioso falei – dessa vez só me abraçar por um tempo não basta – ele não entendeu que me referia a noite que ele disse, quando o mandei calar a boca e me abraçar onde acabamos caindo no sono juntos, e muito menos entendeu as minhas intenções, tive que lhe dar um beijo que começou lentamente e depois foi se tornando mais caloroso e desesperado.

Não precisávamos nos preocupar em sermos achados pelo Treinador ou alguns dos sete quer dizer dos cinco. Percy também não tinha mais por que ter medo do taco de baseball.

Dessa vez não caímos no sono.

Quando acordei Percy não estava mais abraçado comigo, também não estava no quarto e nem no banheiro, escutei uma batida na porta achei que podia ser ele, mas achei melhor me vesti primeiro para depois descobrir quem era. Vesti a primeira coisa que vi na frente, era a camisa Azul de Percy, a qual ele vestiu para irmos para lá, estava jogada na beira da cama no chão, ficou parecida com uma camisola muito larga para mim. Quando abrir a porta era uma pequena Limneida (Náiades de Lagos) com um tipo de lápis e papel na mão.

– Posso ajuda-la? – perguntei com a voz fria, nem na minha lua de mel tinha sossego e estava irritada pelo sumiço de Percy.

– Creio que eu que te ajudarei – ele disse sem importância – Pode me dar um autografo? Não é sempre que Annabeth Chase, heroína do olimpo vem nos visitar.

– Agora tenho Jackson no final – lhe disse constrangida e vermelha, muito vermelha escrevendo meu nome no papel que parecia ser um tipo de plástico.

– Acho que você não quer ficar viúva, certo? – ela disse olhando para o autografo – então acho que deve corr... nadar para salvar seu marido, as três Limneidas soterradas vieram se refugiar nesse lago e elas sempre se vigam em qualquer semideus que cruze seus caminhos.

Eu me lembrava de ter ouvido essa história, um semideus enganou três Limneidas para construir um palácio em cima de seu lago, ele as convenceram de sair do lago dizendo que viveriam uma história de amor e quando ele fugiu elas voltaram para casa, quando chegaram encontraram o lago soterrado e em cima havia um lindo castelo altamente fechado, desde então elas sempre seduziam e matavam os semideuses homens que cruzavam por elas, se eles não eram seduzidos, elas os molestavam a força e depois os matavam. Não perdi tempo, peguei minha espada e pedi para a pequena Limneida, que se chamava Wasser, me levasse até eles.

Quando cheguei onde eles estavam já estava um pouco cansada por que o lago era imenso e elas o levaram para o lado oposto da nossa casinha. Percy estava deitado sobre uma mesa de pedra amarrado pela cintura, ele estava inconsciente. As três Limneidas estavam discutindo para ver quem seria a primeira a “brincar” com o semideus. Quando vi aquela discussão o ciúme e a raiva me dominaram, nadei lentamente em direção ao Percy com a espada levantada em posição de ataque.

– Queridinha nós matamos no fim – uma das Limneidas me disse, mesmo assim o ataquei na altura da cintura.

– Agora não funciona – outra Limneida falou fazendo cara feia para mim.

– Como vocês ousam fazer isso? – perguntei gritando com raiva.

– Da mesma forma que fizeram com a gente

– Não foi ele que destruiu o lar de vocês

– Mas é da mesma raça dele – ela disse com frieza – antes íamos deixar você brincar conosco, gostamos de loirinhas, mas estragou o brinquedinho, então vai querer falar mais ou já podemos te matar?

– Sinto lhe informar que quem irá matar alguém aqui sou eu – disse indo para cima das três que estavam juntas, acertei duas ao mesmo tempo e elas viraram pó, qual escapou era mais astuta e ágil, me atacou com uma espada feita de água que feria mortalmente, acertou meu braço de raspão mais foi o suficiente para começar a sangrar muito. Ela me deferia golpes freneticamente e eu demorava um pouco para defender, a água deixava meus movimentos mais lentos e precisava do dobro da força para movimentar a espada, aos poucos comecei a me adaptar, ela aproveitou meu braço ferido e começou a definir golpes um atrás do outro em sua direção. Nesses ataques aproveitei que ela abaixou a defesa e em um movimento rápido ataquei sua barriga a fazendo virar pó.

– Sabia que você fica linda lutando só com minha camisa? – disse Percy sentado na mesa de pedra passando a mão na cabeça – Ela te acertou, não tinha visto, deveria ter te ajudado em vez de ficar só olhando – disse começando a ficar preocupado.

– Não preciso de ajuda – disse ríspida e irritada – sei cuidar de mim sozinha. Agora você não pode dizer o mesmo – respiro profundamente – posso saber como o filho de Poseidon é capturado na água de cueca samba canção?

– Eu...

– Espere conte na casinha – disse com autoridade – Temos que voltar para acampamento.

Percy me contou o que havia acontecido quando voltávamos para o acampamento, ele escutou um grito então saiu correndo para socorrer quem gritava, então logo que saiu da casa foi golpeado fortemente na cabeça desmaiando. Não me preocupei em limpar o ferimento, na verdade ardia muito então deixei para sentir dor quando fosse fazer um curativo de verdade no acampamento, continuei com a camisa de Percy que já estava com sangue e coloquei um short que havia levado, Percy vestiu a camisa roxa do acampamento Júpiter e uma bermuda.

Percy estava comigo quando caminhava para o chalé de Apolo, ele levava as pequenas bolsas atrás de mim, eu ia pedir para o Will Solace cuidar do meu braço. Passamos por um grupo de filhas de Afrodite, Piper estava no meio, elas cumprimentaram Percy, que deu um “oi” morrendo de medo e Piper acenou para mim com olhar perguntando, o que tinha acontecido? quando viu meu braço, Drew Tanaka também se espantou com meu braço.

– Foi tão forte assim, que até machucou o braço? – perguntou ela com malícia estampada na cara e na voz que até Percy entendeu o que ela queria dizer. Ele logo se colocou em minha frente para evitar que pudesse voar no pescoço dela, mas simplesmente a lancei um olhar que deixou claro que ela iria morrer se repetisse algo do tipo e que eu não estava para brincadeira.

Quando Will fazia o curativo perguntei sobre Nico, mas ele também não conseguia entrar em contato com o namorado e já havia algumas semanas desde a última vez em que eles se falaram.

– Annabeth seus filhinhos se juntaram com os irmãos stoll e estão começando a inundar o meu chalé – disse Piper ofegante chegando correndo no chalé de Apolo – vamos dizer que eles não gostaram nem um pouco do comentário de Drew.

– O chalé inteiro? – perguntei dando risada – okay, se eu não fizer nada, você vai ficar muito sentida comigo, né?

– Está destruindo as maquiagens de todo mundo, eu não me importo, mas imagina nos pitis que isso está causando em todos os filhos de Afrodite.

– Nossa! - disse fazendo uma careta imaginado os chiliques – Percy vai cuidar dos seus filhos!

– Volto em alguns minutos – disse ele saindo com Piper.

Depois que Percy saiu passou meia hora, Will tinha terminado de fazer o curativo em mim e terminou de fazer uma pasta para colocar no ferimento toda manhã, e ele ainda não havia voltado, comecei ficar um pouquinho preocupada.

Nunca se deve deixar gêmeos netos, de Atena e Poseidon, sem supervisão...