Before Christmas escrita por Gabi P


Capítulo 2
23:02


Notas iniciais do capítulo

Heyyyyy! Aqui estou eu no dia 23 postando mais um capítulo :D não esqueçam que amanhã tem o último, no dia 24 (before christmas, entenderam?) >.< tentarei postar cedo, porque amanhã todo mundo tem um milhão de confraternizações (só eu tenho três, então é difícil), mas acho que umas quatro horas já vai estar postado :3 É isso aí, people, boa leitura ^--^



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— Vem comigo — Emma chamou, já levantando do seu banco.

Adrian não ficou surpreso. Na verdade, ele percebeu desde o início daquela conversa que a garota era bem previsível. Previsível em ser imprevisível, notou.

Já faria um bom tempo que estavam conversando desde a partida do trem. Papeavam sobre quase tudo, e não paravam nem mesmo para lanchar. Quando o carrinho passou, Adrian nem tocou na comida. Emma, por sua vez, comeu o seu bolinho e o de Adrian, segundo ela eram muito bons. Além disso, os dois observavam com dificuldade a paisagem congelada e escura do lado de fora, de vez em quando. Claro, quando não conseguiam lembrar mais nenhuma experiência constrangedora para contar. Na realidade, Ade contava e a loira escutava, ela não havia dito nada sobre seu passado nesse meio tempo e nenhum dos dois perceberam. A conversa fluía tão natural que não paravam para pensar no que disseram e no que deveriam ter dito.

O garoto começou a segui-la pelo corredor estreito do trem. Às vezes tinham de desviar de alguém debruçado para fora da sua poltrona, ou alguma perna esticada. O fato é que todos ali dormiam, não tinha ninguém para testemunhar quando Emma agarrou a mão de Adrian e foram até os fundos do vagão, onde as copeiras de bordo arrumavam as sobras do carrinho de lanche.

— O que você vai fazer? — Ade perguntou baixinho, mas a garota só lançou um olhar de “paciência”.

— Moça — ela chamou. A mulher parou o que estava fazendo e levantou a cabeça, com um sorriso simpático.

— No que posso ajudar?

— Você poderia me dar mais dois bolinhos? Vi que sobraram alguns... — Cook pediu, meio tímida. Adrian riu. Em parte porque ela realmente adorara aqueles bolinhos, e também porque sabia que ela tinha esse jeito introvertido de falar, mas de tímida não tinha muito.

— Claro, aqui está — a moça lhe entregou as embalagens amarelas, que Emma segurou como se fossem um tesouro. Ela agradeceu e saiu do cubículo, se encostando à parede mais próxima.

— Está com fome mesmo, né?

A garota encarou Adrian enquanto abria um pacote brilhante com os dentes, lhe entregou o outro.

— Toma — disse, passando para ele com expectativa.

— Mas eu não gosto — ele falou, mesmo sabendo que ela teria uma resposta na ponta da língua para qualquer protesto seu.

— Está na hora de começar a gostar — a garota sugeriu, arqueando as sobrancelhas, como se falasse muito sério. — todo mundo gosta de chocolate, Adrian.

— Bom, eu não — ele apertou os lábios um contra o outro, e deu de ombros.

Mas Emma não era de desistir tão fácil. Ela não respondeu, só deu uma mordida no seu bolinho e fez um “hummm” tão sonoro que fez o garoto rir.

— Sua vez — ela falou, esperando ele abrir o pacote.

Lockheart não viu outra opção, revirou os olhos e deu um sorrisinho sem ânimo enquanto abria o plástico devagar. Olhou para ela antes de dar uma mordida, Emma lhe examinava esperançosa.

— Não espere que eu vá gostar — ele avisou.

— A gente só gosta das coisas se acostumando com o gosto. Se você nunca provar, nunca vai gostar.

Ele então deu uma mordida, tendo em mente que não poderia discutir com ela. Então os sabores adocicados chegaram ao seu paladar. A massa fofinha combinava muito bem com a calda meio amarga e aquilo tudo dissolvia na boca. Mas Ade não pôde deixar de sentir aquela típica náusea que vinha toda vez que comia alguma coisa doce demais. Tentou não fazer uma careta muito feia, mas Emma riu mesmo assim.

— Talvez eu tenha que provar muitas outras vezes para me acostumar com isso.

E Emma só concordou, ainda tentando não rir de boca cheia. O garoto desviou o olhar da risada contida dela, só para não cometer o erro de ficar a encarando novamente. Olhou em seu relógio de pulso, dali a pouco marcaria às 23 horas, e isso significava que só iriam ter um pouco mais de uma hora ali.

Claro, Adrian não poderia dizer que preferia estar num trem com uma quase desconhecida, a estar com seus próprios pais. Mas a cada metro mais perto do seu destino, o seu coração apertava. Talvez pelo nervosismo de encarar a família inteira novamente ou somente o fato de ter que deixar sua companheira de viagem. Ele respirou fundo.

— Calma, Adrian, ainda falta bastante tempo para o natal. O que você quer fazer agora?

Lockheart voltou o seu olhar para ela, que estampava uma expressão desafiadora. Mas não combinava nem um pouco com o seu rosto sujo de chocolate.

— Não sei, você não me contou nada sobre você — ele disse finalmente, dando de ombros.

— Hm — Emma murmurou, retribuindo o gesto. — o que você quer saber?

O garoto pareceu pensar por um tempo. Como se começava uma conversa normal? Até onde ele sabia, a conversa deles até ali não pareceu nem um pouco dentro do comum, e como ele não tinha exatamente nenhuma experiência no assunto... não sabia muito bem o que perguntar para conhecer alguém. Mas não queria desperdiçar tempo valioso, cada segundo era muito tempo perdido, então Ade tentou alguma coisa bem habitual.

