O dia teimava a passar na opinião de Sasuke que logo cedo já tinha que lidar com inúmeros relatórios sobre tudo o que acontecia na vila e fora dela, seu mais recente problema envolvia uma quadrilha de ninjas que atacava vilas próximas a Konoha e fugiam para o país do arroz logo em seguida, como a policia de Konoha também era responsável pelas patrulhas fora da vila ele tinha que arranjar uma solução pra isso também, mais de uma vez ele se pegou resmungando sobre isso.

- Você deveria ter ido junto com o Naruto – comentou Sakura arrumando a mesa de jantar – só assim você poderia relaxar um pouco.

- Além do Naruto 20 jounins foram com ele ao país da água – explicou Sasuke – fora os que já estavam em missões, não posso me dar ao luxo de deixar a vila agora.

- E ainda tem gente que acha que você não leva a sério seu trabalho – disse ela.

A verdade é que sempre houveram aqueles que eram contra sequer a presença do Sasuke na vila, dar a ele o cargo de líder da organização que protege a vila era impensável pra muitos e sinal de teimosia da parte do Naruto, felizmente Sasuke provou que sempre esteve a altura do cargo e se dedicava ao trabalho integralmente.

- O único jeito de pagar o estigma que o nome Uchiha carrega é fazendo aquilo que sempre deveríamos ter feito – continuou Sasuke – proteger a vila e nos tornamos um clã nobre que traz orgulho a todos, se eu não puder fazer isso nossos filhos farão.

Quase como se tivessem ouvido as duas crianças entraram na sala de jantar direto pra mesa, a primeira coisa que fizeram foram atacar as panquecas, Sasuke riu da forma como eles devoravam rapidamente um dos poucos pratos que Sakura sabia cozinhar bem.

- Hei!! Nem sequer lavaram as mãos! – gritou ela furiosa – aprenderam tudo o que tinham pra aprender a ser ninja exceto boas maneiras?!

- Na divisão de tarefas você ficou com essa parte – brincou Sasuke pegando algumas panquecas.

- Engraçadinho! Acho que vou ter que ensinar isso a família toda! – disse ela colocando calda na mesa – queria saber o que Hinata fez para impedir que Yukie e Hajime fossem como o pai!

- Acho que é genético, os dois puxaram a ela em quase tudo – respondeu ele comendo – até o talento pra ninjutsu, tenho certeza que aquela menina vai voltar de lá já como chuunin!

- É verdade! A Yukie-nee vai se tornar chuunin hoje não é? – comentou Daiki animado.

- Será que ela pode ser nossa sensei? – perguntou Suichi.

- Pra isso ela teria que ser jounin – respondeu Sasuke – e pelo ritmo que vocês estão indo acho que vão ser jounins antes dela!

Sasuke passou a mão sobre a cabeça dos dois, Sakura juntou-se a eles para o café da manhã antes de ir para o hospital, teria que trabalhar no lugar da Ino que foi assistir o filho na vila da nevoa.

- Queria saber se está tudo bem com aqueles times – disse Sakura enquanto comia – quando me lembro o que tivemos que passar naquela vez...

- Naquela vez tivemos todo tipo de problema graças a uma certa cobra – disse Sasuke sem querer mencionar o nome dele – mas pelo que ouço as provas estão ficando mais exigentes a cada ano, parece que o nível dos participantes está melhorando a cada vez.

Esse era um efeito do período de paz entre as vilas, sem as guerras para consumir tempo e recursos as vilas tinham mais condições de investir melhor nos seus recrutas, antes pensava-se em quantidade e força, hoje pensasse em qualidade e habilidade.

- Quando chegar a vez de vocês dois estaremos lá para vê-los em ação – comentou Sakura sorrindo para os dois – o clã Uchiha vai voltar a brilhar nesse mundo.

*********************************************

- Quanto tempo eu vou ter que ficar com essas coisas em mim? – perguntou Kouta nervoso com sua situação.

- Até desinchar completamente – respondeu Mikoto – se tivéssemos mais tempo eu usaria iryouninjutsu mas pelo menos assim gasto menos chakra.

