Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 22
Presente de natal.


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde meninas! E o carnaval como tá sendo? Eu faço parte do bloco Unidos do Lençol, ou seja, passo o dia na cama, sem fazer nada kkkk Espero que gostem meninas, beijo grande!



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Acordei sentindo uma língua molhada por todo meu rosto, abri os olhos e me deparo com Baby tentando me fazer levantar. Sorri e quando olhei para o lado, Matthew estava sentado na poltrona ao lado sofá, suas mangas da camisa estavam dobradas e a gravata frouxa, ele estava lendo algo enquanto mordia a tampa da caneta, sentei e seus olhos voltaram-se para mim.

“Faz tempo que está aqui?” Disse ainda sonolenta.

“Um pouco.” Ele sorriu.

“Porque não me acordou?”

“Eu cheguei e me deparei com você deitada no sofá, dormindo calmamente com o cachorro em cima de você, que estava dormindo mais calmamente ainda... Seria covardia da minha parte acordar os dois.” Eu levantei, coloquei Baby no chão e andei sua direção.

“Não chame o de cachorro, ele tem nome.” Revirei os olhos e sentei em seu colo.

“Não me acostumei com esse nome ainda, vou levar mais uns dias para isso.” Ele pôs as mãos ao redor da minha cintura. “E você como está?”

“Tudo bem eu acho...” Alisei seus cabelos. “Onde está Megan?”

“Está com Luke em algum lugar do apartamento. Ela não se importou em dormir no quarto de hóspedes aqui hoje, quero dizer, se estiver tudo bem por você.”

Luke, Kenny, Matthew e Megan dormindo no meu apartamento. Se fosse em outros tempos eu estaria surtando agora mesmo, mas controlei o meu pânico e apenas assenti. Estava cansada demais para discordar de algo. Aproximei meu rosto do seu e o beijei com desejo, deixando claro o que eu queria. Queria ele, naquele exato momento.

“Você parece cansada...” Ele falou sem ar. “Não temos que fazer nada que você não queira fazer, não foi por isso que eu vim.”

“Eu tive um longo dia.” Apoiei minha testa na sua, depois olhei em seus olhos. “Me faça esquecer, por favor.” O implorei.

Matthew me beijou colocando uma mão em meu pescoço, a outra descendo pelas minhas costas até chegar em minha bunda e a apertou. Mordi seu lábio inferior e terminei de tirar sua gravata a jogando no chão, ele se levantou e eu agarrei seu corpo entre minhas pernas enquanto abria sua blusa e ele foi me carregando para o quarto. Matthew fechou a porta atrás de nós e sentou em minha cama, me inclinei o fazendo deitar e ficando por cima dele. Ele abriu o zíper na lateral do meu vestido e empurrou as alças pelos meus ombros, comecei a beijar o seu pescoço e ele abriu o feche do meu sutiã, tirei o resto de sua blusa, ele levantou meu rosto e me beijou do jeito que só ele me beijava.

Ouvi um barulho em minha porta, pisquei algumas vezes tentando acordar, estava deitada de bruços, Matthew estava do mesmo jeito, com um braço em volta de mim. Levantei cuidadosamente para não o acordar, peguei sua blusa que estava no chão ao lado da cama, a vesti e andei em direção a porta. Quando a abri, Baby estava deitado choramingando, fiquei de joelhos e o coloquei em meu colo, fazendo carinho.

“Que mamãe ruim, deixou você sozinho ai.” Falei beijando sua cabeça, ele latiu e lambeu minha bochecha. Levantei com ele, quando me virei, Matt estava apoiado em um braço me olhando sorrindo.

“Acho que acertei no presente.”

“Odeio ter que admitir isso, mas você está certo.” Sentei na cama colocando Baby ao meu lado. Ele passeou pela cama e se recostou no meu travesseiro.

“É muito humilhante você ficar melhor nas minhas blusas do que eu.” Ele sentou por detrás de mim e beijou meu pescoço.

“Ainda bem. Eu prefiro você sem blusa mesmo...” Dei de ombros e sorri.

“Sophie Trammer, você é uma pervertida.” Ele sorriu e passou a mão subindo pela minha cintura e parando em cima do meu seio.

“Ei!” Bati em sua mão e a tirei. “Na frente dele não.” Sussurrei. Matthew olhou para Baby deitado em meu travesseiro e depois para mim com diversão.

