Ctem - Homens de Branco escrita por Anna_Rosa


Capítulo 17
Um Tempo de Paz?


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora,eu me perdi nos capitulos mas aqui estou de volta...
Ah,antes que eu esqueça,o CTEM esta caminhando para o final, faltam poucos capitulos agora... *-*



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Paz, essa era a palavra ideal para definir o clima no BOSB, o local estava estranhamente quieto, as costumeiras brigas e discussões entre Gregoryo e Raffiane pareciam fazer parte de outro mundo, ate mesmo as crianças estavam anormalmente calmas – graças a Rafael que havia liberado o porão para eles, com a condição que não se machucassem – mas o que mais assustava era a atitude do CTEM, pareciam estar recuando, sofriam perdas diariamente e, no entanto, permaneciam em silêncio.

-Eu estou falando – disse Luis certa tarde na sala de reunião – esta tudo calmo de mais... Isso não é normal!

-Ué – falou Gregoryo - vai ver não pareis para nós e desistiram...

-Nós quem espertinho, você nem saiu daqui!

-Nem você Tati – respondeu Raffiane asperamente – ele se refere a nós bruxos!

A mulher rolou os olhos e deixou o cômodo com cara de nojo

-Ainda acho que estão tramando algo!

-Credo Luis – comentou Ketlin assombrada – ate parece que você esta esperando uma guerra.

-O Luis tem razão – falou Anna – eles estão quietos de mais...

-Mas estão sofrendo perdas diárias, bases importantes estão sendo invadidas e destruídas. – argumentou Raffiane

-Eu sei – continuou Anna – mas quantos nomes importantes você ouviu dizer que perderam e dessas bases, o que foi encontrado de realmente comprometedor ao CTEM?

-Estão tramando algo! – concluiu Luis batendo os punhos na mesa

A sala caiu em completo silencio, e antes que alguém pudesse dizer algo, gritos vindos do jardim foram ouvidos, seguidos por um forte clarão. Os adultos presentes na sala empunharam as varinhas e saíram o mais rápido possível para o exterior da casa.

-Este tudo bem... – disse Rafael todo chamuscado assim que os outros chegaram ao jardim – eles só estão brincando com meu canhão levitador.

Ao dizer isso, tombou para trás, deixando a vista duas bolas enormes que se chocavam a dois metros do chão, dentro delas Tiago e Hugo gritavam muito, apostando qual bola estouraria primeiro.

-Finite Encantatem! – bradou Raffiane, no entanto o feitiço não surtiu efeito – Porque não esta funcionando Contrabando?

-É que eles usaram no modo “escudo”- respondeu o rapaz se recompondo apreensivo – eles não vão se machucar...

-Onde estão os menores? – perguntou Ketlin

-Vou procurar – disse Gregoryo correndo em direção a casa.

-Puxa! – exclamou Luis observando as bolas se chocarem – Eu realmente admiro os avos deles – e ao ver que Ketlin o observava confusa – se é difícil controlar cinco, imagina como é no almoço de domingo...

                                            * * * * * * * * * * * * * *

Dentro do BOSB Gregoryo corria pelo corredor deserto e cheio de portas do segundo andar, já praguejando os pequenos, quando avistou por uma janela ao fim do corredor, as crianças brincando próximo ao lago. O homem sorriu ao ver o menininho moreno atirar uma pedra contra o lago.

-Espera ai – disse ele para si próprio, ao notar que só haviam duas crianças  no jardim – esta faltando uma...

-Ola senhor Gregoryo, o que faz aqui?

-ROSA!!! – exclamou ele quase caindo da janela – ficou maluca menina!

A ruivinha lhe sorriu encantadoramente, e ele prosseguiu

-O que estão fazendo lá fora? – e vendo que ela o observava, indicou o terreno próximo ao lago.

-Estamos brincando com umas plantinhas.

-Sei – disse Gregoryo sarcástico – e o que veio fazer aqui então?

-Vim pegar uma coisa para brincarmos – disse Rosa como se aquilo fosse obvio – eu vou indo tá...

-Ei – chamou ele ao vê-la se afastar – viu a bolha em que seu irmão está?

-Humhum, depois eu, o Al e a Lily é que vamos brincar nelas, só que na água...

Gregoryo observou a menina desaparecer de vista, imaginando o que estaria acontecendo no jardim agora.

                                      * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *

Próximo ao lago Lilyan já estava impaciente, Alvo puxava algo de dentro do lago. Havia um caldeirão de aparência muito velha perto da menina, e frente ao mesmo se encontrava um livro tão ou mais velho.

