Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 10
Um passado para esquecer.


Notas iniciais do capítulo

Boa noite lindaaaas, E o passado da Sophie começa aos poucos a ser revelado... muaahaaha kkk Espero que gostem, muito obrigada por TUDO! Beijo beijo!



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Tudo o que eu não precisava no momento, era encontrar com Connor. Isso automaticamente me levava de volta ao meu passado, minha adolescência conturbada... Eram coisas que eu não gostava de lembrar, simplesmente por que não me faziam bem e por que eu não poderia fazer nada para mudá-las. Mas ver Connor... Era impossível não lembrar das coisas que eu tentava tão severamente esquecer.

“É muita coincidência nos encontrarmos de novo, não é?” Ele falou sorridente sentando no banco ao meu lado, eu tentei olhar discretamente em direção do banheiro, tentando conter o desespero de encontrar Luke.

“É.” Disse secamente.

“Eu notei quando nos vimos no aeroporto, mas não tive oportunidade de comentar antes, você está muito mudada Sophie.”

“Mais de dez anos se passaram Connor. É de se esperar que as rugas começassem a aparecer...” Dei um gole no meu suco e ele riu.

“Não quis dizer fisicamente, você está mais séria, fechada. E você sabe, mesmo se você tivesse todas as rugas do mundo, você sempre foi a mais bonita de todas.”

“Isso não impediu você de ir pra cama com outras.” Sorri inocentemente, Connor ficou sério.

“A língua afiada como sempre...” Ele balançou a cabeça. “Algum dia você vai me perdoar pelas coisas que eu fiz? Ou pelo menos conseguir não me odiar?”

“Eu já perdoei Connor. Acredite, faz tempo. E por mais que você mereça, eu não te odeio” Virei ficando de frente para ele. “Mas, a minha memória é muito boa.” Ele deu uma risada abafada. “Algo engraçado?”

“Nada demais... Só como a vida pode ser surpreendente. Hoje mesmo, eu estava pensando em Annelise e agora te encontro aqui.” Engoli em seco ao ouvir aquele nome que por anos eu não ouvi. “Você pensa nela ainda?” Senti uma pontada forte no coração e um nó terrível na garganta. Luke voltou ficando meu lado e colocando a mão em minha cintura levemente.

“Connor.” Ele disse em forma de saudação, mas de uma maneira bem mais seca do que ele normalmente trataria alguém.

“Luke.” Connor suspirou. “Quanto tempo...”

“Não o suficiente. Está tudo bem aqui?” Ele perguntou se virando pra mim. Não falei nada, apenas assenti com a cabeça. “Se você nos dá licença Connor, nós estávamos indo pra casa já.” Luke puxou-me delicadamente me fazendo ficar de pé.

“Claro. Foi um prazer revê-los, você principalmente Sophie. Nos falamos em breve.” Tentei esboçar um sorriso apenas pra tentar ser educada, Connor entrou na área do restaurante se afastando, fazendo com que eu finalmente conseguisse respirar normalmente.

“Vamos pra casa.” Luke falou pagando ao rapaz do bar o meu suco.

“Espera.” Coloquei a mão em seu braço. “A gente ia almoçar ainda...”

“Eu não vou fazer você ficar no mesmo ambiente que esse cara. Principalmente por que você está branca igual a uma vela e gelada. Vamos pra casa e eu peço algo pra gente comer.”

“Não Lu, imagina. Eu consigo lidar com isso, sério.”

“Sophie não insista. Você está visivelmente abalada por alguma coisa que esse imbecil fez. Afinal, o que ele fez? Por que eu juro que se ele tiver tentado encostar em um fio de cabelo seu, eu entro ali e vou fazer uma cena que ninguém nunca vai esquecer.”

“Ele não fez nada ok? Tente manter a calma...” Respirei fundo. “Ele perguntou se eu ainda pensava na Annie...” Luke me abraçou e beijou minha testa.

“Você não tem que pensar nisso. Ouviu? Você não é culpada de absolutamente nada!” Ele tentou me acalentar.

