Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 8
A noiva demônio.


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas lindas! Tô muito feliz por que vocês estão gostando! Me alegro com cada comentário e espero que gostem do capítulo também. Beijos :*



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Então a famosa Lindsay Willians, finalmente, estava entre nós. Sua aparência era de uma mulher muito elegante, éramos quase do mesmo tamanho, mas ela de elegante não tinha nada. As pessoas que pararam para assistir o espetáculo que a digníssima noiva do Matthew começou, aos poucos foram se dissipando conforme eu as olhava feio. Enquanto eu estava preocupada em evitar uma confusão, Lindsay ainda estava batendo boca com o vigilante.

“O que está acontecendo aqui?” Falei mais alto que os dois.

“O que está acontecendo é que esse incompetente...” Lindsay insistia em gritar.

“Com licença...” A interrompi. “Não perguntei a você, perguntei para ele.” Olhei ele. “Pode falar.”

“Essa senhorita chegou aqui exigindo falar com o Sr. Davis. Lana, a recepcionista, informou que ele está em uma reunião com os investidores e que não poderia atendê-la agora, então ela começou a gritar e destratar as recepcionistas. Eu vim pedir que ela se acalme, na tentativa de evitar uma confusão maior, mas está impossível tentar conversar com essa senhorita.” Ele disse de forma calma.

“Eu vejo.” A olhei de cima a baixo. “Bom, como já lhe disseram, o Sr. Davis está muito ocupado no momento. Você pode tentar entrar em contato com ele, mas eu acho difícil que ele atenda o celular, esse tipo de evento é muito importante. Então você pode sentar e aguardar se preferir.” Apontei para um local ao lado onde tinham poltronas e sofás.

“Meu amor você não está entendendo.” Ela disse irônica. “Eu acabei de chegar de viagem, não conheço droga nenhuma dessa cidade e, para completar, perdi meu celular no táxi.”

“Então você não perdeu, você esqueceu.” Disse sorrindo.

“Vem cá, você trabalha com o Matt?”

“Sim.” Controlei-me para não corrigi-la, afim de evitar maiores transtornos, por que todos nós sabemos que ele não trabalha comigo, ele trabalha para mim.

“Ah, você deve ser a secretária.” O vigilante arregalou os olhos em surpresa e eu a olhei me divertindo. “Olha, queridinha, meu noivo é vice-presidente desse muquifo que vocês chamam de empresa. E eu exijo ser recebida por ele agora, por que estou a beira de um ataque de nervos. Por tanto, vá chamar seu chefe, imediatamente.”

“Você tem não tem ideia de quem eu sou não é?” Eu disse sorrindo.

“Senhorita, pelo amor de Deus.” O vigilante disse para Lindsay. “Essa é Sophie Trammer, é a dona de tudo isso aqui.” Lindsay me olhou da cabeça aos pés mais e pela primeira vez desde que chegou, ficou sem palavras.

“Só gostaria de acrescentar que além de dona do muquifo.” Fechei a cara. “Sou chefe do seu noivo. E quem você pensa que é pra chegar na minha empresa e tratar mal os meus funcionários?” Mantive minha voz firme, num tom tão duro que até eu me assustei.

“Eu... Eu não tinha ideia de que...”.

“De que o quê?” Cruzei os braços.

“Eu só preciso falar com o Matt ok?” Ela falou ainda de forma arrogante. “A que horas termina essa merda de evento?”

“Olha... O evento só deve levar mais uma meia hora, mas veja só que azar. Eu teria que comparecer a uma reunião importantíssima e surpreendentemente não vou poder ir. Vou ter que mandar ele ir em meu lugar e vai levar toooda a manhã.” Disse cinicamente, o vigia tentou controlar um riso.

“Você não seria capaz...”.

“Sou sim. Aliás, sou capaz de coisa muito pior.” Sorri. “Agora pode ir sentar e aguardar até eu mandar o seu maravilhoso noivo se desocupar.” Ela saiu resmungando, arrastando as malas e sentando no sofá da recepção.

“Fracamente, é com isso que vocês têm que lidar todo dia?”

“Não é comum isso acontecer, mas... A senhorita sabe, de vez enquando aparece umas loucas.” O vigilante disse, visivelmente mais tranquilo.

“Eu vou tratar com Black um aumento pra vocês, por que sinceramente, estou aqui há cinco minutos e queria voar em cima dessa criatura.” Respirei fundo. “Eu desci sem meu celular, pode me arranjar o seu?”