-Você demorou! – exclamou Lily assim que Rosa chegou – Foi fazer o conta-gotas ou o que?

-Encontrei o senhor Gregoryo...

-Ah, claro – continuou Lily – ela para pra conversar enquanto os primos correm o risco de ser pegos...

-Pelo visto a Senhora Rabugenta esta louca com as bolhas.

-É mesmo? – perguntou Alvo interessado

-Nós não temos o dia todo –exclamou Lily – vamos começar ou não?

-Eu peguei isso da cozinha – disse Rosa erguendo um pequeno frasco translucido – o único ingrediente que faltava.

-Vão matar a gente – disse Alvo sorrindo com certo brilho no olhar

-Como você pegou isso? – questionou Lily cruzando os braços

-Com as m... – mas controlou-se ao receber um olhar do primo – o armário estava aberto, ai eu peguei.

-Então? – perguntou Alvo – Podemos começar!

-Claro – disse Rosa sentando próxima ao caldeirão e correndo o dedo pelos ingredientes do livro – temos tudo?

-Com o ingrediente que você pegou sim – disse Lily ainda emburrada – já pensou em como vai devolver isso?

Alvo encarou a irmã como se não acreditasse no que ouvia

-É claro que pensei – respondeu Rosa colocando um liquido púrpura dentro do caldeirão.

Lilyan apenas balançou a cabeça, prevendo a confusão que viria, mas, sem resistir se juntou aos dois na brincadeira.

Meia hora depois o caldeirão borbulhava, exalando um cheiro doce e enjoativo, fazendo baforadas de fumaça multicolorida serem expelidas de seu interior. Rosa segurava o livro bem próximo de si, Alvo misturava a poção com certa dificuldade e Lily tamborilava os dedos impaciente.

-Anda Rosinha! – disse a menina – Eu quero por as gotas de gengibre ainda hoje sabe...

-Calma Lily – pediu Rosa virando o livro de lado – esta tudo embaralhado aqui e... o que é Luz de Lantus?

-Luz de o que? – questionou Alvo parando de mexer a poção

-Lant...

-Me da isso aqui! – exclamou Lily tomando o livro da prima – cinco gotas de gengibre, mexer três vezes no anti-horário.

A menina seguiu as instruções do livro, e ao devolvê-lo à Rosa acrescentou:

-Viu, foi difícil?

-Onde leu sobre a Luz do sei lá o que? – perguntou Alvo pegando o livro – Só tem a poção aqui.

-Estava bem ai no meio – respondeu ela em voz baixa – escrito...

-Ei – disse Lily – podem continuar as instruções.

Alvo e Rosa se sentaram ao lado de Lily, que a passou a função de mexer o caldeirão ao irmão.

-Vou por o ultimo ingrediente – disse ela pegando o frasquinho que Rosa havia trazido.

-To bom – falou Rosa trocando um olhar com Alvo que rolava os olhos – mas ponha uma gota só.

-Lily – exclamou Alvo largando a colher – uma gota só!

-Uma gota a mais uma a menos... – disse ela virando meio frasco dentro do caldeirão.

-LILYAN!!!! – gritaram os dois

No instante seguinte tudo pareceu parar a fumaça sumiu e a poção se tornou rosa berrante, Lily mal teve tempo de dar um meio sorriso, quando do nada, o rosa deu lugar ao verde acido e explodiu, se espalhando pelo chão, derretendo tudo por onde passava. Os pequenos ficaram acuados a um passo do lago, Lily gritava muito pulando no mesmo lugar.

-O que esta acontecendo aqui? – gritou Luis ao se aproximar do local

-Minha mão! – gritava Lily – Minha mão, ta doendo!!

-Sua mão... – exclamou Raffiane – mas?

-Eu coloquei... – gritou ela – no caldeirão, foi sem querer...

-Você o que??!! – exclamaram Alvo e Rosa ao mesmo tempo.

Raffiane lhes lançou um olhar mortal, pegando Lily pelos ombros, a conduziu, aos berros, para dentro da casa.

-Luis – disse em meio caminho – tire as praguinhas dali.

Luis a observou partir e se virou para as crianças, a sobrancelha erguida e um meio sorriso no rosto.

-Então resolveram brincar de fazer poção... – disse Luis – Sabem, eu adoraria ver ate quando ficam ai.

-A poção vai corroer a gente! – exclamou Alvo a milímetros do rio.