“Acho melhor irmos pra casa mesmo.” Peguei minha bolsa e fomos andando até o carro.

Fui todo o caminho em silêncio e Luke me conhecia o bastante pra não invadir meu espaço e me deixar à vontade. Ele sabia que quando eu estivesse bem pra conversar, eu iria.

Chegando em casa, Luke começou a tentar me obrigar a comer algo, mas eu realmente estava sem a menor fome. Eu simplesmente não conseguia controlar esse sentimento que eu tinha quando encontrava com Connor. Realmente o tinha perdoado, eu tinha deixado essa fase da minha para trás e vê-lo, estar ali com ele, era apenas torturante. Era como se ele fizesse questão de lembrar todas as coisas que eu luto para esquecer. Por fim, dei-me por vencida e comi uma salada de frango, só pra Luke sossegar.

“Eu te chamei pra almoçar comigo por um motivo em especial...” Ele começou falando e tomando um gole de vinho.

“Quer me contar alguma coisa?” Perguntei receosa.

“Quero. Quer dizer, queria... Acho que você não está muito no clima.”

“É, mas agora estou curiosa. Pelo amor de Deus... São boas noticias?!”

“Boa e má noticia.”

“Ai Jesus...” Larguei os talheres e virei para ele. “Diz logo de uma vez!” Já estava impaciente.

“Eu recebi uma ligação, logo depois que você saiu...”.

“Sim... E daí?”

“E daí que me convidaram pra fazer um ensaio exclusivo de natal para a Vogue!” Ele falou sem conseguir conter o sorriso de orelha a orelha.

“Você está brincando comigo não é?” Falei incrédula. “Você? Na Vogue?” Levantei e comecei a gritar e pular igual uma louca.

“Eu sei!” Ele se levantou e começou a pular também.

“Espera...” Parei e o olhei séria. “Essa é a boa noticia, aliás, ótima. Qual a ruim?”

“Eu vou ter que viajar para a Inglaterra.”

“Isso não soa nada ruim pra mim, nós amamos a Inglaterra.”

“Mas eu iria passar o dia de ação de graças viajando.”

“E essa é a noticia ruim?” Bufei.

“Sophie, nós sempre passamos o feriado juntos. É o dia de ação de graças!”

“E é a Vogue!” Bati em sua cabeça. “Você ousa cogitar recusar isso só por que vai perder a porra de um feriado que a gente odeia?”

“Eu não vou te abandonar aqui pra passar o feriado sozinha! E se...” Ele se aproximou e pôs as mãos em minha cintura. “Você viesse comigo?”

“Eu ia amar Luke, você sabe que eu iria... É a Inglaterra!” Sorri. “Mas, não posso viajar agora. Tem mil coisas na empresa pendentes e se eu for, Richard vai me comer viva quando eu voltar. E outra, nosso dia de ação de graças é sempre a mesma baboseira. Eu preciso realmente te lembrar o por que esse ensaio é mais importante que nosso feriado? Passamos o dia comprando besteira e nossa ceia é algum fast food que esteja aberto. Não vou deixar você trocar a Vogue por uma dia deprimente comigo.”

“Mas...”

“Não tem ‘mas’ Luke.” O interrompi e o abracei forte. “Você tem noção do orgulho que eu estou sentindo agora? Você vai sair na Vogue! Vai ficar mais famoso que eu... E acho que não gostei dessa parte.” Ele bateu com força na minha bunda.

“Sua cadela egoísta!” Ele tentou fazer uma voz de raiva, mas eu tinha certeza que ele estava rindo de tudo isso.

“Então está mais do que resolvido.” O soltei e dei um tapinha no seu rosto. “Você viaja, eu fico. E quando você for convidado para as festas exclusivas com aqueles modelos gostosos, vou te obrigar a me levar.”

“Eu vou pensar no seu caso com carinho.” Peguei uma almofada do sofá e joguei nele. Meu menino... Meu menininho ia ficar mundialmente conhecido. Ele merecia todo esse sucesso e um pouco mais.

