The phoenix escrita por estrelinha


Capítulo 5
Diário de Katherine Thommas


Notas iniciais do capítulo

Meus amores, muitíssimo obrigada pelos comentários tão perfeitos, são eles que me incentivam a continuar com isso, muito obrigada mesmo! Aí vai mais um capítulo, espero que gostem!



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Eu estava deitada na cama curtindo o meu sábado chuvoso, aquele sim estava sendo um ótimo dia, já que eu não precisaria acordar cedo e ir para o lugar que chamam de escola. Mas apesar disso, minha cabeça continuava explodindo em pensamentos e dúvidas. Eu tinha curiosidade de saber o que eu sou, mas ao mesmo tempo, ficava com medo. Eu sabia que algo estava evoluindo dentro de mim, os meus sentidos estavam cada vez mais desenvolvidos. Minha visão possuía um alcance extraordinário, eu olhava pela janela e conseguia perceber as gotas de chuva caindo em seus mínimos detalhes, como se estivessem em câmera lenta. Era incrível. Porém, detive o meu sorriso quando presenciei um par de olhos castanhos me encarando pela janela da casa vizinha. Fechei as cortinas rapidamente, quem era aquele rapaz?

Desci as escadas com pressa, só assim consegui sentir o cheiro de queimado que vinha da cozinha, aparentemente o meu olfato não evoluiu como os outros sentidos. A cozinha estava imunda e Marjorie se esforçava para tirar algo de dentro do forno.

– Ah, oi querida! Eu fiz biscoitos. - revelou a mulher colocando uma fôrma com alguns carvões, digo, biscoitos em cima do balcão.

– Tia, por que você não me chamou? Eu poderia ter feito isso. Papai me ensinou algumas coisas... fazer biscoitos foi uma delas. - revelei.

– George herdou o talento da família, e eu, é claro, herdei a beleza. - comentou.

– Tia... quem mora na casa ao lado? Eu nunca vi ninguém lá. - indaguei ignorando o comentário dela.

– É porque ninguém morava lá, mas hoje eu vi um caminhão de mudanças estacionar e colocar móveis dentro da casa. - explicou colocando os biscoitos em um pote. - É por isso que você vai lá levar esta cesta. - disse acrescentando o pote à cesta que continha algumas frutas e doces.

– O quê!? Por quê? - questionei.

– Porque é tradição dar as boas vindas aos novos vizinhos. - retrucou.

– Mas por que eu tenho que ir? Eu preferia que você fosse.

– Eu até iria se não tivesse muita coisa para arrumar aqui. - disse apontando para a cozinha suja de trigo. - Além disso, é você quem precisa conhecer novas pessoas. - revirei os olhos.

– Tudo bem... - assenti desanimada, mas lembrei que nada atrapalharia o meu sábado. Peguei a cesta e saí de casa.

Hesitei em apertar a campainha, mas no final consegui tocar o botão e logo em seguida ouvi um ding dong. Foram apenas alguns segundos até que o mesmo rapaz que vi na janela viesse abrir a porta para mim. Ele era um pouco mais alto que eu (na verdade, todo mundo era mais alto que eu), seus olhos e cabelos eram castanhos e seus braços fortes estavam cruzados enquanto ele me encarava esperando que eu dissesse algo.

– O-oi, eu sou Ivie, sua nova vizinha. Vim trazer essa cesta. - falei entregando o conteúdo a ele.

– Obrigado! Eu me chamo Adam. - se apresentou estendendo a mão para que eu a apertasse em sinal de cumprimento. E assim eu fiz, apertei a mão do estranho e senti um forte arrepio tomar conta do meu corpo. Recolhi minha mão imediatamente e perguntei algo que estava preso na garganta.

– Desculpa mas... eu te conheço? É como se eu já tivesse te visto em algum lugar. - ele deu um sorriso torto.

– Acho meio difícil, eu morava em Lancaster. - devolveu me analisando com o olhar.

– Ah... eu sou de Lancaster, devo ter te visto por lá. - comentei sem graça. - Seus pais estão?

– Ah não, eu vou morar sozinho aqui. - respondeu. Eu achei um pouco estranho já que ele aparentava ter a minha idade.

– Ah claro, a gente se vê por aí, seja bem vindo à vizinhança. - sorri simpática andando alguns passos para trás.

– É um prazer conhece-la Izie. - disse Adam, reparei que ele havia errado o meu nome, mas apesar disso, dei de ombros e saí do local enfim.

[...]

Segunda de manhã, como eu odiava aquele dia, primeiro porque eu precisava acordar cedo em um dia frio e segundo porque eu teria que ir para a escola. Não que eu tivesse problemas com a escola, o meu problema estava relacionado às pessoas que estudavam lá. Por isso, eu tinha o maior cuidado para não encontra-las. Dobrei o corredor e congelei quando vi Lydia vindo até mim, virei as costas rapidamente com a intenção de sair de lá, mas fui impedida quando dei de encontro com Scott, ele estava acompanhado de Stiles e ambos me encaravam com um certo pesar estampado em seus semblantes.

– Por favor me deem licença, eu preciso passar. - anunciei com rispidez.

– Precisamos conversar. - retrucou Stiles. Encostei meu corpo na parede e esperei que ele prosseguisse. Lydia havia nos alcançado. - Em nome de todos, eu peço desculpas por termos te enganado e assustado.

