Segure minha mão escrita por NT


Capítulo 43
Capítulo 43


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá, finalmente encaixei um dia em que estou conseguindo entrar toda a semana! haha
Espero que vocês ainda estejam se divertindo por aí...
Agradecimento especial pras lindas que deixaram comentário no capítulo passado:
Juliana, Iamara e Lia ♥

Boa leitura e divirtam-se! :D



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Capítulo 43 — Partida

 

Luiza

 

Fui ao banheiro, a fila estava enorme, tinha umas seis meninas na minha frente, mas eu precisava ir ao banheiro, decidi esperar porque senão seria pior depois. Finalmente chegou minha vez, então quando estava usando o banheiro me toquei de uma coisa, Gabriel e eu... ali atrás do salão... nós... nós.. Esquecemos a camisinha. E se eu ficasse grávida?!

Saí do banheiro e fui procurar por ele mas Marcos me parou quando eu voltava para o salão.

— Luiza, eu vou te provar! — Ele disse segurando meu braço.

— Provar o que, Marcos?! Para com isso! Desiste!

— Não! Eu posso te provar! Ele está te traindo agora!

Por mais que eu soubesse que ele só queria me encher a paciência e que aquelas palavras eram mentiras, elas doeram como agulhas em mim.

— Co... como assim?

— Vem comigo!

Ainda um pouco contra minha vontade, segui ele, ele me fez subir as escadas, paramos em frente à porta de um quarto lá de cima.

— Eu disse que ele não te amava. — ele me olhou sério.

— Do que... você está falando? — perguntei com o coração nas mãos.

— Disso. — ele abriu a porta e eu paralisei.

Naquele momento meu coração parou. Eu não acreditava que aquilo fosse verdade, ele simplesmente... Estava lá, com ela. Lágrimas começaram a se formar em meus olhos, uma dor tão forte tomou conta de mim, meu coração se partia aos poucos, meu chão se abria e eu já não enxergava nada além daquela cena horrível. Gabriel estava nu e Cecilia também, o braço dele envolvia o corpo dela.

— Gabriel. — foi a única coisa que saiu, como que num murmúrio.

Minhas lágrimas caiam sem eu ao menos piscar. Fiquei instantes parada vendo aquela cena. Eu não podia acreditar. Eu não queria acreditar.

Vic chegou.

— Luiza, o que você está... — ela parou de falar. — Mas... que merda é essa?! — Gritou e Cecilia abriu os olhos.

Eu me virei no mesmo momento e desci as escadas correndo, ainda escutei um grito da Cecilia, Vic provavelmente deveria estar batendo naquela... argh!

Eu só queria sumir, queria morrer se fosse possível. Corri até o meio da rua, um carro vinha um pouco longe, mas vinha em minha direção, parei e fiquei esperando que ele se aproximasse mais, mas antes dele chegar Vic puxou meu braço e me fez voltar para a calçada.

— Está louca, Luiza?! — ela disse me repreendendo, mas, ao mesmo tempo, entendendo, naquele momento eu não estava pensando em mais nada.

— Eu quero morrer. — gritei chorando. —Meu Deus, eu quero morrer!

— Eu estou aqui, Luiza! — ela disse me abraçando forte.

— Vic! — Eu chorava desesperada. — Por quê, caramba?!

— Eu não sei. — ela falou baixinho, não tinha uma resposta, ninguém tinha, nem eu.

— Me tira daqui, por favor.

— Vamos.

Kauã também chegou ali, ele não entendia nada.

— O que aconteceu?

— Vamos embora, Kauã, depois eu explico.

Pegamos um táxi e Vic me levou para casa, meus pais, como de costume, estavam na casa dos meus avós. Chegamos na minha casa, Vic me levou até o quarto e me fez tomar um banho, foram longos minutos embaixo daquela água, minhas lágrimas se misturavam com as gotas de água do chuveiro, e mesmo assim não tiravam de mim aquela dor. Por quê ele fez isso comigo? Estávamos tão bem, tão felizes!

Depois do banho ela me deu um calmante tão forte que eu não consegui resistir, meus olhos foram se fechando aos poucos. Vic saiu do quarto e com certeza contou para o Kauã o que tinha acontecido.

Acordei as sete da manhã. Minha cabeça ainda estava ruim, meus olhos ainda estavam inchados. Na minha mente só passava aquela imagem. Por mais que eu tentasse segurar era inevitável, as lágrimas caiam, na mesma intensidade com a qual eu respirava. Desci as escadas, Vic e Kauã estavam sentados no sofá abraçados, aquilo também doía, eu lembrava de tantos abraços, tantas vezes que estive naquele mesmo lugar sentada ao lado do Gabriel.