“Ele é um cachorro.” Ele disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

“Cachorro é você.” Disse e deitei ao lado de Baby, que se aproximou mais de mim. “Ele é meu bebê.” Matt deitou a cabeça em minhas costas e começou a beijá-la.

“Começo a sentir uma pontada de arrepedimento de ter te dado ele.” Ele sorriu. Virei meu rosto em sua direção e beijei sua testa. “Posso perguntar uma coisa?”

“Isso já é uma pergunta.” Ele me olhou feio, virei meu corpo e ficamos de frente um para o outro. “Mas, pode perguntar outra coisa.”

“E se a pergunta for te deixar de mau humor, ainda vou poder perguntar mesmo assim?”

“Você já está me deixando de mau humor com tantas perguntas.” Revirei os olhos. “Só pergunta logo de uma vez...” Apoiei a mão em seu ombro.

“Você não sentiu nada por aquele cara o encontrando hoje?”

“Na verdade são 2hrs da manhã.” Olhei para o relógio ao lado cama. “Então eu o vi ontem.”

“Você entendeu o que eu quis dizer...” Ele disse impaciente.

“Não Matthew. Não sinto nada mais pelo Connor faz tempo.” Suspirei. “Essa é a graça de ser mulher, a gente perdoa uns deslizes, esquece outras mancadas... Mas, quando a gente desiste, é pra valer.”

“Quando você descobriu que não podia ter filhos... Quero dizer, foi difícil pra você?”

“Olha, isso definitivamente é mais de uma pergunta.” Apoiei a cabeça na mão.

“Você não é a pessoa mais aberta do mundo, quando tenho a oportunidade de fazer você falar, preciso aproveitar.”

“Eu não sou aberta?” Franzi a testa e coloquei minha perna em cima de seu corpo. “Há apenas umas horinhas eu estava aberta até demais se me lembro.” Sorri maliciosamente e ele começou a alisar minha coxa.

“Não me refiro a sexualmente e sim, emocionalmente.” Ele bateu na minha bunda e eu ri. “Não mude o foco da conversa.”

“Argh...” Gemi frustada. “Por que você quer falar sobre isso?”

“Por que não falar sobre isso?”

“Eu fiquei mal tá bem?” Gritei. “Eu tinha aqueles sonhos imbecis de que ia casar, ter filhos, um cachorro e uma casa grande com varanda para viver feliz para sempre. Satisfeito?”

“Você poder ter isso ainda.” Ele me olhou sério.

“Não, eu não posso. E eu, francamente, não quero.”

“Sophie ninguém é feliz sozinho.”

“Eu era muito feliz sozinha. Eu sou feliz sozinha.”

“Então o que eu estou fazendo aqui?”

“Matthew não somos mais adolescentes, quer mesmo que eu diga o que você está fazendo aqui?”

“Então você, em hipótese alguma, consegue se imaginar tendo uma família?” Ele falou receoso.

“Matthew eu sequer consigo ouvir a palavra ‘namoro’ sem ter uma crise nervosa.” Respirei fundo. “Era isso que você esperava de mim? Casamento, filhos e uma casa?”

“Sophie eu me diverti muito quando era mais novo, antes de conhecer a Lindsay. E agora, eu já vou fazer 30 anos...” Ele parou por um momento e desviou o olhar de mim. “Eu acho que sou um desses que tem sonhos imbecis. Eu quero ser pai, ter uma esposa que me ame... Quero ter uma família para chamar de minha.” Ele me olhou. “Estou errado em querer isso?”

“Matthew...” Suspirei e deitei de barriga pra cima olhando para o teto. “Eu nunca vou poder te dar filhos.”

“Eu sei.” Ele deitou na mesma posição que eu.

“E eu não sei se eu quero um relacionamento pra valer, quem dirá um casamento.”

“Eu sei disso também.”

“O que a gente vai fazer?” O olhei com medo do que ele iria dizer.

“Vamos dar um jeito.” Ele segurou minha mão, a levou até a boca e a beijou.

Ficamos em silêncio, nenhum dos dois pronunciou mais nenhuma palavra sequer. Baby dormiu e em algum momento eu cai no sono também, frustrada, por saber que eu nunca iria ser a mulher que ele queria que eu fosse.

SEMANAS DEPOIS...

Era sábado, mas tive que acordar cedo para ir para uma reunião no escritório. Troquei de roupa, coloquei o vestido branco que eu adorava, me maquiei, predi meus cabelos em um rabo de cavalo com alguns fios soltos, coloquei meus saltos pretos e sai do meu quarto.

