Preces de Braun escrita por hwon keith


Capítulo 3
Perdendo tempo com assuntos inacabados


Notas iniciais do capítulo

Aquele último capítulo ficou daquele jeito porque escrevi embriagada por 1/4 de copo de licor sem perceber. Coisas da vida.



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Rolando, a pseudo pedra de plástico duro caiu num baque fino. Sua simbologia para revelava um tipo de flecha apontada para baixo, do lado certo. Houve um suspiro. Nigredo não era exatamente a resposta adequada para a situação da qual fora aspirada.

– Definhar para subir a reconstrução, é? - murmurou quem jogara. Encostava-se nas almofadas macias com a expressão corporal denominando cansaço absoluto. Riu-se – Mas combina exatamente com meu signo.

Pondo-se de lado, os cabelos compridos finos esparramaram e desceram em direção ao chão, suspensos. Círculos roxos escondiam-se por uns fios desavisados na face, a boca estranhamente descolorida repuxada num esgar incomodado. Resumidamente, a perfeita visão da exaustão.

Porém, não era como se aquela maldita dor nas juntas e em seus músculos fosse desejada. Uns grandes pares de horas de sono de certa acalmariam os nervos, entretanto estavam fora de cogitação. Se possuía a necessidade de alguém sofrer vigiando interruptamente, alguém o faria e se lascaria, infelizmente.

A vez de Noka chegara e a moça engoliu o muxoxo de reclamação. Bem, internamente gritara e aquilo de algum modo serviu para aliviá-la, mesmo que pouco.

Queria sua cama box. Quem dera, não pudera se jogar nos travesseiros desde que salvara aquele moleque ingrato.

Talvez sendo invocado por aquele desgosto, o que não duvidava nenhum pouco a mulher (levando em consideração o timing maravilhoso do rapaz), Satoru despontou na escada. Descendo, analisando e julgado todos os objetos visíveis por perto, apenas parou próximo do sofá que ela permanecia sentada e dirigiu-lhe o olhar.

Curado agora, ele realmente não era uma faceta infernal. Alto, esguio, magro e as feições denominavam impassibilidade. Olhos o mesmo. Heterocrômicos, um preto e outro azul acinzentado. O cabelo sempre preso num rabo de cavalo mal feito despojava da beleza fria.

Noka detestava-o. Sabia que por baixo daquele corpo fino havia apenas sarcasmo nojento e uma predisposição de magoar e não considerar o feito. Até Gabriel tinha intenções mais nobres (e ele era um porre enorme).

Infelizmente para ela, e para Satoru, do qual não era também não participava do fã clube da outra, havia a necessidade de permanência dele ali por um tempo indeterminado, considerando que um bando lindo de demônios por algum motivo fizeram questão de avisá-lo não ousar sair da casa ou outros matariam-o. E no mesmo dia que chegara. Praticamente uma recepção espetacular.

Perceberam que Noka não se importava milimetricamente, porém Nick convenceu-a a deixá-lo ali até a poeira baixar. A poeira seria, claro, os demônios desviarem o olhar para que a irmã alegremente chutasse a bunda do garoto rua afora.

A desculpa do loiro fora “não quero problemas”, continuada de “não quero que ele volte como espirito vingador e me incomode quando estou no banheiro cagando, obrigado, de nada”.

Jamie, participando da festa, sendo um demônio desprendido de organizações da raça e essas coisas, até assustara a gangue. Impressionados com o poder e falta de paciência para aguentar merda deles, revogaram as ordens de permanência e fizeram um apelo vergonhoso.

Nós precisamos que ele fique seguro. Ele não é nosso povo, mas pediram para olhar por ele. Os outros já rastrearam ele até aqui, mas como é uma casa de feiticeiros não terão poder para invadir. Nós estamos implorando”, seguido de um olhar realmente desesperado e uníssono do bando, revelando um “por favor ou quem pediu vai comer nosso cu”.

Pareceu no momento compreensível, mas a Braun agora observando a expressão tediosa de Satoru sentiu uma forte vontade de quebrar o acordo e expulsá-lo.

– O que tu quer? - indagou, expirando insatisfeita, juntando toda sua força para demonstrar uma careta suficientemente feia.

Satoru apenas balançou milimetricamente a cabeça, negando. Foi-se para a cozinha e pelo barulho suave de cerâmica, servia-se da torta de frango que ela preparara e jantava.

Agradecendo a não resposta, porque não tinha mais o espírito de levar discussões, Noka afundou mais no sofá. Ouviu Nick descendo as escadas, esse num rompante, vendo ele quase caindo para frente, afobado em demasia.

– Onde ele tá? - jogou-se para perto de Noka, perguntando alto.

– Na cozinha – ela respondeu sem vontade – Para que tanta animação?

