Neste exato momento estou andando novamente, mas não indo em direção á própria direção, quem dera... estou andando no corredor masculino. Escuto algumas piadinhas infantis e idiotas como: “o que faz aqui, princesa? Não quer fazer uma visitinha ao meu quarto não?” Affs. Odeio essas piadinhas idiotas e machistas, sem contar outras mais inconvenientes e até indecentes.

Mas mudando de assunto antes que eu dê um soco na cara de algum desses moleques, eu estou para ter um infarto, uma pessoa fanática por organização não deveria estar no meio dessa bagunça toda. Tem meninos se pegando no corredor, isso mesmo que você leu, se pegando, tem meninos jogando futebol americano, outros com seu laptop e cadernos jogados no chão enquanto ele está deitado mexendo no mesmo e entre outras coisas, argh!!

Acho que estou passando mal, estou prestes a vomitar ou até mesmo desmaiar. Antes que eu pudesse exercer contra minha vontade qualquer uma dessas funções, chego ao meu “tão maravilhoso” quarto.

Quarto 231

Olho o número a minha frente, antes de entrar dou uma espiadela no corredor que acabo de atravessar e quando percebo que tem um garoto sem camisa com sua barriga nada escultural cheia de chantilly correndo em minha direção, abro a porta, entro e a fecho rapidamente me colocando forçada contra ela. Meus olhos estão arregalados! Que inferno é esse??

Olho para a cama ao lado e tem uma criatura sentada na cama de pernas cruzadas (estilo perninha de índio) me encarando brutalmente. Seu rosto é impenetrável, não consigo ver se ele está confuso, com raiva ou assustado por uma garota ter entrado do nada em seu quarto.

Ele se levantou.

Meu coração parou, ele estava vindo na minha direção.

PAH!

Ele se apoia com força na porta enquanto me prensa na mesma, meu pai mais que negócio é esse? Ele pega uma mexa de meus cabelos e cheira.

– Bom! – escuto sua voz rouca como quem acaba de acordar pela primeira vez, e olho para o lado vendo seus olhos fixos em mim. Assusto-me um pouco e ele não muda se quer um segundo sua expressão. Ele se abaixa um pouco para que seu rosto fique na altura do meu, sinto seu braço me puxar para ele, seu hálito vindo cada vez mais rápido em direção a minha boca...

O QUÊ?? Esse maluco quer me beijar?

Empurro-o sem ter muito efeito, afinal, ele é forte, mas tendo efeito o bastante para que pela primeira vez consiga identificar uma expressão em seu rosto. Confusão e desentendimento.

Ele levanta as sobrancelhas e faz uma cara de “o que é?”

– Você ficou maluco? O que você pensa que está fazendo? – dou um surto.

– Estou te dando o que você quer. – falou como se fosse óbvio.

– O que? Em nenhum momento me lembro de te pedir pra me agarrar. – Ele me encara um pouco e logo depois tira sua mão da porta, me dá as costas e se dirige de volta a sua cama, voltando a sua posição anterior (perninha de índio e olhar impenetrável).

– Tá esperando o que?

– O que?

– Pra sair do meu quarto.

– Sinto te informar – sinto mesmo! Começo a catar minhas malas que estão no chão. – Mas esse agora também será meu quarto. – digo colocando minhas coisas sobre a cama ao lado.

Ele me encara continuamente sem expressão, seus olhos fixam nos meus e recebi uma pergunta inesperada.

– Você tem tampões para ouvido e olhos?

– Não, por quê?

– Você vai precisar! – Não entend... oh não! Será que... eca! Preciso arranjar uma amiga logo neste campus.