Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 58
Se não fosse amor - Cap. 15: De volta ao trabalho.


Notas iniciais do capítulo

Bom dia/Boa tarde bonitas.
Espero que gostem do capítulo,
Boa leitura!
Bjs, Suy.



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POV Sophie Trammer

Dias depois...

Meu primeiro dia de trabalho depois do acidente! Eu mal tinha conseguido dormir a noite, de tão ansiosa pra ir logo trabalhar. Ethan já tinha saído, ele estava indo embora cedo, antes de eu acordar. Eu não achava ruim, claro que sentia a falta dele na cama, mas ele estava se esforçando no trabalho, isso eu não tinha como negar. Olhei-me pela última vez no espelho, escolhi um vestido azul marinho, com uma saia rodada, um cinto cinza marcando a cintura, um blazer branco e para a minha enorme e terrível infelicidade, uma sapatilha. Uma triste, monótona e sem salto algum. Deixei meus cabelos soltos e ondulados, coloquei o cordão que havia ganhado de Ethan no natal, me maquiei e peguei minha muleta. Sim, muleta. No singular. Eu conseguia andar só com uma agora. Joguei minhas coisas em uma bolsa, junto com meu celular, já consertado.

“Uau!” Luke falou da sala quando saí do meu quarto. Matthew e Brian se viraram em minha direção e sorriram para mim.

“Até que não ficou tão mal, não é?” Disse alisando a saia do vestido.

“Linda.” Matthew falou baixinho, mais como se fosse um pensamento do que um elogio propriamente dito e eu fingi que não tinha ouvido.

“Você está ótima!” Brian veio até mim e beijou meu rosto. Incrível como nós tínhamos nos aproximado tanto, até que esse acidente tinha tido um lado bom.

“Precisamos conversar sobre algumas coisas.” Luke se levantou e se apoiou no sofá, ficando de frente para mim. “Você vai com o Matthew e o Brian e volta com eles. Se sentir alguma coisa você chama um dos dois e eles vão me ligar. Se você se sentir cansada e um deles dois estiver ocupado, você me liga e eu vou te buscar e por favor, por tudo que é mais sagrado... Se comporte.”

“Você quem manda rapaz!” Assenti rindo. “Mas eu vou ficar dependendo de vocês então para ir e vir dos lugares?”

“É que você não pode dirigir ainda Sophie e não é incomodo algum para a gente.” Matt disse se levantando.

“Eu sei que vocês não se incomodam, mas eu me incomodo.” Disse sem graça. “Eu estou acostumada a ter minha liberdade, fazer meus horários... Não sei se vou conseguir me adaptar a isso ou ficar confortável.”

“Nós podemos deixar um motorista da empresa à sua disposição.” Brian falou. “Eu realmente acho desnecessário, por que pelo menos um de nós sempre vai estar disponível pra te buscar ou deixar em algum lugar, mas se faz você se sentir mais a vontade...”

“Sim, me deixa muito mais a vontade.” Sorri.

“Eu falo com a Emily para acertamos então.” Matthew disse.

“Então vamos né?!” Falei animada.

Despedi-me de Luke e desci com Brian e Matthew, eles me ajudaram a entrar no carro, fui sentada no banco traseiro para poder colocar a perna esticada em cima dele. Matthew dirigiu por alguns poucos minutos, mas paramos quando vimos dezenas de fotógrafos na entrada principal do prédio.

“Alguém morreu?” Coloquei o rosto entre os bancos dianteiros.

“Não, alguém escapou de morrer.” Brian falou irônico e eu o olhei com confusão.

“Estão aqui por sua causa Sophie.” Matthew falou.

“Mas como eles iriam saber que eu ia voltar para o prédio hoje?” Disse incrédula.

“Vá saber... Eles sabem de tudo!” Brian disse. “E agora?”

“Podemos entrar pelos fundos.” Falei pensativa.

“Melhor saber se não tem nenhum deles por lá também.” Matthew falou pegando o celular. “Black, estamos quase em frente ao prédio... Sim, muitos deles. Entendo... Tudo bem então, vamos fazer isso.” Ele desligou. “Black disse para entrarmos por onde descarregam os materiais, tem repórteres na entrada dos fundos.”

“Ai como é chato ser assediada pelo público...” Falei fazendo um gesto dramático e eles dois riram.