-Eu sei – respondeu o homem – mas agora que falou me lembro claramente de um dragão, molho de tomate, balas com poção...

-Não fomos só nós dois...

-Que é isso, tem um rio atrás de vocês.

-Não sabemos nadar! – exclamou Rosa

-Ah, mas essa é a melhor forma de aprender – disse Luis sarcástico, se controlando para não rir.

-Aonde o senhor vai? – perguntou Alvo desesperado ao ver o homem se afastar – não pode deixar a gente...

-E por que não? O que eu ganho em tirar vocês daí?

Alvo já ia preparando a resposta, quando os passos apressados e barulhentos de Gregoryo foram ouvidos.

-Meu Deus – gritou ele passando batido por Luis – eu vi a mão da Lily, achei que podiam ter se machucado – e com um aceno da varinha criou um caminha seguro e longe da poção para as crianças passarem – Estão bem?

-Por favor Gregoryo! – exclamou Luis indignado indo em direção a casa – Não da nem para se divertir nessa casa...

-Estamos bem. – disse Alvo rindo da cara que Luis havia feito.

-Rosinha?

-Ham? – Rosa havia parado a meio caminho, olhava fixamente para o livro, que permanecia intacto no meio da poção derramada, como se um escudo o protegesse – Eu, to bem.

Assim que Rosa se juntou a Alvo, Gregoryo os mandou para dentro, esperou que desaparecessem de vista e com muito cuidado apanhou o livro, que permanecia aberto na pagina intitulada “poção corrosiva muito potente”.

                                     * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *

As nuvens já se tingiam de dourado e uma estranha nevoa tomava conta dos jardins, indicando que mais um dia chegava ao fim.

“Hoje os Guardiões da Magia, novamente mostrando seu trabalho invadiram a maior base do CTEM já vista ate esse momento, a base localizada no Leste da Inglaterra foi invadida por nossos heróis de guerra, com a ajuda do nosso Ministro...”

-Agora sim – disse Luis preocupado – eles tocaram em um ponto frágil. Haverá um contra ataque muito em breve.

-Porque o senhor acha isso? – perguntou Hugo.

-É o que faríamos. – respondeu Luis com simplicidade.

-Mas, se atacarem agora – continuou Hugo – vão estar admitindo que algo importante veio a tona e que o Ministério da Magia está no caminho certo.

Luis encarou o menino impressionado, não era normal um garoto de dez anos falar daquele jeito.

-Pode ser Hugo, mas eles podem argumentar que já planejavam um ataque quando a primeira base foi invadida...

-Ei – exclamou Tiago – é o tio Rony!

As crianças e Luis se voltaram para TV onde um homem ruivo e sardento explicava algo.

“Sim – disse Rony – essa foi a maior e mais importante base do CTEM já invadida.

-Sr Weasley – perguntou uma bruxa gordinha – o senhor confirma a identidade da bruxa que trouxe o CTEM de volta a vida?

-Confirmo – respondeu o ruivo – o nome da bruxa em questão é Ericca Zillá e o Ministério da Magia está oferecendo recompensa para informações verdadeiras sobre o paradeiro dessa mulher e por sua captura.

-Sr Weasley, o senhor gostaria de dizer algo, a sua família caso eles estejam nos vendo agora?

-Mamãe, papai estamos vivos! – disse Rony com seu costumeiro sorriso – Hugo e Rosinha estou morrendo de saudades e a Mãe de vocês também. Tiago, Lily e Al os pais de vocês estão tão chatos quanto antes, se tudo correr bem, voltamos antes do natal.

-Obrigado pela entrevista senhor Weasley – agradeceu a bruxa – Eloise Midgen para o Dragão Verde.

-”Obrigada Eloise, e agora a previsão do tempo...”

-Esse é o papai – disse Hugo sorrindo – nem acredito que eles vão voltar antes do natal.

-Papai... – disse Rosa sonhadora, os olhos brilhando – eles estão bem mesmo, é de verdade...

-E os meus pais estão ótimos! – exclamou Lily sorridente

-É – concordou Alvo – chatos!

-Eles vão pegar todos eles! – gritou Tiago pulando do sofá – Eles vão pegar, e vão bater e, e...

-Se você não sentar nesse sofá agora – disse Anna – eu juro que te amarro nele Tiago.

Tiago, muito a contra gosto, sentou no sofá, a mulher sorriu ao lhe entregar um pedaço (bem grande) de bolo de chocolate, o menino tinha o pé e ate metade da perna enfaixados e um corte quase sarado no rosto. Resultado da explosão de sua bolha a três metros de altura no meio do jardim.