“Claro senhorita.” Ele me entregou o aparelho, liguei para Emily.

“Eu não vou poder participar daquela reunião com o pessoal do marketing, diga pra Matthew, por favor.”

“Tudo bem senhorita, eu aviso. Mas, aconteceu algo? Está tudo bem?” Ela perguntou preocupada, a única razão para eu não comparecer em uma reunião, seria se eu estivesse em coma, do contrário, eu participava de todas.

“Nada com o que se preocupar Emily, só preciso resolver uns assuntos pendentes e vai levar mais tempo do que eu planejei. Mas, me faça um favor.”

“O que a senhorita quiser.”

“Dá um sumiço no celular do Matthew, pelo menos até acabar a reunião.” Só para garantir que a demônio não ia conseguir falar com ele.

“A senhorita está aprontando algo não é?” Emily falou com divertimento.

“Digamos que se eu não contar nada, você não pode ser acusada de cumplice. Só suma com o celular por umas duas ou três horas.”

“Pode deixar senhorita. Tenha um bom dia!” Desliguei o celular e o devolvi. Eu iria ter um ótimo dia, por que resolvi me dar o dia de folga. Afinal, eu mereço, não mereço?

Então... Por onde começar? Eu podia ir comer alguma coisa... Mas ainda era muito cedo. Podia ir ao cinema... Mas ir ao cinema sozinha? Meio deprimente né? Já sei... Vou para a academia. Tinha uns dois dias que eu não ia e nada melhor que fazer exercícios pra liberar a adrenalina.

Fui para a garagem, entrei no carro e saí em direção à academia. Tirei uma roupa pra malhar de dentro do porta malas e fui para o banheiro me trocar. Fiz esteira, bicicleta, agachamentos e todas as outras torturas corporais possíveis em uma academia. Depois tomei um banho, me troquei e fui almoçar. Comi em um restaurante japonês maravilhoso e eu estava amando essas horinhas sem celular, sem reclamações e sem trabalho. Embora eu estivesse começando a sentir um pouco de falta também, mas afinal é o costume.

Depois de ainda ir no shopping, comprar um monte de coisas e rodar muito lá, resolvi ir para casa. Quando cheguei, Luke estava de bermuda, sem camisa pegando algumas coisas. Quando me viu, ele fez cara de confuso e surpresa.

“Já anoiteceu?” Ele olhou para o relógio no pulso.

“Eu estou oficialmente de folga hoje.”

“Por...?” Ele falou ainda sem entender nada.

“Pra onde você vai?”

“Pra piscina.”

“Vou por um biquíni e te acompanho. Tenho muuuitas coisas pra te contar.”

“Eu estou vendo... É o dia do apocalipse e ninguém me avisou.”

“Muito engraçado Luke.” Revirei os olhos. “Espera ai, em 10 minutinhos eu estou pronta.”

Fui correndo pro meu quarto, coloquei um biquíni preto sem alças, pra não ficar a marca do sol, um short branco, peguei meus óculos escuros e voltei para a sala. O condomínio tem duas piscinas, a pública para os moradores e a privada que era minha.

Tirei meu short, Luke ficou só de sunga preta, que ele ficava muito gostoso só queria ressaltar isso e sentamos na espreguiçadeira na beira na piscina. Contei tudo sobre o que tinha acontecido mais cedo com a noiva do Matthew e ele simplesmente levou vários minutos para digerir tanta informação.

“Mas essa mulher é uma cobra!”

“Cobra sou eu Luke, ela é a própria reencarnação do satanás.”

“E você divando discutindo com a mulher na recepção do prédio. O que o Sr. Trammer diria sobre isso mocinha?” Ele falou rindo.

“Foda-se o Sr. Trammer.” Bufei.

“Como você aguentou lidar com Amy e demônio Lindsay em uma única manhã?”

“Você sabe Luke... Eu sou esse ser humano iluminado.”

“Eu sei e você sabe também quem vai ficar puto da vida com você né?”

“Quem?” Me fiz de desentendida.

“Senhor Matthew Delicia Davis.”

“Por que você acha que eu me dei folga hoje? Por que amanhã vai ser um completo inferno.”

“Oh minha menina...” Luke pôs a mão em minha perna. “Amanhã vão oferecer recompensas pelo seu corpo. Vivo ou morto.”

