Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 2
Matthew Davis.


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês gostem *-*



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Chegamos ao restaurante italiano que ficava á uns 20 minutos da empresa, eu fui em meu carro e Matthew no dele, me seguindo.

"Boa noite Srta Trammer." A recepcionista nos recebeu. "Mesa para dois?" Acenei que sim com a cabeça e foi nos guiando pelo restaurante. "Essa está de seu grato?"

"Está, obrigada." Disse educadamente sentando na cadeira, Matthew sentou de frente a mim.

"Leonard já virá atendê-los. Espero que tenham um ótimo jantar, com licença." Ela sorriu e saiu.

"É um dos investimentos Trammer?" Matthew perguntou.

"Isso mesmo, uma das minhas primeiras conquistas." Falei olhando ao redor do espaço. "Sabe, eu lembro quando vim aqui a primeira vez... Esse lugar estava acabado." Ele começou a olhar ao redor também.

"Não dá nem pra imaginar... Como era antes de reformar?"

"Ah, as paredes eram horríveis e o piso nem se fala. Não tinha o andar de cima, mas hoje em dia lá em sempre cheio, por causa da vista. Tá vendo aquelas janelas?" Apontei para a parede do lado oposto ao nosso. "Era minúsculas, eu quis aumentá-las e achei que o lustre ia dar um charme e elegância a mais e..." Olhei para ele que me olhava sorrindo. "Me empolguei de novo, desculpe."

"Você ama o seu trabalho. Não tem por que se desculpar."

"Boa noite Srta Trammer e Sr...?" Leonard, o garçom, se aproximou da nossa mesa.

"Sr Davis, muito prazer." Matthew falou estendendo a mão para ele que o cumprimentou.

"O prazer é meu Sr." Ele dirigiu seu olhar a mim. "E a Srta como está? O Sr Hudson não se juntará a nós essa noite?"

"Eu estou bem Leonard, obrigada por perguntar. Luke viajou para Paris à trabalho, ele irá voltar amanhã!"

"Vi a foto dele em um outdoor, fico feliz que a carreira dele está dando certo, mande lembranças minhas à ele." Ele sorriu. "A Srta vai querer o de sempre?"

"Luke vai apreciar muito Leonard e sim, vou querer a massa ao molho branco e vinho tinto, por favor."

"E o Sr o que deseja?" Ele se dirigiu a Matthew.

"Vou querer o mesmo que a Srta."

"Perfeito, já volto com seus pedidos, com licença." Ele disse e saiu.

"Luke, eu suponho, é seu namorado? Ou é casada?". Ele perguntou. Eu engasguei com a água que estava tomando e comecei a rir. "Eu falei algo engraçado?" Ele disse sem entender nada.

"Sim." Eu falei ainda rindo. "Não sei o que foi mais engraçado, você achar que eu sou casada ou que o Luke é meu marido."

"Por que é engraçado?"

"Bom por que Luke é... Digamos que é da família, praticamente. E eu sou sozinha. Quer dizer, solteira. Nem sempre sozinha, só oficialmente solteira. Enfim... Você me entendeu." Ele sorriu. "E quanto a você?"

"Eu sou noivo. Vou me casar no fim do ano ou talvez começo do próximo... Ainda não decidimos." Ele deu um gole em sua água e eu levei meio segundo pra processar a informação... Matthew ia se casar.

"Isso é... É ótimo, eu acho." Tentei parecer sincera. "Ela é da Califórnia também?"

"Sim. Estamos juntos desde o primeiro ano da faculdade." Preciso de mais um segundo pra processar essa outra informação.

"Espero que ela esteja gostando de Nova Iorque..." Falei desviando o olhar dele.

"Eu não tenho como responder isso, ela ainda não se mudou pra cá." Ele enrugou a testa um pouco.

"Como? Ela não veio com você?"

"Lindsay é escritora e está terminando o seu livro. Segundo ela não iria conseguir escrever aqui, por que não é o lugar certo."

"Na minha opinião você só precisa de um papel e caneta pra escrever, não sabia que existia isso de estar no 'lugar certo'."

"É exatamente o que eu penso!" Ele falou surpreso. "Mas ela diz que eu sou homem e homens não tem a mesma sensibilidade que as mulheres."

"Eu sou mulher e acho que não tenho sensibilidade alguma." Ele riu e nossos pratos chegaram. Comemos por alguns poucos minutos em silêncio total.

"Sabe... Ainda não entendi por que riu quando achei que era casada. Algo contra casamentos?" Ele disse colocando um pouco de massa com molho na boca e mastigando. Eu coloquei meus talheres sob o prato e peguei minha taça de vinho.