“A mulher era completamente louca... Sério.” Ethan estava sentando em cima do meu balcão da cozinha, Luke e Kenny estavam rindo de alguma idiotice que ele estava falando.

“Bom dia.” Falei indo colocar café em minha xícara.

“Bom dia!” Os três falaram ao mesmo tempo.

“Desce daí agora.” Disse olhando para Ethan, que riu de mim e desceu, sentando no banco. Subi e sentei aonde ele tinha acabado de levantar.

“Ah ta... Só você pode.” Ethan me olhou com divertimento.

“Sim, o apartamento é meu então eu posso.”

“Você está bonita Sophie.” Kenny disse dando um gole em seu suco. Olhei para ele e sorri.

“Matthew e Megan viajam hoje não é?” Luke perguntou.

“Sim.”

“Você não vai deixar eles no aeroporto?”

“Por que eu deixaria Luke?”

“Você vai me deixar no aeroporto sempre que eu vou viajar...” Ele disse.

“Por que você é meu amorzinho.” Soltei um beijo pra ele.

“Mas, semana passada você foi me deixar no aeroporto quando eu fui fazer aquelas fotos em Miami.” Kenny disse.

“Por que você também é meu amorzinho.” Soltei outro beijo em sua direção.

“Então quando eu for viajar você vai me deixar no aeroporto também né? Eu sou seu amorzinho.” Ethan disse fazendo beicinho.

“Você não tem casa não? Ou se mudou pra cá de vez e ninguém me avisou?” Falei virando em sua direção.

“Eu tenho casa, inclusive uma muito bonita. Mas, não tem você lá então... Qual a graça?”

“Nossa Ethan...” Coloquei uma mão no rosto. “Que cantada mais vagabunda. Já deu certo com alguma mulher?”

“Sempre dá certo.” Ele piscou pra mim.

“Vamos voltar ao que interessa.” Luke se levantou e ficou de frente a mim. “Você não acha que deveria ir lá pelo menos se despedir?”

“Ele só vai passar uma semana fora, não é como se não fosse mais vê-lo de novo. Por que tanto drama?”

“Ele não tem dormindo aqui com tanta freqüência como antes... E por que será que eu acho que não tem nada a ver com Megan estar na cidade?” Luke estava certo. Desde a noite em que tivemos aquela conversa, as coisas tinham esfriado. Eu estava me sentindo mal por isso, mas não queria que soubessem.

“Você deveria ir lá Sophie.” Kenny colocou a mão em minha perna e me olhou sério.

“Gente, eu tenho uma reunião em menos de 1hr.” Me defendi.

“E daí? Você sempre chega atrasada mesmo...”

“Eu não chego atrasada Luke, os outros se adiantam.”

“Olha, não é querendo me meter, mas já me metendo...” Ethan se levantou. “Sério que o cara vai viajar e você não foi ao menos dizer tchau?”

“Vocês estão tendo problemas?” Kenny falou e colocou seu prato na pia.

“Não estamos tendo problemas e mesmo se tivéssemos, e não estamos, eu me recuso a falar da minha vida pessoal na frente dele.” Acenei a cabeça na direção de Ethan que começou a rir.

“Discreta e delicada como sempre...” Ele pegou seu casaco em cima do sofá e andou para a porta. “Mais tarde nos vemos rapazes.” Ethan falou para Kenny e Luke, que assentiram e ele saiu.

“Comece a falar. Agora.” Luke sentou no balcão ao meu lado.

“Desce do meu balcão.” Ele fez uma cara feia mas desceu mesmo assim. “Honestamente... Estou perdida. Conversamos outro dia sobre filhos e casamento e as coisas estão estranhas desde então.”

“Mas, ele não sabe que você não pode ter filhos?” Luke disse confuso.

“Você não pode ter filhos?” Kenny colocou o braço por cima do ombro de Luke.

“Não posso Ken... Longa história e muito dramática pra contar em um sábado de manhã.” Falei e ele assentiu.

“Mas, espera. Eu achei que vocês estavam tendo algo mais sério.”

“Eu também Luke, mas ele quer uma família. Como eu vou dar uma família pra ele se nem consigo classificá-lo como namorado sem surtar?”

