COBRA POV

Quando eu estava sendo golpeado pela Karina, nós ouvimos uma voz feminina me chamando, tinha certeza quem era. Me afastei de Karina e pedi para ela se esconder. Ela ficou me olhando com uma cara de brava. – Ela ficava mais linda brava. – Pensei comigo.

– Quem é cobra? É a Jade? Vocês estão juntos de novo? – Disse Karina baixo, começando a me fazer um monte de perguntas. – Não Karina, não voltamos. Será que da pra você se esconder? A Jade não vai gostar nadinha de te ver aqui comigo. – Falei, e observei a cara da Karina mudar, sua expressão foi de raiva, para tristeza. Não entendi muito bem. Karina se escondeu e eu fui até a frente do QG abrir a porta. – Assim que abri a porta a jade já veio pra cima de mim, me abraçando e com os olhos marejados. – Vagabundo, eu sinto sua falta, sabia? – Ela disse, e eu sorri, levando minhas mãos até seu rosto, limpando suas lágrimas. – Eu também sinto a sua falta, minha dama. Mas nós... – Disse apontando para mim e pra ela. – Isso não pode acontecer mais. A sua mãe nunca vai permitir. – É melhor você ir embora. – Ela assentiu com a cabeça e foi embora. Quando eu voltei pro meu quarto, vi Karina sair por de trás das caixas, ela se aproximou de mim, com um olhar triste, que eu fiquei meio mal.

– Você gosta dela né? – Ela perguntou. – Demorei um tempo pra responder. – É K, eu gosto dela sim. Lembra quando você cuidou de mim e me perguntou se eu gostava de alguém e eu disse que não sabia? – Ela assentiu com a cabeça. – Então, depois daquele dia eu descobri que gostava de alguém. – Da Jade né? – Eu sorri triste. Como ela não conseguia ver que eu estava falando dela. – Me aproximei dela e levei minha mão até seus cabelos, fiz um carinho de leve e respondi. – Sim, da Jade.

– Karina, me diz, o que o Pedro te fez? Seu namoradinho fez alguma coisa contra você, tentou alguma coisa? – Perguntei aflito, doido para quebrar a cara do Pedro.

– Eu não quero falar dele, nunca mais! – Falou Karina, nervosa. Eu sabia que tinha dedo do guitarrista nessa história. Eu e Karina nos encaramos por um tempo, até que ela me abraçou. Fiquei nervoso ao sentir ela tão próxima de mim, mas a abracei de volta, envolvendo minhas mãos na sua cintura, que estava com as mãos em meu pescoço.

– Ka, você pode confiar em mim pra qualquer coisa, eu to aqui e nunca vou te desapontar. – Disse enquanto afagava os cabelos de Karina.

– Pra qualquer coisa? – Disse Karina, se afastando do meu abraço e se recompondo.

– Qualquer coisa ka, pode falar, estou as ordens! – Falei. fazendo sinal de sentindo com as mãos. Karina ficou quieta por alguns minutos e começou a falar.

– Cobra, você me ajudaria a me vingar do Pedro? E de todos aqueles que me enganaram... – Falou, com um olhar vazio e triste.

– Te ajudar como ka? Me diz! – Se você quiser eu quebro aquele moleque, já te disse. – Falei rindo sarcasticamente, fazendo com que Karina desse um sorriso tímido. – Como o seu sorriso era lindo! – Pensei em meio aos meus devaneios.

– Eu ainda não sei ao certo, mas eu tenho que fazer alguma coisa e logo. Agora... eu acho melhor eu ir embora! – Karina saiu andando, passando por mim, que por um impulso a puxei pelo braço, Karina se virou e eu sorri para ela. – Se cuida loirinha e... juízo. Ela apenas retribuiu o sorriso e seguiu em direção porta a fora

Karina POV

Cobra tinha se mostrado o cara legal que eu sabia que ele era. Não sei porque eu acreditava nele, algo me fazia confiar nele, querer me aproximar, ser sua amiga. Podiam me chamar de louca, mas ele me fazia bem. E quando ele sorria, ah, o seu sorriso... era como se eu me esquece de todos os problemas, com ele me sentia diferente, como se eu realmente pudesse ser quem eu sou de verdade. Tenho certeza que ele vai me ajudar a me vingar do Pedro e da sonsa da Bianca. Só posso contar com ele agora, já que todos me traíram. Esses dias estão sendo muito difíceis pra mim.

Cobra POV

Abri cedo o QG, queria ver se Karina ia pra escola e se eu via se ela estava ou não melhor. Eu não tinha esquecido que tinha que pegar Pedro e matar aquele guitarrista, mas ia fazer isso depois de ver a loirinha.

– Ei Cobra! – Me surpreendi ao ouvir a voz de Karina. Não a vi entrando, porque estava arrumando os suplementos e estava de costas. Ela sorriu de lado, mas estava com olheiras e pálida.

– Karina, você ta melhor? – Perguntei, preocupado com ela. Com a K eu agia de forma mais doce. Ela assentiu. – Vai me dizer o que aconteceu? – Perguntei. Ela rolou os olhos.

– Acho melhor não tocar nesse assunto. É... eu vim aqui pra te contar o meu plano e pra te agradecer! – Me senti bem com aquela última frase.

– Que nada K, eu quero você bem! Amigos são pra essas coisas né? – Disse, lembrando da conversa que a gente teve no QG depois que eu me envolvi com a luta ilegal.

– Cobra, esses dias você tem me mostrado ser aquilo que eu pensava de você: um cara legal, que eu confio, e que eu quis ser amiga, mesmo quando todo mundo estava contra você. – Ela disse sorrindo.

Só você acha isso K. – Sorri triste. – Agora me conta esse plano ai. – Ele falou, cruzando meus braços, com um sorriso malicioso nos lábios.