Matthew deu a volta no quarteirão, parando em uma entrada lateral, abriram o portão e entramos com o carro indo em direção a garagem. Matt estacionou e andamos até o elevador, apertei no botão do meu andar de costume e quando as portas se abriram, eu quase caio para trás de susto.

“Bem vinda de volta!” Um coro de pelo menos umas 30 pessoas falou quando me viram.

“Não acredito que fizeram isso!” Falei surpresa e sem conseguir tirar um riso do meu rosto.

“Todos queriam estar aqui para lhe dar as boas vindas, mas estamos aqui representando todo o efetivo da empresa.” Emily disse sorrindo e eu a abracei rapidamente.

“Estamos todos muito contentes por tê-la de volta senhorita.” Black falou com o mesmo tom formal que ele usava quando estávamos na frente de outras pessoas.

“E você não vai me dar nenhum abraço?” O olhei com diversão pela forma como ele ficou sem graça olhando para todos que estavam atrás dele.

“Não seria muito profissional senhorita.” Ele sussurrou.

“Deixa de besteira Black!” Ri e andei até ele o abraçando. “Senti sua falta também.” O soltei e ele estava sorrindo. “Senti falta de todos vocês, é ótimo poder estar de volta. Eu espero que todos tenham se comportado direitinho na minha ausência.”

“Tudo correu em perfeita ordem Sophie.” Matt ficou ao meu lado. “Mas nada como ter você aqui de volta.”

“É bom estar de volta.” Olhei para todo mundo. “E aproveitando que eu estou tomando as rédeas da situação... Eu quero um relatório dos últimos dois meses, com gastos, lucros, o que entrou o que saiu... Enfim, quero saber de tudo.” Todos continuaram parados olhando para mim sorrindo. “E eu quero pra agora!” Falei com a voz firme e aparentemente eles caíram na real e começaram a descer pelas escadas e pelo elevador para fazer o que eu tinha mandado.

“De volta aos velhos e bons tempos...” Brian riu e foi andando para sua sala.

“Emily eu queria que você ajudasse a Sophie com um motorista, ela ainda não pode dirigir e insiste em recusar nossas caronas.” Matthew falou e eu o cutuquei com o cotovelo.

“Não estou recusando, só gosto de pensar que ainda posso ter o meu direito de ir e vir.”

“Pode deixar, eu vou falar com um dos motoristas para ficar à sua disposição.” Emily falou calmamente.

“Obrigada Emily.” Sorri educadamente. “E você rapazinho, conte-me como correram as coisas aqui na minha ausência.” Olhei para Black.

“Nós temos muito o que conversar, acredite.” Ele esboçou um sorriso. “Mas nada que precise ser falado agora, apenas aproveite seu dia de retorno.”

“Algo que eu deva me preocupar?” Franzi a testa receosa.

“É para isso que a senhorita me paga, para que eu me preocupe e não a senhorita.” Ele falou com uma tranqüilidade que só Black tinha.

“Não gosto quando fala assim Black, as coisas não são desse modo e você sabe. Não te pago para se preocupar, você está aqui por que é em quem eu confio para fazer o que faz e se tem algo de errado eu quero saber, eu preciso saber.” Com toda essa história e especulações tudo a essa altura me assustava e me preocupava. Me deixava tensa sobre a minha própria segurança e sobre a segurança das pessoas que estavam próximas de mim.

“Sophie, não há nada que você precise se preocupar, pode ficar tranqüila.” Ele pôs a mão em meu braço e percebi uma troca de olhares entre ele e Matthew. “Eu estou ciente sobre as suspeitas de Richard, a segurança do prédio está mais reforçada ainda então de verdade, não se preocupe com isso.” Black falou e eu olhei para Matthew.

“Houve algum vazamento dessa história na imprensa?”

“Não. Até o momento não soubemos de nada e estamos monitorando sites e jornais.” Matt falou.

“Tudo bem.” Assenti. “Mas vocês vão me avisar se acontecer qualquer coisa, não vão?”

“Vamos sim, eu prometo.” Black sorriu. “Bom, preciso ir trabalhar antes que minha chefe reclame comigo.” Ele me abraçou rapidamente e saiu em direção aos elevadores.

“Vamos trabalhar então!” Falei para Matthew e Emily que sorriram.

Emily foi para sua mesa e Matthew foi comigo até minha sala. Tudo estava exatamente do mesmo jeito que eu havia deixado.