“Sophie, você gosta dele? Tipo pra valer mesmo?” Kenny se aproximou de mim e pôs a mão em meu braço. Respirei fundo e assenti. “Quando gostamos de alguém, nós mudamos. Não por que a mudança nos foi imposto, mas por que queremos ser o melhor que pudermos ser para o outro. Ficaria surpresa se soubesse como eu mudei depois que o seu amigo cabeça dura apareceu na minha vida.” Ele olhou para Luke com doçura e ele sorriu em resposta. “Não estou dizendo para você ir pedi-lo em casamento, mas deixe ele saber que você está disposta a tentar.” Ele se aproximou de Luke e o beijou rapidamente.

“Odeio vocês dois.” Sorri percebendo como os dois estavam felizes um com o outro e como eu me sentia feliz quando estava com Matthew. Talvez seja hora de deixar bem claro o que eu espero de nós dois e o que eu quero para nós dois.

Desci do balcão. Odiava dar o braço a torcer, mas eles tinham razão no fim das contas. Até Ethan tinha razão. Decidi passar em seu apartamento para me despedir. Por fim, me dei conta de que não tinha dado nada de presente de natal para Matthew. Comprei um vestido Chanel para Megan, que havia entregue um dia antes, mas não tinha comprado nada para ele por que não sabia o que dar, ele já tinha tudo. Sentei na cama e fiquei pensando no que ele poderia gostar... Cheguei a conclusão de que para Matthew um presente com um valor sentimetal era mais importante do que qualquer coisa comprada. E eu sabia exatamente o que iria dar para ele. Entrei em meu closet e peguei uma caixa que ficava bem no alto, abri e tirei uma caixinha menor de dentro. Depois de uma breve inspeção para ver se tudo estava em ordem, finalmente sai de casa e fui dirigindo para seu apartamento. Chegando ao condomínio, subi e toquei a campainha.

“Sim, quando descermos do avião eu aviso.” Matthew estava ao telefone e ficou surpreso quando me viu. “Certo pai, nos vemos em breve.” Ele desligou e sorriu. “Você aqui? Não tinha uma reunião agora cedo?”

“É mas, eles que me esperem.” Falei e entrei.

“Sophie! Veio nos dar tchau?” Megan veio correndo e me abraçou.

“Não, vim dizer até logo.” Sorri para ela. “Você volta para o ano novo?”

“Com toda certeza que sim. E dessa vez, não venho fugida.” Ela piscou. “Eu vou terminar de arrumar minhas coisas.” Ela sorriu e entrou em seu quarto.

“Então... Animada para o natal?”

“Não é minha data preferida do ano, mas...” Dei de ombros. “Eu... Bom... Além de vir me despedir e desejar boa viagem...” Gaguejei e ele me olhou confuso. “Eu lembrei que não tinha te dado nenhum presente de natal.”

“Sophie, claro que não precisa me dar nada.” Ele sorriu e me deu um beijo no rosto.

“Mas, agora já é tarde.” Sorri também e tirei a caixinha de dentro da minha bolsa e o entreguei. Ele me olhou curioso e a pegou.

“Posso abrir?”

“Por favor...” Disse nervosa com medo dele não gostar. Ele abriu a caixa e me olhou surpreso.

“Sophie... É um rolex.” Ele tirou o relógio prateado de dentro da caixa e o admirou.

“A minha avó deu de presente para o meu avô. Ele usou todos os dias, até o dia em que faleceu... Ele dizia que trazia sorte. Foi ela quem mandou fazer essa gravação.” Aproximei-me dele e mostrei a parte detrás do relógio.

“Em qualquer lugar do tempo, sempre juntos.” Ele leu e olhou para mim com uma expressão séria. “Sophie eu não posso aceitar isso... É algo seu, de família.”

“Eu quero que você fique.” Coloquei a mão em seu braço. “Eu guardei todos esses anos, com muito carinho e muito zelo. Meu avô era incrível, eu queria poder ser metade da pessoa que ele foi. Mas...” O olhei sem graça. “Eu sei que não sou nada do que você sonhou, mas quando você voltar, talves possamos conversar sobre nós... Sobre futuro. Sobre termos um futuro juntos. Eu quero tentar ser a mulher que você quer que eu seja e estou disposta a mudar para que isso aconteça.”

“Sophie, eu não quero mudar nada em você.” Ele pôs a mão em meu rosto. “Eu sinto muito se em algum momento eu deixei passar essa idéia. Nós estamos começando algo e você me pediu calma. Vamos com calma. Temos todo tempo do mundo pra viver ainda, eu não vou a lugar algum. Exceto agora que eu vou viajar pra ver minha família.” Ele sorriu e me beijou. “Você é perfeita. Bom...” Ele fez uma cara de pensativo. “Talvez eu queira mudar só um pouco da sua irônia... E dos seus gritos... E as suas grosserias... Ah e o seu mau humor cedo de manhã...”