Voltei para o trabalho renovada, simplesmente por saber a boa noticia que Luke tinha pra me dar e eu me toquei por fim que iria passar o feriado sozinha. Entrei em minha sala e comecei a imaginar o que eu podia fazer... Podia ir à praia, podia ir jantar em algum restaurante... Mas, essas coisas todas soavam muito tristes de se fazer sozinha. Quer saber? Vou ficar em casa, com uma ótima companhia, eu mesma.

“Atrapalho?” Matthew interrompeu meus pensamentos entrando e sentando em minha frente.

“Se eu dissesse que sim, você iria sair?”

“Provavelmente não.” Ele sorriu. Com aquele sorriso presunçoso e desgraçado que só ele tem. Apoiei o queixo na mão.

“O que você quer?” Perguntei entediada.

“Duas coisas. Melhorou das costas?”

“Na verdade sim. Só que está formingando... Isso é normal ou eu vou ficar aleijada?” Encostei a mão de leve em cima do machucado. Matthew gargalhou.

“É normal, é graças estar formingando que você não está sentindo dor. O spray adormece o local.”

“Então está tudo bem!” Disse aliviada.

“Eu também queria pedir desculpas pelo comentário inapropriado na reunião mais cedo. Você desperta um lado meu que é inconseqüente e imaturo.”

“Tem certeza de que isso é um pedido de desculpa?” Falei ironicamente. “Você está mais me culpando do que se desculpando.”

“Desculpe por isso também.” Ele sorriu sem graça. “Mas, é bem sério o que estou falando. Eu sou sempre razão. O tempo todo. E ao seu lado é como se a razão saísse pela porta e a emoção entrasse pela janela.”

“Sabe Matt...” Recostei-me na cadeira. “Não tem nada de errado em, de vez enquando, perder o controle.”

“Têm muitas coisas erradas sobre perder o controle Sophie.”

“Como você consegue ser tão calmo e relaxado quando o assunto é trabalho e tão careta e travado quando o assunto é a sua vida?” Ele pensou por um momento, respirou fundo e alisou a testa com a mão de forma tensa.

“Eu só não quero decepcionar ninguém...”

“Não sei se te importa muito, mas enquanto você estiver fazendo o que gosta, da maneira que gosta e simplesmente por que você quer e não por que os outros querem, eu nunca iria me decepcionar com você, muito pelo contrário.” Ele sorriu abertamente dessa vez,

“Importa sim. Importa muito.”

“Bom, então... Já que estamos muito bem, eu preciso te contar uma novidade.” Falei animada me afastando da cadeira e ficando com o corpo quase por cima da mesa.

“O que foi?” Ele se aproximou copiando o meu gesto e estávamos um de frente pro outro.

“Luke foi convidado pra fazer um ensaio de natal para a Vogue!”

“Uau... Isso é ótimo!” Então ele parou por um segundo e levantou a sobrancelha, confuso. “Mas, o que é uma Vogue?”

“Ai Matthew... Eu não acredito que você não sabe o que é Vogue!” Disse incrédula.

“É algo que eu deveria saber?”

“É só a revista de moda mais famosa do mundo!”

“Então não é algo que eu deva saber...” Ele riu.

“Meu Deus... Você não vive com uma mulher? Como você nunca ouviu falar em Vogue?” Respira Sophie, se recomponha. “Enfim. É uma revista mundialmente conhecida e se Luke participar desse ensaio... Vai ser o ápice da carreira dele.”

“Isso me parece muito bom. Mas, como ‘se o Luke participar’? Ele tem dúvida se deve fazer ou não?”

“Ele não queria me deixar sozinha no dia de ação de graças...”

“Ele vai viajar para fazer as fotos?”

“Sim, Inglaterra. Só meu lugar preferido em todo mundo...”

“E por que você não vai com ele?”

“Por que temos muito o que fazer aqui, não posso só decidir ir viajar.”

“Mas, o que vai fazer no feriado então?”

