Were you really surprised? - Cobrade escrita por HJ


Capítulo 45
Capítulo 45


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Não ia postar agora, mas recebi uma recomendação e fiquei super feliz! Muito obrigada, RafaAlcolea! Minha última recomendação tinha sido ha décadas, mas aí surgiu você e essas suas palavras! Muito obrigada mesmo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/576067/chapter/45

– Eu vou voltar para o Brasil, Cobra. – Ela disse, decidida. – Eu só preciso saber se você vem junto... Ou não.

– Como assim? – Perguntou o lutador, atordoado. – O que aconteceu pra você decidir isso assim, do nada?

– Não foi do nada, Cobra. Se você prestasse atenção em mim, você ia ver que eu tô passando muito trabalho pra estudar aqui. E eu já comentei com você a dificuldade que seria eu entrar em uma faculdade nos Estados Unidos, mas parece que você não deu bola. – Ela comentou, fria e o Cobra começou a se sentir culpado. Onde ele estava com a cabeça, meu Deus? – Você parecia mais interessado em treinar, e treinar, e treinar! Você não cansa?!

– É que o meu campeonato tá chegando... – Ele tentou se explicar, mas foi interrompido pela futura enfermeira.

– Pois é, o vestibular no Brasil também já tá chegando. Preciso ser rápida e preciso da sua resposta. – Jade respirou fundo. – Você vem comigo, ou não?

– Espera aí, não é assim! Você simplesmente vai voltar para o Brasil? É isso?! – Questionou ele, desesperado.

– Exatamente do mesmo jeito que eu simplesmente vim para os Estados Unidos, Cobra. – A morena respondeu imediatamente.

– Era completamente diferente! Você não tinha nada quando veio comigo! Aqui tá a minha Academia, meus patrocinadores, meu futuro! Será que você não entende?

– Eu tinha uma vida no Brasil, Cobra! Minha mãe tinha morrido, mas eu ainda tinha o Ed. Ele é a minha família e eu deixei ele em outro hemisfério por sua causa, seu egoísta! Eu tinha meus amigos, tinha a Ribalta! Eu também tinha o meu futuro lá, Cobra! – Ela gritou, assustando e enfurecendo o lutador. Ninguém gritava com ele.- Agora me diz: que futuro eu vou ter se não entrar em uma faculdade? Vou ser sustentada por você o resto da vida?

– E vai dizer que você não ia gostar? Vida fácil, só cuidando dos filhos e da casa! – Ele perdia a razão aos poucos, ao passo que aumentava o tom de voz. – No fundo, toda mulher quer isso!

– O que?! E eu lá tenho cara de quem vai envelhecer cuidando de casa?! Eu sou mulher sim, e sou independente! Por isso que a sua companhia pouco me importa: eu vou com ou sem você, seu machista ignorante! – Ela sentia o olhar marejado. Como nunca tinha visto aquele lado do seu vagabundo? – É incrível como a gente se engana com as pessoas... Eu pensei que teria pelo menos o teu apoio! Mas você é tão ridículo que nem isso me oferece, a não ser quando me imaginar como enfermeira satisfaz as tuas fantasias. Eu sinto nojo de você por isso, Ricardo! – Ela foi em direção ao quarto pisando firme e batendo a porta atrás de si.

Foi aí que caiu a ficha do lutador. Ele estava pondo tudo a perder por não pensar, estava magoando e humilhando a mulher que amava sem nem se dar de conta. Ele se sentiu imundo. Foi correndo na direção do quarto e abriu a porta devagar, mas a há tempo de ver sua dama enxugando as lágrimas. Lágrimas causadas por sua causa.

– Me desculpa, Jade... – Cobra não sabia o que dizer. Ver ela assim, tão machucada, doía demais. – Eu falei sem pensar, eu...

– Você sempre fala sem pensar, Cobra! – Ela interrompeu.

– Eu sei, e eu tô trabalhando em cima disso, mas é que quando eu escutei alguém, alguém que eu gosto, me chamando de egoísta, ignorante... E ainda dizendo que vai me deixar... Eu perdi a cabeça! Desculpa!

– E quer saber? Eu não retiro uma palavra! – Gritou Jade, enquanto as lágrimas voltavam a cair dos seus olhos. – Você é sim um egoísta, um ignorante, um machista! Será que você não pode, nem por um minuto, se colocar no meu lugar, Cobra?! Eu praticamente não tenho amigos, estudar é um inferno aqui e o meu noivo não tá nem aí pra tudo isso! EU SÓ QUERO UMA VIDA, COBRA!

Naquele momento, onde ela se debatia, chorava e gritava, Cobra fez a coisa mais agressiva possível: a abraçou. E quando ele a abraçou, ela não conseguiu resistir. Lentamente, a respiração descompassada foi voltando ao normal e as lágrimas cessaram. Quando ela finalmente estava calma, Cobra a soltou um pouco, apenas para olhá-la nos olhos.