-Ai, ai – disse Lily olhando a mão machucada enquanto comia o bolo – quando será que essa maldita dor vai passar.

- Já passa Lily. – disse Gregoryo afagando os cabelos da menina enquanto observava Anna entregar o bolo as crianças – A gente não ganha bolo?

-É descer na cozinha e pegar – respondeu ela sentando no sofá e comendo um pedaço do bolo.

-Você não era assim Aninha...

-Achei! – disse Rosa apontando para o livro que segurava.

-Hum... – falou Alvo pondo-se em pé – vamos comer lá no quarto então...

Rosa concordou e ficou em pé para acompanhar o primo.

-O que estão lendo? – perguntou Anna.

- Fungos e Ervas mais raros da Europa – respondeu Rosa.

-Meio avançado para vocês não! – disse Raffiane lançando-lhes um olhar furioso.

-Bobagem – respondeu Alvo – é sempre bom aprender algo novo...

Anna sorriu ao ver os dois se afastando, Raffiane os acompanhou com o olhar.

-Eles estão aprontando alguma coisa! – disse ela

-Por favor Raffiane – contestou Gregoryo – deixe eles em paz!

A bruxa o fuzilou com o olhar, mas não pode conter o sorriso ao vê-lo estender um prato de bolo a ela.

  * * * * * * * * * * * * * * * * * * *

-Hum... – disse Rosa comendo um morango coberto por chocolate – o bolo esta bom né?

-Está sim – respondeu Alvo sentando na cama de Lily – mas o que você achou sobre a tal Luz?

-Esta aqui oh – disse a ruiva apontando o pé de uma página – fala só um pouquinho e tem uma indicação.

-Luz de Lantus – leu o moreno em voz alta – fungo extremamente raro, nasce sob o caule de uma árvore de vida longo encontrada em todo o mundo. De difícil manuseio, sozinho pode anular qualquer veneno, assim como em dosagem errada pode envenenar qualquer antídoto... Hum, não da para ler o nome do livro.

-”Humhum, mas deve ser algo como “Fungos Assassinos da Europa” ou” Como Salvar ou Matar: Fungos Mágicos”.

-Eu fico com o segundo, é mais típico, faz drama. Mas e agora, o que vamos fazer? Será que tem um livro desses no porão?

-Deve ter, mas, temos coisas mais emocionantes para fazer né – Alvo sorriu agradecido, queria muito saber o que era aquilo, mas ficar enfurnado em livros quando a neve ameaçava chegar não era seu objetivo – E sempre tem a biblioteca da mamãe, tem todo tipo de livro lá.

-E o Hugo pode nos ajudar, podíamos até para a titia...

-E se ela não responder, vamos brincar na biblioteca e procuramos o livro...

-Vocês não se cansam né! – exclamou Raffiane parada a porta, com cara de nenhum amigo – Parem de se meter no que não é da conta de vocês...

-Do que você ta falando? – questionou o menino

-Não se faça de burro garoto! – Falou ela alterando a voz – Como se já não bastasse mexer nas coisas dos outros, ainda planejam invadir a minha biblioteca!

-Sua biblioteca!? – exclamou Rosa, sua voz normalmente tímida e doce repleta de sarcasmo – tem certeza que ouviu a conversa toda?

-Esta insinuando que eu estava ouvindo conversa...

-Ela não precisa insinuar – disse Alvo mais alto que o normal – você estava! E não mexemos no que não é nosso.

-Então o que faziam com as coisas do porão, o caldeirão do Gregoryo e esse livro.

-Rafael deixou a gente brincar com as coisas do porão – retrucou o menino – e o Gregoryo emprestou o livro para nós. Acorda Raffiane, veja onde o galo cantou antes de dizer o que não sabe...

-Olha como fala comigo pirralho! – gritou a mulher – Se arrependimento matasse... devia ter deixado vocês morrerem naquela maldita floresta!

-Não pedimos pra nos trazer pra cá, pedimos? – disse Rosa – Só perguntamos o caminho para a Toca!

-E se você esta tão arrependida assim – disse Alvo serrando os olhos – É só nos entregar aos Homens de Branco, afinal o que um assassinato a mais na sua ficha criminal!

-Saia... desse... quarto... agora!! – gritou ela brandindo a varinha ameaçadoramente.

-Me obrigue!! – disse o moreno friamente.