“Engraçado...” Falei pensativa.

“O que é engraçado?” Ele perguntou fechando a porta.

“Parece que faz tanto tempo que eu não venho aqui.” Sentei em minha cadeira. “Agora estou em casa.” Suspirei aliviada.

“Você parece feliz.” Ele sentou de frente para mim.

“Eu estou feliz.” Notei seu olhar cair um pouco decepcionado. “Eu não deveria estar?”

“Sim...” Ele se recostou na cadeira. “Você está feliz e é isso que importa.” Ele esboçou um sorriso. “A propósito, você me falou sobre essa porta que une nossas salas no meu primeiro dia aqui e eu tomei a liberdade de pedir a chave para Emily.” Matt entregou-me a chave e eu o olhei sem entender. “Está trancada ainda, mas queria que soubesse que quando quiser pode abri-la.”

“Você lembra por que eu deixo ela fechada não é?”

“Lembro, sei que Richard só queria vigiar o que você fazia, mas espero que com nós dois seja diferente.”

“E como deveria ser com nós dois?” Perguntei e ele parou por um momento, como se estivesse escolhendo as palavras certas para usar.

“Quero que saiba que pode confiar em mim.” Ele disse sério.

“Mas eu confio em você.”

“E eu quero que continue assim.” Ele sorriu. “Só fique a vontade para abrir a porta quando precisar.”

“Está bem.” Peguei a chave e guardei em minha gaveta. Sem chances de eu destrancar essa maldita porta...

“Eu vou para minha sala, qualquer coisa você me chama.” Ele se levantou.

“Eu chamo sim, obrigada.” Sorri e ele saiu fechando a porta.

Muito bem Sophie, de volta ao trabalho! Liguei meu computador e comecei a ler os e-mails que tinham pendentes, a maioria já havia tido uma resposta de Matthew, mas os li rapidamente afim de saber como as coisas tinham saído nesse tempo em que eu não estava lá. Vi que tínhamos recebido uma proposta para investir em armamento e não havia a menor possibilidade disso acontecer. Meu avô, quando abriu a empresa, começou fazendo esse tipo de investimento, mas como ele mesmo me contou, ele desistiu dessa área após ver os estragos que as guerras causavam em famílias e se sentiu culpado por investir seu dinheiro nisso, então a única coisa que ele me pediu um pouco antes de falecer foi que nunca mais trabalhasse com esse mercado e ele nem precisava me pedir isso, odiava qualquer tipo de arma. Estava concentrada no que estava lendo, quando a porta abriu de uma vez.

“Desculpe senhorita, eu pedi que ela esperasse para que eu lhe avisasse, mas...” Emily disse sem graça e eu encarei Amy que estava em pé de braços cruzados e batendo o pé impacientemente.

“Como se eu precisasse ser anunciada...” Ela olhou com desprezo para Emily. “Você tem idéia de que está destratando a mulher do dono disso tudo aqui?”

“Mas eu não destratei a senhora e...”

“Minha filha cale a boca, você está a um passo de perder esse seu empregozinho medíocre.”

“Cala a boca você Amy.” Gritei. “Eu decido quem trabalha aqui ou não e eu que te peço desculpas Emily por ter que lidar com esse tipo de gente. Pode deixar que eu lido com isso ai sozinha, volte pro seu trabalho.”

“Tudo bem senhorita, com licença.” Emily saiu fechando a porta.

“Acha que é certo me desmoralizar na frente dos empregados?” Amy jogou sua bolsa em meu sofá e se aproximou da minha mesa. Revirei os olhos e voltei minha atenção para o computador.

“Você veio aqui por algum motivo em especial ou só para me encher o saco mesmo?”

“Brian me disse que você ia voltar para cá hoje...” Ela sentou na cadeira.

“Ele voltou para casa então?”

“Ele sempre volta.” Ela sorriu vitoriosa.

“Meus pêsames para ele.” Falei ironicamente.

“É que ele não é um filho ingrato como você é para Richard.”

“Ah, eu que sou a filha ingrata?” A olhei incrédula. “Olha só, diz logo o que você quer por que eu tenho mais o que fazer.” Voltei a olhar para o computador.

“Eu estava vendo os preparativos para a festa de aniversário da empresa, posso saber por que escolheu baile de máscaras?”

“Por que eu quero.” Ri com sarcasmo.