– Não se esqueça de mencionar que eu fui amarrada em uma cadeira e ameaçada. - comentei encarando Scott com ironia.

– Sobre isso... foi Liam quem amarrou você. - se defendeu Scott.

– Porque alguém sugeriu. - olhei para Stiles.

– Eu apenas sugeri, todos concordaram e incentivaram. - devolveu Stiles com naturalidade.

– A questão não é essa Ivie, nós já passamos por muita coisa, precisávamos ter certeza de que você não era uma ameaça. - apaziguou Lydia. - Nós ainda não sabemos o que você é, e acreditamos que você também não saiba. - concluiu. Eu assenti.

– Na verdade, isso tudo é muito novo para mim. - comentei.

– É por isso que precisamos de respostas. - disse Scott.

– Talvez você encontre a resposta da sua maior dúvida aqui. - sugeriu Lydia me estendendo um livro antigo de capa marrom e folhas amareladas. Peguei o objeto de suas mãos e concluí que aquele deveria ser o tal bestiário que Liam havia mencionado.

O sinal tocou e todos tivemos que ir para as nossas respectivas salas. Eu estava morrendo de curiosidade para abrir aquele livro. Me tranquei no banheiro feminino e comecei a folhear as páginas, no entanto, tinha um grande problema que Lydia havia esquecido de mencionar: Estava tudo escrito em Latim e adivinhem? eu não entendia absolutamente nada do idioma. Suspirei pesado e me retirei do local. Entrei na sala de aula com uma expressão frustrada. O professor de economia, que também era treinador do time de lacrosse, fato esse que eu achei estranho, estava lá chamando a atenção de um garoto.

– Parker, está atrasada! - reclamou o professor notando a minha presença.

– Me desculpe! - falei me sentando em seguida, ele não ligou e continuou a gritar com o garoto.

Me distrai quando percebi que Liam conversava com uma garota, ele parecia contente e ambos trocavam sorrisos confidentes. Baixei o olhar me sentindo incomodada com a situação, mas afinal, por que eu estava me sentido daquele jeito? Liam era bonito, é normal que as garotas se interessassem por ele.

As horas se passavam lentamente e quando chegou o horário da aula de ciências, todos trocamos de sala. Liam era meu parceiro de laboratório e por esse motivo estava sentado ao meu lado, a garota com quem ele estava falando na aula anterior não estava lá, ela não fazia aula de ciências na mesma turma que nós.

Ouvi o garoto loiro murmurar alguma coisa, porém, eu estava distraída olhando as imagens do bestiário à procura de algum indício que me revelasse o que afinal eu sou.

– Ei, você não está me ouvindo? – questionou Liam.

– Ah, desculpe, o que você disse?

– Pedi que me passasse o ácido sulfúrico. – respondeu apontando para a solução em um recipiente de vidro.

– Ah, claro, desculpe. O que eu mais queria era entender o que está acontecendo comigo. – falei passando o recipiente para ele e apontando o livro.

– Não se preocupe, nós vamos descobrir.

Kanima, Quimera, Banshee, Licantropo, Wendigo, Dríade, Équidina, Górgona, Ktisune, Leprechaun... são tantos, eu certamente não sou nenhum desses. – falei analisando as imagens.

– Que tal: Basilisco, Aracne, Gnomo... Sim, você parece com um gnomo. Resolvido, você é um gnomo. – comentou Liam analisando outras imagens.

– O quê? Por que você diz isso? – questionei indignada.

– Bem, você já viu a sua altura? – provocou com um sorriso torto.

– E você? Já viu a sua? – devolvi.

– Bem, isso não vem ao caso. Vou procurar no google, esse livro não está adiantando muito. – anunciou sacando o celular do bolso e digitando alguma coisa.

– Bem... adiantaria se nós soubéssemos latim. – murmurei.

– Aqui, achei... – disse fazendo mistério.

– E então? – incentivei.

– Salamandra! – disse com a expressão séria.

– Ah Liam, você está brincando comigo. – acusei rindo.

– Procurei por imunidade ao fogo e apareceu Salamandra nos resultados de busca. Olha só:São criaturas mitológicas ligadas ao fogo O mito surgiu como derivação da crença de que as salamandras são imunes ao fogo. – leu e me encarou. – Faz sentido, não acha?

– Não gostei! Não tem isso no bestiário. – decretei com um olhar tristonho. Eu não queria ser um anfíbio. Liam deu de ombros e continuou o experimento. Eu não sabia se ficava com raiva ou se me sentia agradecida por ele estar fazendo o trabalho de ciências sozinho.

[...]

Já passava da meia noite e eu continuava tentando traduzir aquele livro, mas nem mesmo o google tradutor conseguia assimilar muitas das palavras ali escritas. Aquilo estava me atormentando. Fui até a cozinha e comecei a fazer um café, no entanto, um pacote amarelo em cima do balcão chamou a minha atenção, meu nome estava escrito em uma linda caligrafia sem destinatário. Não pensei duas vezes antes de rasgar o pacote e evidenciar o livro de couro o qual percebi que se tratava de um diário antigo. Abri a primeira página e li o nome estampado: Katherine Thommas.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? :)