A situação a qual Kouta tinha que suportar eram as larvas brancas que Mikoto colocou sobre os dois lugares atingidos do seu corpo, as larvas ficavam sobre as partes roxas desinflamando os ferimentos que o menino sofreu, para ele a sensação de formigamento era insuportável, para Yukie era extremamente desagradável de ficar olhando e Benkei comentava que no inferno coisas assim acontecem o tempo todo mas devorando o corpo da vitima, enquanto a jovem aplicava o tratamento eles planejavam os passos das próximas lutas.

- Então? Como você fez pra lutar contra aquele cara? – perguntou Yukie.

- Toda vez que ele ativava aquele jutsu eu sentia cheiro de ozônio no ar – explicou ele – era muito rápido então eu só sabia quando ele iria usá-lo, nem dava tempo de antecipar!

- Os boatos dizem que eles derrotaram seus adversários com um golpe cada – explicou Benkei – é muito improvável que todos usem o mesmo jutsu mas vocês têm que estarem preparados pra golpes decisivos logo de inicio.

- Hei Mikoto-chan, esses insetos novos são fortes mesmo? – perguntou Yukie.

- Eles são exclusivos da linhagem principal do meu clã, são difíceis de controlar e gastam muito chakra – explicou ela – mas o poder deles é enorme, espero agüentar tempo suficiente.

- Agüentar tempo suficiente? É perigoso pra você usa-los?

- Se eu for fraca é perigoso, esses jinkaichuu também absorvem um pouco do meu sangue sempre que os uso, é quase como um contrato de sangue.

- Se eu soubesse disso não teria deixado você engolir esses bichos! – reclamou Yukie.

- Não é nada demais, vocês estão dando duro pelo time, não posso fazer menos.

Nisso um chuunin veio avisar que já era hora da luta, Mikoto juntou suas coisas em sua bolsa ninja e seguiu pelos corredores enquanto Yukie torcia pra que o próximo adversário não fosse tão brutal quanto o anterior.

Já perto de chegar até o campo de batalha Mikoto viu sua mãe esperando por ela na saída, a mulher de cabelos ruivos usava seu habitual casaco preto, no ombro dela estava o grande escorpião que era seu parceiro de luta, Aburame Kina lutava com tais escorpiões diferente dos outros Aburames que usavam apenas insetos e larvas.

- Minha irmã confiou a você os jinkaichuu da linhagem principal a qual nem eu tive acesso – disse Kina com sua voz tranqüila mas séria – isso significa que você é oficialmente a herdeira do clã, está preparada pra carregar esse fardo?

- Não sei se estou preparada ou não, descobrirei isso em breve – respondeu ela tranqüila – no momento não estou pensando em coisas tão grandes como a sucessão do clã.

- E em quê você está pensando? Um Aburame sem um foco e um objetivo é como uma abelha desgarrada.

- Nesse momento só estou pensando no meu time – respondeu ela – eles que sempre trabalharam duro confiaram em mim e não posso deixar de corresponder essa confiança, o clã vem depois disso.

Com um movimento brusco o escorpião vermelho sobre o ombro dela saltou até a cabeça de Mikoto e enrolou sua cauda no pescoço dela deixando seu ferrão perigosamente perto de perfurá-la, porém a jovem não se abalou ou fez qualquer movimento.

- Sua forma de pensar é inaceitável dentro do clã – disse Kina para a filha – talvez você esteja se envolvendo demais com seus companheiros, Você deveria tomar como exemplo o Shino que mesmo não sendo do ramo principal se tornou o orgulho do clã.

A mulher esticou o braço e o escorpião saltou até ela se escondendo entre seu vasto cabelo ruivo, mãe e filha trocaram olhares por mais alguns segundos antes de Mikoto seguir para a arena, quando Kina ia se retirar sentiu uma presença atrás de si, era Benkei que parecia ter observado toda a conversa.

- Vocês são como abelhas não é? Nunca pensam individualmente, só agem na coletividade, cada um de vocês carregando milhares de insetos em seu corpo como colméias ou formigueiros vivos, deve ser difícil ver sua filha pensando em algo que não seja o seu dever.

- Não precisamos dessa individualidade, pensar de forma egoísta só traz problemas assim como Aburame Torune que trabalhava para o Danzo na ANBU raiz.

