Minha mãe ainda estava na sala do diretor, enquanto eu, estava sentada em um banco estofado no corredor, e na minha frente, Freddie e Luke.

–SUA FILHA BOTOU FOGO NA MINHA ESCOLA! E VOCÊ QUER QUE EU ACEITE ELA COMO SE NÃO FOSSE NADA? VOCÊ É LOUCA?- Esse era o querido (ou não) do diretor.

Eu não ouvi a próxima resposta- que era da minha mãe, ela era um pouco calma demais ás vezes.

–A MINHA ESCOLA FOI UMA DAS ÚNICAS QUE ACEITOU SUA FILHA, E ELA VEM AQUI PARA BADERNAR E...- Ele até tentou terminar, mas minha mãe perdeu a calma.

–OLHA AQUI SEU VELHO, MINHA FILHA FEZ BESTEIRA, ELA SABE DISSO! SUA ESCOLA NÃO FOI "UMA DAS ÚNICAS", PORQUE ELA É UMA ALUNA EXEMPLAR, AGORA SE ME DER LICENÇA, EU NÃO PRECISO FICAR AQUI, OUVINDO UMA CRIATURA DE UM METRO E MEIO GRITANDO IGUAL A UMA GAZELA!- Minha mãe abriu a porta, parou no batente, virou-se de novo para o diretor e disse- APROPÓSITO- disse ela apontando para o cabelo dele- EU SEI QUE ISSO É UMA PERUCA!

Ela voltou-se para mim, como outro rosto, um mais calmo, (eu admirava ela por isso. Ela conseguia ser fria com a pessoa certa e ser gentil com a pessoa certa. Eu não era assim, quando eu era fria com uma pessoa, eu era fria com todas as pessoas- mas isso não vem ao caso, então).

–Vamos Beatrice- FUDEEEU, ela nunca me chamava pelo nome todo- na verdade ela me chama de filha mesmo.- Meninos.- Ela fez um cumprimento com a cabeça e seguiu o caminho na minha frente.

–Até mais meninos.- Falei quase sussurrando.

–Até.- Falaram em unissono.

Fui para o estacionamento e entrei no carro, ao lado de minha mãe.

–Bea, me conte o que aconteceu.- Pediu me olhando séria.

Contei, tentando poupar os detalhes. Quando terminei, ela apenas ligou o carro, deu a partida e seguimos o caminho.

Chegamos em casa, (da vó, a nossa só daqui a quatro dias) meus avós não estavam em casa e eu não vi meu primo. Fui direto para meu quarto, fiquei o dia inteiro lá. Às 18:00, desci e comi um sanduíche, subi de novo, peguei um pijama, e fui tomar banho.

Liguei o chuveiro e fiquei uns dez minutos sem fazer absolutamente nada, só olhando para o chão. Fiz tudo que tinha que fazer, me enxaguei e saí do banho, vesti meu pijama, e coloquei meu colar- que eu nunca tiro-, e deitei na cama.

Peguei meu celular e fiquei escutando música, quando olhei o relógio vi que eram 22:47.

Minha mãe entrou no meu quarto, batendo a porta atrás dela.

–Oi.- Falei.

–Oi, preciso falar com você.

–Obviamente.

–Sério.

–Okay.

–Hoje eu saí mais cedo do trabalho, para te matricular em outra escola. Falei com o seu pai, e ele falou que nessa escola, tem uns dois filhos de um novo fornecedor aqui em Bristol, não sei se eles são irmãos ou tem dois novos fornecedores, mas, isso não importa muito agora. E também, vai ter um jantar no sábado que vem no dia 15, na casa de seu pai.

–Okay, mãe, quando começa as aulas na outra escola?

–Eu pedi pra diretora pra você começar o quanto antes e...- ela suspirou e continuou.- Ela falou que acha que você pode começar amanhã, mas eu tenho que ir com você pra acertar os últimos detalhes. Amanhã tem que acordar cedo, então vai dormir.

Ela saíu, sem me deixar responder. Meu primo chegou logo depois com o cabelo molhado e com o pijama que tinha desenhos de bombeiros, que parecia um pouco curto. Eu dei um sorrisinho, me lembrando de como era quando ele tinha 12 e eu 11, a gente queria acampar a véspera de natal, mas minha mãe não deixou, porque falou que a gente ia congelar, então a gente acabou dormindo na varanda do quarto dela, em uma barraca cheia de cobertor grossos e pesados. Na manha seguinte- que era natal- a gente ficou o dia inteiro no sofá, por ter pego resfriado, vendo "Especial de Natal" do Bob Esponja.

–Onde ficou o dia inteiro?

–Em uma praça que tem no centro.

–Com quem?

–Uns amigos.- Falou se deitando na cama, e desligando o abajur.- Boa noite.

–Boa noite.

Peguei meu carregador, botei o telefone despertar e fiquei escutando música até dormir.