Avatar: A Lenda de Thembi - Livro 1: Esperança escrita por MattFonseca


Capítulo 7
Capítulo 6: Separação




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08:32 A.M, AINDA À ALGUNS QUILÔMETROS À NOROESTE DE LYON


O sol aparecia entre as folhas das altas árvores, enquanto o café dava sinais de querer ferver, dentro de um bule de ferro, na fogueira criada por Alex. Nicky retirou o bule das chamas e foi virando no copo de alumínio dos outros, que aos poucos ficavam mais despertos.


– Então vocês vão embora hoje, é isso? - Voltou a perguntar a mulher de cabelos loiros.


– Pretendemos. - Respondeu Tano, com sua voz descontraída. - Agradecemos a ajuda de vocês, mas temos que continuar.


– Vocês vão mesmo? - Indagou Alex, com seus cabelos pretos desarrumados. Ela se aproximou de Nicky e colocou seus pés em cada lado da cintura da moça. - Digo, para Genebra. - Ela sorriu ao ver que o grupo trocava alguns olhares. - Não somos completamente isoladas, sabiam? Não para de passar no jornal. - E aqui, ela assumiu um tom de voz sério, imitando um repórter. - Em poucos dias, o encontro de líderes mundiais colocará em pauta a condição imposta aos assim chamados "Dobradores", tentando decidir o rumo que o mundo tomará.


A garota se calou ao ouvir as risadas de Nicky, que também se silenciaram ao ver a expressão de Tupac.


– Não é uma reunião qualquer. - Começou o homem, com sua voz inundando o ambiente. - Nosso futuro depende disso. - Sua voz aumentava a cada letra, assim como sua fúria. - Não posso continuar vendo milhares de Dobradores morrendo! - Akilah colocou a mão em seu ombro, tentando acalmá-lo. - Me desculpem. - Tentou recomeçar, baixando a voz. - Mas... é frustrante, vocês devem saber, são como nós. Vivem como nós. - E suspirou, pesadamente.


Alex olhou para a outra jovem e abaixou a cabeça. Ninguém além de Nicky sabia, mas ela sabia muito bem como era viver assim. Perdeu os irmãos mais novos para a polícia de Portugal, que não hesitou em assassiná-los.


– Não foi intenção de Alex. - Disse Nicky, pousando a mão esquerda na perna da garota. - Nós duas sabemos bem como é viver assim. E sofremos por isso, mesmo agora. Acha que gostamos de dormir em árvores? Ou viver fugindo, assustadas com cada barulho? - Ela suspirou, parecendo liberar toda a dor na respiração. - É difícil para todos nós.


– Estamos tentando mudar isso, Nicky, acredite. - Falou Thembi, se levantando. - É por isso que estamos indo para Genebra, vamos invadir a reunião e...


O menino foi interrompido por Tupac, que se levantou bruscamente, alertando os outros. Ele deu as costas para as garotas, que começavam a levantar.


– Eu também sinto. - Sussurrou Nicky, dando sinal para que todos fossem para trás dela.


– São quantos? - Perguntou Alex, se colocando em posição de batalha.


– Um. - Disse Tupac. - Está à quinhentos metros daqui.


– Por terra, talvez. - Falou Nicky. - Pelo ar, sinto um helicóptero, à três quilômetros.


Tupac olhou para ela com urgência, depois passou os olhos pelo resto do grupo.


– Vamos embora, agora. - Sugeriu Akilah.


– Não vamos conseguir fugir, eles vão nos alcançar.


Um silêncio incômodo tomou conta da clareira. Thembi se sentiu desesperado, queria entrar no modo Avatar e fazer alguma coisa, qualquer coisa. Não se sentia preparado, ele ficaria assim quando chegasse a hora de agir, em Genebra? Por um longo momento, um conflito interno tomou conta de sua mente, porém não permitiu que o pânico tomasse conta de seu corpo. Esvaziou sua mente e, quando abriu a boca para falar, foi Alex quem falou.


– Vão. - Exclamou, com uma súbita coragem. - Eu vou atrasá-los. Atrasá-los, não, impedi-los.


De novo, silêncio. Dessa vez, foi por um curto período, a voz de Alex logo foi reforçada por Nicky.


– Nós vamos impedi-los. - Nicky segurou a mão de Alex, que sorriu, acenando a cabeça levemente, em confirmação.