“E por que eu sequer fui consultada sobre alguma decisão dessa festa?”

“Por que eu estou pouco me lixando para a sua opinião.”

“Sophie essa empresa também é minha!” Ela disse levantando o tom de voz.

“Sua?” Comecei a gargalhar. “Mas nunca foi nem nunca vai ser!”

“Eu sou mulher do dono.”

“E é só isso que você sabe dizer e ser. É a sua profissão: A perua mulher do dono. Francamente, eu teria vergonha de me vangloriar disso se fosse você.”

“Escuta aqui...” Ela se levantou apoiando as mãos em minha mesa.

“Escuta aqui você...” Levantei também a encarando.

“Sophie tem esses documentos que você precisa...” Matthew invadiu minha sala, como sempre e ficou parado quando viu Amy e eu. “Desculpe, achei que estava sozinha, posso voltar depois.” Ele disse constrangido por que talvez a tensão naquela sala já estava palpável.

“Matthew!” Amy falou de uma forma mais animada do que o necessário. “Como você está? Faz tempo que não nos falamos!” Ela o abraçou e ele colocou uma mão em suas costas retribuindo o abraço, mas visivelmente constrangido.

“Tudo bem na medida do possível.” Ele sorriu a soltando. “E você como está?”

“Eu estou ótima! Deveríamos marcar alguma coisa, como fazíamos antigamente!” Amy disse sorrindo de orelha a orelha. Eu apenas fiquei em pé observando toda aquela cena ridícula.

“Ér... Claro, claro. Meus pais vão gostar.” Matthew esboçou um sorriso. “Sophie esses documentos são para você.” Ele entregou-me os papéis.

“Obrigada.” Sentei novamente em minha cadeira.

“Eu vou pedir meu almoço e o do Brian daquele japonês que a gente gosta, se você quiser eu posso pedir pra você também.”

“Ah quero sim Matt, por minha conta hoje.”

“De jeito nenhum, por minha conta. Almoço de boas vindas.” Ele piscou para mim e eu sorri.

“Está bem, mas amanhã é por minha conta.”

“A gente negocia isso amanhã.” Ele se virou indo em direção a porta. “Até mais Amy!” Ele passou a mão em seu braço educadamente e saiu.

Amy o olhou de cima a baixo antes dele fechar a porta com um olhar que eu sabia bem o que significava, só não estava querendo acreditar no que eu estava vendo.

“Ai meu Deus...” Falei chocada e ela se virou para mim.

“O que foi?” Ela perguntou.

“Quanto tempo faz?”

“Quanto tempo faz o quê menina?” Ela disse arrogantemente.

“Que você está afim dele.” Amy arregalou os olhos e ficou vermelha de vergonha. Acertou em cheio Sophie. “Meu pai é um idiota mesmo... Mas ele merece a mulher que tem.”

“Você está louca ou o quê? Não sou apaixonada pelo Matt, por favor...” Amy tentou me convencer, sem sucesso. É assim que eu fico quanto minto? Por isso falam que eu minto mal?

“Tudo bem...” Dei de ombros. “É melhor se convencer disso mesmo, já que não tem nenhuma chance com ele de qualquer forma.”

“E por que eu não teria chance com ele?” Ela cruzou os braços e eu levantei uma sobrancelha a encarando.

“Amy, por favor. Olha para você, você é patética!” Disse rindo. “Ele te vê como uma tia, no máximo e você tem idade pra ser tia dele, aliás.”

“Ah e você acha que tem chances com ele? Pensa que eu também não reparei em como você olha para ele?” Ela sorriu irônica.

“Eu não sei se você está atualizada, mas eu estou namorando. Um lindo, alto e forte ex capitão do exército.” Cruzei as pernas. “E pode acreditar, se eu quisesse o Matthew ele seria meu facilmente, ao contrário de você, óbvio.”

“Richard iria ficar muito contente em saber que você está se relacionando com outro funcionário daqui, ele por acaso não tem uma política de não-confraternização nessa empresa?”

“E ele iria ficar muito mais contente em saber que a mulherzinha dele está querendo pegar um garotão pra cuidar.”

“Não mexa comigo Sophie, não sabe do que eu sou capaz.” Ela disse cerrando os dentes.

“Não mexa você comigo Amy.” Fiquei séria. “É melhor ir embora, já me aborreceu o suficiente.”