— Como você está? — ela veio me abraçar.

— Como acha que estou? — disse de cabeça baixa.

— Vai passar.

— Quando?

— Logo.

— E se não passar? — choraminguei.

— Você vai esquecer ele.

Naquele momento o telefone tocou, eram oito horas da manha. Vic atendeu.

Alô?

….

— Ah, sim. Eu vou falar com ela. Obrigada.

….

— Até mais.

Ela desligou o telefone.

— Quem era? — Perguntei.

— O Sr. Paulo.

— O diretor?

— É, ele ligou avisando que o voo para Paris sairá as três da tarde e disse que mesmo você já tendo dito que não iria, ele achava um desperdício você jogar essa bolsa fora, porque é seu sonho e você tem talento. Essas foram as palavras dele...

— Ah, é. Eu já havia esquecido disso. Me dá o telefone aqui.

Vic me deu o telefone e eu liguei para o diretor.

Sr. Paulo, oi, é a Luiza.

….

— Sim, ainda bem que o senhor ligou, eu mudei de ideia, vou ir. — falei decidida, Vic me encarou sem acreditar.

…...

— Estarei aí. Tchau, e, obrigada. — desliguei o telefone um pouco trêmula.

Um carro parou na frente de casa e meus pais chegaram. Eu não tinha ideia do que eles diriam, eu já havia dito que tinha desistido da bolsa. Mas isso não interessa, eu vou de qualquer jeito.

— Bom dia, gente. — minha mãe disse sorrindo.

Respondemos ao bom dia dela e em seguida ao do meu pai.

— Mãe, pai, preciso falar com vocês. — falei séria.

— Amor, vamos ali fora um pouco. — Vic e Kauã saíram nos deixando a vontade.

— O que foi filha? Por que essa cara? — minha mãe perguntou um pouco preocupada.

— Eu vou para Paris. — falei direta.

— O quê?

Eles me olharam sem entender.

— Vou para Paris hoje de tarde, vou aproveitar a oportunidade da faculdade e cursar artes lá. Por favor, eu quero ir. — Falei parecendo madura e segura.

— Mas filha... Como você vai se sustentar lá? Não organizamos nada...

— Mãe, a bolsa já engloba tudo, moradia, um emprego de meio turno e além disso vou ganhar meio salário para manter a bolsa de estudos, da própria faculdade.

— Tudo isso estava naquele contrato que lemos... — Meu pai falou.

— Sim, e estou decidida, não posso perder essa chance.

— Mas assim, de uma hora para outra?

— Aconteceram algumas coisas, e essa é a melhor decisão. — os dois pareciam entender que o assunto era Gabriel.

— Você não pode fazer isso só para fugir de algo que não deu certo. — Meu pai disse.

— No momento, eu preciso. — olhei nos olhos do meu pai e ele me abraçou.

— Nós vamos te apoiar, seja qual for sua decisão.

— É. Você já está bem grandinha, logo faz seus dezoito anos, já sabe escolher caminhos, cabe a nós apenas apoiar. — minha mãe também me abraçou.

— Vou sentir sua falta, minha princesa. — meu pai me deu um beijo na testa.

— Também vou, pai. — sorri chorando.

— Você já é uma mulher mesmo, já sabe o que fazer. Mas filha, me prometa, se acontecer qualquer coisa, você vai nos avisar, e vai ligar sempre que possível!

— Eu prometo. Agora eu preciso ir arrumar minhas coisas.

— Que horas o voo sai?

— As três da tarde, mas preciso estar lá as duas.

— Ok, quer ajuda com as coisas?

— Não precisa mãe, mas se puder, pede para a Vic e o Kauã virem lá em cima.

— Ok.

Subi para o meu quarto, peguei minhas malas de viagem que estavam no quarto de hóspedes, levei para o meu quarto, coloquei em cima da cama e abri. Vic e Kauã entraram no quarto.

— Tem certeza que essa é a decisão certa, Luiza? — Kauã perguntou.

— Tenho. — falei de cabeça baixa.

— As vezes não é o que parece Lu. — Vic disse.

— Vic... todos tentaram me avisar, Marcos sempre me avisava... ele tinha razão, vai ver ele beijou mesmo ela aquele dia no ginásio. Mas também, que diferença faz? Eu o vi nu numa cama com ela, dessa vez não existe hipótese dele ter sido agarrado por ela. Ele estava nu, abraçado com ela. — falei e cortei meu coração em mil partes com minhas próprias palavras.

