O dia amanheceu claro e límpido. O sol quente e radiante entrava por qualquer lacuna que encontrava na casa, iluminando aquela mansão quase vazia. Rin ainda dormia pesadamente, enquanto o arqueiro já estava acordado sentado na sala. Archer ainda estava meio perdido com tudo, se lembrava de poucas coisas, mais o que mais intrigava ele, era o fato de ninguém tê-lo invocado. Porque então ele voltou apenas oito meses depois da guerra acabar, sem que ninguém o invocasse?Seria uma chance dada a ele de ter uma vida normal como teve algum dia?Abandonar a guerra... Ou apenas um truque uma brincadeira de alguém...
Rin acordou calma naquela manha em especial, não teve pesadelos à noite e torceu para que suas lembranças fossem verdadeiras, que Archer realmente tivesse retornado. A morena passou direto pro banheiro tomou um banho relaxante, escovou os dentes e se vestiu para sair, desceu as escadas tão calmamente sentindo aquele aroma de chá que preenchia toda sala, um aroma que ela conhecia bem, um aroma que só Archer sabia deixar um chá. Os olhares enigmáticos novamente se cruzaram e Rin sorriu largamente ao vê-lo com uma caneca de chá quente nas mãos.

- Preparei um chá pra você.... Espero que não se importe. – ele falou meio se graça, não sabia a reação que ela teria em vê-lo mexendo em suas coisas.

- Não me importo... – ela sorriu pegando a caneca que ele lhe oferecia – Você sempre fazia isso. – Archer sorriu, e a morena retribuiu o sorriso indo para a cozinha tomar o café sendo acompanhada por ele.. Rin estava especialmente pensativa naquela manhã e o arqueiro percebeu isso.

- Aconteceu alguma coisa? – ele perguntou e viu os olhos azuis dela sendo dirigidos à ele.

- Será que os outros servos também voltaram? – ele a encarou serio, depois voltando seu olhar para o chá por entre suas mãos.

- Não sei. – ele a olhou novamente nos olhos com o semblante serio. – Nem sei por que voltei. – Rin desviou seu olhar do dele torcendo para que ele não tivesse visto a decepção em seus olhos. A decepção de uma memória perdida. O que foi inútil, ele percebeu que ela sofria por ele não se lembrar dela e das coisas que eles haviam passado juntos, ele se repreendia por fazê-la sofrer daquela maneira, mais não podia fazer nada. Não tinha como se lembrar. Num súbito ele a olhou com o rosto abaixado e sem saber como agir ou o que fazer, ele se levantou e foi em direção à morena levantando seu queixo fino e delicado, com as pontas dos dedos, até que ela tivesse um bom campo de visão para os olhos dele.

- Desculpe.

- Por quê?

- Por não me lembrar de você. – ele sorriu amarelo e o coração de Rin disparou naquele momento tão estranho. Archer pedindo desculpas para ela! O que estava acontecendo? – Minhas memórias estão confusas, não me lembro da guerra nem o que aconteceu, nem durante, nem depois. Só sei que sou um servo, e devo seguir ao lado de minha mestra, se você foi a ultima a me invocar, a servirei. – Rin arqueou os lábios como se fosse sorrir, mais não sorriu, ela segurou a mão do homem retirando o contado com seu rosto e o olhou profundamente.
- Não quero que me sirva. – ele a olhou incrédulo. Depois lhe falando com sua voz calma, como era de seu costume.

- Então quer que eu vá?

- Não. – ela se levantou ficando quase que no mesmo nível que ele, se o arqueiro não fosse tão alto.

- Quero que seja meu amigo. Que more aqui, comigo. – mesmo que Rin tivesse outras respostas em seu pensamento, foi à única coisa que conseguiu dizer para que ele não fosse embora. Ela se segurava para dizer que durante a guerra ela ainda não entendia sobre coisas como o coração, pra dizer que ela era uma idiota sem noção, e que o amava mais que tudo. Só que de nada adiantaria mesmo ele tendo a memória de volta jamais se apaixonaria por ela.

- Não sei se devo... – rin sorriu com a insegurança dele.
- Deve e vai!Agora vamos ver Shirou pra saber se a Saber, também voltou. – a morena se levantou, e foi em direção à porta, se virando rápido logo em seguida. – Não deixe que ninguém te veja, pode ser alguma cilada, se você está aqui outros servos também devem estar. – Desde que chegou Archer temia por isso temia dizer a ela que ele estava um pouco impossibilitado, não tinha poderes nenhum. Era um homem normal.

- Eu queria lhe dizer uma coisa.
- O que foi. – Archer decidiu não hesitar e falar logo de cara para ela.
- Não tenho mais a condição de servo... Eu acho. Não posso fazer o que eu fazia antes.

- O que?! – Rin ficou estática por alguns minutos olhando incrédula para o arqueiro, de cabelos brancos quase prateados, a falava. – Como assim Archer?
- Não sei como mais acho que sou comum, nem servo, nem mago, uma pessoa comum, não tenho mais “poderes” entende?

- Mais sou menos... – Rin o olhou serio – Melhor... Quer dizer que não deve haver nenhum perigo.

- Ou o contrario. – e os dois novamente se entreolharam sérios, e o clima começava a ficar meio pesado, Rin percebendo aquilo o encarou e sorriu largamente.

- Sabe o que isso quer dizer? – o arqueiro a olhou intrigada.

-Não?!

- Compras! – ela o agarrou pelo braço sorridente quase arrastando ele para fora da mansão. – Tenho que te dar um novo guarda roupas Archer. Antes de irmos ver Shirou vamos às Compras! – ela agia tão espontaneamente,sorria,olhava as lojas com tanto entusiasmo que o arqueiro não conseguia para de olhá-la e não sabia por quê.

Eles adentraram em uma loja onde vendia roupas masculinas e assim começou o martírio do nosso arqueiro, que a partir daquele dia tomaria medo de fazer compras.

- Essa não ficou boa Archer – riu-se a morena quando ele saiu de com uma bermuda e uma camisa floral. – Próximo, por favor....- E assim ficou por um longo tempo até que ela optou por um terno mesmo, e muitas outras peças avulsas, para ele. Rin não podia negar uma coisa, Archer é bonito e chamava a atenção de muita gente na rua, muitas mulheres. Mais ele parecia não dar atenção a elas, mesmo assim Rin se contorcia de ciúmes por dentro e agarrava ainda mais forte o braço daquele homem como se estivesse a dizer – “é só meu!”.

Já era quase horário de almoço, os dois comeram em uma lanchonete e rumaram apara a casa do Shirou para acabarem de vez com a curiosidade.
Archer não parecia nada confortável com as roupas compradas por Rin,não estava acostumado aqueles tipos de vestimentas e nem com gravatas que ele afrouxava a todo momento a fim de acabar com a sensação de sufoco que ele estava.

- O que foi Archer não gostou da roupa? – perguntou amorena que seguia uma pouco à frente.

- Claro!!! É que eu não estou acostumado com isso. – Rin o olhou e sorriu ao vê-lo apontar para a gravata que ele tentava tirar a algum tempo atrás.
- Deixa que eu tiro pra você. – ela se aproximou sorrindo e facilmente retirou a gravata que o sufocava, ele respirou fundo e abriu o paletó e alguns botões da camisa.

- Bem melhor agora.

Rin não conseguia tirar os olhos dele. Aquela roupa havia lhe caído tão bem, Archer tinha ficado tão diferente do que ela era acostumada, parecia um homem responsável. Um belo homem...

- Acha que ele está em casa? – Archer perguntou seguindo lado a lado de Rin.
- Quem sabe... Espero que esteja...