Ainda era 21h00min. Ninguém dormia, obviamente. E nem tinha como, afinal, era a noite da virada. Annabeth, Piper, Katie e Clarisse –inconformada- organizavam uma festa de fim de ano na casa da Chase, festa essa que servia de despedida para Katie e Travis, que iam passar três meses de Lua de Mel na Flórida. E quase como se fosse obrigação, Thalia se dirigia ao local da festa.

Por que isso era uma obrigação? Thalia odiava a noite de Ano Novo.

Todos muito felizes, celebrando e comemorando mais um alegre ano que está chegando. Todos estavam com a vida ganha... Apenas ela estava sozinha nesse meio de amigos. Pra ela era apenas mais um deprimente ano. Mais um ano que tinha se passado desde... Bem, desde daquele horrível dia.

–Por favor, não faz isso comigo! Você sabe que eu não conseguiria viver sem você- a morena choramingou.

–Eu não tenho escolha, Grace!- ela sentiu um arrepio subir pela sua espinha quando ouviu aquelas palavras frias saírem da boca do garoto a sua frente- Tenho certeza que consegue seguir seu caminho, viver sua vida em paz sem a minha presença nela - sua voz fraquejou e ela sentiu que ele não queria fazer o que estava fazendo.

–Você não sabe o quanto está me machucando.

–É por essas e outras que eu não posso ficar com você, eu te faço mal.

–NÃO! Para com isso- as lágrimas desciam descontroladamente pelos olhos de Thalia- Você não me faz mal, você me faz muito bem. Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha medíocre vida. Você me mudou. Trouxe-me muita alegria. Se você se for, eu vou entrar novamente em depressão.

O garoto estava quase soltando as lágrimas quentes que lhe queimava os olhos escuros. Não iria dá pra trás, teria que ir com aquilo até o fim, senão ele não se perdoaria por acontecer coisa pior com a mulher da sua vida. Sabia que aquilo era drama de adolescente, e que era muita infantilidade da sua parte, afinal, os dois já tinham 23 anos. Mas Luke Castellan não estava brincando, iria com aquilo até o fim, machucaria Thalia tanto quanto fosse possível, e o moreno não poderia deixar que nada acontecesse a garota que ele tanto amava.

–Não, Thalia. Eu não posso ficar- suspirou, tentando se acalmar e manter o seu tom de voz frio e instável- Já tomei minha decisão, eu vou embora. E você nunca mais vai me ver na sua vida. Adeus, Grace- então ele virou-se para a porta do apartamento e saiu sem dizer mais nada.

Thalia estava paralisada, respirava pesadamente. Saiu de seu transe e abriu a porta, indo em direção aos elevadores, ele já deveria estar lá em baixo. Apertou os botões desesperadamente e quando ele subiu, entrou em disparada, descendo ao hall de entrada.

As portas se abriram e Thalia saiu do elevador e saiu do condomínio, olhando de um lado para o outro até encontrar o garoto quase entrando em seu carro. Uma vez fora, gritou:

–EU TE AMO DI ANGELO!

O garoto parou abruptamente e se voltou pra Thalia. Tomou todo o fôlego e coragem que pôde e andou em passos largos até a menina.

Ela o olhava se aproximar com os olhos arregalados. E quando menos esperava, os lábios de Nico se colaram com os seus, causando-lhe novamente aquela sensação de proteção que só o moreno conseguia dar a ela. Eles aprofundaram o beijo por mais cinco segundos antes do di Angelo se afastar

–Me desculpe Thalia- falou com os olhos sofridos.

O coração de Thalia se apertou enquanto via o carro do garoto partir na direção oposta a sua. Se antes ela só chorava, agora ela soluçava tão alto que as pessoas paravam quando a ouviam. Com o único fio de coragem que lhe restava, a garota levantou-se e andou a passos arrastados até seu apartamento, batendo a porta e descendo até ficar sentada. Pôs a cabeça entre as pernas, e chorou até adormecer.

A essa altura, a Grace já se encontrava em frente à casa da amiga. Deu mais alguns passos e chegou à frente da porta. Bateu, e dentro de alguns minutos, apareceu uma Annabeth linda, vestida em uma roupa branca "glitterizada" até demais para ela.

Por que raios as pessoas gostam de vestir roupas claras ou brancas no Ano Novo?– pensou - Vai mudar a merda em alguma coisa?

–Thalia!- a loura exclamou, espantada com a presença da amiga ali naquela festa, pois ela sabia que Thalia odiava festas assim- Você veio mesmo- Annabeth abriu um sorriso de orelha a orelha e abraçou a morena, que sorriu minimamente.

–Claro que eu vim! Afinal, todos vocês estão aqui. Caramba! É a festa de despedida do Senhor Stoll e da nova Senhora Stoll- elas riram- Sério mesmo que você não vai me convidar pra entrar?

Annabeth rolou os olhos e deu passagem a Thalia.

