Ceia.

— Por que tem uva-passa no arroz? — remexer as panelas era algo típico de Miyuki em ocasiões como aquela, a curiosidade jamais seria deixada de lado quanto o assunto era comida. Levantou os olhinhos brilhantes e um pouco decepcionados para encarar o albino a sua frente.— Eu não gosto de uva passa!

— Você fala como se tivesse uva passa em tudo. — este revirou os orbes azuis, enquanto observava a amiga inspecionar cada uma das panelas ali presentes.

— Mas tem em tudo. — a menina resmungou, pegando uma das azeitonas que outrora seriam usadas para complementar uma das saladas. — Tem uva passa no arroz, na farofa, no peru, naquele bagulho branco que parece gelatina... Ou pudim, sei lá... Ah, isso não importa! Se brincar tem uva passa até dentro do suco de uva... Quem garante que não foi feito com uva passa? Já pensou? Amanhã quando tomo mundo usar o troninho vai sair quilos de uva passa por aquele lugar! — fazia gestos com as mãos e braços, tentando explicar seu descontentamento. — Entendeu, Fubuki? Ninguém gosta de uva passa!

O rapaz massageou as têmporas, pensando com como a faria calar a boca e parar de mexer na comida. Realmente parecia que a ruiva não ia parar de reclamar nunca. Mas quem diabo se importava se ela gostava ou não de uva passa?

— Miyuki, você não gosta, mas há quem goste. — tentou, realmente tentou. E o que recebeu? Um olhar completamente incrédulo por parte da moça. — E não me encare dessa maneira!

— M-mas Shirou! — exclamou, quase gritando. Devia ter chamado a atenção da metade das pessoas da casa. — Como alguém pode gostar disso?

— Gostando, oras! — cruzou os braços. Mas que menina insistente! — Eu gosto disso, tá bom?

Viu uma careta se formar naquele delicado rostinho. Um tanto cômico em sua concepção. Passou a mão por ele, sentindo ser imediatamente segurado por ela, o surpreendendo de primeira.

— Então... — Miyuki murmurou, sem olha-lo nos olhos. — Me faça provar!

Demorou alguns minutos para que entendesse as verdadeiras intenções da ruiva, mas quando finalmente despertou deixou-se esboçar um sorriso. Pegou uma das frutas — que estavam numa vasilha cristalina, provavelmente de vidro — e colocou na boca, deixando metade para fora para que a dama pudesse experimentar.

Travessa, e não querendo deixar a oportunidade passar, Miyuki agarrou a roxinha com os dentes, engolindo-a de prontidão, sem nem sentir o gosto. A única coisa que sentiu foi o sabor dos lábios doces e quentes de Shirou, colados aos seus.

É, talvez agora poderia esperar um pouco mais para ceia.