“Tá bom, tá bom. Shiu!” Tampei sua boca com minha mão. “Vamos voltar a parte em que a Sophie é perfeita, Sophie gosta.” Ele mordeu minha mão, eu gritei e a tirei da sua boca. Ele sorriu e me beijou longamente, me deixando sem fôlego. “Vai sentir minha falta?”

“Com toda certeza que sim.” Ele beijou meu nariz. “E nosso filho como está?”

“Nem me fale... Não sei mais o que fazer com aquele rapazinho.” Sentei no braço do sofá e cruzei as pernas.

“Não me diga que ele destruiu outro sapato.” Matthew falou tentando conter o riso.

“Já é o terceiro só essa semana. E ele só escolhe os mais caros.” Falei indignada. Depois que Baby descobriu como abrir a porta do meu closet, eu estava vivendo um pesadelo.

“Ele tem bom gosto igual a mãe.” Matthew ficou na minha frente beijou meu rosto. Ele tirou o seu relógio, o colocou em cima do sofá e botou no pulso o relógio que eu tinha acabado de lhe dar.

“Ficou muito bem em você.” Sorri.

“Ficou mesmo.” Ele levantou o pulso o admirando. “Eu adorei, obrigado.”

“O prazer é todo meu.” Levantei e o abracei, ele pôs as mãos ao redor da minha cintura e me puxou para mais perto.

“Em qualquer lugar que eu esteja...” Ele sussurrou. “Você sempre vai estar comigo, aqui...” Ele se afastou e apontou para sua cabeça. “E aqui.” Ele levou minha mão até seu peito, onde ficava seu coração.

“Se eu tivesse coração, você estaria nele também.” Coloquei minhas mãos ao redor do meu pescoço e ele gargalhou.

“Tão romântica...” Ele sorriu e me beijou ainda rindo.

“Desculpe atrapalhar o casal, mas nós temos que ir senão vamos perder o vôo Matt.” Megan apareceu na sala com suas malas.

“Sim e eu tenho que ir trabalhar.” Falei e fui até ela a abraçando. “Boa viagem lindinha.”

“Obrigada por tudo Sophie, muito obrigada mesmo.” Ela me abraçou forte, eu sorri e peguei minha bolsa andando em direção a porta.

“Boa viagem pra você também bonitão.”

“Obrigado. E se comporte. Baby vai me contar se você tiver aprontado algo.” Ele me beijou rapidamente. “Eu volto antes de você começar a sentir saudades.”

“Acho bom mesmo.” O olhei feio, o abracei alisando seu cabelo e fui embora.

Precisava contar para Luke e Kenny que eles estavam certos em me convencer a ir me despedir. E mais uma vez os outros estavam certos e eu errada. Que porra de dia é esse?

Depois da minha reunião na empresa, voltei para casa e Baby veio correndo me receber. Ele já estava definitivamente maior e ainda iria crescer muito mais, mas ainda levaria alguns meses para ele antigir o tamanho total dele. Troquei de roupa, coloquei uma calça de moletom e uma camiseta cinza, que tinha escrito: I have a better suggestion for us*. Liguei a televisão da sala, sentei no sofá e Baby deitou ao meu lado. Comecei a assistir um filme de comédia e a rir sozinha igual uma louca, alguns momentos depois a campainha tocou e eu fui abrir a porta. Ethan estava parado de braços cruzados e me olhou de cima a baixo, como sempre.

“Você realmente não tem casa né?” Apoiei-me na parede e sorri.

“Isso é um sorriso?” Ele franziu a testa. “Você sabe sorrir?” Ele cutucou minha bochecha com um dedo.

“Sorte sua que eu estou incrivelmente de muito bom humor, senão esse seu dedo já estaria quebrado em duas partes.” Virei-me e voltei a sentar no sofá, Ethan veio me seguindo.

“Então, fez as pases com o bocó?” Ele sentou na poltrona de frente a mim.

“Não é da sua conta.” Comecei a fazer carinho em Baby. “O que você quer mesmo?”

“Marquei de almoçar com os rapazes.” Ele se recostou na poltrona.

“Eles não estão em casa.”

“Eu notei.” Ele sorriu irônico e eu revirei os olhos.

“Sabe, acho muito bom você e Kenny se darem bem e você não ter problemas com... Bom, você sabe...”