– Eu só preciso de um tempo pra pensar, pra organizar a minha vida. Aí então eu te dou a minha resposta, pode ser?

– Eu vou daqui a duas semanas. Você tem até lá pra me dizer o que vai fazer. – Disse ela, voltando a se recostar no peito do noivo.

Ele silenciou, pensativo. Após alguns segundos, ele perguntou, com a voz vacilante:

– E se eu não conseguir ir? A gente vai...?

– Terminar? – Ela completou, nervosa também. – Em nenhum momento eu disse isso, vagabundo. A gente pode continuar sendo noivos mesmo estando em países diferentes. – Ela se solto um pouco e sorriu para o lutador. – Mas você se comporte, tá me ouvindo?! Nada de festinhas com essas americanas safadas quando eu não estiver aqui!

– E você?! Sei bem como brasileiro é... Não pode ver mulher bonita que já caiu matando! Eu não quero saber de você dar bola pra eles, certo? – Eles riram, mais calmos. – A gente tava fazendo tempestade em capo d’água, não é? Provavelmente eu consiga voltar para o Brasil...

– É... – Ela sorriu. – Não acredito que vou falar isso, mas eu confio em você, Cobra. Você confia em mim?

– Confio, minha dama. – Ele sorriu também, antes de dar um selinho na noiva. – Mas que os brasileiros são caras de pau... Ah são!

***

Dois dias depois, finalmente o vagabundo tomou coragem e foi falar com Mike, seu treinador, sobre a possibilidade de voltar ao Brasil.

– Não. – Mike foi seco.

Depois de um dia exaustivo de treinos, o que o americano não tinha era paciência para ouvir o lutador. Mesmo assim, Cobra não desistiu:

– Mas Mike, não tem mesmo como eu continuar meu treinamento em alguma academia brasileira? Existem ótimas lá!

– Você foi contratado para treinar aqui, com a minha pessoa como treinador. Simples assim. Pra mudar alguma coisa, só quando ele for renovado. Ou melhor, se for renovado, porque você ainda tem que mostrar trabalho por aqui. – Alfinetou ele. – Vem cá, Ricardo, me diz uma coisinha... O que tem de tão especial no Brasil, que você tá desesperado pra voltar?

– Ah, é que eu tava com uns problemas na minha família e agora que eu consegui me aproximar deles, eu queria ficar perto e tal... – Mike o encarou, incrédulo sobre o súbido laço familiar saudoso do lutador. – E a Jade vai tentar o vestibular de lá também, aí...

– Ah! Fala sério, Cobreloa! – Mike riu e em seguida apontou para a Academia. – Você vai jogar fora toda a estrutura que você tem aqui, os melhores equipamentos, os melhores profissionais... Por causa de uma garota?!

– A Jade não é uma garota! – Revidou Cobra, alguns tons acima do normal, porém ele notou que estava falando com seu Mestre e tentou se controlar. – Mestre, o senhor sabe como ela é importante! Pensei que nós fossemos amigos...

– E eu pensei que você fosse um pouco mais profissional, Ricardo. – Encerrou o assunto o treinador, antes de pegar o seu casaco e ir embora, deixando Cobra perdido e sem saber como falar a novidade para a noiva.

***

– Falou com o Mike? – Repetiu a pergunta de sempre a Jade, mas dessa vez ouviu uma resposta diferente.

– Falei sim, minha dama.

– E aí? – Jade o encarou, ansiosa.

Cobra abriu a boca para falar, mas as palavras não vieram. Como contaria a ela que não poderia acompanhá-la naquele momento tão importante? Como contaria a ela que teria de deixá-la sozinha? Como contaria a ela que ficariam em hemisférios diferentes dali em diante?

Não contaria. Não teria coragem. Por isso apenas balançou a cabeça em negativo.

– Meu Deus... – Foi a reação dela.

Jade passou a mão pelos cabelos, em choque. Sentou-se em uma cadeira ali perto e sentiu o olhar ficar marejado, mas prometeu a si mesma que não choraria. Por mais apertado que o seu coração estivesse, ela daria um jeito.

– Eu queria muito, minha dama... – Cobra se aproximou da noiva. – Mas não dá, mesmo...

– Tudo bem. – Disse Jade, de repente. Forçando um sorriso, ela se mostrou forte. – Eu vou pro Brasil, faço a faculdade, você fica aqui, dá uma surra nesses lutadores, e aí... Aí a gente vê o que faz. Mas a gente vai tá sempre junto, não é vagabundo?

Cobra concordou com a cabeça, puxando a noiva para um abraço apertado. Se fosse por ele, não a soltaria nunca mais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pessoal, tô cansada e sem criatividade pra notas, então conversamos pelos reviews, pode ser? Beijinhos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Were you really surprised? - Cobrade" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.