"Casamentos, relacionamentos, homens... Tudo isso eu procuro evitar."

"Homens?! Não vá me dizer que você é lésbica!" Ele começou a rir abertamente e eu comecei a rir também.

"Não mesmo. Embora já tenha tido uma experiência quando eu estava na faculdade...". Comecei a me lembrar das festinhas das fraternidades.

"Você já ficou com uma mulher? Tipo pra valer?" Ele arregalou os olhos em surpresa.

"Quem nunca teve uma experiência homossexual na vida?"

"Eu!"

"Ah..." Tomei outro gole de vinho. "Não sabe o que está perdendo, é um grande aprendizado."

"O que raios você aprendeu agarrada com uma mulher?"

"Que eu gosto de homens mesmo." Matthew não se aguentou, até tentou conter, mas soltou outra risada.

"Você é engraçada Sophie. Quando quer, você é engraçada."

"Obrigada Matthew."

"Pode me chamar de Matt. Sem Sr. Davis, por favor."

"Como quiser." Assenti com a cabeça.

O jantar foi extremamente agradável, a conversa fluía normalmente sem qualquer esforço de ambas as partes. É claro que ele é noivo, um cara lindo desse jeito com certeza já deveria ter alguém... Mas confesso que fiquei um pouco desapontada em descobrir isso. Matt era muito inteligente e extrovertido. Ele falava sobre a queda na bolsa e a crise dos últimos anos e em um minuto depois ele contava como pegou uma infecção na garganta de tanto gritar cantando Hey Jude, no show do Paul MacCartney.

"Fala sério, eu fui também nesse show!"

"Você gosta de Beatles?" Ele disse surpreso.

"Se eu gosto? Eles foram a melhor banda de todos os tempos, eu não perco um show do Paul".

"Confesso que estou surpreso."

"Por que? Achou que eu gostasse de que tipo de banda?" Falei cerrando os olhos.

"Sinceramente Sophie, eu não fazia ideia. Eu sou bom em decifrar as pessoas, mas você, é o mistério em pessoa."

"Não tem nada de misterioso em mim, pode ter certeza."

"Perfeito, então me fale sobre você, quero saber tudo a seu respeito."

"Tem algum motivo em especial pra isso?" Cruzei os braços.

"Mera curiosidade de ex advogado."

"Não tem o que saber. Sou filha única, 27 anos, moro sozinha, o único homem que entra no meu apartamento é o Luke desde que eu o comprei, amo o que eu faço... E só." Levantei a taça para Leonard que estava do outro lado do salão, em forma de pedido para que viesse enchê-la. Se essa conversa fosse mais adiante eu ia precisar de mais uma bebida.

"Mas e sua família? Quero dizer, o resto dela."

"O meu pai é filho único também... Minha avó faleceu um pouco depois de eu nascer e meu avô, bem... Ele era incrível. Um homem formidável, tão inteligente e justo. Eu nunca o vi aumentar o tom de voz com ninguém, por mais que ele estivesse muito bravo e ele fazia de tudo pra me ver feliz, era o maior babão, você ia ter amado conhecer ele... Mas ele faleceu também quando eu tinha uns 12, 13 anos..."

"Sinto muito por isso. Mas, e sua mãe?" Ele perguntou receoso.

"Eu não sei quem é minha mãe."Respirei fundo e continuei. "Ela me abandonou logo depois que eu nasci... Alguns anos mais tarde eu perguntei a meu pai sobre ela e ele disse que ela tinha falecido em um acidente de carro..."Comecei a lembrar do dia que perguntei a Richard sobre Laura, a mulher que me pôs no mundo.

"Ela nunca quis saber de você, por que resolveu perguntar sobre ela?"Richard disse sem nem se dar o trabalho de olhar para mim, apenas continuou trabalhando.

"Eu só queria saber sobre ela. O que ela está fazendo da vida, aonde mora... Talvez se ela me ver ela possa..."

"Vê como o que diz é patético?"Ele me interrompeu. "O que você é hoje que vai fazer ela te querer? Ela não te quis quando você era apenas um bebêbonzinho, quem dirá agora..." Ele riu irônico, senti o nó se formando em minha garganta e tentei conter as lágrimas que estavam insistindo em cair."Mas, se te faz tão contente, eu soube que ela sofreu um acidente alguns meses atrás e não resistiu aos ferimentos. Satisfeita?" Não respondi. Apenas me virei e sai de sua sala. Fui para meu quarto e chorei atédormir.