— Tudo bem... se você acha mesmo que essa é a decisão mais certa... — ela veio me abraçar. — Eu te apoio. Mas me prometa que vai lembrar da sua melhor amiga sempre. — ela disse chorando e me fazendo chorar mais ainda.

— Eu vou lembrar de você todos os dias best. E de você também Kauã. — Kauã era meu melhor amigo, assim como Pi.

— Também vou sentir sua falta sua chata. — ele disse me dando um abraço.

Arrumei minhas roupas em duas malas, não levaria tanta coisa, lá eu aproveitava e esfriava a cabeça fazendo umas compras de vez em quando. Fechei as malas.

— Eu vou tomar um banho, depois eu desço.

— Ok. Te esperamos lá embaixo.

Fui para o chuveiro, tomei um banho de mais ou menos uns vinte minutos, sentei no chão do banheiro e outra vez minhas lágrimas começaram a cair.

Como eu faço para esquecer tudo? Como eu faço para deixar tanta coisa para trás? O que eu faço para essa dor parar?

Saí do banho, coloquei uma calça jeans mais nova, uma blusa branca e um casaquinho xadrez azul por cima, uma bota e fiz uma make caprichada, me arrumei bem bonita escondendo qualquer vestígio de choro. Peguei as malas e fui saindo do meu quarto. Parei na porta e olhei para trás, para a minha cama, aquele lugar onde tantas vezes nos amamos. Outra vez, uma lágrima caiu. Fechei a porta de cabeça baixa e me dirigi para a escada. Kauã veio me ajudar a descer as malas, já era quase meio dia, sentamos todos na mesa e comemos pizza, eles me fizeram rir um pouco, mas na verdade eu fingi estar feliz, fingi sorrir. Uma hora da tarde, saímos de casa, olhei para aquela varanda vizinha, tudo fechado. Caminhei até o portão com Vic abraçada em mim.

Fomos para o aeroporto. Chegando lá, logo avistei o diretor e mais algumas pessoas, tinha mais uma menina lá da escola, mas eu nunca tinha falado com ela, acho até que ela estava no primeiro ano do ensino médio ainda. Fomos até eles.

— Que bom que pensou melhor Luiza, essa oportunidade é muito rara. — Paulo disse me cumprimentando com a mão.

— É, não a nada que me prenda aqui. — falei triste.

— Essa aqui é Fernanda, ela é minha filha e vai viajar com você, tudo bem né?

— Claro. Oi, Fernanda. — dei um beijo no rosto dela.

— Oi. — ela disse sorrindo. — pode chamar de Nanda.

— Ok, Nanda. — sorri.

O senhor Paulo já estava falando com meus pais, explicando tudo e tranquilizando.

— Você estuda lá na escola né, Nanda? — Vic perguntou.

— Sim, primeiro ano. Mas vou ir para Paris morar com minha mãe.

— Hum. — ela sorriu.

— Já foi para lá alguma vez? — Perguntei.

— Fui sim, algumas. Ah, Luiza, acho que você poderia ficar lá em casa se não quiser ficar nas repúblicas. — ela falou simpática.

— Não sei... Será que não iria atrapalhar?

— Que isso... não estou querendo me achar nem nada assim, mas minha mãe casou com um milionário lá — ela sorriu sem jeito — e, com certeza, ela ia adorar que eu levasse alguém para lá comigo, ela diz que eu fico muito sozinha por lá, por não conhecer muita gente...

— Nossa, por mim ia ser ótimo...

— O melhor de tudo é que a casa do meu padrasto é bem perto da faculdade para onde você vai. Desculpe, eu li sua ficha. — ela disse outra vez sem jeito.

— Ah, que bom. — sorri.

Nanda apesar de nova, era muito cabeça, e legal. Ela falou logo com o Sr. Paulo, e ele disse que achou a ideia ótima, meus pais também ficaram muito mais tranquilos sabendo que eu estaria na casa de alguém confiável.

Já eram duas e trinta da tarde. Pela primeira vez na vida, vi que os voos estavam saindo exatamente nos horários, se seguisse assim, eu embarcaria pontualmente três horas.

O celular da Vic tocou.

Alô?

— Oi Pati! Eu estou no aeroporto, vocês precisam vir para cá agora, tem como?

…...

— A Lu, ela está indo embora...

…...

— Depois eu explico, vem para cá, para se despedir dela. Beijo, tchau.