No instante seguinte uma faísca intensa iluminou o quarto e uma força invisível obrigava Alvo a se retirar do quarto o empurrando para o corredor.

                                     * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *

No andar de baixo foram ouvidos os berros de Raffiane, seguidos pela voz um tanto alterada de Rosa.

-Rosinha! – exclamou Hugo pulando da cadeira ao mesmo tempo em que Gregoryo o segurou – O que está fazendo!?

-Você não vai subir lá e piorar o que quer que esteja acontecendo. – respondeu o homem

- É a minha irmã!

-Não importa quem ela é – disse Luis levantando – você vai ficar aqui!

-Solta ele Gregoryo – falou Anna em tom autoritário

Gregoryo soltou o menino e antes de partir atrás de Luis, falou em um tom que apenas Hugo pode ouvir.

-Se da valor a paz existente nessa casa fique aqui.

-O que esta acontecendo? – perguntou Tiago assustado assim que Gregoryo saiu

-Não sei – respondeu Anna colocando a mão no ombro de Hugo – mas não se preocupe Hugo, a Raffiane não ousaria fazer nada a sua irmã.

                                      * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *

-VOCÊ SÓ ESTÁ VIVA PORQUE EU NÃO QUIS REALMENTE TE MATAR AINDA!!! – gritava Raffiane a centímetros da menina.

-NÃO QUIS OU NÃO CONSEGUIU!! – exclamou Rosa

-VOCÊ NÃO TEM IDEIA DO NÚMERO DE VEZES QUE EU ESTIVE PRESTES...

-Você não tem capacidade Raffiane Lestrange! – a ruivinha baixou a voz, a mantendo em um tom calmamente frio – Me diga quando foi a ultima vez que enfrentou um bruxo adulto e que empunhasse uma varinha. Melhor, alguma vez na sua vida já tentou enfrentar alguém que não tenha menos da metade da sua idade, ou você sempre foge...

Raffiane ergueu a mão, cortando o ar com toda força que conseguiu, não estava preocupada se ia machucar ou não, ninguém falava com ela naquele tom, muito menos uma Weasleyzinha qualquer. Entretanto sua mão parou a milímetros do rosto da garotinha, o motivo, nem ela sabia.

-Raffiane!! – exclamou Luis sem entender a cena.

A mulher baixou a mão sem tirar os olhos da menina, Rosa nem sequer piscava, os cabelos ruivos balançavam como se uma leve brisa pairasse no local.

- Eu te detesto pirralha! Detesto!!

Dizendo isso, a mulher bateu a porta do quarto, com um “e não me saia daí”, e desceu para a cozinha.

-Vai deixá-los sem comer! – exclamou Gregoryo, afinal Alvo permanecia preso em seu quarto – Ficou maluca!

-Tenho certeza que você se encarregar de não deixar que eles morram de fome!

-O que foi aquilo? – perguntou ele no que foi ignorado por uma Raffiane que, literalmente, cuspia fogo e por um Luis indiferente que optou por voltar para a cozinha.

* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *

Na manhã seguinte, Rosa acordou assustada, sem nem tirar o pijama saiu apressada em direção a porta, entretanto sua saída foi barrada por algo invisível e duro.

-Você não vai conseguir sair – disse Raffiane encostada a porta do banheiro, a varinha na mão – esta de castigo.

-Que?! – exclamou Rosa surpresa – Você não pode me manter presa aqui...

-Ah não, – respondeu a mulher sarcástica, se aproximando da menina – Me de um motivo para não fazer isso, como eu disse você está de castigo.

-Tá, mas isso não te da o direito de me manter presa em um quarto – disse a garota dando um passo para trás. Raffiane continuou a se aproximar, a varinha apontada para o coração da menina – Qual é o seu problema, será que já não é o suficiente o que já nos fez e pretende fazer depois que sairmos daqui...

-Vejam só, – disse Raffiane se inclinando ate ficar da altura de Rosa – que pena que seu medo te reencontrou, eu estava prestes a procurá-lo para você. Sabe eu podia te prender lá em cima, já que você não gosta daqui.

Por um momento os olhos da ruivinha perderam o foco, e cenas escuras vindas de longe tomaram conta de sua mente, haviam gritos apavorados, uma plantação de arroz, a escuridão ao redor, um local familiar e tinha uma varinha, apontada para ela, ate que a voz de Hugo a trouxe de volta a realidade.

-E ela pode armar o maior escândalo.

-Não acho que ela tenha condições para isso, por tanto não tente bancar o heroizinho.