Quase quebrou o pescoço na violência que virara em direção ao cômodo. O loiro absteu-se de comentários, sorriu nervoso e suspirou baixo.

– Que tal essa roupa? - girou para os lados, as pernas bambas, revelando um jeans novo claro e uma camisa azul.

Noka lançou-lhe a melhor careta de exasperação que conseguia no momento.

– Eu não acredito nisso – exclamou incomodada – Não podia ter arranjado um crush melhor, não? - diminuiu o tom. Garganta já dava sinais de dolorosa agonia – Além disso, parece uma garrafa pet azul.

Mas o garoto dispensou-a com um gesto.

– Ele é bom – afirmou, subitamente também entediado – Serve.

Recebeu um rolar de olhos.

Então o telefone tocou. Atendendo com lerdeza provocativa, porque ele sabia que a irmã odiava toques interruptos, Nick sorria.

– Bom dia – cumprimentou.

Boa noite, quer dizer” a voz de Gah interrompeu num tom de curiosidade.

– Só para você. Estou em NY, querido.

Ah” recebeu apenas de réplica “Passa pra noka, nick”.

Nick suspirou, raivoso.

– Esse teus bff não tem senso de humor – passou o objeto.

– Na verdade, ele presume que tem demais – ela respondeu satisfeita, pegando-o. – Oie.

noka. Temos um problema”

– TU tem – teve que enfatizar – Eu já me lotei deles. Fala. O que tu fez agora?

“Nada.”

A garota riu.

– O dia que tu parar de fazer besteira estarei no Parque do Harry tomando cerveja amanteigada.

Você ir pra lá é mais difícil do que eu virar santo, gata.”

– Cala boca. Anda logo. Não tenho o tempo do mundo.

Tem o suficiente parando de beijar seus posters de caras de anime.”

– GAH. FALA LOGO, CACETE.

Sem palavrões. Eu ainda tenho a impressão que você é uma moça de família. Ok, falando sério agora. Eu fui investigar aquele grupo de demônios e a ligação com aquele guri lá que tá aí. Não encontrei nada. Ele parece que surgiu do nada. Não é do bando, não é parente de afiliados. Clei me mandou algumas informações que conseguiu tirar. Nenhum Satoru ou alguém com rosto parecido é conhecido por aqui.”

Noka se contorceu com um arrepio repentino. Jamais era coisa boa.

– Qualquer coisa me avisa. Eu não to exatamente feliz de mantê-lo aqui, mas também não quero me indispor com o resto do povo.

Ok. Avisarei.”

– Ah, além disso, Nick parece que tá de olho nele – acrescentou, risonha. Um vermelho passado pro roxo subiu na cara do irmão, ele apressando para investigar se Satoru havia ouvido.

Ele tem cara de viado mesmo, esse Satoru. Não me impressiona”

Nick arrancou o telefone das garras de Noka.

– Tira essa mão gorda do saco de Cheetos antes de falar dele, obeso – e desligou.

O garoto girou numa carranca para a mulher, depois desmanchou-a.

– Que corte é esse na sua cara?

Noka tocou o local. Ardia ainda.

– Peguei o turno de vigia hoje, fiquei com sono demais, fui tentar abrir a janela nesse calor, tropecei e acabei me dando uma unhada.

Ele riu.

Odiavelmente as ondas de calor se espalhavam pelo quarto. Mesmo o ventilador sofrível de potência máxima não dissipava-as. Parado e há horas jorrando ar um pouco abaixo do insuportável, não seria surpresa não amenizar as gotículas de suor que formavam no corpo todo do garoto.

Até gostaria do ar condicionado agraciado de casa, caso lembrasse do local e se ele possuía mesmo o objeto.

Das poucas coisas que Satoru lembrava, o local onde vivera anteriormente não era uma.

Rolou pro outro lado. As pupilas dilatavam na escuridão quase total. A janela aberta de vidro transparente lhe enviou a imagem de uma rua iluminada por um só poste descuidado. O concreto devia estar ainda quente, por isso a quentura incomum do cômodo. Horrível. Algum ser deveria ter a boa vontade de com uma mangueira depositar água naquela rua para diminuir a temperatura.

Mas talvez a água também estivesse aquecida. Inferno.

Encarando as linhas escuras da palma da mão, recebendo nenhuma resposta porque não conhecia quiromancia, Satoru sorriu levemente e o gesto revelou-se perigoso.

Continuar naquele casebre detestável não era um plano seu. Ter um bando retardado de demônios inúteis também não. Aquela mulher irritava-o e a outra despertava precaução. O loirinho baixo adorável poderia ser útil, quem sabe.

Girando o metálico celular, digitou alguns números que faziam parte da memória conturbada. Alguns toques passaram e foi atendido.

Traria mais um para a festa.


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