Porém o sorriso logo se foi, para a chegada de uma figura misteriosa na clareira. Ele tinha cabelos castanhos, os olhos eram de um castanho avermelhado, como se estivessem beirando o fogo. Vestia uma calça e jaqueta jeans, uma blusa preta e tênis. Parecia um adolescente indo para a fase adulta, como qualquer outro, mas ele não estava ali fazendo uma caminhada.


– Uma mulher e dois homens, fora o Avatar. - Ele parecia contar, em sua voz calma, beirando o tédio. - Porém temos duas mulheres a mais.


Todos estavam parados, como se esperassem para ver quem atacaria primeiro. Alex se posicionava, soltando a mão de Nicky, que também tomava o seu lugar. Esta, balançou a cabeça para Tupac, que logo compreendeu e se moveu, empurrando Thembi e os outros para dentro da floresta.


Ao perceber a fuga, o outro rapaz foi em direção à eles, saltando e direcionando uma bola de fogo, que saiu de seu pé direito, em cima de Tano. Alex, ágil, entrou na frente e ergueu as mãos, como se estivesse pronta para pegar uma bola comum, e absorveu as chamas.


– Parece que teremos um problema. - Comentou Ramón, alongando o pescoço.


– É, a coisa vai esquentar para o seu lado, - Retrucou Alex - literalmente.


Dando um sorriso sombrio, o jovem investiu, com grande destreza. Saltou novamente, girando no ar e formando um furacão de fogo, descendo sobre Nicky, que saltou para o lado. Ao cair, Ramón desfez as chamas, correndo na direção do grupo em fuga, porém o ar a sua volta se tornou pesado e contra à sua direção, trazendo-o de volta à clareira, caindo. Perto do chão, ele se impulsionou com as mãos, se pondo novamente de pé.


– Que irritante. - Disse Alex, tornando as mãos duas luvas de fogo.


E Nicky se viu obrigada a recuar. Alex lançou uma grande quantidade de fogo na direção do rapaz, que revidou na mesma intensidade. Parecia que uma ponte feita de chamas havia se formado entre eles. Inexplicavelmente, a combustão terminou em uma grande explosão, que, mesmo que em uma curta distância, lançou todos para trás. Porém Ramón logo se via de pé, esticando os braços. Mas Nicky foi mais rápida. No momento em que o Dobrador de Fogo começou a lançar chamas de suas mãos e boca, ela começou a girar os braços, formando um círculo a sua frente, controlando o ar ao redor de Ramón, que logo se viu sem fogo e no meio de um furacão, que continuava crescendo.


– Uma aula básica: sem oxigênio, sem fogo. - Triunfou Nicky.

Enquanto Alex se erguia e comemorava, se contendo para não saltar sobre a outra e abraçá-la, um som persistente e irritante se tornou maior, até que as árvores se mexiam bruscamente, sob um enorme helicóptero de guerra, com um atirador de elite na porta aberta.


Demorou um tempo até Alex se dar conta do que estava acontecendo, e, antes que pudesse tentar derrubar o helicóptero, foi acertada por uma rajada de tiros, que pareciam cortá-la ao meio.


Nicky, desesperada, teve sua dobra interrompida, sentindo a cabeça de Alex em seu pé. Ela olhou para os cabelos escuros da garota, tapando seu lindo rosto e sentiu os olhos queimarem. Apertou as pálpebras, as lágrimas descendo por suas bochechas.


Ela voltou a olhar para acena à sua frente, as lágrimas embaçando um pouco a visão. Ramón estava dobrado no chão, tossindo, voltando a respirar. E olhando para cima, o helicóptero continuava parado no ar, espalhando a fumaça das árvores, e o atirador parecendo observar a cena. Se deliciando com seu feito, pensou Nicky. E, vendo aquilo, o ódio teve seu ápice. Ela gritou, ergueu os braços e criou uma lufada de vento tão grande que o helicóptero se desestabilizou e começou a fazer uma grande volta, para voltar ao seu lugar, enquanto Ramón era arremessado contra uma árvore, sua coluna parecendo dobrar contra o tronco.

Tendo um momento de sossego, a jovem se abaixou, colocou Alex em seus braços e observou seu rosto. Tão calmo, tão tranquilo, enfim em paz.


Ouviu quando o helicóptero voltou a se estabilizar, logo acima delas. Ela olhou para o alto, para o capacete escuro do atirador e gritou. O grito parecia libertador. Liberando toda frustração e dor em sua vida. Foi assim que ela se sentiu quando os tiros a acertaram. Seu último pensamento foi em Alex, perguntando-se se ela estava bem, onde quer que fosse.


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