-Ela pode não ter, mas eu tenho! – disse Hugo entre dentes – Solta ela agora!

-Fedelho, minha paciência já está acabando – exclamou Raffiane em voz alta – some daqui antes que sobre para você também.

-Deixa ela sair!!

-O que está acontecendo aqui – questionou Anna surgindo do nada – a essa hora da manhã?

-Ela não quer deixar a minha irmã sair! – disse Hugo indignado apontando para porta.

-Raffiane, por favor! – disse Anna incrédula

A bruxa fechou a cara e murmurou algo incompreensível.

-Anda Rosinha – falou Anna com um aceno da varinha – saia daí.

A menina vacilou por um momento, e por fim atravessou a porta deixando atrás de si uma Raffiane furiosa.

* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *

-Você está bem? – perguntou Hugo à Rosa assim que chegaram à salinha

-Humhum... – disse a menina de cabeça baixa.

-O que aconteceu – perguntou o menino levantando o rosto da irmã – Rosa?

-Nada é só que... – começou ela, mas acabou por abraçar o irmão – o que houve aquele dia na Toca, há três anos?

-Do que... do que esta falando Rosinha? – disse ele afastando a irmã e encontrando seus olhos, tinha uma certeza do que ela perguntava.

-Hugo, por favor, me fala – pediu ela – a mamãe nunca fala...

-Nem você – disse ele – nunca fala sobre isso, porque quer saber agora...

-Eu só lembro de tudo estar escuro e aquela varinha...

-Eu... eu não gosto daquele dia, ela tentou... ela realmente queria... – Hugo parecia nervoso com o rumo da conversa, estava pálido, o olhar fixo em um ponto acima da cabeça de Rosa – ela ia te...

-Rosa! – chamou Anna surpreendendo os dois – Esta tudo bem aqui?

-Está – disse Hugo aliviado – o que ia dizer?

A morena o encarou com a sobrancelha erguida, mas continuou...

-Então – ela pareceu avaliar o que pretendia falar – pelos ocorridos... bom, você vai passar a dormir no meu quarto. Tem certeza de que esta tudo bem?

-Humhum – respondeu Rosa sorrindo, e sem se conter acrescentou – ate que demorou né, pra gente tentar se matar.

Anna riu com o comentário e conduziu a menina ate o quarto de Raffiane, – que estava vazio – para que ela pegasse suas coisas e de lá a levou para o novo aposento. Hugo permaneceu na salinha o olhar perdido em um lugar muito longe dali.

O quarto de Anna era tão grande quanto o de Raffiane, entretanto completamente diferente. As paredes eram de um tom lilás claro que contrastava estranhamente com as cortinas azuis escuras. No extremo a porta havia uma janela enorme, e logo abaixo dela estava uma cama de solteiro e ao lado desta um pequeno guarda roupas. Perto da porta tinha um guarda roupas muito grande, com uma cama embutida, entre as duas camas havia uma escrivaninha repleta de fotos e uma televisão, o centro do quarto era livre e tinha um tapete felpudo no chão, próximo a porta que levava ao banheiro.

Anna observou a garotinha se aproximar da janela e abrir um largo sorriso.

-Anna – chamou Rosa – eu posso ficar nessa cama? – perguntou apontando a cama próxima à janela.

-Claro – respondeu ela com naturalidade – porque não poderia?

-É que a vista daqui – explicou ela desnecessariamente – para o pomar e o jardim e o laguinho... me lembram a minha casa... entende não é nada contra você...

-Ai Rosinha – disse Anna sentando na cama – só você mesmo. Sabe, eu também amo essa vista, me lembra outro lugar, mas ele não existe mais e pertence a um tempo, não muito distante, que não volta mais – Rosa a olhou curiosa, a morena sorriu novamente e afagou o cabelo da menina, antes de levantar e se dirigir a saída.

Na porta o menino de cabelos castanhos e olhos azuis observava a cena um tanto apreensivo. Anna bagunçou-lhe o cabelo antes de sair do quarto, Hugo se aproximou da irmã que lhe deu um sorriso encantador, ao que ele retribuiu aliviado por ela ter esquecido a conversa que tinham antes de Anna interrompe-los.

Do corredor Luis observou os irmãos, se eles não fossem quem eram, teria achado a cena bonita e ate esboçaria um sorriso. Entretanto optou por simplesmente ignorar e seguir seu caminho. Na salinha o jornal anunciava mais um desaparecimento depois de semanas sem reação do CTEM.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem e por favor comentem *-*