“Já lidei com coisas piores.” Coloquei minha mão em cima da dele.

“Vamos mergulhar?” Ele sorriu.

“Vai você, daqui a pouco eu entro. Preciso de uns minutinhos de cochilo.” Ele se levantou e mergulhou na piscina. Eu fechei os olhos, aproveitando o sol, tentando esquecer tudo e apenas relaxar. E que sol maravilhoso... Sabe quando você sente as vitaminas entrando na sua pele? E de repente, o sol maravilhoso é substituído por uma sombra. Deve ser só uma nuvem... Mas a nuvem não deixou de cobrir o sol. Abri os olhos e deparei com a nuvem. Um nuvem de 1,90m de altura, ombros largos, barba mal feita e uma cara de muita, muita, muita mesmo, raiva. “Oi Matthew.” Sorri sem graça.

“Então esses são os assuntos que você precisava tratar?” Ele falou sério.

“Eu sei que você deve estar meio chateado comigo, mas...”.

“Meio chateado?” Ele me interrompeu. “Digamos que eu estou me controlando pra não te estrangular nesse exato momento.”

“Ok... É aceitável.” Fiquei de pé. “Mas, em minha defesa, eu não comecei briga nenhuma!”

“Você deixou minha mulher cheia de malas, sem contato, recém-chegada na cidade, esperando nada menos que quase quatro horas pra conseguir falar comigo. Então, acho que sim, você começou uma briga.”

“Não é pra tanto Matt.” Luke ficou atrás de mim, todo molhado.

“Não é pra tanto?” Matthew estava realmente furioso.

“Está bem, talvez ela tenha exagerado um pouco...”.

“Era pra você me defender Luke.” O olhei feio. “E olha aqui, sua ‘mulher’” Com ênfase nas aspas, por que ela não era mulher dele ainda. “Não é esse anjo que você acha ok? Quando eu desci ela estava fazendo a maior confusão, tratou mal o pessoal da portaria, gritou, fez o que quis. Eu só quis ensinar que é bom ter educação.”

“Quanta hipocrisia Sophie. Ensinar educação. E olha quem quer ser a professora...” Ele riu sarcástico.

“Olha aqui, eu sei que me altero às vezes com o pessoal. Só que a diferença é que eu pago eles, eles tem que me aguentar e outra...”. Ele se abaixou, pegou uma toalha e jogou em cima de mim. O olhei sem entender nada.

“Não dá pra conversar com você vestida desse jeito. Ou melhor, com você despida desse jeito. Isso é tamanho de roupa Sophie?” Ele desviou o olhar de mim. Bufei de raiva.

“Até parece que nunca viu uma mulher de biquíni. E só queria deixar claro que eu estou em casa, se eu quisesse andar pelada aqui eu andaria.” Disse sem paciência já pra tanta besteira.

“Enfim, a questão é, você não teve um mínimo de decência com quem precisava. A Lindsay nunca esteve em Nova Iorque, ela não sabe aonde fica nada.”

“Francamente, em pleno ano 2000...” Revirei os olhos. “Apresente o Google Maps a essa senhora que vive ainda na era das cavernas.”

“Você vai se desculpar com ela!”

“Ahhhhh tá bom.” Olhei pra Luke rindo. “Ele é muito engraçado.” Luke estava com a testa franzida e sério. “Espera... Você realmente acha que eu vou pedir desculpas aquela mal educada?”

“Eu tenho certeza disso.” Ele assentiu.

“Nem se minha vida dependesse disso, bonitão.” Disse da forma mais tranquila e irônica possível.

“Tudo bem. Então eu me demito. Foi um prazer inenarrável trabalhar com você.” Ele se virou e saiu.

“Você não trabalha comigo, você trabalha pra mim. Aliás, trabalhava... E boa sorte com a sua noiva demônio.” Gritei furiosa. “Dá pra acreditar nisso?” Olhei para Luke e me sentei na espreguiçadeira de novo. Matthew não ia estragar o meu dia. Mesmo que tentasse, ele não ia estragar.

“O cara ficou furioso mesmo... Tudo bem que você é uma bruxa, mas ai pedir demissão por essa história de você com a noiva... Já é um pouco demais né?”

“Ah, mas se ele acha que é insubstituível meu filho, ele está completamente enganado. Eu arranjo outro num piscar de olhos.”