“Eu pensei em viajar, mas parece tudo tão patético de se fazer sozinha. Vou ficar em casa e pedir comida como sempre.”

“Por que não vem pra casa comigo e com Lindsay?” Fiz uma careta pra ele. “Tudo bem, entendi, foi idiotice perguntar. Eu só não queria que ficasse sozinha.”

“Você e o Luke são muito dramáticos. É só um feriado estúpido... Eu vou sobreviver ta bem?”

“Ta bem, ta bem...” Ele levantou as mãos em forma de rendição. “Você quem sabe... Mas, a proposta vai ficar de pé.”

“Olha, embora seja muito tentador a oferta de passar todo um feriado com você e a outra coisa...” Matthew me olhou feio pelo ‘outra coisa’ “Eu vou preferir ficar sozinha mesmo, faz muito bem pra minha saúde mental.”

“Você é louca.” Ele se levantou. “Louca e estranha.”

“E você me adora mesmo assim, por que eu sou adorável, fala sério.”

“Talvez você seja adorável... Mas só um pouco.” Sorri e ele saiu da minha sala.

Ai que droga, agora eu ia ficar tentada a aceitar o convite de Matthew, simplesmente pra encher o saco da demônia. Mas, eu sabia que ia escolher ficar em casa mesmo... Eu adoro meu cantinho. Talvez seja um pouco triste passar esse feriado sozinha, baseado em que, Luke e eu tínhamos passado ele juntos desde que nos conhecemos e era o primeiro ano que eu iria passar sem ele... Mas quem está ligando não é? Não importa se isso me chateava, Luke estava realizando o sonho da vida dele. Ser reconhecido em todo mercado do mundo da moda e eu não poderia nem iria intervir nisso. Eu estava feliz por meu amigo e isso era mais que suficiente.

Estava em lugar escuro, sozinha, quando finalmente comecei a ver uma luz iluminando uma sala. Ao aproximar-me da luz, vejo uma criança, uma menininha sentada em uma mesa pintando. Cheguei perto dela e sentei ao seu lado.

“Você está sozinha aqui?” Ela não falou nada, apenas fez que sim com a cabeça. “Onde estão seus pais?”

“Eu não faço idéia... Sempre estou sozinha.” Ela disse largando o lápis de cor azul.

“Você não está sozinha. Eu estou aqui, não estou?”

“Você nem sempre esteve...” A menininha disse triste.

“E já nos conhecíamos antes?” Perguntei confusa.

“Você costumava me chamar de Annie... Até que esqueceu de mim.” Ela me olhou e eu vi dor e mágoa em seus olhos.

“Annie!” Disse surpresa. “Querida...” Falei amorosamente, colocando minha mão em cima da sua. “Eu nunca te esqueci. De onde tirou isso?”

“Você não lutou por mim.”

“Annie eu jamais desistiria de você. Por favor, eu preciso que acredite em mim.”

“Eu não acredito.” Ela tirou sua mão da minha e se levantou. “É melhor eu ir.” Ela saiu andando e por algum motivo eu não conseguia me mover.

“Annie! Annie, volta aqui!” Comecei a gritar cada vez mais desesperada. “Annelise não vá, por favor eu imploro. Não vá!” Lágrimas jorravam dos meus olhos e só me restou o vazio e a escuridão.

“Sophie acorda. Pelo amor de Deus acorda.” Abri os olhos e vi Luke em cima de mim, me balançando. Quando dei por mim que tinha acabado de ter apenas um pesadelo, o puxei pra perto de mim e o abracei forte. “Está tudo bem, foi só um sonho.” Ele me acalentou. “Quer que eu durma aqui?”

“Quero.” Sussurrei. Ele se deitou ao meu lado e pôs o braço ao meu redor, enquanto alisava meus cabelos e eu ia me acalmando.

“Eu estou aqui pra você.” Ele beijou minha cabeça. “Eu sempre vou estar aqui, ouviu?” Não precisei falar nada, apenas o puxei mais perto de mim e depois de alguns minutos adormeci novamente.


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