- Eu sei muito bem que você é um dos poucos membros da ANBU que sobreviveram a revolta do Danzo – continuou Benkei – e assim como eu você cuida do serviço sujo que nenhum outro ninja tem orgulho em cumprir, quantas pessoas você já assassinou com seus escorpiões?

- 136 pessoas, entre elas 20 da nossa própria vila – respondeu ela precisamente – me pergunto se algum dia receberei a ordem pra me livrar de você.

- Talvez você esteja se perguntando se um dia receberá a ordem pra se livrar da sua filha – disse ele maldosamente – talvez seja por isso que você tenha medo que ela não seja uma Aburame exemplar.

Kina em um momento de raro ódio atacou Benkei com um ferrão gigante que saiu da palma da sua mão perfurando diretamente o coração dele, porém o ataque não surtiu nenhum efeito além de provocar risadas nele, ela logo recuperou a compostura e recolheu o ferrão voltando a normalidade.

- Não sou humano, não pode me matar com veneno – explicou ele – mas valeu a pena ver que mesmo a assassina numero um do clã Aburame possui sentimentos e se importa com alguém.

Benkei desapareceu voltando para a sala reservada a seu time, Kina suspirou ainda irritada por ter caído na provocação dele e por não entender se ele veio apenas se divertir ou se ele não tinha gostado da maneira como ela tratou uma de suas alunas.

- Talvez um demônio também possa ter sentimentos – observou ela antes de ir embora também.

******************************************************

Ela tinha que admitir que estava completamente intimidada, no meio de uma arena sendo vista por milhares de pessoas e entre elas três dos cinco kages era algo aterrorizante na opinião de Mikoto, era como se a cada segundo toda aquela multidão fosse despencar sobre ela, mas quando viu seu adversário parado de frente pra ela sufocou sua ansiedade e concentrou-se na missão: trazer a vitória para seu time.

Seu adversário não podia ser mais esquisito, provavelmente era o menor do time dele, usava um sobretudo preto impermeável com um capuz sobre a cabeça e óculos de mergulho, segundo o que Kouta dizia era esse que fedia a fumaça, mas ele parecia estar preparado pra chuva ou mesmo pra mergulhar, Mikoto percebeu que não conseguiria adivinhar do que ele é capaz até que ele agisse.

- Meu nome é Ryota – apresentou-se o jovem.

- Eu sou Mikoto – respondeu ela cordialmente.

Na platéia Kina voltava ao seu lugar ao lado de Shino que aguardava atentamente o inicio da luta, como era típico eles não se falavam mas o rapaz resolveu puxar conversa com ela.

- Você não parece satisfeita com sua filha, o que lhe incomoda tanto?

- Ela se envolve demais com os parceiros dela, desse jeito ela vai desvia-se do caminho – respondeu ela – se ao menos ela fosse como você...

- Do meu ponto de vista parece que você está frustrada por ela ter sido escolhida como herdeira pela nossa líder – continuou ele – mas você deveria estar feliz por ela.

- E por que eu deveria estar feliz?

- Ela escolheu seu próprio caminho, significa que ela não vai ter que herdar de você a dolorosa tarefa de assassina, por que é evidente que você não quer que ela suje as mãos com sangue como você.

Ela não respondeu e nem precisou, Kina nunca teve vergonha do seu trabalho pois só eliminava aqueles que precisavam ser eliminados, caso Mikoto não estivesse na linha de sucessão teria que ensinar a ela o oficio e isso significaria herdar seu trabalho também, mas desde sempre ela imaginou que não era isso que a menina queria.

Na arena apenas a ordem do juiz faltava para iniciar a luta, os dois que se preparavam estavam a 5 metros um do outro imaginando que tipo de ação tomar logo de cara, seria efetivo atacar com tudo? Recuar e esperar? Mikoto nunca passara por tal pressão antes.

- Podem começar – ordenou o juiz.

O primeiro passo foi dado por Ryota, de suas mangas ele deixou cair varias bombas de fumaça que imediatamente explodiram inundando a área com a cobertura negra, Mikoto imediatamente saltou para longe sem parar até se posicionar atrás de uma arvore no canto mais afastado da arena para usá-la como escudo em caso de um ataque fulminante.