A morena reparou na linda decoração da festa. Tudo estava brilhando, tinha tinta neon –ao estilo dos Stolls- e jogos de luzes. Nada tinha mudado. Todas as festas que faziam eram assim. Coloridas.

–Annabeth, tá tão perfeita. Como a gente costumava fazer- ela sorriu pra amiga.

–Eu sei, essa noite nós relembraremos os velhos tempos- a loura piscou- Vá falar com as pessoas, vá!

No momento em que Thalia pisou na área da piscina, todos os olhares se direcionaram a ela, e em questão de segundos, Clarisse–agora loura-, Calipso, Piper, Katie, Hazel e até Silena – que tinha saindo pra viajar com o namorado, Charles, a cinco meses – estavam em cima da morena dos olhos elétricos. Isso a fez perceber o quanto estavam distantes uma das outras.

–Abraço em grupo!-gritou Connor, que tinha soltado uma música que Thalia, particularmente, adorava: Turn Down For What.

Então, todos - todos mesmos – estavam abraçados em grupo: Thalia, Annabeth, Percy, Connor, Travis, Katie, Silena, Charles, Piper, Jason, Clarisse, Chris, Hazel, Frank, Leo e Calipso. Aquilo era revigorante.

Logo deu 23h30min e Thalia já não queria mais ficar no meio daquela alegria, por que, pra variar, ela não consegue mais conviver com a felicidade alheia sem ele.

Todos estavam sentados na beira da piscina, ouvindo música e conversando entre si. Até que Thalia se levantou e foi rapidamente puxada de volta.

–Pra onde você pensa que vai?- Silena perguntou.

–Eu vou sair, isso aqui- ela fez um circulo com o indicador- tá deprimente pra mim.

–Como assim “deprimente”?- Annabeth perguntou.

–Esse clima de Ano Novo tá muito estranho pra mim, você sabe Annie- falou.

Annabeth pareceu pensar por um momento.

–Mas pelo menos fique para a queima de fogos!- a loura implorou.

Thalia apenas balançou a cabeça negativamente e se direcionou para a saída. Passou pelo portão e andou até o Central Park, já que não ficava assim tão longe da casa de Annabeth.

Foi pra detrás de uma árvore e ficou olhando o céu, quase sem estrelas, á espera dos fogos de artifícios, até que sente uma venda sendo colocada nos seus olhos.

–Por favor, não surta, amiga. Acho que você vai gostar- ela conheceria aquela voz até de Marte.

–Annabeth, pra onde tá me levando?

–Espera cinco minutos, okay?

Thalia andou mais um pouco antes de Annabeth pará-la.

–Não me bate, foi ideia da Piper e da Silena, falou?

–Ah meus deuses! Piper e Silena na mesma frase e ainda por cima com você jogando a culpa nelas? Lá vem bomba!- reclamou.

Um papel foi colocado em suas mãos e a venda caiu de seus olhos e, quando se deu por si, Annabeth já tinha ido embora.

–Ah! Ótimo. Obrigada, amiga– resmungou aos ventos. Olhou o papel e viu que era uma carta. Abriu e começou a leitura:

"Oi,

Acho que você não vai gostar muito disso, afinal, já se passaram dois anos. Mas só tenta ler sem surtar, okay? Não sou muito bom com palavras, mas tenta entender meu lado.

Eu tive meus motivos pra deixar você, nem de longe eles eram sem sentido. Lembra-se do Luke? Então, ele te ameaçou. Não podia simplesmente ficar com você e a fraca promessa de que ninguém irá te machucar enquanto eu estiver aqui, não tenho todo esse poder. Você sofreria tanto com a dor emocional quanto com a fisica. Eu... Eu não conseguiria viver com a ideia de que você não estaria mais ao meu lado..."

Passos foram escutados e Thalia rapidamente levantou os olhos, que captou os escuros olhos do garoto a sua frente. Lágrimas quentes desciam pelo rosto da garota e ela só conseguia olhar pra aqueles olhos negros que faziam com que ela só olhasse pra ele.

–Continue a ler, por favor- ele pediu com a voz baixa.

"... Me abraçando, me beijando, me dando bronca, eu não viveria sem você, Thalia Grace. Você é a minha vida, o motivo da minha existência. Por favor, me perdoa?"

–Me perdoa, Lia?

Ela não falou nada. Apenas agarrou a gola da camisa dele e o beijou ardentemente. E nesse exato momento, os fogos explodiram no céu, transformando o negro em uma mistura de cores e brilho. Ele colocou suas mãos na cintura dela e a trouxe mais pra perto. Era um misto de sentimentos: amor, saudade, arrependimento, felicidade...

Separaram-se por falta de ar, mas deixaram as testas coladas. Abriram os olhos, e para Thalia, tudo tinha ficado bem novamente.

–Você voltou pra mim, isso é o que importa, di Angelo.

Era azul no negro e negro no azul. Do jeito que sempre deveria ter sido.

–Eu sempre vou voltar pra você, Grace.

E mais uma vez, enquanto os fogos explodiam, eles se entregaram um ao outro nos beijos mais apaixonados da história deles.