Em Queda escrita por Um Alguém


Capítulo 20
19º




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ALICE

Quando acordei, Eathan já havia sumido. Ainda sentia uma parte dele dentro de mim, lembrando-me que ele havia me salvado. Ainda sentia-o em cada batida do meu coração. Ainda sentia o gosto dos seus lábios nos meus. Mas ele não estava mais ali.

Quando levantei-me para ir até a cozinha e via sala toda destruída fiquei tonta. Não queria pensar em nada daquilo. Fui à cozinha correndo, peguei umas frutas e água, depois voltei para o quarto.

Fiquei o dia todo deitada na cama em posição fetal. Por mais que eu tentasse fugir meus pensamentos sempre acabavam voltando para o meu pai ou para o Eathan. Minha raiva e decepção com o Mark só não eram maiores do que minha preocupação com o Eathan. Ele disse que seria julgado. Não perguntei o que viria depois, mas sei muito bem. A julgar pela tristeza em seus olhos sabia que não iam só tirar-lhe as asas. Iam manda-lo para o inferno. Afinal o Rael conseguira o que queria. Ele e o Mark enfim haviam conseguido fazer o Eathan ir para o inferno.

Estava distraída, absorta em pensamentos quando ouvi um barulho na porta da frente. Me retesei imediatamente. Sentei-me na cama, tensa, com medo do que (ou de quem) poderia ser. Quando Mason entrou no quarto soltei um suspiro aliviada.

– Te assustei? - perguntou ele calmamente.

– Um pouquinho. - confessei. - Por que entrou pela porta?

– Porque acho mais simpático. - ele deu de ombros e sentou à minha frente, na beirada da cama. - Como você está?

– Como pareço estar? - retruquei.

– Péssima. - ele fez uma careta.

– Obrigada.

– Escuta, vim trazer notícia do Eathan. - anunciou ele despertando toda minha atenção.

– Então fala, Mason. - pedi ansiosa.

– Certo. Preparada? - acenei que sim com a cabeça. - Ok. Os arcanjos levaram ele para julgamento.Eathan assumiu a culpa por tudo, assim nem eu nem a Scarlet seríamos punidos. Eu nem sei mais quantas regras ele descumpriu. Mas apesar de todos os erros, ele teve alguns acertos. Como por exemplo te proteger do Ralf, do Rael e do seu pai, além de impedir o início de uma guerra. Seriam coisas ótimas se no percurso ele não tivesse cometido tantas faltas como matar o Ralf e o Rael, se apaixonar por você e etc, etc.

– Ai, Mason, fala logo por favor. - implorei.

– Ele não foi acorrentado no inferno, se é isso que te preocupa. Mas... - acrescentou ele assim que viu minha cara de felicidade.

– Mas? Mas o quê? - senti minha esperança se esvair.

– Mas ele perdeu as asas e agora tem algumas restrições. - contou Mason. - Além de ser um caído agora o Eathan não pode se aproximar da Scarlet, de mim e de você.

– O quê? - eu estava perplexa, para dizer o mínimo.

– Uma das nossas leis é não ter relacionamentos amorosos com nossos protegidos. - explicou. - Então mesmo já tendo caído deram-lhe como castigo isso. Ele não pode mais falar com você, nem chegar perto, entrar nos seus sonhos, nem nada do tipo.

– Isso é... para sempre? Quer dizer, nunca mais vou vê-lo de novo? - minha surpresa foi substituída por tristeza.

– Não sei. Mas acho que sim.

– Mas ele está bem, não é? Digo, tudo isso é bem melhor do que ficar acorrentado no inferno, certo?

– Acho que qualquer coisa é melhor do que ficar acorrentado no inferno. - disse Mason em um tom desanimado e soturno.

– Eu sinto muito.

– É, eu também. - ele soltou um longo suspiro e levantou-se, encaminhando-se para a porta. - Ah, eu já ia esquecendo. - ele parou, tirou um envelope do bolso e me entregou. - Eathan pediu para entregar-lhe isso.

– Obrigada.

– Se precisar de alguma coisa, é só me chamar.

Dei-lhe um pequeno sorriso em resposta. ELe virou-se e foi embora. Dentro do envelope havia um anel e um bilhete. O anel era lindo. Uma armação grácil sustentava uma pedra frugal de ônix. O bilhete dizia:

"É cedo para dizer para sempre e tarde para dizer nunca. Porque você não vai me amar para sempre e nunca poderemos ficra juntos de verdade.

Mesmo assim,

Te Amo."


Coloquei o anel no dedo anelar da mão direita. Coube perfeitamente. Olhar para aquele anel fazia-me sentir o Eathan pertinho de mim.

– Também te amo. - sussurrei para o anel.



Na manhã seguinte quando fui até a cozinha preparar algo para comer encontrei Mason sentado no sofá da sala. Sala que por sinal não estava mais toda destruída. O chão e as paredes estavam limpas, móveis arrumados e inteiros. Tudo certo.

– Bom dia, flor do dia. - cumprimentou Mason com um pequeno sorriso.

– O que aconteceu aqui? - perguntei-lhe.

– Eu arrumei tudo. - ele deu de ombros. - Parte do acordo. - disse ele com a voz baixa como se fosse um segredo.

– Que acordo?

– Antes do Eathan sair da jogada ele me fez prometer que cuidaria de você e te ajudaria no que precisasse.

– E arrumar a minha casa faz parte das suas funções agora? - sentei-me ao lado dele no sofá.

– Pois é. - ele riu. - Bom, eu vim para te contar algumas coisas que você precisa saber para poder seguir a sua vida tranquilamente.

– Que tipo de coisas? - quis saber curiosa.

– Mentiras. As pessoas vão querer saber o que houve com você, Ralf, seu pai. - explicou. - Você precisa ter uma boa história.

– Suponho que você já pensou em tudo. - sugeri.

– Isso mesmo. - concordou. - O caso do Ralf foi suicídio. Ele estava bêbado, descontrolado e surtado. Veio te procurar, mas você não estava em casa. E aí ele acabou se matando. - ele fez uma careta. - Desculpe, foi o melhor que deu para fazer.

– Certo. Suicídio. - quase engasguei com a palavra.

– Você não estava em casa quando o Ralf apareceu porque você tinha ido atrás do seu pai, que havia sido sequestrado. Mas quando chegou lá os bandidos já haviam matado o seu pai. Eles estavam se preparando para te matar também quando eu e uns amigos que estávamos acampando por perto te ouvimos pedir socorro. E nós te ajudamos a fugir.

– Acha que vão acreditar nisso? - perguntei-lhe meio descrente.

– É claro que vão. Tem tudo que uma boa história deve ter: aventura, perigo, drama.

– Tudo bem então. - concordei.

– Não se preocupe, vai dar tudo certo. - assegurou ele firmemente. - Pode confiar.

– Eu confio. - abri um pequeno sorriso. - Obrigada.

– De nada. Ah, sabe como você pode me agradecer? Preparando macarrão para eu comer. Adoro seu macarrão.

– Macarrão? - ri da animação repentina dele. - Ok, eu posso cuidar disso.

– Oba! - comemorou ele empolgado levantando e me puxando consigo para a cozinha. - Parabéns, você acabou de ser promovida. Deixou se ser só a namorada do meu melhor amigo. Agora é minha melhor amiga que faz macarrão.

– Eu fico honrada. - disse-lhe em meio a uma gargalhada. - Acho que você também pode ser meu melhor amigo.


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Notas finais do capítulo

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