- Seria essa a fumaça que o Kouta-kun sentia? – perguntou-se ela – ele deve usá-la para mascarar seu ataque.

O que ela não esperava é que a própria fumaça era o ataque, prolongando-se como tentáculos a nuvem que envolvia Ryota atacou rapidamente o local onde Mikoto se abrigava, ela para não ser atingida saltou para o muro prendendo-se a ele com o chakra, ao mesmo tempo tentava compreender o máximo possível o ataque dele.

- “Ele solidificou a fumaça e a controlou perfeitamente, mas ele demorou pra me atacar” – pensou ela correndo na horizontal pelo muro – “ou ele demora pra ativar o jutsu ou precisou de tempo pra me localizar, se ele não me enxerga deve ser do tipo rastreador”.

Enquanto ela corria Ryota disparou bolas de fumaça concentradas visando atingi-la, Mikoto percebeu que a nuvem de fumaça ao redor dele diminuía a cada ataque e que quando a fumaça se afastava dele perdia consistência, cada informação que coletava lhe ajudava a formular um contra-ataque, primeiro arremessou shurikens e kunais dentro da fumaça e percebeu que não havia reação, depois liberou uma pequena quantidade dos seus kikaichuu e mandou pra cima dele, os insetos foram atacados por um tentáculo de fumaça que se prolongou confirmando as suspeitas dela.

- “Ele rastreia meu chakra e usa isso para atacar, não percebeu as kunais por não terem chakra mas sentiu o meu chakra nos insetos” – ela parou de correr e se escondeu atrás de outra arvore – “seria perigoso esperar o chakra dele acabar sem saber o quanto isso consome de sua força, preciso pegar pesado com ele”

Ela arremessou três kunais com tarjas explosivas dentro da nuvem, imediatamente o jovem saltou para longe escapando das explosões e indo direto para onde um enxame o aguardava, antes que os insetos pudessem pega-lo ele usou um katon para incinerá-los.

- Confirmado que ele usa outros tipos de jutsu – disse Mikoto – mas de qualquer jeito um gennin que domina um jutsu tão poderoso deve ter um controle de chakra muito preciso e já deve estar acostumado a usá-lo.

- E você está analisando minha técnica a cada minuto – comentou ele – pensei que minha técnica seria fatal para seus insetos mas você está na defensiva e ainda não usou seus bichinhos.

- Não gosto de sacrificar meus amigos inutilmente – respondeu ela.

- E eu estou me poupando para a próxima rodada, mas já vi que não vou vencê-la dessa forma.

Ryota pegou varias bombas de fumaça de sua bolsa e começou a arremessá-las pra cima, a medida que estouravam criavam pequenas nuvens que pairavam sobre ele, Mikoto logo percebeu qual era a estratégia dele, solidificando as nuvens sobre ela que caiam como grandes massas de argila, ela bem que evitou as duas primeiras mas foi pega na terceira ficando presa sobre a massa que Ryota comprimia com seu chakra.

- Sugiro que se renda, prefiro não mata-la dessa forma diante de todo mundo - avisou ele.

Ela não respondeu, estava ocupada pensando em como escapar daquela situação terrível, não lhe passava pela cabeça a idéia de usar força bruta pois isso ela nunca teve, só conseguiu pensar numa única solução possível, era hora de usar sua arma secreta.

- Me render não é uma opção – disse ela concentrando chakra – prometi a todos que venceria, e preciso fazer isso por mim mesma dessa vez!

O que se viu depois foi impressionante, uma nuvem vermelha de insetos rompeu a massa que a prendia voando ao seu redor, era o novo enxame exclusivo da linhagem principal do clã Aburame que era vista pela primeira vez em publico.

- Isso é novidade! – comentou a Mizukage – você sabe que truque é esse Hokage?

- Nunca tinha visto ela fazer algo assim antes – respondeu Naruto – em todo caso acho que alguém vai se dar mal!

Na sala do time 4 Yukie observava tudo com seu byakugan, estava completamente impressionada com o truque novo da sua amiga, se os insetos eram tão poderosos como ela dizia isso poderia significar a vitória.