– Será que dá pra gente conversar no seu quarto? – Disse Karina, olhando para todos os lados na rua, temendo que alguém possa vê-la conversando com o comigo.

Cobra apontou os braços em direção ao seu quarto e seguiu rumo adentro, ele se jogou no sofá, com as pernas abertas e com as mãos em suas pernas. – Diz aí K, qual é o teu plano? – Então Cobra... ela começou a falar, com as mãos juntas, rodeando em círculos em volta do sofá. Enquanto Cobra eu a olhava sem entender nada. – Cobra, você aceita namorar comigo? – Ela disse sorridente.

Eu me assustei com a proposta de Karina e levantei na hora do sofá, ficando em pé, próximo a ela. – O que você ta querendo com isso? – Perguntei confuso, ainda não acreditando no que tinha acabado de ouvir. – Eu quero me vingar de todos. E nada melhor fazer isso namorando com um cara que ninguém gosta e que todos acham que é um marginal. Esse plano é perfeito, pra ninguém botar defeito. – Falou, com as mãos pro alto e com um sorriso enorme . – E aí cobra. O que acha? – Ela disse, se virando pra mim, ainda com um sorriso nos lábios.

Quando eu a vi, meu rosto queimou de nervoso. Karina queria me namorar de mentira pra afrontar o seu papaizinho, aqueles amigos idiotas dela e aquele moleque guitarrista. Ela no fundo achava de mim a mesma coisa que todos os outros. – Me aproximei dela, era isso, aquilo ia terminar ali, sem volta, sem sentimento, sem erro. A Karina nunca mais ia querer me ver.

– Você ta pensando que eu sou o que? Se liga, eu não sou um moleque igual o teu ex. Ao contrário do que pensam de mim, eu não brinco com os sentimentos das pessoas. Falei, me aproximando de Karina, colocando a minha pior máscara no rosto.

– Cobra, você não entende? Falou nervosa, tentando de algum jeito me acalmar. – Se você aceitar ninguém mais vai poder te humilhar ou te escorraçar de qualquer lugar, igual quando você foi escorraçado lá da ribalta. Lembra? Isso pode mudar. Falou, levando suas mãos até meu ombro, com os olhos arregalados.

– Eu não quero saber. Some daqui garota, ou eu... – Disse me aproximando dela, que começou a tremer na hora, mal conseguia falar. – Ou você o que? – Falou me encarando.

– Acho que você vai se arrepender de estar aqui. – Vi Karina retesar seu corpo, nervosa.

– Não adianta me ameaçar Cobra! Você já fez isso uma vez, lembra? – Disse ela, mas seu rosto transparecia um certo medo.

– Então Karina, mas aquele dia, eu tive a oportunidade que estou tendo hoje! Eu disse, e escorreguei minha mão por sua cintura. Senti ela tensa. – Você se enganou comigo Karina, eu não presto! Nunca vou prestar. – Me aproximei dela. – E agora você vai ver quem é o verdade Cobra! Acho até que você vai gostar. – Aquilo estava surtindo efeito. Ela tinha lágrimas nos olhos, como da primeira vez, mas pra mim tava doendo mais em mim do que nela, afasta – la daquele jeito tão brutal, mas era necessário!

– Cobra, para, por favor! – Ela pediu com a voz embargada. – Você não é assim! – Dizia ela, tentando se convencer daquilo. – A gente já andou tanto, e agora você retrocede tudo de novo? Cobra, volta, não coloca essa mascara não! – Pedia ela.

– Karina, me perdoa. Eu sou um idiota, não deveria ter feito isso. – Eu disse, olhando fixamente nos olhos marejados de Karina.

– Por que você faz isso cobra? Eu tentei ser a sua amiga e olha o que você faz? Joga tudo no lixo. Eu to cansada Cobra, cansada de tudo. Perdi tudo o que eu achava que era importante pra mim, e agora eu perdi você. – disse karina passando as mãos pelo seu rosto, limpando as lágrimas que teimavam em escorrer. – Quando eu a ouvir falando isso, senti uma dor no peito.

– Karina, por favor... Eu sou um imbecil, mas eu me importo com você. – disse com a voz embargada. – Não queria perde-la.

– Eu também me importo com você. Me desculpa por ter dito que você é um marginal, você sabe que eu não acho nada disso. Você é diferente de todos os outros, você é especial. – Ela disse ainda chorando.

KARINA POV

Eu não imaginava nunca ouvir aquilo vindo do Cobra. Primeiro ele quer me tirar da vida dele, depois ele fala que eu sou importante? Eu falei demais na hora que eu disse que ele era um marginal, mas ele não é. Ele é especial, meu único e verdadeiro amigo e eu não quero perde-lo.

– K, me perdoa de verdade! – Ele disse, olhando em meus olhos. Ele era tão bonito, tão cheiroso. – K, eu aceito a sua proposta. – Ele disse, e passou o polegar por algumas lágrimas que restavam em meu rosto. – Mesmo? – Eu disse, nem acreditando no que tinha ouvido. – É sério isso cobra? – Perguntei e ele assentiu com a cabeça, não me contive e pulei em cima dele, rindo. – Quando me dei conta desci de cima dele, sorrindo envergonhada. – Desculpa. Eu sabia que podia contar com você. – Sorri e ele sorriu de volta. – Acho melhor você ir agora, namorada. – Ele disse a palavra “na-mo-ra-da” bem devagar e eu senti um borboletar em meu estomago.

– Eu vou, mas eu vou voltar viu, namorado! – Sorri e me aproximei dele, dando um beijo em seu rosto em sinal de agradecimento. – Obrigada Cobra. – Sussurrei em seu ouvido e saí do QG.