“Eu vou não por que você quer, mas por que olhar pra essa sua cara imunda me dá náuseas.” Ela pegou sua bolsa e andou até a porta.

“Não culpe meu belo rosto, isso devem ser sintomas da menopausa querida!” Disse e Amy bateu a porta saindo.

Caramba, quem diria... Amy afim do Matthew, isso era muita informação para mim. Mas pelo menos eu tinha irritado ela, então cumpri meu papel. Não sabia como Brian ainda suportava morar naquela casa, faziam anos que eu não pisava nem na mesma rua.

Já era de tarde quando ouvi meu celular tocando, era Ethan.

“Finalmente...” Falei. Ele tinha passado o dia sem dar notícias, como estava sendo de costume.

“Eu sei, sinto muito, estava ocupado aqui.”

“Eu imaginei...” Ouvi a voz dele abafada, como se estivesse em um local com muito vento. “Onde você está? Está ventando muito, mal consigo te ouvir.”

“Estou no terraço, eu só liguei pra te convidar pra minha casa mais tarde.”

“E por que não na minha casa?”

“Por que na sua casa não temos mais privacidade e na minha nós vamos ter.” Ele disse e eu tinha que concordar, já era o tempo em que eu tinha a liberdade de ficar sozinha em casa, sempre tinha gente lá.

“É verdade... Então eu te encontro lá umas 18hrs?”

“Claro que não, eu vou te buscar.”

“Eu tenho motorista particular agora querido.”

“Foda-se, eu vou te buscar.” Ele falou e eu ri. “E traz uma roupa, você vai dormir aqui.”

“Não quer nem me perguntar se eu quero dormir aí com você?”

“Você não se lembra que dia é hoje?” Como assim que dia é hoje? Ah cacete é algum aniversário idiota de alguma coisa e eu esqueci, só pode...

“Claro que eu lembro...” Menti.

“Não faz idéia não é?” Ele falou com diversão.

“Não faço idéia.” Admiti rindo.

“Hoje fazem exatos 15 dias que você saiu do hospital, o que significa...”

“Fim da seca!” Disse e ouvi sua gargalhada.

“Exatamente, fim da seca! Eu passo ai umas 17:30hrs.”

“Está certo e não se atrasa!”

“É você quem sempre se atrasa Sophie...”

“E você não precisa passar isso na minha cara tá?”

“Está bem, está bem. Nos vemos mais tarde então amor.”

“Até mais tarde, beijo!” Desliguei o celular.

Finalmente os dias de secura chegaram ao fim! Levantei animada e fui até meu closet separar uma roupa para vir trabalhar amanhã, quando terminei de escolher a coloquei em uma sacola e voltei para a minha sala. Assustei-me quando ouvi uma risada alta, de mulher, vindo da sala de Matthew. Quem está lá? Encarei a gaveta onde eu tinha guardado a chave da porta que ligava as duas salas. Não vou fazer isso, disse para mim mesma que jamais abriria essa porta de novo. Desviei o olhar de gaveta e sentei em minha mesa. Não ouvi mais nada, mas a curiosidade estava me matando. Eu nunca cumpro minhas promessas mesmo. Dei de ombros e peguei a chave abrindo a porta devagar, tentando não fazer barulho. Abri apenas uma fresta e vi Lindsay em pé com várias sacolas mostrando roupas de bebês para Matthew.

“Amarelo não é muito... Sei lá, sem cor e sem graça?” Ele disse pegando uma blusinha que Lindsay lhe deu.

“Mas é cor neutra, se for menino ou menina vai poder usar.”

“Por isso eu disse pra esperar até saber o sexo, ai a gente compra umas cores melhorzinhas.” Ele lhe devolveu a blusa e ela guardou.

“Ele está com as perninhas fechadas, o doutor não conseguiu ver o que era.”

“Então deve ser menina e está preocupada em se cobrir, está certíssima.” Ele disse colocando a mão em cima da barriga de Lindsay, a alisando e ela riu.

Fechei a porta e a tranquei de novo, ele definitivamente parecia feliz com essa gravidez. Ele e Lindsay iam ter uma família e eu não podia culpá-lo por querer e por gostar disso, talvez fosse melhor assim, ele iria se focar na sua nova vida e eu dar atenção a vida que eu já tinha. Algumas coisas simplesmente não são para ser e não importa o quanto a gente torça e peça, certas pessoas apenas não nasceram para ficar juntas.


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