- Parecem pequenos escaravelhos – comentou a menina com sua linhagem ao máximo – e o chakra deles é forte se levar em conta o tamanho deles!

- Mas eles cheiram a sangue – avisou Kouta nervoso – sinto o cheiro do sangue dela nos insetos.

- Eu já vi isso uma vez durante a terceira guerra ninja – avisou Benkei – a líder do clã Aburame naquela ocasião dizimou sozinha uma infantaria de chuunins da vila da rocha, naquela noite a única coisa viva na área de combate fui eu e mais 7 ninjas de Konoha, só que isso custou a vida dela, esses insetos tem essa cor por que suas carapaças foram banhadas no sangue dela, uma única gota tinge 50 insetos, quantos milhares deles você acha que há nesse enxame?

Mesmo para o byakugan era impossível contar uma nuvem tão grande e isso aterrorizou os dois gennins, na arena Mikoto tinha uma expressão muito séria e isso assustava também o Ryota.

- Ta bom, você tem uns insetos bem nervosos ai, mas não vou desistir só por isso!

- Faça como quiser, mas não posso garantir sua vida – avisou ela.

A nuvem de insetos tomou uma forma mais alongada e começaram a girar como uma broca avançando direto na direção do inimigo, podia-se ver Mikoto controlando-os com a mão como se guiasse cada movimento, Ryota foi recuando e jogando bombas de fumaça que iam se solidificando em muralhas que eram perfuradas pelos insetos como se fossem de isopor.

- Mas que droga! São fortes e rápidos! – disse ele escapando por pouco de ser atingido – já que não posso acabar com eles vou direto a fonte!

Esquivando dos jinkaichuu ele concentrou o máximo do seu chakra e liberou uma rajada de katon diretamente em Mikoto que parecia indefesa controlando o enxame e não saiu do caminho a tempo, houve uma explosão que fez a platéia suspirar todos de uma vez em susto, mas aparentemente a jovem escapou ilesa pois estava revestida por um segundo enxame dos insetos vermelhos, uma nuvem menor usada como armadura.

- Isso só pode ser brincadeira! – disse Ryota frustrado.

Era seu pior pesadelo, os jinkaichuu vieram por cima dele atacando com tudo, o menino só teve tempo para armar uma cúpula de fumaça sólida com o máximo de chakra que podia para torná-la resistente como ferro, felizmente ele conseguiu se proteger assim enquanto sentia os insetos exercendo pressão sobre a cúpula.

- Muito bem, ela me encurralou certamente – disse ele no interior da cúpula – mas eu ainda posso...

Ele não chegou a terminar seu pensamento por que sentiu algo bem abaixo dos seus pés, os insetos comuns de Mikoto haviam cavado por baixo da cúpula e subiam pelas suas pernas cobrindo totalmente seu corpo, menos de 15 segundos e ele teve seu chakra devorado pelo enxame, quando o chakra esgotou a cúpula de fumaça se desfez mas Mikoto já havia recolhido os jinkaichuu poupando-o do destino horrível que o esperava.

- Quem diria que você tinha tanto poder – disse ele fazendo um esforço para permanecer consciente – aqueles insetos atravessavam minha defesa fácil demais!

- Logo no começo da nossa luta eu me perguntava por que você usava essa capa impermeável e óculos de natação – disse ela – a verdade é que a capa ajudava e se locomover dentro da sua própria fumaça e os óculos era pra enxergar sem irritar os olhos não é? Eu demorei pra usar os jinkaichuu por que estava preparando-os para serem impermeáveis também, eles se adaptam fácil a qualquer coisa.

- Mas nem eles podiam atravessar uma parede sólida, por isso mandou os outros por baixo não é?

- Na verdade eu os enterrei logo no inicio – revelou ela sorrindo – foi meu primeiro movimento prevendo que talvez precisasse dessa vantagem.

Ryota ficou surpreso com tamanha perspicácia, ele lembrou que assim que começou a luta ela saltou para trás de uma arvore, deve ter sido ali que enterrou o enxame e aguardou o momento exato de usá-los, pensando dessa forma ele entendeu que a arma suprema dela foi meramente uma distração para deixá-lo a mercê do truque mais básico dos Aburames.