“Sobre meu irmão mais velho ser gay?” Ele falou calmamente.

“Eu não iria colocar dessa forma, mas já que você falou assim...” Disse sem graça.

“Ele é meu irmão. Não me interesso se ele dorme com uma mulher ou um homem, não muda o que significa para mim.”

“Uau... Quem diria... Ethan tem sentimentos.” Falei olhando para Baby e Ethan riu.

“Porque o espanto? É a mesma situação em que você vive com o Luke e vocês nem são parentes de sangue. No quesito ‘aceitação’, é mais fácil para mim. E não é como se Ken fosse uma aberração ou algo do tipo.”

“Eu sei disso, só que... Você com toda essa posse de macho alfa... Só fico surpresa que aceite a situação bem. Eu não sou cega, eu sei o que as pessoas falam, o jeito que olham e o que pensam quando sabem as preferências sexuais do Luke. E isso me irrita profundamente.”

“Sei como é. Já tive que ouvir muita piada sobre Kenny, principalmente no exército...” Ele pôs uma perna por cima da coxa. “Já fiquei muito na detenção por espancar quem tirava essas brincadeiras. É inaceitável que em pleno século 21, ainda existem pessoas com pensamentos tão arcaicos.”

“Espera...” Apoiei meus cotovelos em meu joelho. “Serviu o exército?” Perguntei surpresa.

“Sim. Dos 18 aos 29, me aposentei fazem 3 anos.”

“Mas era tipo... Guerras, tiros, mortes e tal?”

“É...” Ele gargalhou. “Guerras, tiros, mortes e tal, resume bem meus anos servindo.”

“Bom, isso explica então...” Pensei alto.

“Explica o quê?” Seu corpo lindo, musculoso e enorme.

“Nada demais...” Dei de ombros. “Meu chefe de segurança também servia, mas acho que ele se aposentou um pouco depois de você começar.”

“Qual nome dele?”

“Black. Drew Black.”

“Drew Black...” Ele disse pensativo. “Acho que ele já deu alguma palestra para minha equipe, ou treinamento... Algo do tipo. Ele fica no prédio sede da Trammer’s?”

“Sim...”

“Gostaria de encontrar com ele qualquer dia, se você não for querer me matar por ir a sua empresa, é claro.” Ele falou debochando.

“É um imbecil mesmo...” O olhei incrédula. “Pode ir quando quiser Sr. Cross, só me avise para eu falar com Black para lhe receber.”

Ficamos assistindo ao filme, em silêncio na maior parte do tempo, exceto quando Ethan fazia algum comentário desagradável sobre como a protagonista era sem sal e tinha uma bunda feia. Mas, tirando essas partes grotescas, até que Ethan não era um retardado vagabundo como eu pensava.

“Sophie...” Ele começou a falar. “Se eu te chamasse para sair comigo o que você diria? Hipoteticamente falando.”

“Diria que você está louco. Literalmente falando.” Falei e ele gargalhou.

“Tá, mas por que não sairia comigo?”

“Você quer dizer além do motivo óbvio de eu já estar com alguém?”

“Por favor...” Ele bufou. “Me dê um motivo digno, isso não me convence.”

“Tudo bem... Você não faz meu tipo.” Sorri irônica.

“Então você não gosta dos bonitos, bem humorados, bons de cama e sarados?” Ele disse ainda com diversão.

“Ethan, honestamente, se fosse em outros tempos, eu já teria ido pra cama com você e provavalmente mais de uma vez.” O olhei. “Mas, sabe como é, estou tentando ser um ser humano melhor, isso significa me manter longe de caras tipo você.”

“Caras tipo eu?!” Ele repetiu ainda rindo.

“Sabe qual que é o principal problema de ficar afim dos que tem cara de que não prestam? É que em 99% dos casos, eles realmente não valem nada.”

“E se eu disser que faço parte do 1% da excessão?”

“Então eu diria que você além de louco é mentiroso.” Falei sarcástica. “Já sai com vários caras idênticos a você Ethan, o sexo é impecável, mas não compensa a dor de cabeça.” Levantei e ele ficou me olhando. “Pode ficar a vontade enquanto os rapazes não chegam. Vem Baby.” Baby levantou também e veio me seguindo até meu quarto, onde eu deitei e tirei um cochilo, não via a hora do avião de Matthew pousar para ele poder me dar noticias e por mais que eu odiasse, estava morrendo de saudades dele já.

*Eu tenho uma sugestão melhor para nós.


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