Ela desligou o telefone.

— A galera está vindo se despedir.

— Ah, Vic.. não era para ter contado... — falei, odeio despedidas.

— Mas são seus melhores amigos, eles merecem um adeus.

— É, tem razão. — Suspirei.

Dez minutos para as três horas e Pati, Diogo, Pi e Lê chegaram, vieram todos com cara de assustados, sem saber o que se passava.

— Que loucura é essa, Luiza? — Pati perguntou.

— Para onde você está indo? — Lê perguntou também.

— Enlouqueceu Lu? — Pi perguntou, estavam todos confusos.

— E o Gabriel? — Diogo perguntou olhando diretamente para mim, aquela última pergunta me fez olhar para o chão.

— Calma gente. A Lu está indo para Paris, fazer a faculdade de artes. — Vic me salvou.

— Mas... e... é.. como assim, Lu? Por que isso?

— Ontem... na formatura... — Vic falava por mim. — Aquela hora que a Luiza foi ao banheiro e o Gabriel sumiu... Bom... a Luiza viu ele deitado na cama com a Cecilia. — As palavras dela fizeram minhas lágrimas voltar.

— Não Luiza, isso não pode ser verdade. — Diogo disse sério.

— Eu vi Diogo, por favor, não defenda ele.

— Luiza, ele é apaixonado por você, isso é armação, é mentira. — Ele disse.

— Ele estar nu com outra é mentira? Se qualquer pessoa tivesse me contado seria diferente, mas eu vi, Diogo, eu vi! — falei chorando.

— Não pode ser... — Pati sussurrou.

— Passageiros do voo setecentos e quarenta e três, favor dirigir-se ao portão oito. — Uma voz feminina anunciou no alto-falante.

— Eu preciso ir.

Todos vieram me dar um grande abraço, chorei mais ainda, estava deixando meus amigos, minha família e o grande amor da minha vida, mas era essa minha escolha. Depois do abraço coletivo, meus pais me abraçaram, me fizeram recomendações e pediram que eu ligasse sempre que possível.

Pati me abraçou, depois Diogo, o celular dele tocou e ele foi atender, Lê e Pi também me abraçaram e mandaram eu me cuidar, Kauã me deu um super abraço e Vic ficou chorando comigo. Estava deixando tudo aquilo ali e não sabia se e nem quando voltaria.

— Última chamada para o voo setecentos e quarenta e três, favor dirigir-se ao portão oito. — Novamente a voz no alto-falante.

— Adeus, gente. — falei acenando já na entrada do portão. Nanda estava ao meu lado.

— Se cuida, filha!

— Manda notícias amiga!

— É, não esquece da gente! — Kauã completou Vic.

— Nunca vou esquecer.

— Volta logo para a gente amiga. — Pati disse.

— É, eu ainda quero tomar samba e jogar verdade ou consequência de novo. — Pi falou e nós rimos lembrando de tantas vezes que fizemos essa brincadeira quando éramos menores.

— Eu amo muito vocês. — Falei.

— Nós também te amamos.

Olhei para a entrada do imenso salão uma última vez, olhei para os meus amigos e sorri chorando, virei, entreguei a passagem e fui para o avião a passos um pouco lentos, Nanda, estava ao meu lado.

— Vida nova agora? — Ela sorriu.

— Vida nova. — falei limpando as lágrimas.

Embarcamos. Por sorte, estávamos em assentos vizinhos.

— Então, tem muito mais do que um sonho por trás dessa sua viagem né? — ela perguntou olhando a janela do avião que já começava a se mover.

— É, na verdade tem um coração partido. —falei com as lágrimas nos olhos.

— Você tem certeza que essa é a decisão certa? — o avião começava a levantar voo.

— Tenho.

— As vezes fugir, não resolve. — ela disse parecendo madura, mesmo tendo 14 anos apenas.

— Eu não tenho certeza se irá resolver, mas fugir, foi a única saída que eu encontrei.

— Não sei ao certo o que aconteceu, mas você amava muito ele para tentar fugir disso tudo.

— Eu não amava. — Ela me olhou sem entender. — Eu o amo.

— O que aconteceu com vocês dois?

— É uma longa história, mas, nós temos tempo.

Comecei a contar tudo a ela, desde que o conheci, até o dia em que meu coração se quebrou. Teria tempo suficiente para falar, a viagem era longa.


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Notas finais do capítulo

PS: capítulo gigante, portanto quero ver mais pessoinhas pelos comentários u.u

E, não percam o próximo, muitas coisas vão acontecer :x



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