"Sophie?" Matthew encostou em minha mão me trazendo de volta a realidade. "Desculpe ter tocado no assunto, eu não sabia de... Bom, não sabia que as coisas eram assim." Tirei minha mão debaixo da sua e coloquei em meu colo.

"Está tudo bem." Tentei sorrir. "Já faz muito tempo e de qualquer forma, não é como se importasse, eu não tenho nenhum sentimento por ela, nenhum apreço. Eu só sei que ela se chamava Laura Evans e só, nada mais." Leonard voltou com o vinho e encheu nossas taças. "E você? Como é sua família?"

"Enorme." Ele riu. "O meu pai você já conhece, ele e minha mãe são casados há quase 35 anos."

"Nossa... É muito tempo." Dei um gole no meu vinho.

"É verdade e mesmo depois de tanto tempo eles se dão muito bem, eu espero que meu casamento seja metade do que o deles é. E bom, eu tenho mais três irmãos, dois sobrinhos, sete tios e uma infinidade de primos e primas."

"Que bizarro!" Comecei a rir. "Você é o mais velho dos irmãos?"

"Não, somos por ordem de nascimento: Marissa, Eu e Mason, que somos gêmeos e Megan, a caçula."

"Espera, você tem um irmão gêmeo?" Olhei incrédula. Dois Matthews no mundo?

"Sim, mas somos fraternos. Não temos nada em comum além da cor do olhos." Ele riu. "Mason é mais desencanado, se formou em educação física... Acho que nunca o vi usando uma gravata."

"Uau. Sua família é enorme mesmo, não sei se eu ia conseguir decorar o nome de tanta gente." Ficamos conversando por mais um tempo e decidimos que já era tarde o suficiente pra ir pra casa, já que no outro dia teríamos trabalho e eu ainda ia buscar Luke no aeroporto.

"Eu proponho um brinde pra fechar a noite com chave de ouro." Matthew disse levantando um pouco sua taça, eu repeti seu movimento.

"Ok, vamos brindar. Mas a quê?"

"Vamos brindar a nosso futuro juntos como parceiros de trabalho." Parceiros de trabalho... Não gostei disso.

"Claro. Um brinde então, parceiro de trabalho." Brindamos e bebemos. Matthew insistiu em pagar a conta, mesmo contra minha vontade, depois fomos andando até a saída do restaurante e esperamos os manobristas trazerem nossos carros.

"Então... Nos vemos amanhã." Ele falou sério.

"Nos vemos amanhã. Parceiro." Sorri e ele sorriu de volta. Meu carro parou de frente a mim, eu dei a volta, entrei nele e acenei dando um último tchau para ele.

Depois de chegar em casa, tirei o celular da bolsa e fui ver as mensagens e ligações. Havia um e-mail de Richard informando que tinha marcado uma reunião com uns investidores no sábado. Iriamos tratar de um projeto antigo nosso, quando digo nosso quero dizer meu, mas pelo menos ele tinha arranjado a reunião com gente interessada em fazer parte do trabalho. Tomei um banho, escovei meus dentes e coloquei minha camisola. Sentei em minha cama, liguei a TV, deixei em um telejornal e comecei a pentear os cabelos, lembrando de tudo o que tinha acontecido naquele dia. Eu conheci Matthew, que eu tinha esbarrado apenas um dia antes enquanto corria, o que me fez lembrar que eu preciso ir correr ou ir a academia amanhã, já que não tinha feito nenhum exercício físico e ainda tinha comido massa. Eu passei o dia com Matthew, que era extremamente lindo, sexy e perfeito. Eu jantei com Matthew e realmente tivemos um jantar fantástico. E eu descobri que Matthew é noivo. Não que eu tenha pensado que ia rolar alguma coisa entre a gente... Tá bom, eu posso ter me imaginado pulando nos braços ele uma dúzia de vezes ao longo do dia, mas foi até bom saber dessa informação, ia ser burrice me envolver com ele. Primeiro por que trabalhamos juntos e vai contra minha ética profissional e contra as normas da empresa. E segundo, por que Matthew parecia ser do tipo de homem que gosta de estar em um relacionamento, ele não parece do tipo que sai e fica com qualquer mulher que aparece, o que era muito raro hoje em dia e uma pessoa como eu que abomina todo tipo de relacionamento amoroso... Simplesmente não ia dar certo. Pelo contrário, iria dar muita dor de cabeça. Então é melhor assim mesmo, cada um no seu lugar.





 


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