— De onde você é? — perguntou, curioso. — Claramente não é inglesa, então...

Não? Nasci em Londres, mas morei a minha vida toda no sul da França — ela respondeu, comprimindo os lábios. — meu sotaque inglês não deve ser muito bom.

— É engraçado — Adrian disse, dando um sorriso de verdade, melhor do que os últimos meio discretos. — você tenta soar inglesa de vez em quando, mas não é tão boa assim.

A loira revirou os olhos, fingindo estar chateada. Mas os lábios não acompanhavam, ao invés disso, eles formavam o seu típico sorriso tímido.

— Se quer saber, você também não tem um sotaque tão nativo.

— Eu sei, só moro lá faz poucos anos — Ade deu de ombros — me mudei para fazer faculdade, sabe como é.

Ela concordou, animada.

— Então você é francês?

O garoto balançou a cabeça afirmativamente

— Minha família ainda mora lá, tenho que passar o natal com eles.

— É, eu entendo — a loira respirou fundo, como se já estivesse cansada disso. — eu estava com minha família de parte de pai, agora estou indo para o natal em casa, com a parte de minha mãe. São separados, os meus pais.

Adrian não soube muito bem o que responder, então só abaixou o olhar meio desconfortável. Seus pais também nunca foram um casal tão apaixonado, não se beijavam tanto e brigavam mais que o normal. Mas, afinal, ele não tinha uma relação tão boa com a família. Pode haver muito mais no casamento deles que o garoto não saiba. E como estava morando em outro país, não iria conhecê-los melhor tão cedo.

Esses pensamentos sobre sua antiga vida só lhe davam mais certeza de que não queria voltar. E conversar com alguém ali no trem era tão reconfortante, que ele adoraria se durasse para sempre. Contudo, era óbvio que isso era impossível. Olhou no relógio, e marcava exatamente 23:02. Dali à uma hora, ele teria que voltar para casa.

Emma colocou a mão em seu ombro.

— Você não me aguenta mais, não é? — perguntou, com um sorriso triste. Mas Lockheart sabia que ela fazia aquilo de propósito. — Fica olhando no relógio o tempo inteiro.

— Não é isso — ele negou, meio desanimado. — terei que voltar para minha antiga vida daqui a pouco. E na verdade, eu não queria sair mesmo desse trem.

Ela lançou-lhe um olhar compreensivo. E os dois souberam finalmente o que tinham em comum. Não queriam de forma nenhuma voltar para a vida que tinham, só tinham a vontade de ficar naquele vagão para sempre, como em uma viagem sem fim. Ou talvez que o dia vinte e cinco nunca chegasse, que todos os relógios congelassem às 23:59. E, quem sabe, Emma e Adrian ficarem presos numa fenda do espaço-tempo e nunca chegassem ao seu destino. Era muito improvável, mas os dois perceberam seus desejos equivalentes somente com um olhar.

Um olhar que durou pouco, mas pareceram eras até que finalmente o beijo veio. Foi uma decisão mútua, apesar de não ter sido nenhuma surpresa para ambos. Colaram os lábios no mesmo instante, como se estivessem pensando exatamente igual. E, assim como os seus devaneios, o beijo seguia um ritmo próprio e muito bem sincronizado, que parecia ter sido ensaiado. Quem dera fosse... Aqueles dois se beijavam numa mistura incrível de urgência e leveza, como se ansiassem por aquilo há muito tempo. Provavelmente desde o primeiro “oi” nas poltronas 12A e 12B.

Mas depois de separarem os lábios num gesto sonoro, à procura de ar, Emma não se conteve em seus comentários calmos.

— Você devia se preocupar menos — a loira disse, arqueando as sobrancelhas, fingindo que nada havia acontecido. — sabe, até os segundos que você gasta se preocupando com o tempo, poderiam ser melhores utilizados.

— Ah, é? — ele sorriu, não pôde conter — O que você sugere?

— Aproveite essa uma hora, valorize o tempo que tem.

— Mas por que as coisas boas passam tão rápido? — Ade perguntou retoricamente, com o sorriso se esvaindo enquanto respirava fundo.

— Você é muito pessimista, sabia? — Emma cruzou os braços e rolou os olhos — O tempo em geral passa rápido. Do mesmo jeito que as coisas boas passam, as ruins também. Então deveríamos aproveitar, ao invés de ficar olhando no relógio o tempo inteiro.

Ela estendeu a mão para ele, como se quisesse que Adrian a segurasse. Mas o garoto entendeu o recado, tirou o relógio de pulso e colocou na palma da mão minúscula dela. Não iria mais checar o horário tão cedo.

— Você tem razão — ele reconheceu, sem jeito. — então o que vamos fazer agora? E sem bolinhos, por favor.

Mas a loira parecia ter outros planos além de comer. Lançou um olhar típico e estreito para ele, antes de estalar um selinho em seus lábios ainda vermelhos. A garota riu, tímida.

— O que você acha?

— Para mim está ótimo — Adrian respondeu. E os dois voltaram a rir, mas dessa vez, era em meio aos beijos intercalados.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Fofo? Dramático demais? Horrível? Digam nos comentários (yay). E não esqueçam de checar amanhã o último (sério, eu já planejei o final todo :3). Se eu não conseguir amanhã (porque além de festança, também tem salão para fazer unha, cabelo e essas coisas KKKKK), aí eu só posto dia 25, que não vai ter graça porque a história era para ser antes do natal né D: MAS EU VOU TENTAR, JURO! Enfim, até lá, hein? Beijinhosss :3



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