- Como Ryota da nuvem está incapacitado a vitória vai para Mikoto da folha – decretou o juiz.

A platéia foi a loucura, diferente da luta anterior todos assistiram um espetáculo digno dos ingressos que pagaram e da viagem que fizeram, o nível da luta que assistiram não era mais algo ao alcance de meros gennins, mesmo sem ter noção do quanto o mundo shinobi é impressionante eles sabiam que aquela luta era do nível da elite.

- Por essa eu não esperava – comentou Omoi nervoso – pensei que uma Aburame ficaria em desvantagem por não poder usar insetos contra fumaça, e se meu time perder essa disputa? Talvez o Raikage queira acabar comigo!

- Eu estou aqui e estou te ouvindo idiota! – reclamou o Raikage – pare com sua maldita paranóia e vá ver como seus alunos estão!

Omoi atendeu a ordem e sumiu para ver seus dois alunos, um que estava ferido e o outro que precisou ser carregado, apesar da situação estar empatada agora ninguém conseguia mais prever que rumo essa rodada teria.

- Você ta um bagaço – disse Benkei para Mikoto que retornava.

- Eu fui amassada, gastei sangue e chakra, venci uma luta difícil e tudo o que ele me diz é isso – comentou ela irônica – ainda bem que venci!

- Obrigada Mikoto! Você nos colocou de volta ao jogo! – elogiou Yukie para a amiga – você parece muito abatida, você ta legal?

- Vou precisar dormir um bocado pra recuperar o chakra que gastei – respondeu ela – posso pedir para que só me acordem na minha próxima luta?

Kouta e Yukie gargalharam dela e logo a menina se deitou no sofá que tinha na sala dormindo em seguida, nem sequer puderam comemorar a vitória dela.

- Parece que vai ter uma pausa de alguns minutos – avisou Benkei – os nobres querem fazer mais apostas devido a reviravolta dessa luta.

- Então eu vou avisar nossos pais que estamos bem aqui – avisou Yukie correndo pra fora da sala.

No corredor ela logo deparou-se com Kina que vinha andando na direção contraria, aparentemente se dirigia a sala deles, logo encontrou-se com Yukie que ficou parada diante da mulher que não conseguia manter um dialogo mesmo quando visitava o clã.

- Minha filha está bem?

- Está sim senhora – respondeu Yukie intimidada – ela ta dormindo pra recuperar o chakra.

- Diga a ela pra comer muita carne logo – avisou – ela precisa de ferro pra fortalecer o sangue, eu daria umas pílulas pra isso mas não posso ajuda-los até o exame acabar.

Kina mudou seu rumo e parecia voltar para a platéia, Yukie segurou a manga do casaco dela como se quisesse detê-la.

- Você não quer falar com ela? A Mikoto se esforçou muito para chegar até aqui e fez o que podia para ajudar nosso time!

Kina não respondeu nada, apenas ficou observando a menina que parecia aflita por que ela não reconhecia a própria filha, ou pelo menos mostrava não se importar tanto quanto deveria.

- Yukie, você sabe que um dia terá que herdar a liderança do seu clã não é? – perguntou Kina – Mikoto agora também herdará o clã, isso significa que mesmo contra a sua vontade vocês terão que se separar.

- Nunca me separarei da minha amiga! Não serei líder pra perder meus amigos, vou fazer igual a minha mãe!

Era inútil argumentar com uma criança, elas nunca sabiam o quanto a vida pode ser diferente do que elas sonham, portanto Kina decidiu deixar o tempo resolver isso.

- Boa sorte na sua luta.

- Claro que vou vencer! A Mikoto-chan deu muito duro para nos trazer até aqui durante as outras fases do exame, e ela venceu a luta pra garantir que fossemos pras finais, não posso decepcioná-la!

- Vocês crianças realmente são felizes – disse ela suspirando – eu nunca tive essa inocência.

Ela finalmente se foi de volta para a platéia deixando Yukie seguir seu rumo em direção a área privativa, no caminho ela se perguntava se tudo poderia ter sido diferente se ela não tivesse desistido de sua própria inocência, também se perguntava se após conquistarem seus objetivos aqui eles deixariam de serem inocentes quando entrassem em contato com o pior que o mundo tinha.

Continua.