“Sophie...” Luke sentou na beira da cadeira. “Refresque minha memoria... Você não tinha dito que segundo o Richard, se mais algum vice-presidente fosse demitido, ele iria tirar a presidência de você?” Levantei de uma vez.

“Meu Deus... Luke... Eu vou perder a presidência. O que eu faço?” Fiquei desesperada, comecei a andar de um lado pro outro.

“Você vai ter que pedir desculpas pro Matthew.”

“Isso nunca!” Bati o pé.

“Sophie, eu te amo, mas você é mais demônio que a própria demônia noiva do Matthew quando quer. E eu sei o quanto essa empresa significa pra você, então faça a gentileza de ir implorar pro Matthew não se demitir por que não vou aguentar você deprimida e desempregada.”

“Ai que droga!” Gritei frustrada. Peguei meu short e sai correndo e me vestindo ao mesmo tempo. Quando enfim consegui avistar Matthew ele estava no corredor esperando o elevador, graças aos meus pés descalços e molhados, escorreguei passando direto por ele e batendo as costas no chão. Matthew veio correndo e se ajoelhou do meu lado, levantando minha cabeça com uma das mãos.

“Você está bem? Sophie? Fala comigo!”

“Eu morri?” Gemi. Ouvi o som da risada de Matthew.

“Não. Mas, digamos que tem algumas pessoas desejando isso agora mesmo.” Gemi de novo abrindo os olhos e tentando me sentar.

“Essa doeu.”

“É foi um escorregão feio, você poderia ter batido a cabeça, o que teria sido bem pior.”

“Não o escorregão. Saber que vocês estão na arquibancada da minha vida desejando a minha morte.” Ele sentou no chão ao meu lado.

“Vamos lá... Não é sua cara fazer um drama.”

“Eu queria me desculpar, por toda essa situação.” Tentei parecer o mais sincera possível. “Eu estava chateada por Amy ter ido lá, depois você me chateou, depois sua noiva me chateou...”.

“Eu entendi. Nós todos tiramos o dia pra te chatear.” Ele esboçou um sorriso.

“Não se demite, por favor. Preciso de você lá comigo.”

“Você está falando isso por que realmente precisa de mim, ou por que se eu pedir demissão o Sr. Trammer te tira da empresa?” Pensei um pouco... E sim a empresa era minha prioridade máxima, mas eu também gostava da companhia dele. Mesmo sem querer admitir isso pra mais alguém.

“Um pouco dos dois.” Dei uma risada culpada por ele saber que o motivo de eu ter ido atrás dele era por medo de perder a empresa. “Se o Richard me tirar dali Matt... Eu não sei como ia ser a minha vida.” Ele respirou fundo e ficamos alguns momentos em silencio.

“Vamos por uma borracha nisso tudo ok? E parar de agir como adolescentes. Pode ser?” Ele estendeu a mão para eu apertar e eu apertei.

“Pode ser.” Fiquei de pé, ainda gemendo de dor nas costas, mas nada muito grave. “Por que sempre que você está por perto, eu acabo com algum machucado?”

“Não me culpe se você é desastrada.” Ele riu ficando de pé também. “Então selamos nosso tratado de paz?” Fiz que sim com a cabeça. “Você e a Lindsay vão se dar bem, só precisam se conhecer. Tenho certeza que serão amigas em breve.”

“Amigas?” Cruzei os braços e levantei a sobrancelha. “Não força Matthew...” Falei me virando e fui fazendo meu caminho de volta.

“Sophie!” Ele gritou por mim e eu virei em sua direção. “Gostei dos pássaros.”

E ai eu me dei conta de que estava só de short e com a parte de cima do biquíni, deixando a mostra toda a tatuagem que eu sempre tentava esconder de todos à anos. O desenho vinha da nuca, descia na lateral das minhas costelas e terminava um pouco abaixo do quadril. Um dente de leão que tinha pétalas gradativamente se transformando em pássaros pretos e bem na parte da costela uma frase dos Beatles: Take these broken wings, and learn to fly.* Por que era o que eu tinha feito ao longo dos anos, aprendido a voar com as próprias asas, mesmo com elas quebradas e meu coração partido... Essa era minha vida agora. Com Luke, Matthew e minha mais nova melhor amiga. Lindsay Vadia Willians. Ou como eu decidi chamar, carinhosamente, a demônia.

*Pegue suas asas quebradas e aprenda a voar.


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